AS MULHERES DE ADÃO: CAPÍTULO XI - KATE E LENA


Tive que aprender a ser pai na marra. Sem planejamentos, sem ser um sonho meu. Mas gostei, eu sempre me dei muito bem com mulheres e agora tinha uma pequenina na minha vida.

Pena que não pude aproveitar tanto a Joana porque se você não abriu o livro justo nesse capítulo e vem lendo desde o início já deve ter percebido que eu morri.

Meu velório prosseguia com todas aquelas “tribos” presentes. Por falar em tribos claro que as surpresas não acabaram

Mais uma turma chegava, mais uma tribo e essa era uma tribo literalmente.

Entraram uns índios no velório. Com aquelas roupas típicas de índios, pinturas e dançando. Mais uma vez o velório parava. O cacique perguntou quem era meu pai e se apresentou como cacique “Pinto Grande”. Edu se entusiasmou, mas foi contido pelas pessoas e meu pai respondeu “prazer cacique, meu nome é Juninho Frota e meu pinto é normal”.

O cacique então discursou como já virara moda no meu velório. Contou que eu era um grande homem amante da natureza e dos índios. No velório ouviu-se um grande ooohhh e o cacique percebendo o que dissera retificou que eu era amante dos índios como irmão e que na verdade me aproveitei foi das índias.

Nisso ele virou pra mim e falou “safado, comeu até a mulher do pajé”.

O cacique continuou falando que sempre fui um defensor da causa indígena. Muitas vezes enfrentando seringueiros e fazendeiros pela causa e que não tive medo de enfrentar a floresta e seus riscos contraindo malária, doença de Chagas e paumolecência.

Edu riu e falou “Adão com paumolecência? Duvido benhê”.
Enquanto o cacique falava da tradição de sua aldeia e de sua tribo, a tribo “hahahãe”, nesse momento uma pessoa lhe ofereceu pastilha pra garganta e ele falou que não estava com problemas aquele era mesmo o nome da tribo, um celular tocou.

Quando foram ver era do cacique. Ele em um celular moderníssimo falava com alguém da tribo. Desligou e falou para os convidados de minha partida que ligaria o notebook e transmitiria meu velório ao vivo pra aldeia onde eu era muito querido.

Enquanto todos olhavam espantados o cacique ligou o note e falou que quem quisesse era só acessar www.hahahae.com e teria todas as notícias da tribo.

Enquanto o cacique usava o note e os índios que lhe acompanhavam resolveram me homenagear com uma dança típica da tribo. Dança que parecia mais com street dance. Outro grupo entrou.
Quando os convidados repararam entraram vários homens com roupas de cowboy liderados por um parecido com John Wayne.

Um dos seus acompanhantes virou pro líder e falou “ali estão os peles vermelha chefe!!”. O cacique percebendo o perigo se aproximou e perguntou qual era o problema. O cowboy disse que eles eram o problema já que eles tinham ido até ali homenagear um dos maiores cowboys do velho Oeste, o assassino de “touro sentado”, “touro em pé” e “touro de ladinho”. O cacique respondeu que aquilo era impossível, pois eu era um defensor do verde, da fauna, da flora e das mulheres sem calcinha.

O clima ficou tenso. Um dos que acompanhavam os cowboys tocou uma corneta como anunciando a cavalaria. Os cowboys apontaram rifles para os índios que lhe apontaram arcos com flechas. Até que um da turma do reggae novamente resolveu um problema passando pros dois lados o “cigarrinho da paz”.

No fim os dois grupos já conversavam animadamente e usavam juntos a internet pra mostrar pra aldeia e pro Texas como estava meu velório.

É, minha passagem virou evento internacional.

Mas não só ela. Teve uma fase que voltei a ter contato com o exterior e estrangeiros.

Estrangeiras melhor dizendo.

Eu curtia muito essa novidade de ser pai. Aprendia aos poucos como ser e até virei um pai legal. Meu relacionamento com Joana era cada vez melhor e muito graças a Bia.A chegada da Joana só não ajudou o dela. João Victor cada vez mais tinha ciúmes da ligação de Bia conosco e chegou um momento que ele mandou escolher entre ele e a gente.

Perdeu otário e eu nem fiquei feliz né?

