Trocando em miúdos

 E o ano de 2021 vai se encerrando. Mais um ano difícil devido a pandemia. Muitas pessoas doentes, mortes, negacionismo, mas a esperança da vacina que chegou e salvou muitas vidas diminuindo o número diário de mortes. Passamos dos 600 mil, número absurdo, mas aos poucos as coisas foram reabrindo, pessoas se encontrando, a máscara foi pro bolso nas minhas caminhadas solitárias e vamos lutando conta a pandemia, apesar da ameaça da ômicron. E o meu ano? Desde a criação do blog em 2013 talvez tenha sido o pior. Sim, evidente que coisas boas ocorreram, mas foi um ano esquisito. Posso dizer também que foi um ano surpreendente, como eu não esperava no fim de 2020. Começamos a todo vapor com o canal do SDC. Em janeiro produzimos a novela "Amor" que teve ótima repercussão. No início de fevereiro lançamos vários programas de debates além do "Sobretudo e mais alguma coisa". Nasceram o "Controle remoto", "SDC Delas", "SDC Vozes" e o mais bem sucedi

..porque as tretas de 2021 ainda não acabaram. Se já não bastassem todas as polêmicas do ano surgiu no fim de 2021 uma que teoricamente pertence ao ano que vem. É sobre o BBB. O ator Ícaro Silva detonou o programa chamando de "Big Boster Brasil" e outros adjetivos nada bacanas para mostrar que não estaria no programa do ano que vem. O ex apresentador Tiago Leifert tomou as dores e detonou Ícaro Silva citando, inclusive, que o programa pagou seu salário ano passado e que se não gostasse do programa não devia fazer novelas na emissora. Já Ícaro mandou a tréplica dizendo que tudo o que conseguiu foi por seu esforço, sem estar de sapatênis ou ter sobrenome famoso. Tipo de briga que não consigo ver o lado certo. Ícaro tem todo o direito de não gostar de BBB, tenho minhas restrições também, e pensar o que pensa sobre o programa. Mas vivemos em sociedade, somos adultos e nem tudo o que pensamos devemos falar. Não, ser pessoa que fala o que pensa não é virtude, pelo menos não é na mi

Outro dia via com a Luciana o prêmio Multishow e ocorreu uma coisa bem curiosa. Eu simplesmente não conhecia a maioria dos indicados e vencedores. Pensei que pudesse ser um problema meu,b   mas ela também não conhecia, pensei que pudesse ser um problema nosso, mas quando compartilhei essa situação em redes sociais vi que boa parte pensava igual. Percebi então que é um problema do mundo. A questão que nem sei mesmo se é um problema. Eu digo problema porque nós somos pressionados pela informação. Pressionados a saber tudo o que ocorre, conhecer todas as pessoas senão seremos chamados de alienados ou esnobes da cultura popular, não estarmos atentos ao que ocorre no mundo. Mas como assim não estar atento ao que ocorre no mundo? Isso é mais uma das bobagens inventadas pelos jovens e nem estou acusando a juventude de agora não, o jovem sempre foi um narcisista idiota desde que o mundo é mundo. Na Roma Antiga ou na Grécia aqueles filósofos e poetas que se consagraram no decorrer dos séculos d

Eu te conheci, oh, flor Vinhas tão desiludida Mal sucedida Por um falso amor Dei afeto e carinho Como retribuição Procuraste um outro ninho Em desalinho Ficou o meu coração Meu peito agora é só paixão Meu peito agora é só paixão Tamanha desilusão Me deste, oh flor Me enganei redondamente Pensando em te fazer o bem Eu me apaixonei Foi meu mal Agora, uma enorme paixão me devora Alegria partiu, foi embora Não sei viver sem teu amor Sozinho curto a minha dor

