DINASTIA: CAPÍTULO XXI - A GUERRA
Pepino deu um sorriso de surpresa ao ver a antiga namorada. Não disse nada, apenas olhou a moça que rindo comentou “é, já vi que não veio me buscar”. Pepino levantou-se e contou que era uma adorável surpresa ver a mulher. Bianca aproveitou e pediu carona já que ele não fora lá buscá-la.
Pepino deu a carona e eles foram conversando pelo caminho. Bianca contou sobre sua vida na Itália, tudo que fez e Pepino sobre a saga da família e a separação de Isabela. Bianca ouviu a tudo e disse “sinto muito”, depois resolveu completar rindo “sinto muito nada, ela é uma cobra”.
Pepino riu e encheu-se de coragem para pedir perdão a antiga namorada pelo que tinha feito. Bianca pediu para que o homem esquecesse, já passara muito tempo e eles eram imaturos demais na época. Pepino perguntou se a mulher lhe perdoava e ela respondeu com uma pergunta “acha que se não tivesse estaria nesse carro?”. Pepino sorrindo comentou mais nada.
Pepino e Bianca foram se aproximando e o amor reacendeu. O homem que perdera Roberta quase que imediatamente ganhava a chance de reaver algo que se perdera no passado. Os dois voltaram a namorar e em pouco tempo Pepino pediu Bianca em casamento.
O homem era separado, não podia casar de novo, mas Bianca aceitou assim mesmo e o casal decidiu morar juntos. Pepino comprou uma bela casa com piscina e decidiu dar uma festa para comemorar com praticamente toda Feital presente, menos Isabela lógico que amaldiçoava o casal.
Os anos foram passando e nasceu Luisa, a primeira filha do casal, quarto de Pepino. O homem cada vez tinha mais o domínio sobre os negócios da família e chamara os velhos amigos da juventude para trabalhar com ele. Felipe e Josué tornaram-se seus comparsas e os responsáveis pelo “jogo sujo”, a tomada de outras bancas do bicho nem que fosse embaixo de balas.
Já era o ano de 1970. Todos reunidos assistiam na mansão do Barão um jogo do Brasil na copa do Mundo quando o telefone tocou. A empregada chamou por Pepino. O homem irritado perguntou quem era e a empregada respondeu que não quis se identificar, só que era importante.
Pepino atendeu e uma mulher chorando se identificou como Rosa, companheira de Domenico e precisava muito falar com alguém da família Granata. Pepino passou o endereço e mandou que a mulher fosse até lá.
Rosa compareceu com uma menininha. A empregada chamou a menina para lanchar enquanto Pepino conduziu Rosa até o escritório da mansão. Perguntou qual era o problema e Rosa chorando contou que Domenico desaparecera.
O casal fazia parte de um grupo de esquerda que assaltava bancos para financiar a luta armada. Em uma dessas ocasiões Domenico levou um tiro no braço e foi levado ao DOPS. Dois meses já se passara e não tivera nenhuma notícia dele.
Pepino perguntou por seu tio Oscar e Rosa respondeu que estava na luta armada no Araguaia. Pepino prometeu cuidar do caso e perguntou quem era a menina na sala. Rosa respondeu chamar-se Adriana, filha do casal e pediu que os Granata tomassem conta dela enquanto estivesse fora.
Pepino perguntou para onde a mulher iria e Rosa respondeu “voltar à luta”.
Pepino e Rosa foram até a sala e encontraram Adriana lanchando. Rosa fez um carinho na cabeça da menina e chorando disse que se ausentaria por um tempo, mas voltaria para lhe buscar. Adriana perguntou para onde a mãe iria e ela respondeu “sair de férias”, mas que já voltaria e pediu para que a menina obedecesse ao “Tio Pepino”.
Adriana riu do nome “Pepino” e Rosa lhe deu um abraço emocionado dizendo que lhe amava muito. Encheu-se de coragem e partiu.
Pepe Granata desceu as escadas perguntando o que acontecia e quem era a menina. Pepino pediu que o pai lhe acompanhasse ao escritório, pois, teriam que conversar.
Pepino contou toda a história e Pepe resolveu deixar as diferenças de lado e tentar descobrir o paradeiro de seu caçula. Os dois homens foram atrás de Enrico.
