2014
E vamos
ao último texto do ano..As últimas palavras que escrevo sem ser em redes
sociais.
Já
escrevi e publiquei a última coluna do ano do SRZD. No Ouro de Tolo até a
primeira de 2015 já foi feita. Não tenho mais nenhuma peça ou livro pra
escrever. Chegou a hora de olhar pra trás.
E ver que
posso não ter feito tudo que eu quis, mas quem faz, não é verdade? Uma coisa
pelo menos posso dizer. Fiz muito barulho.
É por
nada não, mas eu causei em 2014 e não foi um ano qualquer. Se Deus permitir
estar vivo daqui vinte anos farei a coluna “2014. O ano que não terminou”.
Vocês têm noção da quantidade de coisas que ocorreram em 2014?
Copa do
mundo no Brasil, humilhação diante da Alemanha, uma das maiores eleições de
nossa história com morte de candidato e resultado apertado com o país tenso lhe
esperando, mortes de pessoas queridas, corrupção, escândalos, Eua e Cuba
virando amiguinhos, papa semeando a paz entre os povos e com outras religiões,
aviões sumindo, terroristas matando via satélite, Pedro Migão reclamando no
twitter, Luis Butti falando em Corinthians, ah não, essas coisas são normais..
Mas
enfim..Muita coisa ocorreu e eu não deixei barato.
Na
verdade meu ano de 2014 começou em novembro de 2013 quando tive a ideia que
revolucionaria a minha vida. Fazer caminhadas e mudar a alimentação. O
resultado começou a aparecer logo em 2013 quando baixei de 110,5 kgs para 101,6
kgs no momento da virada de ano. Mas o “boom” foi em 2014.
Mexendo
apenas um pouco na parte alimentar durante o ano e mantendo o foco nos
exercícios cheguei a 74,9kgs no dia 19 de dezembro. Evidente que não pesarei em
época de festas de fim de ano porque é sacanagem. Mas foram 35, 6 kgs que
levantaram minha auto estima, fizeram com que me cuidasse mais, me vestisse e
me produzisse melhor, batesse o recorde mundial de selfies e me fizesse bem
como nunca me senti na vida.
Bem na
parte estética e bem de saúde resolvendo probleminhas que eu tinha e poderiam
virar maiores com o tempo. Me dando a chance de acompanhar com mais vitalidade
o crescimento de meus filhos. Me senti saudável, bonito. Me senti feliz.
Filhos
que passaram por um bom ano. A saúde parou de ser um problema para Gabriel como
foi em 2013. O meninão chegou a um ano e quatro meses bonito, cabeludo, com
sorriso de menino pidão, forte, grande e não dando mais sustos em hospitais.
Bia, a
princesinha, chega perto dos seis anos esperta, amorosa, falante, cheia de
carisma, de energia e de vida. Impossível não amar a Bia, se sensibilizar com
as coisas que ela fala e o carinho que tem pelo irmão.
Tenho
muita sorte com os filhos que tenho. Por terem saúde e pelo caráter que estão
formando. A família vai aumentar. Michele está grávida novamente, mas dessa vez
sou “só” padrinho. Que Maria Clara ou João Lucas venha com saúde.
Outra
coisa que começou em 2013, mas se fortaleceu em 2014 foi minha relação com a
Hellen. Começamos a namorar no fim do ano passado e hoje, mais de um ano
depois, posso dizer que tenho uma vida sólida ao seu lado. Temos problemas como
todos os casais tem, mas somos companheiros, cúmplices, amorosos um com o
outro, cuidamos um do outro e passamos muitas barras juntos. Principalmente
problemas de saúde dela e de sua família. Problemas que foram deixados pra
trás.
Hellen
foi uma grande companheira. Não foi apenas namorada, amante, mas amiga. A
pessoa que sempre me jogou pro alto, melhorou minha estima, me fez amar seu
jeito doido e me amar como citei em um texto em sua homenagem chamado “Um ano com ela”. Ela não me quer só pra ela, me quer bem pro mundo e faz questão disso
me transformando em outra pessoa, uma pessoa melhor.
Me
apresentou sua família linda de São Paulo, seus dois meninos maravilhosos,
Miguel e Daniel, que viraram meus parceiros e esteve presente em todos os meus
momentos de 2014.
Esteve
presente como amigos também estiveram. Amigos de sempre como Cadinho, Bruno,
Luis Fernando, Wagnão, Lobo Jr. Grandes amigos e parceiros que fiz no samba e
amigos que se chegaram como Cesinha, João, Toninho, Felipinho, Marquinhos,
Anderson e Ronald. Gente da melhor
qualidade. Vi meu irmão Roger Linhares ser campeão na União da Ilha e vi meu
melhor rival, Gugu das Candongas brilhar. Esse escreve muito e merece. Gugu e
Marquinhus são tão bons que consagram até quem nem sabe pegar numa caneta
direito.
