E A VIDA..
E a vida o que é diga
lá meu irmão? Lembrei-me logo da música do Gonzaguinha quando pensei nessa
coluna.
É um tema abstrato,
talvez o mais abstrato desses três meses que escrevo no blog, mas deu vontade
de falar dela... Da vida.
Essa coluna foi publicada
em fevereiro de 2012 no blog Ouro de Tolo, mas foi escrita alguns dias depois
da virada do ano.
Enquanto assistia aos
fogos e ouvia pessoas chorando emocionadas e abraçando desconhecidos dizendo
que os amavam - sob efeito do álcool - e da emoção que a data reserva eu olhava
pro céu e pensava nela...
... na vida.
Só existem duas
ocasiões na verdade que pensamos na vida: quando ela está ameaçada e em viradas
de ano.
O que é a vida?
Alguns dizem que a
vida é apenas uma passagem, desde que nascemos começamos a morrer. Os mais
espiritualizados falam que vivemos várias vidas, essa é apenas uma delas e a
morte na verdade é continuação da vida em outra dimensão.
O que eu penso
disso?
Sei lá. Desde que o
mundo é mundo, desde que Adão surgiu por essas bandas, do big bang, da criação
de Deus, enfim, desde que surgiu essa bagaça chamada Terra o ser humano tenta
decifrar o enigma da vida. Se nenhum gênio conseguiu até hoje não serei eu que
vou tentar.
Aliás, o ser humano
recebeu o dom da inteligência de Deus para assim ter o direito de ser burro
quando quiser, mas isso é um caso a parte.
Tem gente que acredita
que quando morremos acaba tudo, sinceramente não sei como seria esse “acabar
tudo”.
É uma televisão
desligada? É torcer para o Botafogo? Essas coisas que para mim representam o
nada. A mim é tão complicada essa ideia de tudo acabar e existir mais nada que
nem consigo colocar em palavras.
Tem gente que diz que
tudo que fazemos aqui é levado “ao outro lado”. Para alguns existirá julgamento
no “juízo final”. Não sei como seria esse julgamento, quem seria o advogado de
acusação? Existe advogado no céu?
Outros acreditam no
“umbral”. Local que seria reservado aos
suicidas. Essa tese
diz que a vida na verdade não é nossa, é um
aluguel feito a nós
por Deus e quando há o suicídio, a morte fora de hora é um grave crime contra
as leis de Deus.
Não sei se é verdade,
mas lembrar do personagem Alexandre na novela “A viagem” e do personagem André
em “Nosso Lar” sofrendo no umbral me tirou totalmente da cabeça a ideia de me
matar um dia.
Existe também a teoria
da reencarnação. Seríamos seres evolutivos e tudo que fazemos de bom e ruim
levaríamos pra outras vidas. Isso explicaria a fome da África e a sensação que
já conhecemos lugares e pessoas que nunca fomos ou vimos.
Se essa tese é real
fico imaginando o que seria a vida seguinte de Adolf Hitler, Osama Bin Laden ou
George W. Bush.
Quero só dizer que sou
totalmente leigo nesse assunto e estou escrevendo sobre coisas que eu ouvi
falar e dividindo com vocês. Sou especialista em nada na vida, só um
curioso.
Alguns dizem e
acreditam no destino. Como diria Cazuza, nossos destinos foram traçados na
maternidade. Maktub: Está escrito.
Outros que temos livre
arbítrio. Tudo que ocorre em nossas vidas somos nós que escolhemos. Têm gente
que também consegue misturar as duas teses: Destino e livre arbítrio.
A vida é um roteiro
previsível. A gente nasce, cresce, envelhece e morre. Se tudo ocorrer bem em
nossa passagem pela Terra será assim. Existem poemas e pessoas que
defendem que devia ser o contrário. Começaria pela morte, depois ficaríamos
velhos e iríamos regredindo, remoçando.
Do trabalho para a
escola, da vida adulta à adolescência e infância, até voltarmos a ser bebês e o
fim - Na barriga da mãe.
