O MÊS DA OPORTUNIDADE
*Coluna publicada no blog "Ouro de Tolo" em 22/12/2013
No começo
do mês vi nesse blog uma coluna do Pedro Migão intitulada “Meu nome é dezembro,
mas pode me chamar de hipocrisia – versão 2013” e mesmo imaginando sobre o que
seria o tema li. O texto é muito bom como todos os postados no blog e era como
eu imaginava.
Nele
fala-se, com toda razão, da hipocrisia que marca o mês. Um mundo onde cada um
pensa mais em si, de desigualdades, onde o mais rico quer mais que o pobre se
exploda e a pessoa que é canalha o ano todo tenta se fazer de bonzinho no mês
de dezembro e participa de festejos apenas pra melhorar sua imagem e vê se
ganha algo em cima dele.
Ele ta
certo? Sim.
Ele ta
certo? Não.
Como
assim? Eu explico.
Sim. O
mundo anda hipócrita. Pessoas sorriem para outras e falam mal pelas costas,
famílias desmoronam por baixo dos panos e o consumismo cada vez mais
desenfreado. Nada disso é mentira. Mas a culpa é de um mês ou das pessoas? No
caso nós?
Porque
todos nós em algum momento mentimos, somos falsos, falamos pelas costas ou
queremos ganhar dinheiro e nossa felicidade pensando só depois na dos outros. É
mentira? Alguém pode dizer que nunca em algum momento da vida agiu assim? Nunca
ninguém falou mal de outra pessoa sem ela estar presente? Aturou um chato
pensando em ganhar na frente? Alguém já deixou de dormir porque choveu na
serra?
Não é o
certo, mas a vida é assim infelizmente.
E o que
salva um pouco esse mundo miserável da miserabilidade que ele vive? O que nos
salva da falsidade e do mundo triste dos adultos pelo menos um pouco? Sim, o
mês de dezembro. A época de Natal.
Dezembro
é um mês de falsidade? Pode ser. Mas todos são falsos em dezembro? Acho que não.
Acho realmente que algumas pessoas são tocadas pelo tal “espírito natalino” que
surge nessa época do ano e tenta ser uma pessoa melhor. O problema é que em
janeiro a mesma volta ao normal então temos que questionar os outros onze
meses, não dezembro.
É um mês
que comove, que nos faz ter lembranças de infância, de pessoas que partiram e
acho que isso nos faz ficar um pouco tristes nesse período. Daí pode surgir a
antipatia que algumas pessoas tem com o Natal.
Outra
coisa que motiva antipatia é a aproximação do fim do ano e a sensação que ele
foi ruim. Tenho duas teses para isso. A primeira é que sempre temos a tendência
de achar que a época atual é ruim, justamente porque não alcançamos tudo aquilo
que queríamos no período.
Mas de
boa. Quem alcança? Será que não fazemos expectativas demais em cima de um ano e
por isso vem a decepção? Claro que existem anos realmente ruins, eu tive
muitos, mas muitas vezes projetamos a felicidade suprema e como eu disse numa
coluna antiga aqui a mesma não existe.
Vivemos
de momentos felizes e às vezes nosso amargor é tão grande que não percebemos
que sim, tivemos momentos muito bacanas no ano. O dono do blog mesmo realizou
um sonho em novembro e se falar que o ano foi ruim toma um cascudo na frisa da
Sapucaí no carnaval 2014.
O ano
perfeito seria o que? Ganhar na mega sena, conquistar a mulher dos sonhos e ver
o time ser campeão do mundo? Sinto muito, mas isso é quase impossível. Até o
Eike Batista passa por problemas.
A segunda
tese é que reclamamos muito dos outros, de períodos, da vida quando o problema
pode estar conosco. Se 2009 foi ruim, 2010 uma porcaria, 2011 tenebroso, 2012
infernal e 2013 depressivo o problema está com as datas ou com a gente? Ainda
mais que data não passa de uma folhinha no calendário que arrancamos e passamos
para outro dia.
Não é uma
mudança de 31 de dezembro para 1 de janeiro que muda nossas vidas. Somos nós
mesmos.
Somos
nostálgicos com o passado e críticos com o presente aí quando o presente vira
passado viramos nostálgicos com ele mesmo que não fosse tão bom. A memória é
bacana, seletiva e sempre guarda os melhores momentos.
Será que
o presente é tão ruim assim? Olhe a sua volta. Tem uma casa? Um companheiro
(a)? Filhos crescendo com saúde? Amigos? Tem como fazer uma ceia farta? Olhe
nos olhos de seus filhos na hora que receberem os presentes de Papai Noel.
O mundo é
falso? Você não é o mundo. Você é você. Permita-se pelo menos por uma noite
voltar a ser criança, a ser feliz. Desarme-se das tristezas e amarras da vida.
Natal é uma data consumista? Sim, mas lembre-se que também é a data do
nascimento de Jesus.
Um dos
grandes males do mundo hoje é que temos muitas religiões e pouco Deus.
Eu era um
pouco chato em relação a Natal e com fim de ano até que me deixei contagiar
pela Bia, pela alegria que ela tem quando vê enfeites de Natal na rua, bonecos
de Papai Noel e agora ainda tem o Gabriel. Eu até uns anos atrás queria que
essa data passasse voando e agora espero ansioso a ceia de Natal perto de meus
filhos e minha família.
Aliás, eu
sou um grande babaca se reclamar de 2013 mesmo passando por problemas nele. Mas
como eu disse não existe o ano perfeito e na balança 2013 foi positivo.
Mas a
história desse ano fica pra semana que vem.
Meu nome
é dezembro, mas pode me chamar de oportunidade. De quê? De ser mais feliz nem
que seja por um mês ou uma noite.
Não
podemos mudar o mundo, mas se mudarmos a nós mesmos mudamos o nosso mundo e
esse é um ótimo começo.
Feliz
Natal.
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