Ano que
eu já desconfiava desde o ano passado, mas tive certeza que para ser grande
amigo não precisa estar presente. Tenho vários amigos que só conheço na
internet e entre eles destaco a Fernanda lá de Belém. Amiga sempre presente com
quem converso, dou e recebo conselhos, mostro coisas que eu faço e olho
projetos seus de faculdade e principalmente brinco com seu time de futebol.
Tive a felicidade de conhecê-la em agosto e poder pessoalmente agradecer por
essa amizade e camaradagem. Desejo tudo de bom pra você Fê. Uma das grandes
amigas que já tive mesmo vendo tão pouco pessoalmente.
Amigos
surgem, amores surgem, amigos se afastam, amores se afastam. Pessoas que eu
achava primordiais em minha vida até 2013 viraram coadjuvantes em 2014. Não
acho ruim, nem bom, faz parte da vida. Mas mesmo que haja afastamento e o contato
diário não exista mais sempre serão importantes enquanto existir lembranças.
Assim
como amizades e amores passam por ciclos prioridades de vida e projetos também.
Durante 17 anos compor samba-enredo foi prioridade em minha vida. Em 2014
deixou de ser.
E olha
que entrei bem no ano. Tinha acabado de vencer no Boi, no Dendê, ganhei os
prêmios Ziriguidum e Elite do Samba com o samba do Dendê e me aproximava do
centésimo samba composto. Talvez os fracassos das escolas que eu poderia vencer
e a falta de política e condições financeiras para ir além em outras
agremiações me desanimaram.
Acabei o
carnaval com um projeto arrojado. Vendo o Boi da Ilha se afundando cada vez
mais, chegando a ponto de dois dias antes do desfile seu presidente anunciar
que não desfilaria e eu e Cadinho propormos desfilar apenas com um surdo
marcando me veio uma ideia que pus em prática na hora que seu rebaixamento se
confirmou.
O “Reage
Boi” era um grande projeto. Criado primeiro no facebook o movimento contava com
boiadeiros históricos e simpatizantes da agremiação que se uniram pra salvar a
escola. A ideia de início era o afastamento do presidente. Mas ocorreu uma
união com divisão do poder e da responsabilidade.
Ficamos
apenas três meses na escola, mas foi o melhor momento do Boi nos últimos cinco
anos. Fizemos uma feijoada que reuniu mais de 400 pessoas mesmo em dia nublado.
A feijoada contou com muitas personalidades do samba como o presidente da
Associação e o ex ministro Carlos Lupi. Criamos blog e twitter do Boi.
Conseguimos parceria com a Portela e ganhamos muito material para desfile.
Fizemos
reuniões on line, fizemos projeto de eleições on line onde sócio do Boi poderia
votar pra presidente pela internet e o mais arrojado projeto de sócio torcedor
de uma escola de samba que envolvia parceria com comércio e seria lançado em
uma casa de festas luxuosa da Ilha do Governador.
Acertamos
um enredo sobre os 50 anos do bloco Boi da Freguesia. Sinopse foi divulgada em
primeira mão no blog da escola assim como prestação de contas. O Boi se
modernizava, crescia e era favorito em seu grupo para subir. Mas o presidente
se enciumou e com isso tudo ruiu.
Saímos da
direção por quebra de acordo e fizemos oposição feroz por um tempo. Até que
percebemos que o Boi seria prejudicado e nos afastamos de vez. Pelo menos até
as eleições. O Boi agora agoniza sem quadra, com ensaios feitos em bar pra dez
pessoas e tem futuro incerto.
O “Reage
Boi” foi um dos fracassos mais bonitos que já tive e não trocaria por muitos de
meus sucessos. Não trocaria pelo lado que “venceu”.
Voltei
minha atenção pra composição de samba. Sem o mesmo ímpeto. Desde 1998 foi o ano
que fiz menos sambas, dois, e devido a essa pouca quantidade não cheguei ao
centésimo samba concorrente.
Também
foi o primeiro ano desde o carnaval de 2000 que não ganhei nenhum concurso de
samba. Fiz semifinal na União da Ilha, meu melhor resultado em três anos e
final no Dendê. Só. Mesmo com todos os problemas no Boi tive proposta para vir
na parceria a qual o samba da escola foi encomendado. Mas preferi acabar o ano
sem vitória que me vender.
Até
porque a maior vitória no samba veio em dezembro. O reconhecimento por minha
história nele. Através do compositor, ex presidente do Boi da Ilha e grande
amigo Cadu fui convidado a integrar a equipe de colunistas do portal SRZD. Um
dos grandes portais de notícias do Brasil com mais de sete milhões de visitas
por mês e o maior de carnaval.
Me juntei
a alguns dos grandes nomes do carnaval como o próprio Cadu, Laíla, Leci
Brandão, Noca da Portela, mestre Odilon, Cláudio Francioni e tantos outros pra
falar de samba. Em dezembro comecei a fazer cobertura dos ensaios técnicos pro
site sempre gravando no fim minhas opiniões sobre os sambas e é incrível a
repercussão das coisas que digo ou escrevo. A ponto de gente importante marcar
gente importante pra ver o que eu disse.