Enrico abriu a porta com a velha ladainha de “poderia prender vocês”. Pepe foi entrando e mandou que o filho parasse de palhaçada e contasse onde estava Domenico. Enrico ironizou que pelo tempo que não se viam esperava o pai preocupado com ele e não com o irmão. Pepe tirou uma arma da cintura e encostou ao queixo do filho dizendo que não estava para brincadeiras.
Enrico com medo comentou que o pai não teria coragem de atirar no próprio filho e Pepe respondeu “já fiz coisas que até Deus se assusta, não duvide de mim”. Enrico percebeu que a coisa era séria e disse não saber de nada.
Pepino duvidou, mas Enrico jurou alegando não estar mais no DOPS. Pepino comentou que o irmão desaparecera e Enrico falou “já era esperado. Subversivo, terrorista, estava na lista dos mais procurados”. Pepe gritou que ajudara os militares a assumirem o poder, ajudava a lhes bancar e era uma de seus maiores apoiadores e não admitia que sumissem com seu filho.
Chegou a Enrico e mandou que ele tomasse alguma providência. Procurasse por seus contatos saber o paradeiro de Domenico e que ele faria o mesmo.
Enrico, Pepino e Pepe procuraram pessoas, ligaram para todos os conhecidos e nada de pistas de Domenico, até que Enrico conseguiu algo.
Levou até o pai e o irmão um homem que fora solto há pouco pelo DOPS. O homem não quis dizer seu nome, apenas que atendia pelo codinome “Zezinho” e estava na cela ao lado de Domenico.
Pepe pediu que o homem falasse e jurou que ninguém saberia de nada e ele seria recompensado. Zezinho contou que durante dias Domenico foi barbaramente torturado, ouvia seus urros de dor vindo da sala de tortura e depois na cela. Pepe sentou-se abalado com as informações e Pepino perguntou onde Domenico estava agora, Zezinho respondeu “Domenico está morto”.
Pepino perguntou a Enrico se aquilo era verdade e o irmão respondeu que provavelmente sim. Ouviu boatos que Domenico fora arrastado amarrado em um carro pelas ruas com a boca no cano de descarga e que também poderia ter sido arremessado vivo de um avião sobre a Baía de Guanabara.
Pepe socou a mesa e perguntou se era assim que o Brasil pagava por tudo que sua família fez por ele e Enrico respondeu que a coisa não acabava ali. Pepe perguntou o que mais tinha e Enrico respondeu que Oscar fora assassinado no Araguaia.
Era demais para Pepe que fechou os olhos sentado na cadeira não querendo viver aquele momento. Os homens ficaram um tempo em silêncio e Pepino perguntou ao pai o que fazer. Pepe virou a Enrico e exigiu o corpo do irmão para lhe dar um enterro cristão. Que os militares devolvessem a família o seu corpo e que continuaria procurando por Domenico.
Pepe pediu licença e saiu da sala arrasado lembrando do irmão Oscar. Tudo que viveram juntos na juventude, a grande amizade que lhes unia e lamentou o afastamento na fase madura.
O corpo de Oscar foi entregue e Dora, mãe de Pepe e Oscar e viúva de Salvatore não aguentou enterrar o filho morrendo pouco depois. A vida de Pepe ganhava contornos de dramaticidade, Cecília se preocupava com o marido que respondia que não iria morrer, pois, sua morte seria em um momento de felicidade plena.
Como vociferou Mãe Baiana.
Pepe dedicou sua vida a procurar por Domenico ou pelo menos seu corpo em vão. Rosa nunca mais apareceu e Adriana acabou adotada por Mariana que vivera na infância por situação semelhante. Pouco depois Pepe também sofreu o abalo da morte de sua irmã Giuliana em um enfarto fulminante no convento.
Pepino vivia seu amor com Bianca e cada vez bebia mais deixando um pouco de lado os negócios. Dessa forma não via o que ocorria a sua volta.
Seu irmão Benito se transformara em banqueiro do jogo do bicho conquistando as bancas de seu antigo patrão Rui Major. Não eram muitos pontos, mas com sua inteligência e obstinação Benito foi aumentando seu império atacando as bancas de outros bicheiros e muitas vezes assassinando os inimigos.
Chegou uma hora que Benito achou ser a da vingança. Mais forte e preparado começou a atacar as bancas dos Granata matando apontadores, gerentes e tomando para si. No começo Pepino não percebeu o que ocorria, mas um dia Felipe procurou o amigo e contou que eles perderam doze bancas.
