O MOLHO INGLÊS NA FEIJOADA


*Coluna publicada no blog Ouro de Tolo em 9/6/2013
Evidente que com os temas que eu falarei nessa coluna que o título seria esse. Dois temas que parecem ser bem diferentes, mas que marcaram meu fim de semana e me fizeram refletir.

Estava com amigos com os quais farei parceria para a disputa de samba-enredo da Portela em um restaurante na Ilha do Governador quando soubemos que no sábado seguinte teria feijoada na escola. A feijoada da Portela é uma das mais tradicionais de nossa cidade e pioneira desses mega eventos que se transformaram as feijoadas em escolas de samba.

Era a primeira feijoada da nova gestão portelense e conversamos que era uma boa aparecermos não só para “mostrarmos” a cara em nossa nova escola, mostrar que queremos pra valer fazer parte de sua família quanto respirar os novos ares portelense. Os ares de liberdade.

Chegou o dia e eu e meu parceiro e amigo de anos Cadinho pegamos um táxi para Madureira. O bairro passa por obras e não foi fácil chegar na rua Clara Nunes. Fui em algumas feijoadas na União da Ilha e gostei. Não é o ambiente de um ensaio de escolas de samba, por exemplo, é uma coisa mais tranquila onde podemos saborear a delícia preparada pelas “tias” e bater um papo com os amigos.

É..Não estou acostumado com a Portela mesmo.

Pois chegando na rua já me surpreendi com a movimentação na rua. Era intensa, com bares lotados de pessoas felizes vestindo azul e branco conversando e cantando sambas da Portela. Adultos e crianças em plena harmonia andavam em direção a quadra para uma tarde especial. Chegando a sua frente uma fila enorme para entrar. Entrei na fila para pagar o ingresso mesmo tendo carteira da União da Ilha e um conhecido de uma rádio oferecendo para entrar com ele.

Não gosto de “carteiradas” e queria mostrar que realmente quero levar a agremiação a sério pagando direitinho para entrar.

A quadra estava lotada. A feijoada já acabara e nem consegui experimentar. Fui até o camarote e cervejas e refrigerantes tinham acabado. Mas rapidamente chegaram mais. Ninguém ligou porque ficou sem a feijoada ou teve que esperar bebida chegar e gelar porque o ambiente era de alegria, felicidade com a impressão que a Portela tinha voltado.

Muita gente, aliás, pisava na quadra novamente depois de muitos anos. Juntavam-se num congraçamento, numa retomada.

Antes de subir ao camarote conversava com Cadinho e uma amiga quando um senhor de óculos e cabelos brancos passou sorrindo cercado de um monte de gente em direção ao palco. Passou do meu lado. Era um senhor chamado Paulinho da Viola.

Lembrei na hora de uma tradição carioca retratada em um comercial quando um cara se emociona ao encontrar o antigo mestre-sala da Mangueira Delegado, pede autógrafo, tira fotos com ele e ninguém em volta sabe quem é aquele senhor. Cariocas são assim.

Podemos ver o Obama, a rainha da Inglaterra que estamos nem aí. Passamos por artistas da Globo e nos lixamos, mas tem pessoas que são míticas, chamam nossa atenção e Paulinho da Viola é uma delas.

E que prazer depois ouvir Paulinho cantar. Cantar na sua escola, na sua Portela. Que prazer poder viver esse momento, o momento que ele cantou e finalmente foi reconhecido por sua importância ganhando o título de sócio benemérito.

Na mesma tarde / noite foi anunciado o enredo. “Rio de mar a mar: Do Valongo à Glória de São Sebastião”. Será realizado pelo carnavalesco Alexandre Louzada na promessa de mais um grande enredo portelense. Também foi anunciado Wantuir como seu novo intérprete.

Um sábado muito legal cercado de pessoas queridas, amigas, algumas articulações lógico, mas vendo a felicidade nos rostos dos portelenses. Dos amigos que fazem parte desse processo que eram uma mistura de cansaço, suor e extrema alegria e vi que a Portela está no caminho certo.

Não será fácil. Muitos foram os pepinos deixados, mas dará certo. As pessoas que hoje comandam a Portela são profissionais, entendem do riscado e principalmente amam a escola. Sem amor a gente não consegue nem chupar um picolé.

E eu espero dar minha pequena contribuição nesse inicio de processo de retomada.

Não teve só a feijoada sábado. Teve o molho inglês domingo.

Depois de um papo agradável com uma tia por telefone onde se pudesse lhe dava um tiro de fuzil via DDD parei para ver a peleja no Maracanã.
Gostei do primeiro tempo do Brasil, não gostei do segundo, mas o jogo em si não é motivo desse assunto. Nem o Maracanã, apesar de abrir um parênteses agora sobre ele.

Que gente chata do cacete. Reclamar do superfaturamento, que foi muito dinheiro gasto e poderiam até ter feito um novo estádio em outro lugar com essa grana e deixado o Maracanã como estava eu até entendo e apoio. Mas ficar de beicinho e mimimi dizendo que o Maracanã não existe mais e palhaçadas como “Ex-Maracanã” e “Maracanão” não. Só aceito que fale que o Maracanã acabou se falar que Wembley também acabou porque passou pelo mesmo processo. Entendeu fã do esporte?     

Outra coisa que me enche o saquinho e faz aparecer uma úlcera em meu corpo é falar “Seleção da CBF”. Você chama a Argentina de seleção da AFA o coisa chata? Se recusou a comemorar 2002 quando a CBF era comandada pelo Ricardo Teixeira o coisa mala? Então não enche.  

Os ingleses, que tem nada com isso, vieram tirar umas férias no Brasil, pegaram uma praia, umas cachorras e quase botaram molho inglês na nossa feijoada. Mas no fim deu 2x2 com um bom público que muitos meteram o malho. Mas é um público de seleção e em jogos do Brasil ele sempre é mais comedido mesmo.

Vamos ver como será a relação do Maracanã com o público e os clubes depois da Copa das Confederações. Deixar o ingresso caro e colocar muitos tributos para os clubes pagarem pode ser um tiro no pé e está arriscado o Maracanã, que está lindo, virar o maior elefante branco dessa copa.

Só uma coisinha pra terminar. Eu sou a favor de marcarmos um amistoso entre o time do “Imagina na copa”. Aquele time dos caras que só sabem falar mal, debochar e sentem um imenso prazer quando as coisas dão errado contra aquele do “Imagina a festa”. Esse formado pelos “pachecos” que acham que está tudo certo e ninguém segura nosso país.

O time do “Imagina na Copa” poderia ser treinado pelo comentarista da ESPN Mauro Cezar Pereira, sempre digo que a ESPN é o maior partido de oposição do país, aparenta grande seriedade e me convenceria se tivesse os direitos dos campeonatos que fala mal e não atendesse aos interesses de um famoso ratinho americano.

O igualmente chato “Imagina na festa” seria comandado pelo Ronaldo fenômeno. Um ex-grande artilheiro, grande jogador que agora acha que é o dono do Brasil e muita gente concorda se tornando subserviente as suas vontades e necessidades. O garoto de Bento Ribeiro que se vendeu ao sistema para ganhar ainda mais dinheiro e poder.

De preferência esse jogo seria no Engenhão e de mais preferência ainda a cobertura do estádio cairia em cima dos dois times.

Resolveria os problemas de nosso país? Não, mas pelo menos lhe deixaria menos chato.

Imagina depois da copa.. 


  

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