Trocando em miúdos

Quando a gente é criança algo que ocorreu 30 anos antes é muito tempo. Na minha infância nos anos 80 trinta anos antes eram os anos cinquenta!! Tempo dos filmes em preto e branco!! Mas aí o tempo passa e algo que ocorreu 30 anos antes passa a ser algo vivo em sua mente. O número 30 assusta por ser tão distante e ao mesmo tempo tão recente. Hoje faz 30 anos da morte do Ayrton Senna e esse número assusta demais. Pra quem viveu é assustador pensar que já faz 30 anos e está tão viva essa data em todos nós. Todos sabemos exatamente o que fizemos nessa data, como recebemos a notícia, como foram os dias seguintes. E assusta ainda mais pensar que quem tem menos de 40, 35 anos tem poucas lembranças disso ou não viveu. Tem pais e mães que não tem a mínima noção do que foi para o país a morte do Senna. Assim como muitos hoje não sabem quem são Garrincha, Nelson Rodrigues, Vinícius de Moraes, Tom Jobim. Assim como muitos hoje acham o Messi melhor que o Pelé para muitos Ayrton Senna é só um nome qu

Pela minha família hoje eu seria diplomata, moraria no exterior, falaria umas cinco línguas, teria dinheiro, filhos em escolas phodas e seria uns 30 quilos mais gordo (ainda mais) por ter grana e amigos com grana pra ir aos melhores restaurante. Olhando assim não seria ruim, não estavam errados. Mas como eu ficaria sem poder mexer com.a emoção das pessoas levando as lágrimas e gargalhadas só com coisas que saíram da minha mente? Escolhi esse caminho em 1997 quando entrei por esse trilho. Sou duro como a maioria dos artistas, mal falo português, só fui duas vezes ao exterior, meus filhos estudam em escola pública, mas são felizes nela, só vou a restaurantes de vez em quando frequentando mais podrão e tô gordo, mas não entalo em roleta de ônibus e amarro meu tênis. A vida é feita de escolhas, escolhi e não me arrependo. Joguei todas as fichas no preto 17 e a roleta tá girando ainda, enquanto ela não para posso dizer que está bem divertido e, sinceramente? Vida de diplomata deve ser muito

No fim de 2014 eu atuava ativamente como compositor de samba enredo e começara a escrever para teatro e ter peças encenadas. Até aquele momento tivera 10 apresentações de "Eu matei Nelson Rodrigues", duas de "Folhetim", duas de "Cerimônia de casamento". Era algo que me entusiasmava enquanto começava a desanimar com o samba. Em novembro de 2014 cheguei na final do Acadêmicos do Dendê com toda pinta de favorito, próprio presidente da escola dizendo que venceria, mas perdi. Aquilo foi a gota d'água. Saí da quadra decidido a não escrever mais sambas, mas iria esperar mais dois dias para anunciar isso. Esperei e anunciei, mas fui mais ousado. Disse que em dez anos seria um dos principais dramaturgos brasileiros. Os dez anos se passaram. A primeira promessa meio que cumpri. Nesses dez anos só escrevi dois sambas em 2022 e um em 2023. A outra era mais difícil, quase impossível, mas quase não é impossível. Poderia dar a desculpa que em dois desses dez anos o m