No último mês de novembro uma grande novidade cultural começou a percorrer as ruas de Madureira. É o ônibus da cultura transportando o projeto “Verão verde”. Um ônibus elétrico, com nenhum tipo de poluente, que percorre as ruas de Madureira contando a sua história. O ônibus sai a cada hora e meia entre 10:00hs e 16:30hs nos finais de semana partindo da Arena Carioca Fernando Torres em uma viagem que dura entre cinquenta minutos e uma hora.  É uma experiência maravilhosa. Eu tive a oportunidade de participar de algumas dessas viagens por estar na organização de suas saídas. É uma oportunidade única de conhecer a história de um dos bairros mais importantes da cidade, coração do subúrbio carioca. Oportunidade não só para uma pessoa de fora de Madureira como do próprio morador. O ônibus passa por locais que mesmo o nascido e criado no bairro e que passa todos os dias na frente não tem a noção da importância como as ruínas da casa onde morou Paulo da Portela. Paulo da Portela, aliás, é a g

Perder e ganhar faz parte da vida e nada retrata melhor a vida que o esporte. Um ano estou com filho assustado no colo com fogos de comemoração e no outro explicando que ano que vem tem mais. O que fica de mais importante é o amor por nossos clubes, o meu amor pelo Flamengo. O Flamengo é um dos primeiros amores que tive na vida, me pegou pela mão pequeno e disse "Vamos viver sua vida juntos, os altos e baixos dela até o fim. Te conheci no berço e vou te acompanhar até o último fechar de olhos". O amor por nossos clubes se inicia no berço quando seu manto é um de nossos primeiros presentes. Namoradas e amigos passam, pai e mãe morrem, mudamos completamente ao longo das décadas, mas o amor pelo time de futebol permanece. Fazemos o possível e o impossível por eles. Fazemos dividas, arriscamos a saúde, constemos loucuras por  amor, simplesnente amor porqie quando ele vence não  temos ganhos materiais, financeiros, saúde nada.  E é assim meu anor pelo Flamengo e continuará sendo l

 No dia que ninguém andar apressado na rua porque tem um branco vindo em sua direção, no dia que branco correndo for considerado suspeito, no dia que negros ocuparem tantos cargos de chefia quanto brancos, tiverem as mesmas oportunidades, não serem maioria apenas em presídios ou pedindo esmolas na rua, no dia que negros não liderarem estatísticas sobre pessoas assassinadas a gente fala sobre dia da consciência humana.   Enquanto tudo isso não ocorrer é consciência negra sim e pedir consciência humana é só lacração mal feita.  Conheçam a história do seu povo e do seu país antes de fazerem isso.

Semana passada depois de quase dois anos voltei ao cinema com a Lu.  Sala ainda vazia pelo medo que o local provoca devido a pandemia que ainda não acabou, mas foi um reencontro maravilhoso com a tela grande, aquele som que sempre marcou minha vida. E não poderia ser outro filme.  Todo mundo que me acompanha sabe minha visão ideológica então poder ver essa obra de arte feita pelo Wagner Moura com apresentações arrebatadoras como as de Bruno Gagliasso e Humberto Carrão me fizeram bem demais.  Não foi só ver um filme, mas dizer um "Não aceito isso", "Não é esse país que quero viver" pra tudo o que vem ocorrendo por aqui que repete em tudo o que ocorria naquela época. Ver filmes como esse dão esperança pro futuro, faz perceber que nem tudo está perdido e tem gente muito capacitada lutando o mesmo sonho que nós.  Uma obra de arte pode e deve retratar seu tempo e Wagner Moura fez isso. A vida vai muito além de um capitão Nascimento, na maior parte do tempo somos o ca

Posso dizer que Marília Mendonça é uma das melhores artistas que não conheci. Pois é, a frase ficou esquisita, mas faz todo sentido. Não sou apreciador do gênero sertanejo, minha praia é outra, então não conhecia muito a obra da artista. Confesso que se a visse num restaurante em Copacabana provavelmente só saberia quem é porque certamente provocaria aglomeração. Mas isso é apenas gosto musical, não falo para desmerecer a artista, soar arrogante ou dizer que tenho gosto intelectual, nada disso, gosto de muita coisa também que comprova que meu gosto tem nada de especial. Apenas são fatos. Não conhecia a fundo, mas não serei arrogante, como muitos estão sendo, de dizer que não conhecia, nunca ouvira falar e nem conhecia sua obra. Uma pessoa que diz isso está completamente fora de órbita, é um lunático. Dito isso vamos parar de falar de mim e falar dela até porque muitos estão falando mais de si que dela ao falar da artista que se foi. Lamento que por não ser fã do gênero sertanejo não te

