2017


E mais um ano acabou...

Não tenho do que me queixar dele. Pode não ter sido um ano "revolucionário" como foram os anos de 2014, 2015 e 2016. Não mudei de ramo no carnaval, não fundei escola de samba, não fui campeão com ela. Nada disso, mas quem disse que todos os anos tem que ser assim?

Não aconteceram grandes situações, arroubos, revoluções por minuto porque as coisas já estão nos trilhos, no caminho que eu queria e dentro desse caminho as coisas prosseguem bem. Não vão em uma grande velocidade, nem de tartaruga, mas vão contínuas, evoluindo sempre. Tive que abrir mão de algumas coisas que causaram estranhamento em pessoas, mas eu sempre faço isso, não sei ficar parado. Sou um cara que chega já querendo ir embora.

Comecei saindo de um programa de carnaval que ajudei a criar e pus no SRZD por não concordar com a forma que as coisas eram conduzidas, mas ainda estava no site Carnavalesco, o maior do ramo. Participei de todos os ensaios técnicos e do carnaval pelo site como seu analista de samba-enredo e foi muito bacana. Mas no meio do ano achei que não conseguiria conciliar o trabalho no site com o que vinha fazendo no teatro e me desliguei.

Não me arrependi até porque acho que saí bem do site, com as "portas abertas" tanto que fui convidado pelo mesmo a fazer parte do juri da imprensa na feijoada da Mocidade que daria voto para o samba campeão da escola e fiz parte do juri que deu notas para os sambas da série A para o Carnavalesco.

Desde 1997 foi o ano que menos participei de carnaval, depois de fevereiro fiz quase nada e acho que foi bom, estava precisando disso. Ainda fiz um samba com parceiros irmãos como Cadinho e Alexandre Valle e vencemos no Tupy de Brás de Pina, foi meu centésimo concurso e trigésima e terceira vitória, nada mal para um compositor que quase sempre teve que contar moedas para suas disputas. Deixei o carnaval? Não, só dei um tempo. Pode ser que volte a compor esse ano, pode ser que volte para a mídia de carnaval me integrando a algum site ou posso também continuar de fora. Acredito que irei voltar um dia, mas não sei quando. O bom de você sair por cima é deixar saudades nas pessoas. O pior que tem é se sentir sobrando em algo ou verem sua decadência.

Mesmo me afastando do carnaval em fevereiro ainda participei dele em dois momentos de forma curiosa porque eu levei para o samba as atividades que hoje tomam o meu tempo. Em abril na festa do Site Carnavalesco de melhores do carnaval levei um trecho de Dona Carola. Foi muito legal ver minha cia de teatro encenando na quadra do Acadêmicos do Salgueiro lotado. No fim do ano veio outro projeto que integrou o samba com outra paixão minha. A literatura.

Era para ter lançado "Na passarela do teu coração" no começo do ano, mas uma série de problemas fizeram ser lançado em dezembro e posso dizer que foi na época certa. No fim do ano em que completei 20 anos de samba, no dia nacional do samba e em um momento em que o samba precisa de carinho, da reação daqueles que gostam dele contra tudo que o prefeito do Rio vem fazendo contra o mesmo. Veio a calhar a história central ser de um bar de sambistas que está para fechar dando lugar a uma igreja evangélica. História escrita quatro anos atrás, junto com seus contos, para o blog "Ouro de Tolo" sem imaginar que em 2017 se tornaria mais atual que nunca.

O livro foi muito bem recebido. Vendeu bem esgotando sua primeira edição e conseguindo parceria com o selo Indie para a segunda. O maior orgulho desse livro é sua parte final com mais de trinta depoimentos de pessoas importantes do carnaval falando de como surgiu seu amor pela folia. Ter o depoimento dessas pessoas mostra que o que eu fiz nesses 20 anos de samba foi bom.  

