TROCANDO EM ARTES: KANANGA DO JAPÃO


Trocando em artes versão novelas fala hoje de uma das mais importantes novelas feitas pela Rede Manchete e que retratava o Rio de Janeiro da primeira metade do século XX.

Trocando em artes orgulhosamente apresenta:


Kananga do Japão



Kananga do Japão é uma telenovela brasileira produzida pela Rede Manchete, cuja exibição ocorreu entre 19 de julho de 1989 e 25 de março de 1990, totalizando 208 capítulos. Escrita por Wilson Aguiar Filho, foi produzida por Jayme Monjardim com a colaboração de Rodrigo Cid, Sérgio Perricone, Gil Haguenauer, Guto Graça Mello, Colmar Diniz e Guilherme Arantes, sob a direção de Wilson Solon, Carlos Magalhães e Tizuka Yamasaki.

Cristiane Torloni e Raul Gazolla interpretaram as personagens principais Dora e Alex, respectivamente, numa trama que narra fatos ocorridos no Brasil durante a década de 1930, tais como a revolução de 1930 e 1932, o integralismo e a intentona comunista. Giuseppe Oristanio, Tônia Carrero, Zezé Motta, Cristiana Oliveira, Cláudio Marzo, Carlos Eduardo Dolabella, Tamara Taxman, Elaine Cristina, Carlos Alberto, Haroldo Costa e Paulo Castelli desempenharam os demais papéis principais da história.

A cantora Misty executou o tema de abertura, "Minha", presente em um CD lançado paralelamente ao folhetim, o qual contou com canções de Elis Regina, Evandro Mesquita, entre outros. O título "Kananga do Japão" é uma referência ao nome da casa noturna na qual a personagem Dora encontra seu grande amor, Alex. Por sua vez, o nome da casa noturna é uma referência à flor conhecida como cananga-do-japão. A telenovela ainda abrangeu temas como homossexualidade e adultério.

Voltada para o público adulto, foi recebida positivamente pela mídia e imprensa. Desta forma, foi condecorada por seis categorias vencidas no troféu APCA, da Associação Paulista dos Críticos de Arte.


Antecedentes



O setor de teledramaturgia da Rede Manchete estreou dois anos após sua inauguração, em 1985, com a adaptação de Geraldo Vietri, Antônio Maria, inspirada na telenovela homônima de Walther Negrão. Esta não obteve muito sucesso e Wilson Aguiar Filho foi contratado para escrever Dona Beija, cujo texto é inspirado nos romances Dona Beija, a Feiticeira do Araxá, de Thomas Leonardos e A Vida em Flor de Dona Beija, de Agripa Vasconcelos. Essa produção teve um maior investimento e obteve um grande êxito, chegando a 24 pontos de audiência na estreia e sendo considerada uma das "50 melhores novelas de todos os tempos", segundo o portal Terra. Logo, foi produzido Novo Amor e Tudo ou Nada, as quais não repetiram o êxito anterior.

Mania de Querer, então, foi escrita em 1986 e continuou registrando índices insatisfatórios, assim a emissora investiu em erotismo para conquistar o público em Corpo Santo. O tema foi bem avaliado e a audiência aumentou consideravelmente. Na busca de manter o público, Helena, original de Machado de Assis e Carmem, de Glória Perez, foram exibidas e mantiveram o sucesso. Em 1988, José Louzeiro e Geraldo Carneiro escreveram Olho por Olho, porém os números da emissora diminuíram novamente. Assim, o presidente da Rede Manchete decidiu que iria recontratar Aguiar Filho para escrever um texto cujo cenário seria a casa de festas Kananga do Japão.


Produção


Adolpho Bloch, presidente da Rede Manchete, deu a ideia de produzir um folhetim que mostrasse o Grêmio Recreativo Familiar Kananga do Japão, um famoso cabaré da década de 1930. Com isso, contratou Aguiar Filho, que já produziu Marquesa de Santos e Dona Beija, maior sucesso da teledramaturgia da emissora, desde então. Esse projeto seria uma forma de suprir os prejuízos pela produção anterior, Olho por Olho.

Para desenvolver o texto de Wilson Aguiar Filho, a equipe investiu em material fotográfico, livros e documentos do Museu da Imagem e do Som, Arquivo Nacional e Biblioteca Nacional. A emissora gastou 20 milhões de dólares com a produção da obra, cujas filmagens se iniciaram em 15 de maio de 1989.

Para a história, o elenco teve de aprender dança de salão, samba de gafieira, maxixe e foxtrote, além de capoeira, sinuca, etiqueta e noções de judaísmo. Uma maneira utilizada pela Manchete para conquistar o público foi narrar, dentro da história, partes do governo de Getúlio Vargas e Washington Luís e a prisão de Olga Benário. Conforme comentário do diretor artístico Jayme Monjardim, "se essa novela não der certo, a Manchete desistirá da dramaturgia".