Semana passada morreu Gilberto Braga. Quem me acompanha sabe que sou escritor e, evidente, tenho Gilberto Braga como referência. Ele foi responsável por algumas das maiores novelas de nossa história. Escrava Isaura, Dancin`n days, Água Viva, O dono do mundo, Celebridade, Paraíso Tropical, as minisséries icônicas Anos Dourados e Anos rebeldes e, aquela, que para muitos, é a maior novela da história. Vale Tudo. Algumas das maiores cenas da nossa dramaturgia surgiram de sua mente. A maior de todas, pra mim, a banana de Marco Aurélio, personagem de Reginaldo Faria, no último capítulo de Vale Tudo, a ida de Julia Mattos, personagem de Sonia Braga, a uma boate em Dancin`n days, a morte de Heloisa, personagem de Claudia Abreu em Anos Rebeldes. Personagens icônicos como Odete Roitman, Maria de Fátima, Raquel, Ivan, Felipe Barreto, Marcos e Lurdinha de Anos Dourados e tantos outros. Gilberto era mestre, a morte de Odete Roitman parou o país e todo o Brasil ficou na frente da tv no último capítu

 Ainda não acabou a pandemia, que fique bem claro nesse início de conversa. Distanciamento e máscaras são fundamentais ainda. Isto posto, é notório que a situação está melhorando, e graças as vacinas que fique bem claro, a tendência é que no começo do ano que vem esteja tudo sob controle, mas e aí? Como diz a União da Ilha como será o amanhã? Como falei semana passada mágoas ficarão, não tem como. O rancor de um país dividido, a dor de quem perdeu pessoas queridas, a luta de quem teve COVID  e ficou com sequelas, nada disso dissipará no ar. Mas tem outras questões. Essas questões, evidente, só valem para quem levou a doença a sério, para os negacionistas ou aqueles que levaram tudo de forma irresponsável muda nada. Qual será a hora de largar as máscaras? A prefeitura do Rio diz que começará a flexibilizar agora em novembro, mas você se sente seguro em fazer isso? Eu já tomei a segunda dose, mas não me sinto seguro nem fazendo caminhada sozinho. Outra questão prefeito. Não adianta chega

Na última sexta feira a prefeitura do Rio fez um novo decreto liberando 100% de ocupação para cinemas e teatros, o futebol já conta com público, eventos testes vem sendo realizados e em breve existe a promessa da liberação das máscaras em lugares abertos. Precipitadas ou não algumas das liberações a verdade é que a vida está voltando ao normal. O voltar ao normal é muito relativo, não tem como falar de uma vida normal depois de 600 mil mortes, tantas perdas, sequelas e tristezas, mas podemos dizer que já esteve pior, bem pior e graças a vacina isso vem sendo revertido. Sim, graças a vacina, apesar de alguns negacionistas insistirem em falar mal. Como vamos voltar ou encarar essa nova normalidade? No começo da pandemia falava-se até que sairíamos melhor dela, mas não, não iremos. O ódio, a mágoa e a ruptura são as marcas do coronavírus tão presentes quanto as sequelas nos sobreviventes. Sim, sequelas físicas, emocionais que nunca mais esqueceremos e provaram o quanto somos frágeis. Quem

  Na 1° vez que te vi Acariciaste meu rosto Disseste bem vindo Fizeste de meu ombro encosto Perguntou-me da viagem Se fizera muito calor E naquele dia Ofereceu-me o amor Na 2° vez que te vi Me deste um beijo na boca Disse que estava faminta Por mim, que já estava louca Acabamos na cama Fez do meu corpo teu leito  E naquele dia Ofereceu-me o seu peito Na 3° vez que te vi Começamos a planejar Como seria o amanhã Depois de a gente casar Acabamos na praia Amando sob um céu escuro E naquele dia Ofereceu-me um futuro Muitas vezes te vi E sempre foi tão gostoso A vida era perfeita E tudo tão maravilhoso Apresentou-me família, amigos Seu choro na despedida E naquele dia Ofereceu-me a vida Da última vez que te vi Percebi que algo mudou O amor que tinhas por mim Como encanto acabou Nem despediste e assim Ficou só minha vontade E naquele dia Ofereceu-me a saudade