Pepino perguntou como e Felipe respondeu que através de ataques. Pepino encheu um copo de uísque e comentou que isso era impossível, existia uma cúpula do bicho que dividia muito bem as regiões e os Granata nunca receberam um ataque na vida.
Sentou-se e calmo disse que resolveria tudo. Felipe falou que o assunto era sério e se não tomassem providências a sangria seria grande com os Granata podendo até perder tudo. Pepino riu e perguntou quem teria a audácia de tentar fazer isso com eles e Felipe perguntou se o nome Benito Vergara Granata lembrava algo.
Naquele instante Pepino percebeu que a coisa era séria. Parou de beber imediatamente, levantou-se e pediu para que Felipe repetisse e o homem repetiu “Benito Vergara Granata”. Pepino perplexo balbuciou “o canalha do meu irmão” e Felipe completou “aquele que quer você e seu pai destruídos”.
Pepino imediatamente foi à mansão atrás de Pepe. Entrou correndo na casa gritando pelo pai e Cecília pediu que se acalmasse porque parecia que o mundo estava acabando. Pepino esbaforido respondia que era mais ou menos isso e Pepe apareceu perguntando o que ocorria.
Na frente da mãe Pepino contou tudo e Cecília riu dizendo ser impossível, Benito era seu filho, da família e nunca faria essas coisas. Pepino respondeu que não só faria como fez e o irmão começava uma guerra contra eles. Pepe comentou que a esposa estava certa. Benito apenas fez bravata quando disse que lhes destruiria.
Pepino perguntou ao pai se a tomada de doze bancas, mortes de apontadores e gerentes era bravata. Pepe perguntou se o filho tinha certeza que aquilo partira de Benito e Pepino respondeu que sim. O homem respirou e disse que convocaria uma reunião extraordinária da cúpula.
A cúpula se reuniu e Pepe apenas assistia o filho contar o que ocorria e pedia que as regras fossem respeitadas. No meio da reunião Benito entrou e perguntou porque não fora convidado já que era um banqueiro.
Pepino viu o irmão e gritou exigindo a devolução das doze bancas. Benito riu e afirmou que não ficaria apenas com as doze, pegaria todas e mataria o irmão e o pai. Pepe sacou a arma e os seguranças de Benito imediatamente também sacaram. Quando foram ver todos estavam com armas em punho apontando para cada um.
Benito riu e falou ao pai que se ele quisesse o derramamento de sangue começava ali, mas garantia que não perdia. Pepe furioso disse entre os dentes que Benito não era mais seu filho e esse gargalhando contou que nunca fora.
Virou-se para o chefão que comandava a cúpula dizendo que o caso era pessoal e que ninguém se metesse, ele só queria as bancas dos Granata e caso alguém tomasse as dores partiria para ataques contra outros banqueiros. Todos ficaram em silêncio, Benito contou que era só aquilo que tinha a dizer e se retirou com os seguranças.
E a guerra efetivamente começou. Benito se preparara por mais tempo e parecia mais forte. Tomou diversos pontos dos Granata e matou o chefe da segurança de Pepe. O homem saía do supermercado com a família quando foi cercado e fuzilado com trinta e oito tiros. Tudo visto por mulher e filhos.
A sangria estava grande, de bancas e pessoas. Pepino e Pepe resolveram reagir com o auxílio de Enrico que fazia parte de um esquadrão da morte da polícia. Os policiais receberam dinheiro dos Granata e começaram a atacar os pontos de Benito matando também pessoas importantes.
O caos tomava conta não só de Feital e imediações como a guerra se espalhou para outros estados com bicheiros ligados aos dois lados sendo assassinados na Bahia e em Minas Gerais. Uma das lojas da “Casas Granata” também foi atacada com coquetel molotov arranhando a imagem da instituição.
Pepino estressado bebia muito para tentar aliviar sua tensão e com isso tinha brigas diárias com Bianca chegando a agredir a mulher. Sonhava constantemente com Marta e as pessoas começaram a perceber traços de loucura no homem. Apareceu em uma festa de aniversário de Luigi completamente bêbado com arma em punho dizendo que Benito estava escondido no lugar.
O menino chorava agarrado à Isabela pedindo para o pai ir embora. Isabela chegou perto do ex-marido e perguntou se era preciso ligar para a polícia para que ele fosse então num momento de lucidez Pepino perguntou o que ocorria. Isabela mandou que ele parasse de bancar o maluco. Pepino pediu desculpas a Luigi, a todos e decidiu partir.
