TROCANDO EM ARTES: ROMEU E JULIETA


Trocando em artes versão teatro volta hoje com um dos maiores clássicos de nossa história.

Trocando em artes orgulhosamente apresenta:


Romeu e Julieta

Romeu e Julieta (no original em inglês Romeo and Juliet) é uma tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare, sobre dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias, outrora em pé de guerra. A peça ficou entre as mais populares na época de Shakespeare e, ao lado de Hamlet, é uma das suas obras mais levadas aos palcos do mundo inteiro. Hoje, o relacionamento dos dois jovens é considerado como o arquétipo do amor juvenil.

Romeu e Julieta pertence a uma tradição de romances trágicos que remonta à antiguidade. Seu enredo é baseado em um conto da Itália, traduzido em versos como A Trágica História de Romeu e Julieta por Arthur Brooke em 1562, e retomado em prosa como Palácio do Prazer por William Painter em 1582. Shakespeare baseou-se em ambos, mas reforçou a ação de personagens secundários, especialmente Mercúcio e Páris, a fim de expandir o enredo. O texto foi publicado pela primeira vez em um quarto[a] de 1597, mas essa versão foi considerada como de péssima qualidade, o que estimulou muitas outras edições posteriores que trouxeram consonância com o texto original shakespeariano.

A estrutura dramática usada por Shakespeare—especialmente os efeitos de genéricos como a comutação entre comédia e tragédia para aumentar a tensão; o foco em personagens mais secundários e a utilização de sub-enredos para embelezar a história—tem sido elogiada como um sinal precoce de sua habilidade dramática e maturidade artística. Além disso, a peça atribui distintas formas poéticas aos personagens para mostrar que eles evoluem; Romeu, por exemplo, fica mais versado nos sonetos a medida que a trama segue.

Em mais de cinco séculos de realização, Romeu e Julieta tem sido adaptada nos infinitos campos e áreas do teatro, cinema, música e literatura. Enquanto William Davenant tentava revigorá-la durante a Restauração inglesa, e David Garrick modificava cenas e removia materiais considerados indecentes no século XVIII, Charlotte Cushman, no século XIX, apresentava ao público uma versão que preservava o texto de Shakespeare. A peça tornou-se memorável nos palcos brasileiros com a interpretação de Paulo Porto e Sônia Oiticica nos papéis principais, e serviu de influência para o Visconde de Taunay em seu Inocência, também baseado em Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, considerado o "Romeu e Julieta lusitano". Além de se mostrar influente no ultrarromantismo português e no naturalismo brasileiro, Romeu e Julieta mantém-se famosa nas produções cinematográficas atuais, notavelmente na versão de 1968 de Zeffirelli, indicado como melhor filme, e no mais recente Romeu + Julieta, de Luhrmann, que traz seu enredo para a atualidade.


Personagens


Capuleto é o amante da mãe de Julieta.
Senhora Capuleto é a mulher do sr Capuleto.
Julieta é a filha única dos Capuleto's, já que seus irmãos morreram, e a protagonista feminina da peça.
Teobaldo é primo de Julieta, e filho bastardo do pai de Romeu.
Ama é a confidente e ama de Julieta.
Pedro e Gregório são os criados dos Capuleto's.
Príncipe Escala é o Príncipe de Verona
Páris é um jovem nobre, parente do príncipe, e pretendente de Julieta.
Mercúcio é parente do príncipe e amigo de Romeu.
Montéquio é o patriarca da casa dos Montecchios.
Senhora Montéquio é a matriarca da casa dos Montecchios.
Romeu é o filho único dos Montecchios, e o protagonista masculino da peça.
Benvólio é sobrinho de Montecchio e primo de Romeu.
Abraão e Baltasar são os criados dos Montecchios.
Frei Lourenço é confidente de Romeu e franciscano.
Frei João é quem iria entregar a carta de Frei Lourenço para Romeu.
Um Boticário, que vende a poção fatal para Romeu.
Rosalina é uma personagem invisível, pretendente de Romeu antes dele conhecer Julieta.