Em quanto tempo se cria uma amizade eterna? Complicado dizer. Muitas amizades começam na infância e atravessam a vida, assim como outras que pareciam tão fortes se acabam com o tempo até que as pessoas viram meras conhecidas. Pessoas que eram essenciais em nossas vidas deixam de ser, quem não era vira. A vida é cíclica, tem variantes e isso que lhe deixa tão fascinante. Amizade de verdade, daquelas inesquecíveis não precisam de data pra começar, nem de "tempo de serviço" como um emprego. Elas simplesmente acontecem. Amizades assim surgem num olhar, em uma gargalhada, em um veneno trocado falando de alguém, num rodízio de pizzas, desafio de sanduíche gigantesco nunca feito, videokês e em bares que só fecham no Natal. Amizade verdadeira tem palco próprio, palco onde ela brilha, irradia luz e ganha aplausos de pé. Ovações e se eternizam como a arte. Amizades eternas muitas vezes nascem sem querer como a minha e de Luciana pelo querido Raffa Bagesteiro. Surgiu quando ele foi conv

 E deixam o coração mais feliz. Tá acabando...

 Meninos eu vi.. Eu vi um dos meus primeiros heróis ainda muito menino. Foi Mário Fofoca, o detetive atrapalhado da novela "Elas por elas". Com uma roupa chamativa, jeito distraído Mário tomou conta da novela e foi tão maravilhoso que ganhou uma série. No alto dos meus sete anos eu queria ser o Mário Fofoca. Meninos eu vi pouco depois surgir uma novela que eu adorava chamada "Ti-ti-ti" e nela meu personagem preferido era um cara meio 171 que só se ferrava na vida, perdeu a mulher, viu seu inimigo brilhar e decidiu fingir que era espanhol e virar costureiro. Que barato era Victor Valentim, o cara fez tanto sucesso que por causa dele até batom foi lançado. Meninos eu vi Juca Pirama, personagem misterioso e controverso de "Salvador da Pátria". Lançou bordões que falávamos na escola como "Meninos, eu vi". Meninos eu vi outros personagens surgirem, mas o seguinte que me encantou e ao país foi o Vavá do lendário "Sai de baixo". Ali fui encant

Quem ama seu país de verdade não gosta de ver seu povo na miséria, não gosta de ver gente morando na rua sem ter o que comer, famílias sem ter dinheiro pra feijão e carne, desemprego aumentando, preços aumentando, poucos ganhando muito e muitos ganhando pouco. Quem ama seu país de verdade não gosta de ver seu povo morrendo. Ver a saúde sucateada, hospitais caindo aos pedaços, médicos tendo que escolher quem viver, não gosta de ver um vírus mortal sendo tratado com ironia, deboche, pouco zelo, ver milhares de pessoas morrendo por dia e saber que se mortes não poderiam ser evitadas a quantidade sim. Quem ama seu país de verdade não gosta de ver sua educação sucateada. Professores ganhando mal, disparidade entre ensino particular e público, crianças tendo que sair da escola para trabalhar. Quem ama seu país de verdade respeita sua cultura pq sabe que a cultura retrata o país que ele ama. Quem ama seu país de verdade respeita o próximo não importa orientação sexual, cor de pele, sexo, reli

  Essa imagem da onça, que na verdade é gato, sempre foi símbolo pra mim da Ilha do Governador. Primeiro porque é uma imagem linda com uma vista maravilhosa, segundo porque parecia muito a Ilha. Quieta, parada em uma pedra, esquecida por governos vendo as coisas ocorrendo no restante da cidade. Diz a lenda que o gato morreu na praia esperando o índio voltar e não voltou. A Ilha não podeŕia morrer na praia, um bairro cidade  com 300 mil pessoas, empresas, shopping, escolas de samba, movimento forte cultural, com tudo que tem uma cidade grande com jeitinho de cidade do interior onde todos parecem se conhecer. Mas as coisas estão mudando, o gato não apenas observa na praia, ele age e é visto. Feliz por estar participando da transformação dele, ver artistas da Ilha aprovados em editais do ISS, buscando o FOCA, recebendo visitas da secretaria de cultura, tendo abertura para dialogar com o governo municipal como nunca teve. Não adianta só ficar sentado na pedra reclamando da vida, esperando