2013
O
que é um ano? Já sei, são 365 dias ou 366 entre 1 de janeiro e 31 de dezembro.
Mas o que ele representa? Além do fato de ficarmos mais velhos uma
transformação em nossas vidas, no ambiente em que vivemos. No mundo como um
todo.
Ninguém
sai de um ano da mesma forma que entrou. Nem a humanidade permanece a mesma.
Situações ocorrem, vidas se transformam. Coisas boas, ruins.
Já
parou pra pensar em um 31 de dezembro quantos de nós estarão vivos no 31 de
dezembro seguinte? Quais famosos morrerão? Quem de nosso círculo irá morrer?
Quantas vezes vamos chorar? Ficar tristes?
Mas
também quantas vezes ficaremos felizes? Quantas pessoas conheceremos? Quem fará
a diferença em nossas vidas?
Acho
que quase nunca paramos pra pensar nisso. Acredito que se pensássemos daria
medo e viver não é pra amadores. Encarar o futuro é encarar um desconhecido e o
futuro chega meia-noite dessa quarta-feira.
O
ano de 2014.
Mas
por enquanto me despeço ainda de 2013 e faço reflexões sobre meu ano.
Foi
um ano intenso, sem dúvidas. Mas ao contrário de anos anteriores a maior
intensidade, o foco principal dele não esteve no samba. Pra dizer a verdade
acho que de 2000 pra cá foi o ano que o samba teve menos importância na minha
vida. Curioso isso porque até que meu ano no samba não foi tão ruim.
Começou
com o samba do Boi na avenida. Era um bom samba, mas a escola passa por
dificuldades e acabou rebaixada mais uma vez e mais uma vez se perdendo em
obrigatoriedades. Prosseguiu com um grande desafio. Voltar a fazer samba na
Portela. Como sambista uma grande e inesquecível experiência, como compositor
uma grande decepção assim como em 2003.
A
direção da Portela é composta por gente séria,trabalhadora e que tenho certeza
que botarão a escola no rumo. Mas no concurso de samba deixou a desejar. Talvez
pela inexperiência e se acertem com o tempo.
Um
fato curioso. No carnaval de 2003, ano que compus pra Portela, tive um
resultado muito ruim assim como agora e foi minha primeira disputa do ano.
Acabou sendo a única derrota de 2003 que emendei uma série de vitórias. Entre
elas pela primeira vez ganhei no mesmo ano no Boi e no Dendê.
Esse
ano ocorreu a mesma coisa. Portela foi minha primeira disputa, grande fracasso
e não perdi mais no ano. Ganhei quatro concursos entre eles Boi e Dendê.
Garantimos
mais um samba na Unidos de Aquarius de Cabo Frio. Eu e Cadinho nos envolvemos
em um projeto muito bacana chamado “Escola de bamba” que consistia em ensinar
uma turma de crianças de um colégio a fazer samba-enredo e eles concorrerem na
escola de samba mirim “Corações Unidos do CIEP”.
Fizemos
o samba com eles que concorreram com crianças mais velhas, mais experientes e
juntos vencemos. A alegria deles foi contagiante, a emoção deles me emocionou.
Terça de carnaval desfilarão com o samba que compuseram na Marquês de Sapucaí e
estarei junto.
Boi
e Dendê fizeram suas finais em dias seguidos e vencemos as duas. Decisão
polêmica no Boi onde uma super parceria no papel sofreu mais que deveria pra
vencer por erros próprios e vitória avassaladora no Dendê onde fizemos um samba
perfeito e que entrará pra história da agremiação.
Boi
e Dendê desfilarão no mesmo grupo em 2014. Coração dividido? Nunca.
Multiplicado. As duas agremiações fazem parte da minha vida, história e
coração. Ganhar nas duas dois dias seguidos foi um grande momento de 2013.
Pois
é. Muita coisa ocorreu no samba e eu dizendo que foi o ano menos importante meu
nele. Acredite, foi sim e abaixo mostro porque.
O
ano já começou com ansiedade. Michele, mãe da Bia, se descobriu com
possibilidade de gravidez. Dessa vez foi planejada desde o começo, conversada,
mas quando surge a possibilidade sempre vem junto a ansiedade.
A
gravidez se confirmou logo no começo do ano e ao contrário da gravidez de Bia a
de Gabriel foi atribulada com Michele parando várias vezes em hospital. Com
oito meses de gravidez, começo de agosto foi dada a impressão que não chegaria
aos nove e não chegou. Na madrugada de sete para oito de agosto ela parou no
hospital com contrações.
