AMOR MEU GRANDE AMOR
*Conto publicado no Blog Ouro de Tolo em 28/7/2012
Rodrigo
esta lá no banheiro. No mictório urinando e pensando na morte da pobre da
bezerra quando um bêbado no mictório ao lado diz..
- Não há
prazer maior que o de uma mijada!!
Rodrigo
concentrado em seu prazer “urinador” é retirado do transe por aquela frase e
vira-se ao lado perguntando “héin?”. O
bêbado repete..
- Eu
falei que não há prazer maior que o de uma mijada quando estamos bem apertados,
nem o sexo é tão bom!!
Rodrigo
ouviu a frase e com um sorriso no canto da boca ironizou..
- Olhe
meu senhor, das duas uma ou eu não sei mijar ou o senhor não sabe fuder.
O bêbado
limitou-se a botar sua mão no ombro de Rodrigo, mão que segurou seu pênis até o
momento da balançada e disse com voz cavernosa..
- Tem
mijadas que são santas...
Disse e
saiu do banheiro com Rodrigo olhando o espelho tentando entender aquele papo e
fazendo cara de nojo porque o bêbado lhe tocou sem lavar as mãos.
Voltou ao
salão, estava em um restaurante. No salão esperando pelo
rapaz estavam seus pais e Marcela, sua namorada que naquela noite viraria
noiva.
Com a
volta de Rodrigo à mesa seu pai, o doutor Eliocárpio, famoso advogado
criminalista do Rio de Janeiro resolveu puxar um brinde pela união de Rodrigo e
Marcela.
O casal
se conhecera na faculdade. Rodrigo acabara de se formar em direito por livre e
espontânea pressão do pai e Marcela estava no último ano. A moça vinha de uma
família rica do Mato Grosso e Eliocárpio fazia muito bons olhos ao enlace.
Junto a
Rodrigo, Marcela e os familiares estava Alexandre, melhor amigo de Rodrigo e
foi esse que lembrou a Eliocárpio do brinde. O Homem exultante levantou,
ajeitou a calça e fez discurso.
- Estamos
todos aqui emocionados para celebrar o enlace desse querido e jovem casal, hoje
se tornam noivos e futuramente constituirão família e me darão netos. Marcela,
Rodrigo, desejo tudo de melhor para vocês e que possamos logo conhecer seus
adoráveis pais Marcela!!
Eliocárpio
queria era conhecer a grana dos fazendeiros mato-grossenses.
Enquanto
brindavam o bêbado passou e gritou “viva a mijada!!”.
De volta
em casa Eliocárpio e Santelma, a mãe de Rodrigo, conversavam na cama sobre o
noivado. Santelma achava precipitada a união de um casal tão jovem, achava que
Rodrigo tinha muito ainda a viver enquanto Eliocárpio respondia que era bom
para a família, os negócios e manter a moralidade em casa sem que o
Rodrigo caísse em tentação.
Eliocárpio
era um homem que preservava muito a moral e os bons costumes. Falava sempre no
valor da família e acordava cedo todos os domingos para ir a missa. Mas isso
era da boca pra fora ele esperava a esposa dormir e ia ao quarto da empregada.
Dava três
batidinhas na porta e a morena sensual abria sabendo que era o patrão. Dava um
sorriso e Eliocárpio logo se empolgava e apertava a cintura da doméstica que
sempre se esquivava e lamentava faltar alguma coisa em casa.
Naquela
noite ela disse que estava sem cabeça para “brincar” com o patrão, pois, seu
filho estava doido por um tênis novo, de marca, mas ela não tinha dinheiro para
comprar. Eliocárpio se ajoelhava e com o rosto nas pernas da empregada
respondia que pagava, tinha dinheiro e bancava tudo perguntando quanto ela
precisava.
Ela
respondia com carinha de choro e rapidamente o homem levantava e pegava na sala
talão de cheques para preencher e entregar a doméstica que sorrindo falava que
o patrão era tão generoso que merecia “até aquilo”..
