2023

E mais um ano se vai. Ano que subi no palco e virei protagonista de minha história.

2023 não começou muito diferente de 2022 fazendo meus exercícios e me dedicando ao samba.

Com o tempo essas atividades não foram me fazendo bem. Fazer exercícios, principalmente no Sol como estava, começou a me fazer sentir mau humor e muita sede. Fui me dedicando até chegar a 74,5 kgs em fevereiro. Quando cheguei a esse peso decidi que iria me liberar um pouco, passei a pesar menos, fazer menos exercícios no Sol e, de forma correta, a consumir muito mais líquido. O peso aumentou, evidente, mas consigo acabar o ano abaixo de 100 quilos.

Apesar de ter ganho no Boi em nenhum momento dessa volta me senti a vontade, com o mesmo amor que tive um dia. Fiz Tribo Cacuia, sem muito ânimo e fui para o carnaval.

O samba do Boi teve a melhor pontuação da escola em 2023 e ganhou o prêmio Samba na veia de melhor samba da série bronze do ano. Missão cumprida? Era hora de sair de novo do samba? Era, mas fui teimoso e não saí.

Recebi convites para a União da Ilha, com meu jeito aglutinador resolvi reunir todos os convites em uma parceria só e não deu certo. Egos diferentes, visões de mundo diferentes e fui me sentindo mal com aquela situação. Alexandre Araújo é um bom compositor, mas faz tudo correndo e meio que impõe aquilo que escreve. Samir Trindade é um gênio, mas como parceiro de samba difícil de lidar. Fiquei no meio dessa guerra, no meio de um ótimo samba do Araújo e de um antológico do Samir. Algo meu? Não deixaram, por mais que eu tenha escrito, tentado, nada meu entrou 

Do nada a parte financeira da parceria disse que não poderia mais arcar com o prometido, logo depois Samir saiu da parceria e ficamos a deriva. Não podia abandonar o Araújo e os parceiros que ficaram e mesmo não querendo mais fazer parte daquilo fiquei.

O samba era muito bom, otimamente defendido pelo excelente Zé Paulo Sierra, mas fomos mal na disputa. Não conseguimos botar torcida, não estávamos fortes politicamente e eu já sabia que não iríamos arrumar nada na disputa.

Mas eis que a parceria reage, coloca Emerson Dias para cantar com Zé Paulo, eu que começara a carreira com dois cantores embriagados no palco chegava naquele momento com dois cantores do grupo especial defendendo meu samba. Botamos torcida, fizemos uma apresentação emocionante e na única semana que o samba não poderia cair ele caiu.

O pior que ficamos sabendo através do presidente da Lierj, liga que comanda o desfile onde está a União da Ilha. Ele chegou no Bruno Revelação antes do anúncio do resultado falando da queda e me xingando.

Xingou a mim que o colocou no mundo do samba, lhe colocou pra assinar samba quando era ninguém. Ali percebi que o samba não era mais pra mim. A União da Ilha mostrou que não tinha nenhum respeito por mim quando o presidente da liga soube antes de mim da queda do meu samba. Por que eje teve que saber antes? Qual o interesse nisso? No final das contas nem nós nem Samir ganhamos. 

Mas o ano era mesmo de teatro. Entrei no ano querendo não só produzir, mas subir no palco. Eu daria conta? Nunca subira profissionalmente em um palco antes, mas estava empolgado com os três anos em que atuava na internet.

Começamos a ensaiar Cancelados em março de forma online e logo depois presencial no teatro Gonzaguinha. Foram meses difíceis, mas felizes. Difícil por não conseguir me encontrar na atuação, a experiência não estar sendo tão prazerosa, difícil pelo entra e sai de atores do projeto, mas feliz com as amizades que surgiram.

Estreamos em junho no Gonzaguinha e lá fizemos uma temporada muito feliz, mesmo com sérios problemas de relacionamento do diretor com parte do elenco, inclusive eu. Consegui me encontrar na atuação e mesmo com colegas reclamando de fazer alguns números solos e que isso quebraria a agilidade da peça não liguei para isso e comecei até planejar a fazer um monólogo.

A peça continuou sua trajetória com altos e baixos. Às vezes público bom, às vezes pequeno, às vezes público feliz gargalhando, outras público frio e com pessoas indo embora. A peça não deu dinheiro pra ninguém, talvez como escritor e produtor eu não tenha avaliado bem a recepção que um texto anárquico e polêmico teria com uma sociedade mais conservadora que de décadas atrás.