Aí
aumentou minha ansiedade. Eu faço aniversário em nove de agosto, minha avó
também e em 2013 ela fazia 80 anos. Seria o terceiro membro da família a nascer
no mesmo dia? A ansiedade tomou conta de mim por dois dias até que na noite de
9 de agosto de 2013 veio a notícia. Gabriel nasceu.
Uma
grande emoção tomou conta de mim e no dia seguinte fui visitá-lo. Gabrielzinho,
menino cabeludo, pequenininho, com aparência frágil, mas muito forte,
guerreiro. Sua força de luta, vontade de viver e nossa fé foram postas a prova
pouco mais de quarenta dias depois quando ele baixou hospital doente.
Foram
mais de duas semanas de medo, angústias, chegando perto do desespero. Nossas
vidas pararam. Vários prognósticos sombrios apareceram. Leucemia, meningite e
todo furado, machucado, sofrendo Gabriel lutava pela vida amparado pela fé de
muitos amigos antigos e novos que se juntaram numa corrente por sua saúde.
Nenhuma
das doenças foi diagnosticada e 16 dias depois Gabriel voltou pra casa
vitorioso. Hoje está com quase cinco meses. Gordo, ficou careca e o cabelo
voltou a crescer, risonho e pacato. Um garoto muito especial que mostrou que a
força de vontade pode vir dos corpos mais frágeis e hoje ele cresce feliz e
saudável ao lado do outro amor da minha vida, a minha querida Bia cada vez mais
linda, amável e esperta.
Tenho
dois filhos maravilhosos e agradeço a Deus por isso.
Tudo
isso vocês puderam acompanhar no “Ouro de Tolo”, blog do meu grande amigo Pedro
Migão e aqui no “Trocando em miúdos”, blog que lancei em 2011 para postar os
livros que escrevo e nesse ano decidi tornar regular.
Foram
quase trezentas postagens em meu blog, mais de 60 mil acessos no ano, bom
número para um blog pequeno e o fortalecimento de um laço de amizade com
leitores, que viraram amigos, de todas as partes do mundo.
Colunas como "cinco carnavais", "O clube dos 23, "Sobe o som". Postagens com grande repercussão como a trilogia "Amor em todas as suas formas". Contos, textos, tudo isso fez parte do blog esse ano.
Reforço a um elo já
criado no OT onde escrevo contos de ficção e sobre o cotidiano com total
liberdade do Migão e onde me sinto em casa.
Também
escrevi alguns meses no blog “Brasil decide” onde minha postagem “A revolta do
vinagre” alcançou a marca de postagem mais visitada do ano.
Escrevi livros,
peças que publiquei no site Recanto das letras e uma delas foi responsável por
fechar com chave de ouro meu 2013.
Um
estudante de teatro paulistano chamado Humberto Carmo gostou do texto e pediu
autorização para sua turma encenar “Eu matei Nelson Rodrigues”. Quando dei por
mim já estava descendo em São Paulo para assistir a peça.
Já
tive inúmeras vezes a felicidade de ver sambas meus na avenida, mas ver a peça
foi sublime, especial. A realização de um sonho que carrego comigo desde os
nove anos de idade. A peça foi muito bem apresentada por atores talentosos e
guerreiros que trataram com muito carinho a mim e ao texto.
E
assim vai se encerrando 2013. Com derrotas e vitórias como todos os anos, mas o
saldo positivo. O ano que poderia ser trágico, que trouxe algumas surpresas
mostrou que a vida muda de minuto a minuto.
E
se a vida muda a cada minuto por quê não um ano?
Feliz
ano novo.
A
cada minuto.
Com
essa coluna os trabalhos do “Trocando em miúdos se encerram em 2013.
Agradecendo a cada um de vocês que visitou o blog, interagiu, riu, se emocionou
e compartilhou sua amizade comigo. Mais de 63 mil acessos, 259 textos e a
certeza que esse nosso bate papo foi uma das melhores coisas que me aconteceu
esse ano.
O
“Trocando em miúdos” entra em recesso voltando em fevereiro com colunas e
textos inéditos. Janeiro está reservado para uma retrospectiva com todos os
textos publicados aqui no ano de 2014.
Feliz
2014 e até fevereiro!!
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