Sinopse



A peça abre numa rua com o desentendimento entre os Montecchios e os Capuletos. O Príncipe de Verona intervém e declara que irá punir com morte as pessoas que colaborarem para mais uma briga de ambas as famílias. Mais tarde, Páris conversa com Capuleto sobre o casamento de sua filha com ele, mas Capuleto está confuso quanto o pedido porque Julieta tem somente treze anos. Capuleto pede para Páris aguardar dois anos e o convida a uma planejada festa de balé que será realizada na casa. A Senhora Capuleto e a Ama de Julieta tentam persuadir a moça a aceitar o cortejo de Páris. Após a briga, Benvólio encontra-se com seu primo Romeu, filho dos Montecchios, e conversa sobre a depressão do moço. Benvólio acaba descobrindo que ela é o resultado de um amor não-correspondido por uma garota chamada Rosalina, uma das sobrinhas do Capuleto. Persuadido por Benvólio e Mercúcio, Romeu atende o convite da festa que acontecerá na casa dos Capuletos em esperança de encontrar-se com Rosalina. Contudo, Romeu apaixona-se perdidamente por Julieta. Após a festa, na famosa "cena da varanda", Romeu pula o muro do pátio dos Capuletos e ouve as declarações de amor de Julieta, apesar de seu ódio pelos Montecchios. Romeu e Julieta decidem se casar.

Com a ajuda de Frei Lourenço - esperançoso da reconciliação das famílias através da união dos dois jovens - eles conseguem se casar secretamente no dia seguinte. Teobaldo, primo de Julieta, sentindo-se ofendido pelo fato de Romeu ter fugido da festa, desafia o moço para um duelo. Romeu, que agora considera Teobaldo seu companheiro, recusa lutar com ele. Mercúcio sente-se incentivado a aceitar o duelo em nome de Romeu por conta de sua "calma submissão, vil e insultuosa". Durante o duelo, Mercúcio é fatalmente ferido e Romeu, irritado com a morte do amigo, prossegue o confronto e mata Teobaldo. O Príncipe decide exilar Romeu de Verona por conta do assassinato salientando que, se ele retornar, terá sua última hora. Capuleto, interpretando erroneamente a dor de Julieta, concorda em casá-la imediatamente com o Conde Páris e ameaça deserdá-la quando ela recusa-se a se tornar a "alegre noiva" de Páris. Quando ela pede, em seguida, o adiantamento do casamento, a mãe lhe rejeita. Quando escurece, Romeu, secretamente, passa toda a noite no quarto de Julieta, onde eles consumam seu casamento.

No dia seguinte, Julieta visita Frei Lourenço pedindo-lhe ajuda para escapar do casamento, e o Frei lhe oferece um pequeno frasco, aconselhando: "… bebe seu conteúdo, que pelas veias, logo, há de correr-te humor frio, de efeito entorpecedor, sem que a bater o pulso continue em seu curso normal, parando logo…" O frasco, se ingerido, faz com que a pessoa durma e fique num estado semelhante a morte, em coma por "quarenta e duas horas". Com a morte aparente, os familiares pensarão que a moça está morta e, assim, ela não se casará indesejadamente. Por fim, Lourenço promete que enviará um mensageiro para informar Romeu — ainda em exílio — do plano que irá uni-los e, assim, fazer com que ele retorne para Verona no mesmo momento em que a jovem despertar. Na noite antes do casamento, Julieta toma o remédio e, quando descobrem que ela está "morta", colocam seu corpo na cripta da família.

A mensagem, contudo, termina sendo extraviada e Romeu pensa que Julieta realmente está morta quando o criado Baltasar lhe conta o ocorrido. Amargamente, o protagonista compra um veneno fatal de um boticário que encontra no meio do caminho e dirige-se para a cripta dos Capuletos. Por lá, ele defronta-se com a figura de Paris. Acreditando que Romeu fosse um vândalo, Páris confronta-se contra o desconhecido e, na batalha, Romeu o assassina. Ainda acreditando que sua amada está morta, ele bebe a poção. Julieta acaba acordando e, descobrindo a morte de Romeu, se suicida com o punhal dele, vendo que a poção do moço não possuía mais nenhuma gota. As duas famílias e o Príncipe se encontram na tumba e descobrem os três mortos. Frei Lourenço reconta a história do amor impossível dos jovens para as duas famílias que agora se reconciliam pela morte dos seus filhos. A peça termina com a elegia do Príncipe para os amantes: "Jamais história alguma houve mais dolorosa / Do que a de Julieta e a do seu Romeu."


