OS ÚLTIMOS 25 ANOS DE AYRTON SENNA



Escrevo essa coluna no dia 29 de abril, data que marca os vinte e cinco anos do gravíssimo acidente que quase matou Rubens Barrichello em Ímola. Vinte e cinco anos que começava o circo dos horrores em Ímola que culminou na morte de Ayrton Senna.

Acredito que serão muitas as homenagens a Ayrton dia primeiro. Muito tempo se passou, quem tem menos de trinta anos não lembra de Senna vivo, mas o "mito" resistiu ao tempo e deixa saudades até em quem não viveu aquela época.. Mas o dia primeiro acabará, virá o dia 2 de maio e assim  a vida continuará.

E a vida continuará… Vamos seguir de encontro ao nosso destino. Mas esse destino já está traçado ou somos nós que fazemos? Tem como mudá-lo?

Será que o destino de Ayrton Senna poderia ter sido diferente? Em 2014 fiz uma análise para o Blog "Ouro de Tolo" em forma de coluna e nessa data reproduzo aqui.

E se o dia 1 de maio fosse lembrado apenas como 25 anos de um grande susto? Como teriam sido os últimos 25 anos de Ayrton Senna?

Uma revista fez anos atrás uma análise de como teria sido o futuro de Ayrton Senna caso ele saísse vivo daquele acidente em Ímola e achei bem interessante. Comentei com algumas pessoas, até dei pitacos de como teria sido na minha opinião e lembrei novamente desse assunto na semana dos vinte anos fazendo essa coluna que publico novamente hoje.

Decidi assim brincar. Fazer um exercício de futurologia de como teria sido o futuro de Ayrton Senna na F1 e como pessoa.

Mas começo a brincadeira imaginando se outro acidente não tivesse ocorrido. Mas não o de Ayrton Senna, o de Nelson Piquet na Indy em 1992. Piquet tinha acabado de sair da F1. Tinha 38 anos de idade, sido terceiro colocado na categoria em 1990 e vencido corrida em 91, portanto ainda tinha o que dar. No GP Brasil de 92 ele deu entrevista e quando perguntado se negociava com a Ferrari deu um sorriso maroto.

Na certa estava e na certa voltaria a F1 – se não fosse naquele ano no ano seguinte. Se não fosse na Ferrari em outra equipe. Se não fosse em 93 depois do acidente do Senna, mas voltaria. Voltaria em 94 porque o Brasil era muito importante para a F1. Vinha de uma dinastia de campeões, dava lucro comercialmente e não poderia ficar sem um piloto de ponta.

Rubens Barrichello ainda não estava pronto, como a história mostrou, e o único piloto de ponta, com bagagem para viver aquela situação era Nelson Piquet. Não sei se iria para uma equipe de ponta ou média. Mas cairia em cima dele e não em Rubens a responsabilidade, podendo mudar o destino do jovem piloto.

Caso Senna saísse vivo daquele grande prêmio ficaria trinta pontos atrás de Schumacher no campeonato e sinceramente não acredito que pudesse reagir. A Williams não tinha mais o super carro dos anos anteriores, Schumacher estava voando e mesmo Damon Hill dez pontos na frente do brasileiro no campeonato e com as punições sofridas por Schumi durante a competição não lhe alcançou.

Aquele ano, para mim, era de Schumacher de uma forma ou outra.

A partir do ano seguinte tudo é puro chute. Mas acho que o Senna não teria deixado barato perder 1994 com aquele carro ruim. Fatalmente a Williams quebraria a cabeça para lhe dar em 1995 um carro a altura de 92  e 93. Penso também que Senna entraria nesse campeonato com a faca entre os dentes e finalmente o tetra viria.

Com o tetra garantido partiria para seu maior desafio e maior sonho revelado algumas vezes em entrevistas. Pilotar uma Ferrari.

Seria campeão na Ferrari? Não sei, mas isso talvez atrapalhasse a carreira de Michael Schumacher porque caberia a ele o trabalho feito pelo piloto alemão de reconstrução da escuderia. Vamos supor que Senna fosse mesmo, acho que o começo seria difícil, como foi para Schumacher, mas atingiria sua meta.

Talvez levasse um ano? Pouco.  Dois? Mais plausível. Nessa brincadeira Senna levaria 96 e 97 brigando com o carro, melhorando a equipe aos poucos como fez Schumi e finalmente seria campeão. Schumacher foi em 2000, para Senna cravo 1998.

Ayrton Senna teria 38 anos, conquistado tudo na carreira. Pentacampeão do mundo – igualando Fangio, recordista de vitórias, poles. O que restaria a ele?

Restaria parar.

Sim. Acho que ele pararia e abriria brecha para aí sim um experiente Rubens Barrichello se tornar o brasileiro de ponta. Quem sabe até para o lugar de Senna na Ferrari em 99, indicado por ele. Chegaria assim um ano antes na escuderia, com mais bagagem e com belo pistolão. Principal: sem Schumacher.

Poderia assim ser campeão mundial e realizar seu sonho frustrado.

E assim naturalmente seria a sucessão de brasileiros na F1. Sem traumas, com tranquilidade, sem procurar novos Sennas até porque ele estaria ali vivo, ao lado orientando.

Acabaria presidente da FIA, fortalecendo mais ainda o automobilismo brasileiro. Fazendo chegar à F1 nossos novos talentos e, imitando a revista que li, criando o GP das Américas em um circuito de rua do Rio de Janeiro. Praia de Copacabana. Seria fantástico. Teria 54 anos hoje, seria grisalho, quem sabe gordo, rico, poderoso e dia 1 de maio seria apenas o dia do trabalho.

E principalmente. Seria um grande ex piloto de F1. Apenas isso.

Senna não conheceu a velhice nem a decadência. Isso faz da sua imagem jovem, musculosa, com cabelos revoltos e vitorioso com a bandeira do Brasil imortal. Isso lhe faz imortal. Para a marca Senna, para a lenda Senna não poderia ocorrer nada melhor do que a morte prematura. Não passa pelo que passa hoje o Pelé, que acham um “velho caduco”  que só fala besteiras.

Imagine Senna votando e elogiando políticos controversos hoje em dia como fazia nos anos 90 sem ter as manhãs de domingo para lhe absolver? Infelizmente toda essa futurologia foi brincadeira. Senna morreu e nada do que disse aconteceu e nunca saberemos se um dia iria.

A única coisa que podemos dizer sobre Ayrton Senna é que mesmo morto ele viverá por muito tempo.


Esse destino já está traçado como uma pista de corrida.


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