OS TIMES DOS SONHOS QUE VIRARAM REALIDADE
Quarta-feira
passada uma era chegou ao fim. Quando o juiz apitou o fim da partida que decretou
a vitória do Bayern de Munique por 3x0 sobre o Barcelona estabelecendo sua
classificação para a final da Uefa Champions League e eliminando o clube
catalão uma era fantástica chegava ao fim.
O fim
chegou de maneira impiedosa. No agregado 7x0. Foram quatro na Alemanha mais
três na Espanha com direito a olé. Toque de bola que machucava a alma do
torcedor do Barca tão acostumado a provocar isso aos adversários.
O
extraordinário Barcelona deixava o campo de cabeça baixa, derrotado para entrar
em um túnel. Mas não era o túnel que dava acesso ao vestiário, mas a um túnel
glorioso. O Barcelona entrava para o túnel da história e aquele time que
deixava o campo derrotado entrava pra galeria dos vencedores. Daqueles times
que se eternizam na memória e no coração daqueles que amam o esporte.
O
Barcelona de Messi. O time que de 2009 pra cá só perdeu o campeonato espanhol
uma vez, ganhou duas UCL e dois mundiais. Consagrou o argentino como um dos
maiores jogadores da história e foi consagrado por ele como o grande time do
século XXI. O Barcelona letal, mas que fazia o adversário morrer com dose de
sofrimento. O toque de bola que saía da defesa, ia até o ataque, voltava, ia de
novo, até encontrar a brecha do adversário e fazer o gol.
Estilo de
jogo que influenciou a antes derrotada seleção espanhola que se tornou uma papa
títulos com dois europeus e um mundial.
A referencia futebolística de toda uma geração que faz até no Brasil,
outrora país do futebol, ter torcedores. O Barcelona hoje é um clube mundial.
Perdeu o
técnico Pep Guardiola, perdeu muita da magia e mesmo nesse ano de “derrocada”
chegou as semis da UCL e ganhou novamente o espanhol.
Hoje
posso dizer tranqüilamente que o Barcelona de Messi se junta a outros grandes
times que tive a oportunidade de ver.
Pra minha
sorte o primeiro grande time que eu torci era o meu. O tão famoso Flamengo de
Zico. Comecei a acompanhar futebol vagamente em 1981, o auge do rubro-negro e
minha memória mais antiga de futebol é estar no apartamento da irmã da namorada
do meu tio com a família toda na Lagoa vendo o Flamengo se tornar campeão
mundial de futebol.
Era muito
menino, tinha cinco anos e tinha outras preocupações para minha vida tão
“atribulada”. Comecei a acompanhar melhor em 1983 e lembro de acompanhar vendo
pela TV e ouvindo pelo rádio as semis do brasileiro contra o Atlético
Paranaense e as finais com o Santos. Lembro que apenas os minutos finais do
jogo do Maracanã passou para o Rio e ouvi no rádio da sala de casa pela
Nacional.
Por muito
tempo fiquei curioso de como o garotinho José Carlos Araújo sabia que o Adílio
faria o terceiro gol quando gritou “vai fazer Adílio”. Depois vi pela TV a
confusão provocada por Serginho Chulapa e o título rubro-negro. O primeiro meu
efetivamente como torcedor e o fim de uma era.
Ao
contrário do Barcelona de Messi o Flamengo de Zico acabou vencendo. Ele já
estava vendido para a Udinese e alguns dias depois a transação foi revelada.
Meu primeiro baque como torcedor. Oficialmente aquele esquadrão vencedor de
quatro estaduais, três brasileiros, uma Libertadores e um mundial chegou ao fim.
O gol de Assis aos 45 minutos do segundo tempo do Fla x Flu que decidia o
estadual de 1983 referendou.