O personagem Benjamin
Button do filme estrelado pro Brad Pitt mostra isso.
A graça e as novidades
ocorrem entre o nascimento e a morte. Cabe a nós traçar esse caminho ou ir ao
embalo do destino. Eu tenho esse lado comigo. Vejo um bebê e gosto de
ficar olhando e imaginando o que ele será, tantas possibilidades e pode vir a
ser tantas coisas.
Faço isso com a Bia.
Penso nela na escola, fazendo amigos, conhecendo amores, sofrendo por esses
amores e eu dando meu ombro pra ela chorar, conhecendo o homem ou a mulher de
sua vida, o importante é sua felicidade, construindo família...
...e enquanto ela
cresce, seu irmão chega e também cresce o meu fim se aproximando.
Porque como eu disse
antes desde que nascemos começamos a morrer. Então a cada dia que passa, cada
vez que deitamos pra dormir é um dia a menos de vida que temos, nos aproximando
da morte cada vez mais.
É impossível separar a
vida da morte. Uma completa a outra, uma automaticamente lembra a outra. Quando
nossa vida está ruim algumas vezes, mesmo da boca pra fora, desejamos a morte e
quando temos uma doença ou nos encontramos em situação de perigo nos agarramos à
vida e pedimos a Deus por ela.
A morte assusta porque
é desconhecida e o desconhecido assusta sempre. Quem do seu grupo de amigos
morrerá primeiro? Da sua família? Do seu time de pelada? Do seu emprego e me
colocando na roda, da minha parceria de samba-enredo? Perdi amigos nesse ano de 2013 como o compositor Jair Turra, campeão
da União da Ilha que morreu antes de ver seu samba na avenida.
Esse tipo de pergunta
assusta.
Assim como às vezes,
era mais freqüente anos atrás, eu parava pra pensar que ia morrer um dia e me
dava um certo pânico. Pânico da sensação. O que sentimos? Como será? Com que
idade? Quem me garante que esse ano que eu olhei maravilhado os fogos de
Copacabana não é o último da minha vida?
Bem. Não foi já que
como eu disse escrevi essa coluna no começo de 2012 e reviso em 2013.
Pode ser minha morte,
de algum leitor(pronto, agora perco todos) ou mesmo de toda a humanidade. Vai
que um meteoro perdido cai aqui. O fim do mundo de 2012 chega atrasado?
E aí? Fazer o
quê?
Tem nada pra fazer. Vamos
todos morrer um dia e não tem como fugir disso. Então por que sofrer por
antecedência? Vamos viver.
Deus, o big bang, seja
lá o que for, nos deu um mundo maravilhoso. Deu a possibilidade de realizarmos
nossos sonhos, de ver o mar, florestas, nascer e pôr do Sol, o banho de chuva
em um dia quente, a neve, o sorriso de um filho e o beijo da pessoa
amada.
Deu-nos Chaplin e seus
filmes já desbotados, mas que fazem rir. Deu a poesia de Drummond, a música de
Chico Buarque, a voz de Frank Sinatra, o Maracanã lotado e as escolas de samba
na avenida.
O corpo nu de uma
mulher e o suor honesto de um trabalho bem feito. Colocar molho
inglês na feijoada e misturar chá com cachaça, por que não?
O colo de uma mãe, os
conselhos de um pai, o jogar botão com o avô, o doce da avó, as brigas com os
irmãos e o nascer dos filhos, o que garante a nossa imortalidade.
Nos filhos nós
vivemos, em seus filhos eles vivem e assim a vida se perpetua.
A vida tem seus
mistérios, seus segredos que os fogos de Copacabana esconderam bem de mim. Esse
espaço entre o nascimento e a morte é tão pequeno que tem que ser bem
aproveitado até o dia que fecharmos os olhos pela última vez, e no último
suspiro dizer que valeu a pena.
E a vida?
É bonita, é bonita e é
bonita.
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