Quando terminaram o namoro ela foi ao meu apartamento, brincou com Joana e depois a colocou pra dormir. Fomos pra sala e lá bebemos vinho com minha ex desabafando sobre João Victor.
Comecei a lhe fazer carinho quando Bia virou pra mim e disse “não adianta que você não vai me comer”.

Comi.

Outra vantagem de ser pai é que você pode passear com sua filha. Era muito bom passear de mãos dadas com Joana em parque, praia, shopping.

 As mulheres chegavam perto pra fazer carinho na minha filha, dizer que era uma gracinha e eu fingindo vergonha agradecia. Esse papo geralmente acabava com trocas de telefone e na cama.

Mas nem tudo eram flores. Apesar de que uma vez fui a uma floricultura comprar flores pra agradecer a Bia pela força com Joana e achei a vendedora interessante. Eu precisava de uma babá pra Joana, não dava conta de tudo e Bia e Edu tinham suas vidas, não podiam viver pra mim.

Ao mesmo tempo em que precisava de uma babá eu paquerava a vendedora da floricultura. Para vê-la eu sempre ia até a loja e comprava flores pra alguém. Eva, Bia, mamãe, vovó e outras “amigas”. Descobri seu nome, era Lena. Nova ainda devia ter uns vinte anos.

Moreninha moradora de São João do Meriti, Baixada Fluminense pegava um ônibus até a Pavuna e de lá o metrô até Ipanema. Isso todos os dias era uma batalhadora.

Eu precisava vê-la. Já mandara flores várias vezes pras mulheres que conhecia. Até pra senhora que lavava minhas roupas e precisava pensar em mais alguém pra mandar, pra ter desculpa pra ir até a floricultura.  

Até que tive a ideia.

Fui até a floricultura e Lena deu um sorriso falando que eu sumira. Respondi também com sorriso que senti saudades e escolhi as flores mais bonitas da loja. Ela então pegou um cartão e mandou que eu preenchesse pra entrega. Preenchi e ela colocou nas flores. Despedi-me e fui embora.
Do lado de fora entrei no carro e vi toda movimentação. Lena deu um buquê para o entregador e mandou que entregasse no endereço do envelope.

Eu que preenchi o envelope então ela não percebeu. O entregador olhou pra ele e disse pra Lena que as flores eram pra lá mesmo e era pra ela.

Lena surpresa pegou as flores e abriu o envelope no meu cartão estava escrito “estou no carro do lado de fora esperando por você. Adão”.

O expediente acabou um pouco depois e Lena saiu surpresa com as flores na mão. Desci do carro e abri a porta falando pra ela entrar. Lena disse que não podia, morava longe e tinha que ir embora. Respondi que a levaria em casa depois, que ela entrasse.

Lena entrou e levei pra jantar no melhor restaurante da cidade. Lá trocamos nosso primeiro beijo.
Tentei levá-la a um motel, mas Lena respondeu que não teria como a sua família esperava que ela chegasse ainda acordados e já deviam estar preocupados.

E lá fui eu levá-la pra São João do Meriti. Amigos..é longe e na volta ainda por cima o pneu do carro furou e tive que descer de meu glamour pra trocar o pneu.

No dia seguinte fui até a floricultura e encontrei Lena chorando e arrumando suas coisas pra ir embora. Perguntei o que ocorrera e ela me respondeu que foi demitida e não sabia mais o que fazer da vida, tinha que sustentar seus pais e seu irmão.

Fiquei com pena e lembrei que ainda corria atrás de uma babá para Joana. Perguntei se ela queria trabalhar como babá. Lena sorriu e aceitou.

Assim levei Lena pro meu apartamento. Elas se conheceram e foi empatia a primeira vista. Naquela noite consegui que Lena ligasse pra casa dizendo que dormiria no trabalho e tive minha primeira noite com ela. Eu vivia uma ótima fase. Era pai de uma menina maravilhosa, saía com uma mulher deliciosa, virei diretor da rádio e terminei pós graduação conseguindo emprego de professor na UFRJ.

Aproveitei também pra escrever um livro sobre minha experiência com Joana. Dei o nome pro livro de “Sou pai e agora?”. O livro virou um Best seller. Eu estava em alta.

