OS FILHOS DA MISÉRIA


Semana retrasada foi feita na Ilha do Governador leitura de um texto meu chamado "Os filhos da miséria". O monólogo conta a história de Zé Maria, um homem abandonado pela sorte, pelo país que conta todos os dramas, desgraças e loucuras de sua vida.

Existem muitos Zé Marias pelas ruas do Brasil, cada vez mais. Frequento bastante Copacabana pelo fato da Luciana morar lá e é impressionante a quantidade de moradores de rua no bairro. Na rua em que ela mora, a Nossa Senhora de Copacabana, tem pelo menos dois a três em cada esquina e aqui mesmo na Ilha do Governador cada vez mais aumenta a quantidade de moradores de rua. Aqui na área em que moro tem pelo menos três já conhecidos.

Sabemos que esse não é um problema exclusivamente brasileiro, a maior nação do mundo mesmo tem enorme qunatidade de moradores de rua, mas não tem como não chamar atenção esse aumento por aqui.

Sim, provoca medo. No último fim de semana tivemos o caso do morador de rua que esfaqueou pessoas na Lagoa matando dois homens. Esse medo é sincero e compreensível, eu também tenho, mas além do medo devíamos ter compaixão, nem todos os moradores de rua são bandidos, assassinos, muito pelo contrário. Mas compaixão ao ver um semelhante, um ser humano como nós em uma situação degradante.

Nos incomoda sim, mas não o incômodo de ver alguém assim, mas incômodo de existirem essas pessoas. Essas pessoas sujas, mal cheirosas que surgem pedindo dinheiro, comida e nos despertam para a realidade, nos tiram de nossa zona de conforto.

Não queremos essas pessoas por perto não porque temos pena ou nos entristece, mas porque nos causa nojo, repulsa, medo, preferimos fingir que não estão ali, tratá-los como invisíveis.

Sendo que poderíamos ser nós em uma situação dessas. O que difere uma pessoa do bem e do mal, o que difere uma pessoa bem sucedida de mal sucedida, o mocinho do bandido muitas vezes é a oportunidade.

Esssas pessoas não brotaram do solo, tem histórias por trás delas, tem uma vida, tiveram família algumas, sonhos outras. O que levaram a esse caminho? O que pensam? Sentem? Não dá para imaginar viver em uma situação dessas, é triste, humilhante e mesmo assim não nos comove.


E realmente me faz pensar em quem são os miseráveis nessa história.  


Será que não somos nós?



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CARTA AOS MISERÁVEIS 

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