Mas o ano foi da dramaturgia mesmo, o que eu amo e estou cada vez mais envolvido. Em março de 2017 veio a primeira temporada de Dona Carola em um local. Ficamos quatro semanas na Arena Renato Russo e foi muito bom para convivermos mais e deixarmos a peça ainda mais ajeitada. Começou com pequeno público, o que nos surpreendeu negativamente, mas foi crescendo a cada semana até acabar com casa cheia. Comemoramos um ano da primeira apresentação fazendo uma no Polo Cultural e na semana seguinte o primeiro grande desafio.

Pela primeira vez Dona Carola se apresentou fora da Ilha, na Zona Sul. Fizemos uma apresentação em um pequeno teatro no Humaitá sendo a primeira peça totalmente insulana a se apresentar na Zona Sul em anos. O ano de Dona Carola estava agitado. Além da apresentação já citada no Salgueiro fizemos um trecho da peça no aniversário de um ano do Polo Cultural. Em agosto veio o nosso maior desafio até agora.

Fizemos uma apresentação em um dos grandes teatros do Rio de Janeiro, o teatro Vanucci no Shopping da Gávea. Fizemos apresentação para o Festival Rio In Cena para o qual fomos selecionados. Uma excelente experiência com uma de nossas maiores apresentações. Não ganhamos nenhum prêmio, mas fomos indicados a quatro, entre eles juri popular.

Mas também ganhamos prêmios. Ganhamos seis prêmios Elbe de Holanda no fim do ano e em agosto reabrimos o Teatro Lemos Cunha para peças insulanas. Uma grande glória, grande conquista. Depois de agosto fizemos muito pouco, mas o ano de 2018 promete para Dona Carola e quem sabe em várias mídias?

Como eu disse em agosto ela se apresentou no Lemos Cunha e foi pelo Festart, primeiro festival de todas as artes do teatro Lemos Cunha. Foi criado o COLC (Coletivo Lemos Cunha) comandado pela Adelaide Pontual e mesmo com alguns problemas, naturais de uma primeira vez e feito por um grupo pequeno, foi uma experiência muito bacana. O Lemos tem um dos melhores teatros do Rio de Janeiro, precisa de reformas, mas apresentar nele dá um orgulho imenso. Outro orgulho veio no começo de outubro. Fazer parte do livro "Um olhar insuLar" que comemorava os 450 anos da Ilha do Governador. Coletânea comandada por Giano Azevedo e no qual participei com uma crônica sobre a Freguesia. Ainda falando dos 450 anos fui homenageado com uma charge considerado como um dos grandes artistas do bairro. Chique demais.

O teatro me levou mais duas vezes a Ribeirão Preto. A primeira em abril para ver uma adaptação de minha peça "Comédia em seis atos", a segunda em setembro para "Folhetim", essa bastante especial.

Especial que fui com minha parceria e grande amiga Jeane Fontes e com ela foram meus filhos Bia e Gabriel. Minha primeira viagem com eles o que tornou tudo muito especial. Como sempre fui muito bem tratado em Ribeirão e meus filhos puderam ver e sentir isso. Bia e Gabriel viram mais de dez apresentações teatrais esse ano. Bia diz que quer ser escritora e isso me faz muito feliz.

Foi o ano de Zonaide Spencer também, de "Confissões de uma velha senhora". Depois de um ano de ensaios, de muito afinco, profissionalismo estreou em agosto na Arena Renato Russo. Peça engraçada, comovente, emocionante que me levou as lágrimas algumas vezes mesmo sabendo o que ocorreria. Johnny Lima, Celso Lopes, Evandro SRocha, Victor Veiga e Roberto Moraes me deram um dos melhores presentes de 2017. A peça ficou linda, melhor que o texto que escrevi e com um fim impactante, uma verdadeira celebração.

Foram seis apresentações da Velha Senhora em 2017 e ela já tem duas apresentações marcadas para 2018. Tenho muita confiança no futuro dessa peça, tem tudo a ver com temas em voga e a sensibilidade que levam a mesma tem cheiro de sucesso.