Por estar em alta meu pai me procurou pedindo uma ajuda. Uma grande estrela internacional estava pra vir. A cantora teen mais famosa do mundo Kate Bears e queria que eu fosse cicerone dela.
Falei que pra mim era complicado, mas meu pai implorou porque eu estava em evidência sendo considerado por uma revista um dos cariocas do ano e o representante da juventude do Rio de Janeiro e eu poderia cuidar bem dela.

Acabei aceitando.

Minha vida que já era corrida ficou mais ainda. Lena cuidava de Joana e de minhas noites na cama. Bia sentia ciúmes das duas situações e além de dar aulas, cuidar da rádio, meu programa e divulgar o livro comecei a cuidar com meu pai da produção do show que seria no Maracanã.

Fui com meu pai receber a Kate no aeroporto e saímos com ela pelos fundos enquanto uma multidão de adolescentes gritava por ela no saguão do Galeão.

Instalamos a cantora em um famoso hotel de Copacabana e tive que correr atrás de realizar todos os seus caprichos.

Levamos Kate pra o show em um mega esquema de segurança e o show era grandioso. Muita pirotecnia, efeitos especiais, palco gigante com bailarinos, banda e centenas de milhares de adolescentes histéricos e a Kate cantando em playback.

O show foi bom e no fim já no camarim antes de receber os convidados a Kate me abraçou dizendo que foi tudo “wonderful” e apertou minha bunda.

Os convidados entraram e fiquei pensando naquela apertada. Ela sorridente recebia a todos, dava autógrafos e tirava fotos com eles. Claro que só os Vips porque as pessoas comuns não chegaram nem perto daquele camarim.

Muitos jogadores de futebol, artistas, políticos, celebridades em geral foram lá “babar” a Kate e eu achava engraçado porque conhecia muitos deles e eram esnobes, mas perto de um artista estrangeiro viravam tiete.

Eu em um canto isolado bebia champanhe relaxado por ter a missão cumprida e saber que na noite seguinte me livraria daquela estrelinha pop quando meu pai chegou perto de mim e disse que eu teria mais uma missão com ela.

Desanimado perguntei o que era daquela vez e meu pai respondeu que ela queria conhecer uma escola de samba. Original como todo astro gringo, só faltou pedir pra experimentar uma feijoada.
Aceitei e liguei pro meu amigo Damasceno Bebezão, presidente da Unidos do Bebezão, a escola do meu coração para montar um esquema lá pra eu levar a Kate Bears até o ensaio. Ele respondeu que reservaria um camarote e que ficasse tranquilo que seus seguranças tomariam conta da estrela.

Kate gostou de saber que eu a levaria e depois que os convidados saíram botou um vestidinho curto me deixando com muito tesão.

Com forte esquema de segurança entrei com Kate na escola de samba e não sei como toda a imprensa já sabia. Foi uma grande confusão, mas consegui levar a artista pro camarote.

Lá ela aproveitou e conheceu a “caipirinha”. Adorou a bebida e tomou um monte ficando completamente bêbada. Pediu pra ir ao palanque da bateria e lá se acabou tentando sambar. Os ritmistas ficaram doidos ao descobrirem que ela estava sem calcinha.
A imprensa também e o fato foi pros jornais do dia seguinte.

Já era alta madrugada quando levei Kate pro hotel. Despedi dela na frente de seu quarto quando ela me apertou, falou no meu ouvido “fuck me” e me puxou pra dentro e eu “fuckiei” a maior musa teen do momento até de manhã.

Acordei, lembrei onde estava, com quem estava e me senti foda, o “pica de ouro”. Kate pulou em cima de mim e transamos mais uma vez, depois eu estava deitado com ela agarrada a mim quando Kate me fez um pedido inusitado.

A cantora disse que precisava cheirar e pediu que eu comprasse cocaína pra ela. Tomei um susto e falei que não faria, não curtia essas coisas. Até que Kate falou que se eu fosse faria “aquilo”.

Lá fui eu subir favela.

Nunca subira favelas pra comprar drogas. Subi todo envergonhado com medo que alguém me reconhecesse e logo encontrei uns garotos com fuzis na mão, Perguntei e eles me indicaram onde era a boca.