Enrico descobriu detalhes de um plano de assassinato de Pepino e o homem se assustou por ter passos de sua vida que apenas pessoas próximas sabiam. Pepe comentou que alguém traía o grupo e Pepino passando a mão pelo rosto como se cansado disse que só assim se explicavam algumas baixas deles.
Enrico prometeu descobrir quem fazia jogo para os dois lados e Pepe perguntou se Pepino tinha certeza que aguentaria a pressão. Pepino respondeu que não entendia a pergunta do pai e Pepe sério comentou “entende sim, estou falando do seu modo nos últimos tempos culminando naquela cena patética do aniversário”.
Pepino ironizou que o pai nunca confiara nele de verdade e nem sabe como um dia pode ter lhe escolhido em relação a Benito. Pepe olhou para o filho e disse “Não me faça arrepender dessa escolha”.
Um dia Pepino tomou um daqueles grandes porres na casa do pai e achando melhor não dirigir preferiu deixar seu carro na mansão.
Pegou um táxi e em casa no dia seguinte passando por uma grande ressaca Bianca mandou que ele atendesse ao telefone porque seu irmão alarmado queria falar com ele de qualquer jeito. Com dificuldade Pepino atendeu e Enrico gritava para que o irmão não saísse com o carro, pois, o mesmo fora sabotado.
Pepino respondeu que não teria problema, o carro não estava com ele, estava na mansão. No mesmo instante Pepino se tocou da gravidade da situação, desligou o telefone e ligou desesperado para a casa. A empregada atendeu e Pepino perguntou pelo pai. A empregada respondeu que saíra e Pepino gritou para que ela não deixasse ninguém entrar em seu carro. A empregada respondeu que não entendera pedindo para que ele explicasse de novo e antes que Pepino conseguisse explicar ouviu uma explosão ao telefone.
Pepino gritou “Meu Deus!!” e largou o telefone no chão. Bianca perguntou o que acontecera e Pepino pediu a chave de seu carro, Bianca continuou sem entender e Pepino gritou “me dá a chave do seu carro porra!!”.
Pepino pegou a chave e saiu em disparada para a mansão dos Granata. Chegou na frente da casa e encontrou carro da polícia e dos bombeiros. Desceu do carro de Bianca e entrou correndo na mansão vendo o carro incendiado e os bombeiros tentando apagar o fogo. Encontrou Mariana e a empregada chorando e gritou perguntando quem estava dentro do carro”.
As mulheres apenas choravam e Pepino gritou “Me diz!! Me diz quem está dentro do carro!!!”. Nesse momento Pepino viu Isabela no chão chorando desesperada e essa respondeu “sua mãe e a Sophia”.
Cecília resolveu levar a neta ao dentista e a primeira chave que viu na sala foi a do carro de Pepino. Ela mesma decidiu dirigir e quando ligou o carro o mesmo explodiu. Morte instantânea das duas.
Pepe teve que ser medicado e não compareceu aos enterros. Pepino nem conseguia chorar. O ódio lhe consumia nos funerais, queria jogar futebol com a cabeça do irmão. Enrico chegou próximo ao homem e disse descobrir quem era o traidor. Pepino perguntou quem era e Enrico respondeu que o irmão teria uma surpresa.
Pepino, Enrico e mais dez homens entraram no escritório dos Granata em Feital e encontraram Josué com a secretária, os dois se beijando. O casal se assustou e Pepino gritou “Corre vagabunda que saiu a milhar desse safado e ele será premiado agora”. Pepino pegou Josué pelo colarinho, deu um soco no homem e disse que já sabia que ele era o traidor.
Josué do chão, com a boca sangrando disse não entender o que ocorria e que eles eram como irmãos e Pepino gritou “irmãos é a puta que pariu!! Encham esse filho da puta de porrada até ele começar a cantar!!”.
Os homens começaram a chutar e esmurrar Josué caído que não aguentou e pediu pra pararem que contava tudo. Enrico colocou Josué sentado em uma cadeira e mandou “canta sabiá”.
Josué confirmou que Benito fora o mandante da explosão e comentou que se servia de conforto o homem estava muito mal com a morte da mãe, era pra Pepino estar no carro, não ela.
