E QUANDO A DROGA VENCE
Com
atraso, devido a inúmeros acontecimentos na última semana eu falo de um caso
triste ocorrido.
A morte
do Chorão. Morte de um ídolo do rock nacional, da geração dos anos 90 já seria
uma morte para lamentar mesmo que como artista eu não fosse fã. Reconhecendo
que escreveu algumas coisas interessantes.
Mas mais
que a morte de um artista, uma celebridade é a morte de um jovem de quarenta e
dois anos cheio de vida pela frente. Mais uma morte devido a drogas.
Poderíamos
cair no clichê do roqueiro que morre de overdose dando a entender que são mais
suscetíveis a isso. Bem, a história mostra que isso é verdade, mas não são
apenas eles.
A gente
do samba sabe e prefere não falar que muitos da área, alguns adorados, passam
por esse problema. Conhecemos histórias de vícios, doenças que foram criadas
pra esconder a verdade, mortes que foram mudadas em sua causa pra preservar
imagens.
Isso
ocorre no samba, área que conheço mais, acontece com atores, diretores,
cantores. Muitas histórias, muito disse me disse rola por aí. Acontece com
atletas, seja por vício ou pra melhorar desempenho.
Ninguém
ta livre das drogas. Mesmo que não goste, não use, ninguém está livre de ter
uma pessoa que ama envolvida.
A coisa
parece mais escancarada atualmente porque tempos atrás só nos chegavam casos
que acabavam em morte como os de roqueiros como Jimi Hendrix, Jim Morrison,
Janis Joplin. Todos mortos aos 27 anos.
Garrincha
que morreu devido à bebida. Droga legalizada que mata tanto quanto as ilícitas.
Medicamentos como Elvis e Elis Regina.
Florence
Griffith Joyner, atleta americana que ganhou muitas medalhas em Seul (mesmas
olimpíadas de Ben Johnson) e morreu aos 39 anos graças aos anabolizantes que
usava.
E da
revelação do doping de Maradona pra cá as coisas ficaram mais às claras.
Descobrimos que atores como Fabio Assunção, pose de bom moço, galã de novela,
sofria com o vício. Que a musa Vera Fischer sofria com cocaína e alcoolismo.
Raul Seixas morreu de cirrose. Cazuza, Renato Russo e quase todo rock nacional
abusavam das drogas.
Que um
atleta nunca pego no doping, considerado um dos melhores centroavantes do mundo
pode ser alcoólatra e se acabar como jogador de futebol nas nossas vistas como
Adriano e outro que achávamos exemplo de superação e esportista nos deixar
surpresos e com cara de idiota como Lance Armstrong.
É um
problema sério, grave. Pra mim o grande mal da humanidade. Maior que AIDS e
câncer porque essas doenças devastadoras atraem solidariedade, tentativa de
ajuda. O viciado é tratado como marginal, vagabundo, imoral, escória da
sociedade e são doentes.
Doentes
que não agüentam ser uma grande celebridade e ao mesmo tempo um ser humano com
todos os seus problemas e derrotas e procuram no álcool e nas drogas um
refúgio. Pessoas anônimas que são transformadas em zumbis e como morto vivos
agonizam em crackolândias.
Temos
asco de “crackudos”. Nos sentimos superiores, muitos são a favor do extermínio,
de limpar de nossas cidades. Ainda mais em época de copa e Olimpíadas. Como
mostrar esse tipo de gente aos nossos turistas?
Mas os
“crackudos” não nasceram assim. Eram pessoas com vidas, família, talvez emprego
e estudo. Pessoas que por fraqueza, pelas circunstâncias da vida pararam ali.
Então
ninguém está livre de cuspir para o alto ao passar numa crackolândia e o cuspe
cair na testa tendo que voltar lá para buscar um filho que começou com a
maconha, bebidinha com os amigos e foi “evoluindo” até aquele estágio sem
notarmos por acharmos que dar estudo, uma mesada e sair pra um parque no fim de
semana basta para criação.
Meu pai é
alcoólatra, passei algumas vergonhas com ele na infância, mas por sorte eu não
entendia muito e essa vergonha não foi pior, do tipo de traumatizar. Mas
dezoito anos atrás decidiu não beber mais, nunca mais bebeu e hoje está aí,
trabalhando, sendo útil para a sociedade.
Meu
parceiro e irmão Cadinho da Ilha era chacota no samba, motivo de tristeza do
pai. Bebia, usava drogas, esteve perto de morrer algumas vezes. Recuperou-se e
hoje é um pai de respeito, um avô amoroso, um campeão na vida e no samba que
foi orgulho de seu pai no fim da vida.
Nosso
outro parceiro Dãozinho não teve a mesma sorte. Bebia, se drogava, contraiu
AIDS e morreu ano passado. O primeiro cara que me deu oportunidade e acreditou
em mim no samba.
Triste
demais pensarmos numa questão dessas como “sorte”. Uma roleta russa onde temos
que agradecer por não estarmos nem ninguém que gostamos envolvidos nesse mundo.
A droga não destrói apenas quem usa, mas todos que lhe cercam.
Drogas
que mataram tantos ao longo das décadas. Mataram os que eu citei, mataram nos
últimos anos Amy Winehouse, Witney Houston e agora o Chorão. Nem todo mundo tem
a sorte de um Keith Richards.
Sorte, de
novo essa palavra..
..até
quando?
Quando a droga vence? Formulei essa frase e joguei no Pai Google, para ver o que acontecia. Realmente e um grande adversário que te surpreende e devassa por onde passa. Controla corpo e mente e influencia diretamente aqueles ao redor. Pena, dó e compaixão as famílias "desses", as mais flageladas, desse processo de esfarelamento, lento e implacável. Um escolhe a brisa a loucura e as vitimas sucumbam ao caos, na mais caretice escravidão de trocar o hoje pelo amanhã, ainda mais devastador e sem nenhum final feliz, pois o egoismo impera. Douglas Pai
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