Escolha do elenco

A escolha do elenco foi feita pela própria direção de teledramaturgia da emissora. Maitê Proença foi a primeira a ser escolhida para a trama, porém ela recusou a proposta. Uma forma adquirida pela Rede Manchete foi contratar atores da Rede Globo que faziam sucesso, tais como Glória Pires, Joana Fomm, Cláudia Raia e Marcos Paulo, entretanto não obteve muito êxito, porque vários decidiram ficar na emissora adversária. Por outro lado, para escolherem o intérprete de Alex foi feito um teste com Ernesto Piccolo, Mário Gomes e José de Abreu, porém Raul Gazolla ficou com o papel.


Enredo



A história se passa durante a revolução de 1930 e 1932, a intentona comunista, o integralismo e a Segunda Guerra Mundial.

O Wilson escreveu a melhor sinopse de TV que já li na vida. Ele desenvolveu toda a história da novela, que conta a saga de dez anos de uma família, como um conto. Isso permite a composição de seu personagem, como no cinema, porque você já tem o todo na cabeça [... a personagem] Dora é 'um quê' de Scarlett O'Hara de ... E o Vento Levou.

Na praça Onze, localiza-se o Grêmio Recreativo Familiar Kananga do Japão, uma casa noturna repleta de danças, eventos e confraternizações. Dora é uma moça fina cuja família perdeu tudo após a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Desde então, a mulher passa a frequentar a casa de danças e conhece Alex, um homem com poucas virtudes. À primeira vista, ela se apaixona, porém deseja desfrutar do mesmo luxo quando era rica e se casa com o dançarino milionário Danilo e Alex, com Lisete.

Juca, pai adotivo de Danilo, em consequência de um encontro inesperado com um rico industrial, Francisco Lima Viana, verdadeiro pai de Danilo e Alex, morre. Após ter conhecimento dos fatos verdadeiros, o jovem jura vingança da família Viana. Logo, Letícia, sua mãe, se apaixona por Alex e ficam juntos após a separação com Lisete. O rapaz se aproveita da ingenuidade da senhora e começa a se encontrar com Dora, agora, divorciada. Noronha, jornalista e membro do Conselho dos Sete, descobre o adultério e publica uma charge despeitosa em que a mulher era a personagem. Para se vingar, ela o mata com três tiros.

Dessa forma, Dora é presa por assassinato. Durante o julgamento, a moça é ajudada por seu amante e um advogado contratado pelo mesmo, assim, é absolvida e volta a frequentar a Kananga do Japão. Dias depois, viaja para a Europa e, após dezoito meses, volta ao Brasil com seu filho Duque e sua mãe Zulmira, nesse período, Alex inaugura o cassino Beira-Mar. Em consequência disso, líderes do Conselho dos Sete, em mando da política, começam a perseguir e torturar revolucionários e comunistas, entre eles, Dora, por se conspirar contra a intentona comunista. O policial nazista Olegário, mandante de todas as prisões, também tenta atacar Alex, com a ajuda de Letícia, amargurada pela traição.Na casa de detenção, Dora recebe cartas de Danilo e reconhece sua intolerância. Portanto, cede os desejos do ex-marido e volta a viver com ele. A pedido de Letícia, o cassino de Alex é incendiado.

Zazá, líder da Kananga do Japão, casa-se com Vado, primo de Dora. Olegário assume ser homossexual e foge com um homem. Danilo, com raiva da paixão de Alex por sua esposa, planeja matá-lo, entretanto, o homem fere Lisete. O rapaz é preso e a mulher pede para que Dora admita o amor por Alex. Portanto, Dora e Alex se casam.


Exibição


Inicialmente, a estreia estava prevista para 16 de junho de 1989, mas a data foi adiada por problemas no elenco e texto. Portanto, o primeiro capítulo de Kaganga do Japão foi exibido no dia 19 de julho do mesmo ano, na faixa da 21h30min pela Rede Manchete. No sábado da primeira semana de exibição, foi transmitido um resumo de todos os episódios apresentados. Apresentada de segunda a sábado, seu último capítulo foi mostrado em 25 de março de 1990, sendo substituída por Pantanal. Foi reapresentada duas vezes, na primeira ocasião, de 21 de maio de 1990 a 18 de janeiro de 1991, de segunda a sábado, sob 209 episódios e, na segunda, entre 18 de março e 10 de outubro de 1997 em 149 capítulos, de segunda a sexta. Em Portugal, foi exibida pela RTP2, somente aos domingos, por quatro anos.