Pepino furioso falou que não apenas sua mãe morrera, sua filha também e pediu o endereço de Benito. Josué implorou para não ser obrigado a contar senão Benito lhe mataria. Pepino jurou proteger sua vida se contasse.
Josué então respirou fundo e deu o endereço, o horário que o homem estava em casa e os momentos que não teria seguranças no local. Pepino acendeu um cigarro calmamente e perguntou a Josué “sabe aquele momento que jurei proteger sua vida?”. Josué respondeu que sim e Pepino completou “Eu menti” ordenando logo depois a execução do homem.
Benito entrou em casa, colocou uma dose de uísque no copo, ligou a vitrola e quando foi sentar viu surgir Pepino, Enrico e seus soldados. Sem tempo para reagir Benito foi metralhado recebendo tiros de todos os lados, mais de cem tiros foram executados.
Benito tombou no chão e Pepino se aproximou do irmão. Bastante ensanguentado, ainda com um fiapo de vida Benito sorriu e balbuciou “sua mulher te trai”. Pepino descarregou as balas do revolver em cima do irmão que morreu.
Os homens deixaram o local com a missão cumprida e Pepino perturbado comentou com Enrico “você ouviu o que ele disse antes de morrer?”. Enrico mandou que o irmão não se preocupasse “ele fez de propósito, para lhe perturbar”.
Mas Pepino resolveu realmente levar a sério. Investigou por conta própria e parou em um prédio em Botafogo. Bateu na porta e em alguns instantes abriram. Era Felipe.
Felipe assustado exclamou “Pepino!!”. O homem deu um tiro em sua testa e Felipe caiu morto. Bianca apareceu de toalha na porta do quarto e implorou gritando “Não Pepino!!”. Pepino descarregou a arma na mulher.
Foi embora deixando os corpos pra trás, o apartamento todo ensanguentado ao som de Jackson 5 que tocava na vitrola.
Pepino voltou para sua casa e bebeu, bebeu muito, bebeu como nunca bebera na vida. Pepe ligava para o filho da mansão e Pepino não atendia. Isabela mandava o homem não se preocupar, pois, Pepino apenas tomava mais um de seus porres e Pepe respondeu que aquele filho só lhe dava preocupação.
Pepino continuou bebendo e uma chuva torrencial caía sobre o Rio de Janeiro. O homem resolveu sair da casa e andar pelo jardim debaixo daquela chuva gritando para Deus e perguntando porque nunca tivera paz.
Naquele instante viu a imagem de Marta e gritou contra a morta “Eu não tive culpa do que aconteceu com você!! Você se jogou porque quis!! Mas quer saber? Eu to pouco me lixando porque você está morta!! Morta!!”.
A imagem de Marta desapareceu, mas ele continuava gritando e andando como se ela estivesse lá, como se andasse em direção a ela, andava e gritava com uma garrafa de uísque na mão.
“Sua maldita!! Por acaso você tem alguma coisa a ver com minhas desgraças? Que se dane eu nunca gostei de você mesmo, eu só queria sexo com você sua vadia!! Bem feito, morreu, voou daquela sacada feito um passarinho, se esborrachou feito uma pedra!!”.
Chegou na beira da piscina, pegou a garrafa, começou a jogar o líquido nela e continuou gritando.
“Eu sou rico sua vadia!! Sou podre de rico!! Meu pai já era rico e eu tripliquei a fortuna da família!! Por isso nunca me pegaram pelo seu voo na Itália e por isso eu faço e aconteço e ninguém me pega!! Por isso posso despejar uísque nessa merda, uísque caríssimo porque eu vou lá e compro outro sua vadia!! Vadia de merda!!.
Terminou de jogar, lançou a garrafa longe e aos berros perguntou “Cadê você sua vadia??? Me perseguiu durante anos e agora sumiu?? Eu to aqui pra te enfrentar!! Pra te matar de novo!! Cadê você sua vadia??”.
Quando terminou de gritar Marta surgiu ao seu lado e gritou em seu ouvido. Pepino se assustou e acabou se desequilibrando caindo na piscina.
Pepino não sabia nadar e tinha agravante de estar muito bêbado. Debateu-se desesperadamente sendo observado por Marta até que afundou para sempre.
Giuseppe Granata Filho, o Pepino Granata estava morto.
No fundo da piscina, cercado por seus fantasmas, chegava ao fim a sua história.
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