BRASIL 2015, RIO 2017



Somos um país que caminha a passos largos para o primeiro mundo. Inflação não existe faz tempo, empregos aumentaram, analfabetismo diminuiu drasticamente. Além disso tudo nos próximos anos teremos Copa do Mundo e Olimpíadas que certamente deixarão um legado maravilhoso para nosso país. Ninguém segura o Brasil.

Veja bem..

Isso é que o Ronaldo e a cervejaria que lhe pagou muito bem querem passar. Também nosso prefeito Eduardo Paes que inclusive incentivou a União da Ilha a fazer enredo sobre o tema onde sou co autor do samba.

Mas como será que ficará esse prato de feijoada com molho inglês? Ficará indigesto?

A palavra da moda é “legado”. Legado está para eventos esportivos como “genitália” para o carnaval e “retrospectiva” para o fim do ano. Você só ouve e lê nesses momentos.

Legado é o antônimo da frase “se hoje está assim imagine na Copa”. Frase mala usada pelos pessimistas até quando abre o chuveiro e cai água gelada em vez de quente.  

E no meio de ufanistas e pessimistas estamos nós. O que esperar da copa e das Olimpíadas?

Fiquem tranquilos manolos, tudo dará certo. Os estádios estarão prontos e lindos para a copa, os locais de competição das Olimpíadas também. O Rio estará lindo para receber os turistas e todos vamos nos emocionar e ter orgulho.

Foi assim na ECO 92 e será sempre assim quando o Brasil sediar algum evento. São 512 anos de experiência em receber gringos e trocar pau brasil por espelhinhos.

O problema não é esse.

O primeiro é esportivo. Nossa pátria Mãe Gentil pagará mico nesses eventos? Seremos um salão de festas de gringos?

A resposta é “provavelmente sim”. Na copa os comandados por Felipão, Parreira e Marin tem um fantasma de 62 anos a lhes perseguir. No vestiário sentirão a presença do pobre Barbosa arrastando uma corrente. A pressão de todo um povo que finalmente terá a chance da redenção e teve o azar dessa chance surgir com a pior geração canarinho desde 1934 no mínimo.

Mas dá, o Brasil tem tradição no futebol, tem camisa. Mas e as Olimpíadas? O Brasil costuma ganhar menos medalhas que o Michael Phelps numa edição. A boa notícia é que Phelps não vem, a má é que como diria tio Ben para Peter Parker “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”.

Por sediar tem que melhorar seu nível olímpico e o que o país tem feito pra isso? Nada. Não vemos um bom trabalho de base, os poucos espaços para os atletas ainda diminuiu como no fim do Célio de Barros. As empresas não apóiam, as que apóiam não tem seus nomes revelados nas transmissões de TVe os poucos clubes que investiam em esportes olímpicos são obrigados por má gestão a parar como o Flamengo.

O país olímpico de olímpico não tem nada e deve continuar a ser humilhado por países como Cuba que é uma ilhota, boa parte de sua população preferiu virar comida de tubarão fugindo pra Miami, sofre embargo econômico e dá show no Brasil em qualquer questão que deva ser levada a sério.   

Como eu disse os estádios e instalações ficarão ok. Legal. A que preço?

Como já sabemos e é tradição nacional desde que Pero Vaz de Caminha em carta a D.Manuel pediu emprego a seu sobrinho o Brasil é o país do jeitinho e das grandes oportunidades. Evidente que os orçamentos estouraram, estouraram e muito.

Estouraram o orçamento, estouraram os prazos, menos a vergonha na cara. No caso da copa é ridículo. O Mineirão reabriu sem água, o Maracanã virou uma piscina com a chuva, estão fazendo um estádio em São Paulo porque a CBF brigou com um clube que já tinha um pronto e só precisava de ajustes.

Estão fazendo estádio pra mais de 60 mil pessoas no Mato Grosso quando se juntar todas as partidas realizadas no estado até hoje não deve dar isso de público.

Elefantes brancos no Norte, Centro Oeste, Nordeste. Estamos abrindo um simba safári esportivo. 

Tudo isso em conta do tal legado. A cidade ainda mais maravilhosa como diz Dudu Paes. Pra quem? Essa será minha curiosidade a partir do encerramento olímpico de 2016.

Não basta fazer estádios e instalações esportivas. Grandes projetos estão no papel como o porto maravilha, a transcarioca saindo do aeroporto e indo pra Barra. Muitas obras que geram muito dinheiro e ..o resto vocês já sabem.

Tem que cuidar do entorno. Como ficarão os aeroportos? Estradas? Hospedagem? Acesso a mídia? A vida das pessoas que são obrigadas a se mudar para que o progresso passe?

Não sou hipócrita, nem ingênuo então eu digo que espero que todas essas pessoas que estão fazendo seus pés de meia com esses eventos deixem um pouco para as cidades e seus cidadãos. Para o legado não ser apenas para eles e suas famílias.   

Não estou imaginando como será na copa, quero imaginar o depois.

Brasil 2015, Rio 2017


Aí estão as vitórias que realmente importam.











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