Esse “até
aquilo” que enlouquecia Eliocárpio. Ela conseguia tudo dele.
A vida
sexual de Eliocárpio era agitada, de Rodrigo nem tanto. O rapaz passava um
drama com Marcela.
Os
amassos aumentavam na sala da casa, os dois sentados no sofá e quando Rodrigo
tentava tocar os seios de Marcela ela respondia “só casando”.
Rodrigo
se desesperava e tentava argumentar que já eram noivos e podiam avançar um
pouco o sinal. Mas Marcela relutava, insistia que casaria virgem e nem os
argumentos que namoravam há três anos e casariam em breve sensibilizavam.
Marcela
naquela tarde foi embora irritada com a insistência de Rodrigo e abriu a porta
para ir embora sem nem responder ao cumprimento de Alexandre que chegava. A
moça bateu a porta com força e Alexandre perguntou ao amigo o que ocorria.
Rodrigo
contou ao amigo seu drama e Alexandre espantado exclamou “Três anos e nada? Sua
mão deve estar cheia de calos!!”. Rodrigo olhou as mãos e lamentou seu
infortúnio quando Alexandre convidou o amigo a ir a uma boate de noite.
Rodrigo espantou-se e respondeu que não iria,
pois, era fiel. Alexandre levantou-se da cadeira que estava sentado e perguntou
“Fiel a o que?”.
Rodrigo
respondeu que a sua noiva e Alexandre contra atacou argumentando que aquilo era
uma bobagem, homem não nasceu para ser fiel e que tanto tempo sem transar
poderia fazer mal ao amigo, subir a cabeça e lhe provocar debilidade mental.
Olhou
firme para o amigo e perguntou se ele queria ser doente mental. Rodrigo
espantado respondeu que não e Alexandre marcou para oito horas o encontro dos
dois e que passaria lá para buscá-lo.
Antes de
sair ainda disse..
- Precisa
nem transar se não quiser.
Oito
horas Alexandre estava lá e buscou Rodrigo. Foram até um inferninho de
Copacabana e entraram.
Rodrigo
criado dentro de rígidos padrões de conduta nunca entrara em um local como
aquele e se assustou ao ver aquelas mulheres com roupas vulgares e aqueles
homens cheirando bebida barata... Alexandre notou a timidez do amigo e mandou
que ele relaxasse porque estava na Disneylândia do sexo.
Rodrigo
se sentou e ao lado de Alexandre viu homens sujos, feios, velhos chegando para
conversar com mulheres jovens que poderiam ser suas netas e de repente os dois
saírem do local. Alexandre repetia que toda prostituta era uma santa não
canonizada enquanto Rodrigo só pensava em ir embora.
Até que..
..até que
ele reparou em uma ruiva linda, cara de triste sentada em um canto do salão.
Rodrigo começou a prestar atenção na menina, não tirava os olhos dela quando a
ruiva levantou e se encaminhou a um ferro para fazer pole dance.
Naquele
instante ela não tinha mais apenas a atenção de Rodrigo, mas de todos. Uma
música sensual começou a ser tocada e ela dançar no ferro. Foi tirando peça por
peça da roupa até ficar completamente nua. Rodrigo naquele momento já estava
enfeitiçado, ele queria aquela mulher.
Ela se
retirou e foi ao banheiro. Rodrigo levantou sem nem ouvir Alexandre perguntando
aonde ele ia e foi atrás. Esperou na porta do banheiro até que ela saísse e quando
a jovem saiu Rodrigo disse “preciso de você”. Ela não se fez de rogada e
respondeu “cem reais”,
Rodrigo pegou a carteira e falou “dou duzentos”.
Pegou a
mulher pelo braço e passou pelo salão. Alexandre perguntou aonde ele iria e
Rodrigo respondeu que não lhe esperasse.