O elenco não segurou o rojão e começou a sair da peça dando as mais variadas desculpas. Alguns preferiram likes de novelinhas constrangedoras na internet, outros se dedicaram aos trabalhos que dá dinheiro, outros simplesmente sumiram sem dar satisfações. Do elenco original só ficamos eu e Alexandre Valle. Uma decepção a falta de comprometimento e profissionalismo de boa parte do elenco, com esses não quero nem mais contato pessoal, mas pro meu lado ator foi bom pra cacete 

Me senti muito bem no palco, descobri que posso ser bom ator, provocar gargalhadas, improvisar, sair de situações difíceis, o palco virou a minha casa, nele em 2023 vivi quase duas dezenas de personagens dos mais diversos tipos. Não é por nada não, mas brilhei em Cancelados e queria mais.

Em outubro estreei meu solo Agente do Caos com duas apresentações que me fizeram muito feliz e provocaram gargalhadas, mas o melhor estava por vir. A volta de Dona Carola.

Minha peça de maior sucesso voltou e com a grande ousadia de eu fazer o papel. Comecei os ensaios sob desconfiança principalmente dos atores da primeira versão, mas mais uma vez me saí muito bem. Foram três apresentações maravilhosas, provocando gargalhadas e na última chegando a ser aplaudido no camarim e com espectadores que viram outras versões dizendo que eu fui a melhor Dona Carola.

Dona Carola volta em 2024 para comemorar seus dez anos. Em 2024 tem também outros projetos como Camarada Jonas que começa a ter ensaios presenciais agora em janeiro.

O ano de 2023 foi muito intenso em cultura. Produzimos a volta de A ponte entre nós. Uma produção mal sucedida onde uma diretora louca transformou uma peça séria em comédia pastelão de 40 minutos. Também teve Y, Dona Carola e Cerimônia de casamento em Ribeirão Preto. Dona Carola também foi produzida em Pernambuco com uma parceria maravilhosa com o grupo Akasha de teatro.

Até música e clipe gravei cantando como o personagem Mano Brother. Até livro deu tempo de lançar, lancei " No princípio era NELSON" um livro com quatro peças minhas celebrando 10 anos que uma peça minha subiu aos palcos pela primeira vez.

Nesses dez anos dezenove peças encenadas em mais ou menos 150 apresentações. Nada mal.

Mais um ano ao lado de meu amor, a doce e guerreira Luciana. Mais do que nunca virou minha parceira comandando os projetos da SDC. Muitas vezes tirando do bolso para pagar prejuízos. Uma guerreira, a pessoa que mais acreditou em mim até hoje.

Ano com dificuldades em relação as crianças. Bia chegou aos 14 anos com as dificuldades todas que a adolescência traz. Ao mesmo tempo solitária e cheia de amigos, ao mesmo tempo cheia de vida e cometendo atos que prejudicam sua saúde. Com seus crushs, primeiros amores frustrados, mas conhecendo a vida.

Gabriel deu susto com a saúde. Ficou um tempo internado em maio com um problema na perna que ninguém sabia o que era. Mas graças a Deus se recuperou e está cada vez mais bonito, é o meu maior parceiro hoje dos três. Lucas também se acidentou tomando muitos pontos no braço com uma queda. Mais agressivo que o normal teve problemas na escola e de pular a janela fugindo de casa, mas no geral é um menino doce e cativante.

Passei a levar e buscar os três da escola e eles passaram de ano pra meu orgulho.

Minha avó também teve alguns problemas de saúde, mas chegou bem aos seus 90 anos. Lúcida, falante, querida. A pessoa que me fez amar cultura.

E esse blog completou 10 anos. Seu ano com menos postagens, apenas 17, mas que teve mais de 123 mil visualizações e chegou a mais de um milhão e oitocentos nesses 10 anos. Agradeço a todos que se mantém fiéis acompanhando o Trocando em miúdos ao longo do tempo. Aqui acompanhando transformações da humanidade, minhas..


E meu redescobrimento como foi esse ano. Que venha mais, que venha 2024!!

Feliz ano novo!! Que se alastre a nossa firma de amizade!! 

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