ROCK IN RIO




Essa semana tem mais Rock in Rio, pelo menos eu acho (No momento que escrevo tentam suspensão na justiça por problemas no atendimento médico).

Tenho uma situação inusitada com o festival. Sempre achei bacana, tive vontade de ir, mas nunca passei nem perto dele e olha que só aqui no Rio foram cinco.

Sim, nós já tivemos Rock in Rio no Rio, em Lisboa, Madri e me arrisco a dizer que já tivemos em Rondonópolis e Belford Roxo. Aliás, curioso um festival se chamar Rock in Rio e nem sempre ser no Rio e ter rock. Mas como dizem, o rei do Mate não vende apenas mate.

Mas voltando ao assunto de minha relação com o Rock in Rio, ou falta dela, o primeiro foi em janeiro de 1985, era muito menino ainda e nem idade tinha para ir ao festival.

No segundo começava minha adolescência e não tinha companhia nem grana, no terceiro terminara um namoro de forma recente e não tinha cabeça para tal, no quarto estava em reta final de samba na União da Ilha e no quinto acho que não tenho mais idade para isso.

Pena já que o festival agora será de dois em dois anos e teria mais oportunidades para ir, quem sabe nos próximos não mudo de ideia e considero que sim, tenho idade.

Enquanto não consigo nem passar na frente da porta do Rock in Rio acompanho pela tv. Ritual que faço desde 1985 e que melhorou agora com o advento das redes sociais e os debates engraçados que lá ocorrem, além das tvs por assinatura que mostram o festival por completo e não apenas em flashes ou artista de forma específica.

Apesar de não ser fã da música internacional atual, a nacional nem considero muito porque as atrações são as mesmas há vinte anos e sempre apontadas como revelações como Jota Quest e Detonautas, sei da importância do Rock in Rio culturalmente e financeiramente para a cidade. Só não sei se agora ser de dois em dois anos será bom.

O legal do festival era a expectativa que ele gerava. O intervalo entre os quatro primeiros foi no mínimo de seis anos e isso produzia um novo cenário na música e novos consumidores da mesma. Artistas que nunca vieram ao país que eram esperados por um público que nunca foi ao Rock in Rio.

Intervalo de dois anos como ocorreu entre os dois últimos não dá tempo de ocorrer uma saudade. Nenhum grande artista surgiu nesse período e todas as grandes atrações já estiveram no país. O público que está no evento já conhece o festival e com tudo isso o que ocorreu foi uma diminuição da repercussão e expectativa com o Rock in Rio e nos últimos dias quantidade grande de pessoas vendendo ingressos por twitter e facebook.

Acredito que essa queda ainda seja pequena, mas com o passar do tempo esse intervalo pequeno de dois anos pode matar a galinha dos ovos de ouro. Transformar o Rock in Rio em um aniversário dos Supermercados Guanabara ou show do Criança Esperança sem Renato Aragão e com Dinho Ouro Preto.

Lembro do show do Guns em 1991, da Cássia Eller e a chuva de garrafas que levou Carlinhos Brown em 2001, do grande Stevie Wonder arrebentando em 2011, mas sem dúvidas para mim e para a maioria das pessoas o Rock in Rio mais marcante foi o de 1985.

Era tudo novo. O primeiro grande festival de rock do país em uma época em que o rock nacional explodia e o Brasil se transformava. Acabava a ditadura militar e o primeiro presidente civil foi eleito no meio daquele Rock in Rio.

De manhã o povo debaixo de uma bandeira do Brasil enorme se protegendo de uma chuva torrencial celebrava a eleição de Tancredo Neves no Congresso Nacional. À noite Cazuza com o Barão Vermelho e também uma bandeira do Brasil celebrava um “Brasil novo para uma juventude esperta”.

Festival eclético, como sempre foi a marca do Rock in Rio ,que teve de Ivan Lins a Nina Hagen. Festival que marcou a volta por cima do extraordinário James Taylor.

Grande artista que passou por problemas sérios com drogas e para sair daquele momento ruim ganhou de presente de sua ex esposa uma canção. Uma linda canção chamada “You`ve  got a friend”  e que ele cantou no Rock in Rio.

A canção e o artista entraram para a história do festival e o festival entrou para a história da canção e do artista. Impossível lembrar de um sem lembrar do outro e o Rock in Rio de 1985 foi determinante para a volta por cima dele. A importância do Rock in Rio na carreira e na vida de James Taylor é tão grande que ele fez uma música em homenagem ao Rio de Janeiro.

James Taylor


Grandes artistas, grandes momentos, mas se podemos resumir o Rock in Rio, não só aquele, mas toda a história incluindo Rock in Rio Lisboa, Madri, Rondonópolis ou Belford Roxo seu nome é Queen.

A banda inglesa, uma das maiores de todos os tempos, chegou ao Rock in Rio sendo uma de suas maiores atrações. Freddie Mercury e sua turma estavam no auge, cantando em estádios para grandes públicos e o Rock in Rio seria fichinha para eles.   

Não foi.

Seguramente a apresentação de “Love of my life” é o maior momento da história do Rock in Rio e um dos maiores momentos da história do Queen. Um emocionado Freddie Mercury regeu o gigantesco público que em uma só voz cantava a música em inglês. Todos viraram uma pessoa só, uma língua só em um momento que se eterniza, momento que parece fazer o tempo parar.

Momento que todo artista sonha e que fez um calejado Freddie Mercury parar pra respirar e dar um sorriso cúmplice ao restante da banda.

Em todos os Rock in Rio a produção do festival dá um jeito de homenagear a banda e a música. Mais que merecido.

O que ficará do Rock in Rio desse ano? Até agora tivemos bons momentos como shows da Beyonce e de Justin Timberlake, mas acho que nada ainda que fique para a história. Mas também não posso dizer que não ficará.

Quem escreve a história é o tempo.


Ps. A justiça liberou e o Rock in Rio continua. Minha trollada do começo durou nem uma coluna.



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