AS DROGAS E A LEI
*Coluna publicada no blog Brasil Decide em 26/5/2013
Semana
passada o congresso nacional debateu uma nova lei de combate as drogas do
deputado Osmar Terra (PMDB – RS) que pretende aumentar as punições inclusive
propondo a internação compulsória de usuários de crack e com isso volta à tona
um debate que na verdade nunca saiu dele.
As
drogas, suas punições e possível legalização.
É um
assunto polêmico tal quanto o aborto. Atrai paixões, discussões acaloradas com
um lado chamando o outro de drogado que responde chamando de reacionário.
Enfim, não é fácil.
E eu como
não entendo de nada e dou pitaco em tudo claro que falaria sobre.
Sou meio
antiquado nisso, conservador, podem me chamar de reacionário (pessoal de
esquerda adora chamar de reacionário aqueles que não concordam com eles) que to
me lixando, mas eu acho que não deve liberar.
Até acho
que a questão da maconha pode ser debatida, sinceramente sobre essa droga não
tenho opinião formada, sobre as outras nem pensar.
Não
adianta falarem que na Holanda liberam. Holanda é muito diferente do Brasil, a
invasão que fizeram a nosso país na época que pertencíamos aos portugueses não
deu certo então somos nações completamente distintas em suas histórias e modo
de viver. .
Querem
imitar a Holanda? Vão deixar prostitutas serem expostas em vitrines aqui
também? Acho difícil, então nada de comparação.
Vai
diminuir a violência? Quem disse? Fernando Henrique Cardoso? Ah ta, ele também
mandou que esquecessem o que ele escreveu, que tal esquecerem isso também? Ok,
se liberarem as drogas o consumidor não terá mais que subir favelas com pessoas
armadas até os dentes para comprar seu pó. Provavelmente serão vendidas em
farmácias ou grandes magazines. Já imagino o rapaz das Casas Bahia no anúncio
“quer cheirar quanto?” ou o Ricardo Eletro falando”Ninguém vende heroína mais
barato que o Ricardo”.
E o que
acontecerá com esses bandidões que vendem drogas hoje? Provavelmente o defensor
dessa tese acredita que eles falarão “poooxa, estragaram nosso comércio de
milhões, vamos comprar jornal e procurar emprego”.
É muita
ingenuidade achar que um bandido acostumado com o mundo do crime a ganhar muito
dinheiro vai se regenerar só porque proibiram seu “negocinho”. Evidente que ele
vai procurar outros meios de ganhar seu “ganha pão” de forma criminosa. Vai
assaltar bancos, seqüestrar, contrabandear armas, alguma coisa fará e a
violência não vai diminuir.
Ou no
futuro pensam em legalizar a venda de armas, assaltos a banco e seqüestros pra
diminuir a violência?
Outra
coisa. Legalizando as drogas ela ficará mais cara com impostos que serão
inseridos ao preço, o traficante sempre venderá mais barato então o mercado
negro, paralelo sempre existirá.
Droga faz
mal, não adianta romancear. Destrói não só a pessoa, mas a família. É um
inferno e não tiro bebida e cigarro dessa situação, só que essas já são
legalizadas e populares, impossível proibir e por isso acho que a questão da
maconha tem que ser debatida porque a erva não pode ser pior que cigarro e
bebida. Esse último tira a pessoa do seu normal e pode provocar acidentes e
tragédias fora o vício e a morte.
Resumindo
o que penso. Liberar drogas porque houve um fracasso a seu combate é
oficializar esse fracasso. É a historia do corno que vende o sofá ao pegar sua
mulher com outro no mesmo.
Não é
assumindo fracassos que esse mundo vai melhorar.
Quanto a
prender usuário e internação compulsória isso é um terreno minado. Não acho que
tenha que prender quem usa drogas, antes de qualquer coisa esse cara é um
doente. Sim, eu acho o vício em drogas e a depressão as grandes doenças desse
novo século. Alguém acha realmente que a pessoa gosta de consumir crack? Gosta
de perder sua família, vida, dignidade, vagar como zumbi em crackolândia só
esperando a hora da morte?
As
pessoas têm repulsa por “crackudos”. Não respeitam, tem nojo, consideram seres
inferiores querendo a morte desses sem saber as histórias por trás de cada um e
que ninguém está imune a passar por isso ou ter alguém querido passando. Eu
tive pessoas queridas que passaram por essa situação. Fui o único que acreditou
nelas, na recuperação e se recuperaram. Tudo tem jeito nessa vida, até a morte
em alguns casos.
Não dá.
Não podemos perder pessoas para as drogas, gente que poderia contribuir para o
país. Não dá pra botar numa cadeia usuário junto com estuprador, traficante e
assassino, como também não acho que tem que ficar impune, afinal, esse cara
ajuda, financia o tráfico.
Mas
também não entro no discurso do capitão Nascimento que dá tapa na cara de
usuário e mostra traficante morto dizendo “ta vendo quem matou esse cara? Foi
você”. Acho que a punição pode ser pena pequena, prestar serviços a comunidade,
participar de ongs antidrogas, trabalhar em clínicas de recuperação de
viciados(nesse caso o usuário não viciado).
E sou a
favor da internação compulsória, a internação daqueles que não tem mais poder
sobre si e pode se prejudicar e aqueles que estão a sua volta. Como identificar
esse tipo? Médicos estudam muito pra isso.
Qual o
caminho? Educação, esse é o caminho para tudo. Mas é o colégio que vai definir
se alguém usará drogas ou não? Não necessariamente. Primeiro que educação não é
passada apenas na escola, falo principalmente de casa, pai, mãe, valores. Uma
boa educação em casa, uma educação franca onde não tratem os filhos como
idiotas, sem ausências e presenças excessivas com mimos além do devido. Fazer
da criação uma parceria.
Tenho um
pensamento polêmico. Pai não tem que ser amigo, não esse amigo como o filho tem
pessoas da idade dele, pai tem que ser pai e agir como pai. Ser o porto seguro
do filho, ensinar e a pessoa a quem ele tem que confiar quando preciso.
Segundo
que mesmo com tudo isso ninguém está livre do drama das drogas, mas ajuda,
ajuda muito a aprender a se defender quando há o encontro.
Eu na
noite de 4 de abril de 2005 entrei no meu quarto e estava meu padrasto e amigos
meus cheirando cocaína. Cheirando e chorando. Minha mãe falecera naquele dia.
Ofereceram-me e recusei ficando lá a noite toda conversando com eles porque não
queria dormir, nem ficar sozinho e eles consumindo.
Não deu
vontade em nenhum momento. Tive criação, recebi valores e essa situação além do
fato de viver dezesseis anos no mundo do samba, onde todos sabem não ser um
mundo “careta, me deram a certeza que não é o meio que faz o homem, o homem que
faz o meio em que vive.
E não é
admitindo fracassos que a droga será vencida. É lutando.
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