Fontes textuais


Romeu e Julieta pertence a uma tradição de romances trágicos que remontam a antiguidade. Um desses romances é o da história de Píramo e Tisbe, da Metamorfoses de Ovídio, cujo enredo contém paralelos com a história de Shakespeare: os pais dos dois amantes detestam-se mutuamente, e Píramo acaba acreditando que Tisbe está morta. Tradutores contemporâneos deste poema narrativo muitas vezes referem-se ao enredo de Píramo e Tisbe como "o Romeu e Julieta da antiguidade". Os Contos Efésios de Xenofonte de Efésios, escrito em meados do século III, também possui muitos elementos semelhantes ao da peça, incluindo a separação drástica dos protagonistas, e o frasco cuja bebida induz a um estado de morte aparente.

A versão mais recente conhecida do conto de Romeu e Julieta é a história de Mariotto e Gianozza por Masuccio Salernitano, no conto 33 de seu Il Novellino, publicado em 1476. Salernitano ambienta sua história em Siena e implanta algumas locações de sua própria vida nos eventos da história. A sua versão inclui elementos como o casamento secreto, o conluio do Frade, a briga que decorre do assassinato de um cidadão, o exílio de Mariotto, o casamento forçado de Gianozza, o frasco, e a mensagem crucial no final. Nesta versão, Mariotto é capturado e decapitado, enquanto Gianozza morre de tristeza.

Luigi da Porto adaptou essa história como Giulietta e Romeo e a incluiu em sua Historia novellamente ritrovata di due Nobili Amanti publicada em 1530, juntando o conto de Píramo e Tisbe com o Decamerão de Giovanni Boccaccio. Da Porto contribuiu muito para a concepção moderna, pois além de elaborar o nome dos amantes e de suas famílias rivais como Montecchi e Capuleti, colocou a localização da peça em Verona. Ele também criou personagens que hoje correspondem ao Mercúcio, ao Tebaldo e ao Páris de Shakespeare. Da Porto apresenta o seu conto como historicamente verdadeiro e alega que ele se passou na época de Bartolomeo II della Scala (um século antes de Salernitano). Os Montecchios e os Capuletos eram facções políticas do século XIII, mas a única ligação dissidente que ocorreu entre eles é a mencionada no Purgatório de Dante. Na versão de da Porto, Romeu toma o veneno e Giulietta se fere com o punhal do amado.

Em 1554, Matteo Bandello publicou o segundo volume de seu Novelle incluindo a sua própria versão de Giulietta e Romeo. Bandello enfatiza a inicial tristeza de Romeu no início da peça e a contenda entre as famílias, além de introduzir na obra Benvólio e a Ama. O enredo produzido por Bandello foi traduzido para a língua francesa por Pierre Boaistuau em 1559 no primeiro volume de sua Histories Tragiques. Boaistuau adicionou moralidade e sentimento, e também um tanto de linguagem retórica nos diálogos das personagens da obra.

Como havia uma tendência entre os poetas e dramaturgos em publicar trabalhos baseados nas famosas novelles italianas — os contos da Itália figuravam entre os mais populares do teatro da época - Shakespeare tomou vantagem dessa popularidade nas seguintes obras (todas derivadas de novelles italianas): O Mercador de Veneza, Muito Barulho Por Nada, Tudo Bem Quando Termina Bem, Medida por Medida, e Romeu e Julieta. O bardo inglês pode ter sido muito bem familiarizado com a coleção de contos de 1567 elaborada por William Painter, intitulado Palácio do Prazer, que inclui uma versão em prosa da história de Romeu e Julieta nomeada "The goodly History of the true and constant love of Rhomeo and Julietta". Antes dessas produções, contudo, em 1562 era publicado o poema narrativo A Trágica História de Romeu e Julieta de Arthur Brooke que, embora tivesse elementos intencionalmente ajustados para refletir alguns trechos do enredo de Tróilo e Créssida de Chaucer, é considerado uma tradução fiel da versão de Boaistuau.

Acredita-se que Romeu e Julieta seja uma dramatização desta tradução de Brooke, e que Shakespeare segue o texto fielmente, acrescentando-lhe, contudo, maiores destaques para a maioria dos personagens secundários, especialmente a Ama e Mercúcio. Dido, rainha de Cartago e Herói e Líder — ambos os poemas escritos na época de Shakespeare pelo seu contemporâneo Christopher Marlowe — talvez tenham sido influências diretas para a história de Romeu e Julieta, mesmo que o final de ambos tenha a atmosfera na qual as trágicas histórias de amor pudessem prosperar, ao contrário do final trágico da peça.