Curioso
que justo no ano que não venci nenhum samba venha o maior reconhecimento.
Curioso
que no ano que não venci sambas tive quatro peças encenadas. Tive meu nome como
dramaturgo levado a Ribeirão Preto e Curitiba. Fui encenado em São Paulo e no
Rio de Janeiro, os dois maiores centros culturais do país.
Vi gente
que nunca tinha visto na vida pegar com carinho e dedicação textos como “Eu
matei Nelson Rodrigues”, “Folhetim”, “Cerimônia de Casamento” e “O descobridor
dos sete mares” e encenar. Essa é uma conquista que também vem de 2013 com as
seis primeiras apresentações de “Eu matei..”. Em 2014 a peça foi apresentada
mais quatro vezes. Uma no Rio de Janeiro em minha estreia como produtor junto
com a Hellen e com grande ajuda do magnífico ator Evandro Rocha. Outra grande
figura que se chegou em 2014.
A
apresentação foi um sucesso com presença de figuras importantes da Ilha do
Governador e arrecadação de alimentos pra entidades do bairro.
Estudantes de
teatro de outras cidades me encenaram e pediram autorização para encenar peças
minhas o que muito me honrou já que se escolas de teatro me encenam, eu que
nunca estudei teatro profissionalmente, é que alguma coisa eu sei fazer. Fui
encenado oito vezes em 2014. Quatro cidades diferentes e duas regiões do
Brasil.
Minhas
postagens no Ouro de Tolo fizeram sucesso. Em 2015 completo quatro anos no blog
ganhando mais uma coluna. Meu blog se consolidou também com um público fiel.
Não deve ser o ano que mais escrevi, mas talvez seja o ano que escrevi com mais
qualidade.
Algumas
histórias como “Dona Carola”, “Confissões de uma velha senhora” e um stand up
já nasceram com gente querendo encenar. Peças como “O povo contra Aloisio
Villar”, Cabra cega”, “A justiça dos homens” e “A república” me fizeram sentir
mais a vontade escrevendo e sobre coisas densas. Tudo isso ajudado pelo sucesso
de “Eu matei Nelson Rodrigues”.
Fiz
apenas dois livros. Um está quinzenalmente com seus capítulos sendo colocados
aqui, se chama “Amor” e foi desenvolvimento de uma história que criei em 1991. Outro
foi recente. Se chama “O reino encantado”. Minha primeira experiência infantil
que dediquei a Bia e Gabriel.
Muitos
projetos. Muitas ideias na mente querendo ganhar folhas em branco e outros
prontos para ganharem palcos. O ano de 2014 me fez ter a certeza que isso que
eu quero pra minha vida. Criar.
Não sei
como será 2015. Não tenho dado muita sorte com anos que acabam em 5 e 2015
representa os 10 anos da morte de minha mãe. Mas eu sabia que essa data
chegaria um dia e estar bem, crescendo é a melhor forma que tenho pra
homenageá-la.
Não peço
muita coisa pra 2015. Não peço nada mirabolante. Apenas que a curva ascendente
continue. Que a boa fase que se iniciou em novembro de 2013 continue
naturalmente trazendo tudo que tem que trazer.
Coisas
boas e ruins ocorrerão em 2015. Que eu tenha maturidade para encarar as duas.
Essa é a
última postagem de 2014 e o blog entra em recesso até meados de fevereiro. Até
lá farei retrospectivas de 2014. Queria agradecer a todos que acompanharam o
“Trocando em miúdos” ao longo do ano. Que curtiram os contos, livros, as
sessões como “O clube dos 23”, “Sobe o som”, “Cineblog” e o mais recente
“Trocando em versos”.
Agradecendo
as pessoas dos cinco continentes que me visitaram. Chegamos em dezembro ao
recorde do ano, sete mil visitações. Foram 216 textos de todos os tipos. Humor,
drama, romance, música, poesia, literatura, teatro, crítica, cinema, futebol,
carnaval. Um pequeno retrato da vida
Agradecer
a quem também me acompanhou por outros blogs, sites, redes sociais ou
pessoalmente. A quem torceu a favor e contra também porque se a pessoa se
preocupou em canalizar energia negativa pra mim é que sou importante.
A vaia é
o aplauso envergonhado.
Obrigado
a todos que cruzaram minha vida esse ano e fizeram de meu ano tão especial. Um
agradecimento especial a “gerente de lojinha” Hellen com todo meu amor, afeto e
carinho.
Do mais
agradecer a esse grande ano de 2014. Suas vitórias, fracassos e aprendizados.
Viver é isso. É saber passar por um dia de cada vez e eu soube passar por 2014.
Gol da
Alemanha.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigado amor, to te eperando
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