A POLÍTICA DE CELEBRIDADES
* Coluna publicada no Blog Brasil Decide em 17/3/2013
Essa semana eu assistia um programa na ESPN
Brasil e falavam lá sobre alguns dos muitos problemas que cercam o presidente
da CBF José Maria Marin. O homem vem sendo acusado de ajudar a ditadura militar
nos amos 70, inclusive discurso dele da época de deputado sendo um dos motivos
da prisão do jornalista Wladimir Herzog. Morto nos porões do DOPS.
Uma
pessoa que vem batendo muito no presidente da CBF é o deputado federal pelo Rio
de Janeiro Romário de Souza Farias. Um sujeito na altura de seus 47 anos,
estatura baixa, cabelos grisalhos que de óculos lia seu contundente discurso
contra Marin lembrando esse caso de Herzog e pedindo para que a CBF abrisse as
contas da Nike.
Quem não
ligou o nome a pessoa é fácil saber quem é esse deputado. Basta ver vídeos de
futebol entre 1985 e 2007. Verão um baixinho marrento com a camisa 11 de vários
clubes e seleção brasileira. Um dos maiores jogadores da história do futebol.
Sim,
evidente, estamos falando do baixinho Romário.
Romário
não foi a primeira, nem será a última celebridade a aproveitar da fama para
entrar na política. Aqui no Rio mesmo temos seu parceiro de ataque Bebeto
deputado estadual e temos inúmeros casos.
A
diferença é que tudo leva a crer que o baixinho que foi um super craque no
futebol também vem sendo na política. Romário até agora surpreende, se tornou
um deputado combativo e fatalmente fará carreira.
Por quê
celebridades vão para política e por quê partidos políticos aceitam as
celebridades? É muito simples leitor. O partido vê na celebridade uma grande
oportunidade de votos. Votos dos fãs. A celebridade não precisa ter curral
eleitoral, nicho político, ter passado por secretarias do município ou do
estado, líder estudantil ou de sindicato. Nada disso.
A
celebridade só precisa ser..Famosa. Sim, a celebridade não precisa ter talento.
Geisy Arruda é famosa, por exemplo, qual seu talento? Vestido curto no local
errado na hora certa. Pronto, assim nasce uma celebridade.
A pessoa
já é conhecida, já tem mídia própria, espaço em revistas, jornais, internet,
tv. O partido não precisará fazer esse trabalho na imagem porque a imagem já
existe. O povo adora a celebridade. Antigamente pedia autógrafo e largava num
canto sem importância porque a importância não era a assinatura e sim o ato de
pegar e assim é hoje com as máquinas digitais para fotos.
Adoram e
votam mesmo que não exista plataforma de campanha, mesmo que não existam
propostas e mesmo que existam e sejam estapafúrdias porque ai está a “fulana
que canta aquela música”, o “fulano que fez aquele personagem da novela” “o
sicrano que fez aquele gol”.
E em boa
parte das vezes eles se elegem e algumas dessas vezes se transformam em
campeões de votos puxando muitos candidatos do partido para as assembléias e
câmaras mesmo esses tendo poucos votos graças ao quoficiente eleitoral.
Quando
você vota numa celebridade pode estar votando em mais quatro ou cinco e nem
sempre são pessoas bacanas.
E pra
celebridade também é bom porque é uma forma de manter seu nome e imagem na
mídia. Ganhar um dinheirinho, monte de privilégios, exercita seu ego, sua
vaidade e quando não querem realmente fazer algo para seu município, estado ou
país o trabalho nem é tão puxado.
Romário e
Jean Wyllys, campeão do BBB que tornou-se deputado, são exceções. Infelizmente
a maioria das celebridades que se tornam políticas passam em branco fazendo um
trabalho sem importância ou, como ultimamente, maculam suas imagens em casos de
corrupção como o medalhista de ouro Aurélio Miguel e o ex jogador Robgol.
Mas a
prática da celebridade alcançar cargo público não é apenas nossa e nem da
atualidade. Não custa nada lembrar que um medíocre ator de Hollywood foi por
oito anos o homem mais poderoso do planeta. Estamos falando de Ronald Reagan.
Pelo mesmo tempo, oito anos, o ator Arnold Schwarzenegger foi governador da
Califórnia e Clint Eastwood foi prefeito de uma pequena cidade americana.
Cicciolina
foi deputada na Itália e Carla Bruni se não foi presidente foi quatro anos
primeira dama da França.
Aqui
tivemos vários casos. No Rio logo nas primeiras eleições democráticas o cacique
Juruna e Aguinaldo Timóteo foram eleitos deputados. Timóteo depois imigrou pra
São Paulo. Em São Paulo os dois últimos campeões de voto eram celebridades. O
estilista Clodovil e o palhaço Tiririca. Além deles temos Celso Russomano e
Netinho de Paula ganhando destaque no cenário paulistano.
Temos
celebridades de todos os gostos tentando militar na política. Frank Aguiar em
São Paulo virou vice prefeito, a mulher melão tentou aqui e tomou na cereja. O
que noto é que pelo menos no Rio de Janeiro as celebridades perderam um pouco
de espaço. A população percebeu que tem que ter conteúdo de propostas e bagagem
política pra merecer voto.
Bem..Mais
ou menos né? Casal Garotinho foi eleito e a fama deles é nada boa.
A
política inebria, dá poder, alavanca a imagem e é holofote. Tudo o que uma
celebridade gosta.
Só que o
eleitor tem que se tocar que pessoa famosa é uma coisa, político outra. De um
pedimos fotos, de outro trabalho.
E que
esse trabalho traga reconhecimento e ele seja famoso.
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