Não era
mais soberano, mas continuava forte. Zico voltou e o Flamengo de Zico agora
também era o Flamengo de Bebeto, Renato, Leonardo, Jorginho, o Flamengo campeão
de 1987, mas dividia espaço com o São Paulo campeão paulista de 1985, 1987 e
brasileiro de 1986. O São Paulo de Careca, Gilmar, Muller, Dario Pereira.
Timaço.
Na época
surgiu também outro timaço. O Vasco de Romário, Roberto, Geovani, Mauricinho,
Bismarck. O Vasco bicampeão carioca de 1987/1988 que sepultou em definitivo a
era Zico e em 1989 com o reforço de Bebeto foi campeão brasileiro.
Chegaram
os anos 90 e outros super times. Na Europa o Milan de Gullit e Van Basten três
vezes campeão da Europa. No Brasil o São Paulo de Raí, Muller, Cerezo, Zetti e
Telê Santana campeão paulista em 1991,
brasileiro 1991, Libertadores 1992 e 1993, mundial 1992 e 1993 substituído pelo
Palmeiras que vinha de uma fila de 17 anos e com um forte patrocínio montou
esquadrões com Rivaldo, Edmundo, Evair, Edílson, Roberto Carlos, Rincón,
Djalminha, Luisão, Zinho que venceu os paulistas de 1993/1994/1996, brasileiro
1993/1994.
Substituído
pelo melhor time brasileiro que vi desde a era Zico até hoje. O Vasco que
venceu quase tudo entre 1997 e 2000. O Vasco de Edmundo, Evair, Juninho
Paulista, Juninho Pernambucano, Mauro Galvão, Felipe, Pedrinho, Carlos Germano,
Romário campeão carioca de 1998, brasileiro em 1997 e 2000, Libertadores 1998 e
vice mundial em 1998 e 2000. Time que conseguiu o título mais inacreditável que
já vi na Mercosul de 2000 quando com um a menos e perdendo por 3 x 0 no
intervalo virou para 4 x 3 em cima do Palmeiras em pleno Palestra Itália.
Um super
Vasco inesquecível para os torcedores, mas que perdeu três cariocas históricos
pro Flamengo. Mas essa é outra história.
Durante e
depois desse Vasco tivemos o Corinthians de Edílson, Luisão, Ricardinho,
Marcelinho, Rincón, Vampeta, Gamarra que venceu o brasileiro de 1998 e 1999, o
mundial de 2000, mas deu azar contra o Palmeiras em duas decisões por pênaltis
em Libertadores mesmo tendo time superior.
Nos anos
00 não tivemos grandes times apesar do Santos de Robinho e Diego que durou
pouco e o São Paulo tricampeão brasileiro, campeão da libertadores e mundial
que não tinha jogadores que encantavam nem futebol vistoso.
Começamos
a nova década com um time que se não é brilhante tecnicamente deve entrar pra
história por suas conquistas. É o Corinthians de Tite. Corinthians que estava
na segunda divisão em 2008 e venceu o paulista e a copa do Brasil de 2009 o
brasileiro de 2011 e Libertadores e o mundial de 2012.
Grandes
equipes, momentos históricos do futebol que trazem uma ironia. Se me
perguntarem qual a melhor equipe que vi não citarei nenhuma delas. Não foi de
futebol.
Nenhum
time que vi na vida supera o formado por Michael Jordan, Magic Johnson, Larry
Bird, Pat Ewing, Charles Barkley, Scottie Pipen entre outros. O Dream team de
1992. A seleção de basquete americana que jogou tão pouco junto, mas fez
história.
Dos 12
jogadores do elenco 11 entraram pro Hall da fama do basquete. Quem viveu as
Olimpíadas e aquele time nunca esquecerá. O “showtime” se fez real. O time dos
sonhos era de verdade.
Só
podemos agradecer ao Barcelona, esse último dos supertimes que surgiu. Teremos
agora o Bayern de Tomas Muller? Não sei, o futuro a Deus pertence.
Mas a
história pertence a eles.
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