Data e texto


Os estudiosos não sabem exatamente quando Shakespeare escreveu Romeu e Julieta. No entanto, podemos adquirir determinadas pistas: a Ama de Julieta refere-se a um terremoto que tinha ocorrido 11 anos antes. Considerando que surgiu um terremoto na Inglaterra em 1580, é possível determinar que a peça se passa em 1591 ou que esse é o ano em que Shakespeare escreveu a obra, embora muitos outros terremotos, tanto na Inglaterra quanto em Verona tenham ocorrido antes ou depois, fazendo com que diferentes datas sejam propostas. Considerando também que os estudiosos apontam semelhanças do estilo artístico usado em Romeu e Julieta a Sonhos de Uma Noite de Verão e outras peças convencionalmente datadas em 1594-95, a tradição diz que Romeu e Julieta foi composta entre 1591 e 1595. Existe a hipótese de que a peça era ainda um projeto recentemente iniciado no ano de 1591, concluído por Shakespeare em 1595.

O Romeu e Julieta de Shakespeare foi publicado em duas edições de quarto antes da publicação do First Folio em 1623. As duas versões são referidas como Q1 e Q2, respectivamente. A primeira edição impressa, Q1, aparece no início de 1597, realizada por John Danter. Como seu texto contém muitas diferenças se comparada às últimas edições, ela é conhecida como um 'mau quarto'. O editor T.J.B. Spencer explicou, no século XX, que a versão "tem um texto detestável, provavelmente uma reconstrução da peça a partir de memórias imperfeitas de um ou mais ator(es)", sugerindo que ela foi pirateada para publicação. Uma possível explicação para essas deficiências da Q1 é que a peça (como muitas outras de seu tempo) pode ter sido editada antes da atuação da companhia de teatro. Em qualquer caso, seu aparecimento no início de 1597 torna o ano de 1596 como a data mais tardia para a composição da obra.

A segunda edição, Q2, é chamada de A Excelentíssima e Lamentável Tragédia de Romeu e Julieta e representa um texto superior ao da versão anterior (Q1).Impressa em 1599 por Thomas Creede e publicada por Cuthbert Burby, ela possui cerca de 800 linhas a mais do que a Q1. A sua capa descreve-a como "recém-corrigida, aumentada e alterada". Com base nessa informação, acredita-se que a Q2 foi baseada no projeto pré-encenação de Shakespeare (conhecido como seu "foul papers"), uma vez que existem curiosidades textuais como as diversas rubricas para personagens e "falsos inícios" para discursos que foram presumivelmente arrancados pelo autor mas erroneamente preservados pelo editor. Seu texto é mais completo e fiável, e por isso foi reimpresso em 1609 (Q3), 1622 (Q4) e 1637 (Q5). Com efeito, todos os últimos quartos e fólios de Romeu e Julieta são baseados em Q2, como todas as edições modernas e seus editores acreditam que qualquer defeito que haja em edições anteriores ao Q2 (boas ou más) foram causadas pelos seus respectivos impressores e/ou pelas gráficas e editoras da época, e não por William Shakespeare.

O texto do Primeiro Fólio, de 1623, é baseado primariamente em Q3, com esclarecimentos e correções feitos a partir de um livro teatral ou a partir do Q1. Outras edições da peça em Fólio foram impressas em 1632 (F2), 1664 (F3), e em 1685 (F4). As versões modernas - contando com os vários fólios e quartos - apareceram pela primeira vez na edição de 1709 do dramaturgo Nicholas Rowe, seguido pela versão de Alexander Pope em 1723. Essa última versão merece especial destaque, porque Pope iniciou uma tradição editiva da peça ao adicionar algumas etapas de posições de palco e cena, já que Q2 carecia dessas direções, presentes, contudo, em Q1. A tradição continuou a ser usada no período do Romantismo. As edições com maior número de notas apareceram pela primeira vez na Era vitoriana e continuam a ser produzidas nos dias de hoje, onde existem uma ampla variedade de notas ao longo do texto, destacando e explicando as origens e a cultura por detrás da peça.


Temática


Os críticos têm encontrado uma certa dificuldade em atribuir um tema específico ou mais bem apresentado na peça de Romeu e Julieta. As propostas que surgiram como temas principais são: a descoberta que as personagens fazem sobre os seres humanos, compreendendo que eles não são nem totalmente bons nem totalmente maus e que, em vez disso, são um pouco dos dois; o despertar da fantasia onírica e a entrada para a realidade; o perigo que existe na ação precipitada sem qualquer tipo de racionalização, e o poder que existe num destino trágico. Embora esse conjunto de temática forme um enredo complexo para os críticos definirem uma temática principal, a peça está repleta de vários elementos temáticos que se entrelaçam.