Fui até lá e fiz meu pedido. Enquanto eles colocavam o pó em um saco o dono do morro chegou perto de mim e perguntou se eu não era o Adão. Respondi que sim e ele me deu um abraço falando “sou eu cara o Zeca, fizemos faculdade juntos!”.

Lembrei dele, aliás, lembrei pouco porque o Zeca na verdade não frequentava muito a sala de aula. Naquele momento percebi que realmente comunicação não era sua vocação, mas ele tinha se encontrado profissionalmente.

Zeca mandou que os traficantes caprichassem no pó porque era pra amigo dele. Entrou em uma sala e voltou com meu livro perguntando se eu não podia dar um autógrafo.

Dei o autógrafo e ele agradeceu contando que era pai solteiro de dez filhos, foi obrigado a matar as mães deles porque eram “vacilonas” e o meu livro lhe ajudava muito no dia a dia.

Agradeci o elogio e me virei indo embora com Zeca atrás mandando que eu voltasse sempre.
Eu descia o morro apressado doido pra me livrar daquela droga quando a polícia subiu a favela. Logo alguns policiais encapuzados mandaram que eu parasse. Coloquei as mãos pro alto só pensando “fodeu”.

Nisso o encapuzado mais a frente tira o capuz e fala “Adão??”.

Respondi que era eu sim então ele me deu um abraço perguntando “não tá lembrado de mim? Joca!!”.
Lembrei dele. Era do grupinho do Zeca e os dois sempre faltavam aulas e iam pra bares juntos.
Joca deu tapinha no meu braço e falou que estava com saudades de mim e perguntou o que eu estava fazendo lá, se eu fui comprar drogas. Sem graça respondi que a Kate Bears pediu que comprasse. Joca riu e falou que levou as filhas no show dela na noite anterior, showzaço.

Nisso um dos policiais encapuzados tirou um exemplar do meu livro de dentro da farda e pediu que eu autografasse.

Autografei e Joca me deu parabéns porque tinha lido o livro e era muito bom e que se soubesse que eu iria lá comprar drogas também levaria um exemplar para que eu autografasse.

Lamentei e respondi que ficaria para uma próxima. Joca olhou o relógio e me falou que adoraria conversar mais comigo, mas precisava subir o morro pra matar o Zeca e ainda completou “Lembra do Zeca? Parceiraço né? Me amarro nele.”.

Também lamentei que não pudesse conversar mais. Apertei a mão de Joca e comecei a andar quando um dos policiais me segurou e Joca respondeu “Pô sinto muito Adão, mas terei que te prender por causa do pó, foi mal aí, mas trabalho é trabalho”.

Uma parte dos policiais subiu o morro atrás do Zeca e a outra me levou pra delegacia.

Fui pra cela, Um monte de homens mal encarados, cheios de crimes nas costas. Passei um dia “feliz e tranquilo” na cadeia. As horas passarem e notei que um negão não parava de olhar pra mim. Eu tentava desviar o olhar, mas ele não parava.

Em um momento não aguentei e perguntei se poderia ajudá-lo em algo. O negão escancarou o sorriso e disse “quero te pegar no colo, te deitar no solo e te fazer mulher”.

Nesse momento gritei socorro e por sorte apareceu um guarda falando que pagaram minha fiança.
Quando saí vi que foi a Bia que pagou. Ela virou pra mim e falou “que papelão”. Eu respondi que não era meu. Eu comprara pra Kate e ela devia estar no hotel preocupada que eu não voltava.

Bia então contou que ela foi fotografada por todos os sites passeando na praia de Copacabana com um escurinho ritmista da Unidos do Bebezão e inclusive naquele momento já devia estar com ele em um avião indo pra Los Angeles.

É, perdi a gringa pra um ritmista e não consegui fazer “aquilo” com ela.

Bia me deixou em casa. Entrei e encontrei Lena com uma bolsa no ombro me esperando. Perguntei se estava tudo bem com ela e Lena respondeu que sim e que estava se demitindo porque era tenente a Deus, careta e não trabalhava com drogados.

Chegou perto de mim, me deu um beijo no rosto, me entregou o telefone dos Narcóticos Anônimos e foi embora.

Bem feito pra mim..mas pelo menos não virei personagem de música do Agepê.



CAPÍTULO ANTERIOR:

ÍRIS E JOANA 

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