Ano de Zonaide brindando e dançando ao som de Ronaldo Resedá, ano que o bordão "Ai meu Deus do céu" pegou de uma forma impressionante. Em todos os lugares pessoas que viram Dona Carola, dos mais velhos até as crianças, repetem, ano também de "O poder da xana".

Não conseguimos estrear Folhetim em 2017 devido a vários problemas, mas estrearemos em 2018 e foi um ano forte, intenso da peça onde pude redescobri-la e ver como é boa. Vendo os ensaios do Rio e a apresentação em Ribeirão me deu um orgulho de Folhetim que eu não tinha ainda. É uma das minhas melhores peças e eu ainda não tinha percebido. Tem romance, drama, comédia, intensidade, surpresas fugindo do "clichê" e do "previsível". Um verdadeiro folhetim.

Pude conhecer a peça, conhecer pessoas maravilhosas como a grande atriz e amiga Ana Cristina Sá e aumentar ainda mais meu grau de amizade com pessoas especiais como Gilberto D´Alma e Jeane Fontes. Só pelas amizades já valeu a pena, só pela foto impactante produzida em Ribeirão Preto já valeu a peça. Mas Folhetim reserva ainda mais.

Ano de conquistas. Ano de meu primeiro roteiro para o youtube. Um roteiro que escrevi para o famoso canal "Parafuso solto" que rendeu mais de 80 mil visualizações. Nada que escrevi até hoje teve tantas visualizações quanto esse roteiro.  Algumas pessoas não entenderam o roteiro, outras acharam "blasfêmia" e eu acho isso ótimo porque eu vim a esse mundo para incomodar.

Ano intenso de trabalho, de coisas que eu fiz. Ano que me aproximei ainda mais de Bia e Gabriel saindo bastante com eles. Bia com oito anos virando uma pré adolescente pelo menos em seus gostos. Bia ama youtubers, artistas da moda, mas ama cultura e as coisas que eu escrevo..Gabriel com quatro anos pede toda hora para ver Dona Carola na internet e foi ao futebol comigo duas vezes esse ano. Ano que convivi mais com Lucas. Que menino bonito é Lucas, bonito fisicamente, calminho, inteligente, um doce. Agora em janeiro já fará dois anos. Não é fácil ser pai de três crianças, mas é muito bom ser pai desses três, que filhos maravilhosos Deus me deu.

Deus me deu novas e queridas amizades em 2017, me afastou de outras pessoas também, tudo normal como em todos os anos. Tive a oportunidade de ver a Fê em julho, mesmo pouco tempo, mas especial como sempre. Pude ver minha avó em outubro e fico feliz dela estar tão bem na medida do possível. Ela mostra os livros que escrevi para as amigas dizendo feliz que sou seu neto. Isso me dá orgulho demais.    

Orgulho..Talvez a palavra que tenha usado mais nessa crônica, mas de forma sincera porque tenho muito orgulho de tudo que fiz em 2017. É, não revolucionei, mas de novo fiz bastante barulho em 2017. Não preciso mais transformar nada, sim confirmar e essa confirmação está acontecendo.

Por fim o blog. Melhor do blog com mais de 190 mil visualizações em 180 postagens. Seções novas como "Trocando em artes"versão teatro e novelas, "Sexta poética", "Tradução em miúdos" se juntaram às antigas. Livros como "Amar de novo", "Quinze anos" e "No reino encantado" foram publicados e o blog chega ao fim de dezembro com 16 mil acessos só esse mês,


Só posso, mais uma vez, agradecer a todos vocês que acompanharam o blog ao longo desse ano. Como em todos os anos desde 2013 o blog entra em recesso agora e volta após as retrospectivas para comemorar seus cinco anos. Muito obrigado de coração, pela amizade e companheirismo.


Feliz 2018 a todos, um ano de muitas realizações e alegrias, Um ano maravilhoso!!


Vem 2018!!


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