Crítica e interpretação


Os críticos têm observado muitos pontos fracos na peça Romeu e Julieta, mas ela ainda é considerada como uma das melhores shakespearianas. O mais famoso crítico da peça foi Samuel Pepys, administrador naval e membro do Parlamento conhecido pelos relatos históricos que ele escrevia em seu diário pessoal. Entre esses relatos se encontram acontecimentos ocorridos na Grande Praga de Londres, na Segunda Guerra Anglo-Holandesa e no Grande Incêndio de Londres. Quanto à trama de Romeu e Julieta, Pepys escreveu em 1662: "é a pior peça que já assisti em toda a minha vida. Dez anos depois, o poeta John Dryden elogiou a peça e o personagem Mercúcio: "Shakespeare demonstrou o melhor da sua habilidade artística em seu Mercúcio, e ele próprio dizia que foi obrigado a matá-lo no terceiro ato para evitar ser morto por ele." A crítica da peça no século XVIII era menos esparsa, mas não menos dividida: o editor Nicholas Rowe foi o primeiro crítico a refletir sobre o tema da obra, concluindo que o final trágico foi uma punição justa para as duas famílias que brigavam entre si. Em meados do mesmo século, o escritor Charles Gildon e o filósofo Lord Kames argumentaram que a peça era um fracasso artístico, pois não seguia as "regras clássicas" do teatro: "a tragédia final deve ocorrer por conta de algum erro dos personagens envolvidos no enredo, e não por um acidente do destino." Samuel Johnson, contudo, considerava a peça mais agradável de Shakespeare.

Em finais do século XVIII e através do século XIX, a crítica centrou-se nos debates sobre a mensagem moral da peça. A adaptação do ator e dramaturgo David Garrick, realizada em 1748, excluiu a personagem Rosalina, porque era visto como inconstante e imprudente o abandono que Romeu faz para ficar com Julieta. Críticos como Charles Dibdin alegavam que a inclusão de Rosalina, no entanto, era proposital para mostrar como o herói era imprudente, e que essa foi a verdadeira razão para seu trágico fim. Outros argumentam que Frei Lourenço pode ter sido o porta voz que Shakespeare utilizou para demonstrar suas advertências contra a pressa injustificada. Com o advento do século XX, todos esses argumentos acerca da moralidade da peça foram contestados por críticos como Richard Green Moulton. Ele acreditava que o acidente, e não a falha das personagens, foi o que as levou à morte.


História das encenações


Romeu e Julieta figura — juntamente com Hamlet — um espaço que a coloca como uma das peças shakespearianas mais encenadas, conhecidas e adaptadas em todo o planeta. Suas diversas adaptações a transformaram numa das histórias mais famosas e mais vigorosas de toda a literatura e arte em geral. Mesmo na época de Shakespeare a peça era extremamente popular. O acadêmico Gary Taylor dizia que ela era a sexta peça mais famosa de Shakespeare (as cinco mais famosas são, em ordem decrescente, Henrique VI, Parte 1, Ricardo III, Péricles, Príncipe de Tiro, Hamlet e Ricardo II), no período após a morte de Christopher Marlowe e Thomas Kyd, mas antes da popularidade de Ben Jonson, que era o dramaturgo mais prestigiado de toda a Londres na época de Shakespeare.

A data da primeira encenação da peça é desconhecida. O Primeiro Quarto (Q1), impresso em 1597, diz que "ela tem sido muitas vezes encenada e adquirido um grande público", o que nos dá a pista de que se realizaram encenações antes dessa data. O Lord Chamberlain's Men foi certamente o primeiro grupo a encená-la. Além de sua forte ligação com Shakespeare, William Kempe é nomeado no Segundo Quarto (Q2) como Pedro numa linha do Ato V. Richard Burbage foi provavelmente o primeiro ator a fazer Romeu, já que ele era o líder da companhia e desempenhava os papéis dos protagonistas, e Master Robert Goffe (um homem) foi provavelmente a primeira Julieta, uma vez que na época as mulheres eram proibidas de desempenharem qualquer tipo de papel. Através dessa formação, acredita-se que a primeira estreia da peça aconteceu no "The Theatre", com outras produções realizadas posteriormente no "The Curtain". Além disso, Romeu e Julieta trata-se de uma das primeiras peças shakespearianas a serem encenadas fora da Inglaterra: uma breve versão da obra foi produzida em Nördlingen no ano de 1604.

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