Passou a
noite com ela. Transaram muito e depois conversaram criando uma intimidade
perigosa. Descobriu que seu nome era Milena, tinha vinte anos e trabalhava
nisso há pouco tempo.
Rodrigo
estava de quatro.
Chegou de
manhã em casa encontrando Eliocárpio e Santelma sem dormir esperando por ele. O
pai esbravejou perguntando onde ele estava, mas Rodrigo não lhe deu ouvidos
apenas respondendo que estava cansado e iria deitar.
Deitou e
sonhou com Milena.
De noite
voltou ao inferninho para ver a prostituta e foi assim noite após noite.
Rodrigo conhecera o “poder da xana” e estava completamente apaixonado pela
prostituta.
Uma noite
chegou no inferninho e perguntou se ela queria morar com ele. Milena espantada
perguntou que brincadeira era aquela e o rapaz respondeu que não era
brincadeira, era sério e perguntou novamente se ela queria. Milena topou.
Negócio
agora era enfrentar aos pais e Marcela. Comunicou aos pais a situação e
Eliocárpio não se conformou. Teve uma violenta discussão com o filho e o
expulsou de casa.
Rodrigo
tinha umas economias e conseguiu também com a ajuda da mãe alugar um pequeno
apartamento. Rapidamente arrumou um emprego num pequeno escritório de advocacia
e assim sustentar a ele e Milena.
Milena
largou a prostituição e começou a cuidar do lar. Rodrigo e Milena eram um casal
feliz e o rapaz tinha cada vez mais certeza de ter tomado a decisão certa.
Sentia saudade de seus pais, queria fazer as pazes com seu pai, mas se o preço
de viver um grande amor era esse estava disposto a pagar.
Os anos
passaram e a situação financeira do casal melhorou a ponto de planejarem ter
filhos. A vida estava cor de rosa, mas ganhou tons escuros.
Um dia
Rodrigo recebeu uma carta anônima nela estava escrito que Milena o traía. O mundo
de Rodrigo caía naquele instante. Até ali ele nunca desconfiara da esposa, mas
a partir daquele momento desconfiava até da sombra.
Nada pior
para um homem que suspeitar que outro homem toca sua mulher. A dor do corno é
pior quando há dúvidas que certeza.
Rodrigo
não agüentou e comunicou a Milena que viajaria no final de semana a trabalho e
só voltaria segunda. Mentira, ele queria dar flagrante.
Rodrigo
saiu de casa e foi até uma padaria. Pediu uma média com pão e manteiga e
esperou por duas horas e voltou pra casa. Abriu a porta devagar para que
ninguém ouvisse e se encaminhou ao quarto abrindo a porta de uma vez só.
Ao abrir
a porta o impacto.
Rodrigo
deu de cara com Milena e Alexandre peladões na cama. Alexandre seu melhor
amigo. Ele ainda levantou e tentou argumentar que não era nada daquilo que
Rodrigo pensava, mas o rapaz nem quis saber. Sacou uma arma e descarregou o
revolver nos dois.
Rodrigo
foi preso em flagrante e na sala da delegacia esperando advogado pensou na
merda que se metera, em como tinha mudado toda sua vida, jogado tudo pro alto
por causa daquela mulher e ela pagava daquela forma, com traição.
De cabeça
baixa, olhando pra mesa nem percebeu quando o advogado entrou, nem percebeu que
não era advogado e sim advogada.
Ela disse
“Rodrigo” ele levantou a cabeça espantado, era Marcela, sua ex noiva.
Rodrigo
levanta e fica frente a frente com Marcela. Os dois se olham por uns segundos
até q eu ela dá um tapa no seu rosto.
O rosto
de Rodrigo vira com o impacto do tapa, ele volta a olhar para Marcela que joga
uma calcinha em seu rosto e o empurra pra mesa dizendo..
- Cala a
boca e me come que só temos cinco minutos.
É..a vida
tem dessas coisas..
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