Ao final de cada capítulo, era exibido, em três minutos, imagens documentais sobre a época. A vinheta de abertura foi produzida por Adolpho Rosenthal e dividida em quatro temas: porto, guerra, baile e campo, baseados na obra de Cândido Portinari, O Lavrador de Café. Ela representa as danças e os eventos feitos no cabaré Kananga do Japão, sob o som de "Minha", executado pela cantora Misty.


Elenco



Cristiane Torloni interpreta Dora Tavares, uma moça fina que perdeu tudo com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque e se apaixona por Alex Lima (Raul Gazolla), mas a mulher deseja o luxo e se casa com Danilo (Giuseppe Oristanio), filho verdadeiro de Letícia (Tônia Carrero) e Francisco Lima Viana (Carlos Alberto), adotado de Juca (Haroldo Costa) e irmão de Silvia (Júlia Lemmertz).

A casa de danças e eventos Kananga do Japão é liderada por Zazá (Tamara Taxman) e presenciada pelas dançarinas Lisete (Elaine Cristina), Suely (Elisa Lucinda), Ritinha (Solange Couto), Clotilde (Karen Acioly), a cantora Lulu Kelly (Zezé Motta) e o compositor Sinhô (Paulo Roberto Marques Barbosa). De outro lado, há o Conselho 7, um grupo de sensacionalistas antipáticos: o folclórico Caveirinha (Nélson Xavier), o sambista Saraiva (Ewerton de Castro), o policial Orestes (Carlos Eduardo Dolabella), o jornalista Noronha (Cláudio Marzo)[64] e sua esposa, Daisy (Lúcia Alves).

Com a queda da bolsa de valores, os familiares de Dora empobreceram: sua mãe Zulmira (Yara Lins), as irmãs Alzira (Ana Beatriz Nogueira) e Madalena (Via Negromonte), o tio Epílogo (Rubens Corrêa), sua esposa Josefina (Rosamaria Murtinho), seus filhos Júlio (Tarcísio Filho) e Vado (Ernesto Picollo). Seguidos por Odília (Danielle Daumerie), Hannah (Cristiana Oliveira), Eva (Riva Nimitz), Henrique (Paulo Castelli), Clotilde (Karen Acioly), Suelly (Elisa Lucinda), Torquato (Maurício do Valle) e Saraiva (Ewerton de Castro).


Música



O tema de abertura da telenovela, "Minha", é interpretado pela cantora Misty. A trilha sonora conta ainda com cantores como Elis Regina, por "Aquarela do Brasil" e Evandro Mesquita, por "Gago apaixonado" e a banda de rock progressivo Sagrado Coração da Terra, por "Passional". Tais canções foram incluídas em um CD, cuja produção recaiu a Guto Graça Mello, Tatiana Lohmann, Lia Sampaio e Celso Lessa.

Márcia Cezimbra, periodista do Jornal do Brasil, não gostou das canções escolhidas para a obra: "[as músicas] que leva ao ar não são da época em que se passa a novela, [é] uma trilha fora do ritmo".

N.º Título                                     Música        Duração
1. "Dorinha, meu amor"         Luiz Melodia          2:42
2. "Uma noite a mais"             Cláudya                  4:58
3. "Canção pra inglês ver"   Afrodite se Quiser 2:26
4. "My Funny Valentine"           Nouvelle cuisine 3:07
5. "Gago apaixonado"          Evandro Mesquita 3:05
6. "Minha"                                           Misty       1:31
7. "Gosto que me enrosco"    Mário Reis        3:57
8. "Passional"             Sagrado Coração da Terra 3:07
9. "Aquarela do Brasil"   Elis Regina                  3:45
10. "Pela décima vez"             Ângela Rô Rô          2:33
11. "Coisas nossas"           Garganta Profunda          3:39
12. "Fly Away and End Credits"   James Horner    6:02


Prêmios e indicações



O troféu APCA, premiação organizada pela Associação Paulista de Críticos de Arte indicou Kananga do Japão a seis categorias para a seção de televisão, as quais venceram. Rodrigo Cid, Sérgio Perricone e Gil Haguenauer foram selecionados à melhor cenografia, Guto Graça Mello à melhor trilha sonora, Colmar Diniz recebeu a condecoração de melhor figurino, Adolph Rosenthal e Tony Cid Guimarães foram escolhidos por melhor aberturae Cristiana Oliveira venceu na categoria de melhor revelação feminina. O troféu Imprensa, realizado anualmente, indicou-a como melhor novela e selecionou Raul Gazzola para concorrer à revelação, porém não venceram.


Trocando em artes versão novelas volta mês que vem com a linda "A viagem".


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