ERA DA VIOLÊNCIA 2: CAP I - O FIM E O COMEÇO
Voltando aos primórdios do blog. ao motivo que ele foi criado em meados de 2011 e foi utilizado até o começo desse ano aos sábados colocarei o passo a passo, capítulo a capítulo do livro que estou escrevendo. "Era da violência 2 - Os senhores da morte". Quem quiser ler o primeiro ele está nos arquivos do blog e sempre colocarei embaixo do texto link à ele. Serão vinte e cinco capítulos. Vamos ao primeiro.
O FIM DO PRIMEIRO LIVRO
Uma noite eu dormia e ela entrou
no quarto de camisola, linda. Despertei e olhei pra ela. Juliana então tirou a
camisola e ficou completamente nua. Antes que eu falasse algo deitou sobre mim,
colocou o dedo na minha boca como pra que eu não falasse nada e me beijou.
Fizemos amor. Não foi selvagem
como da última vez, não foi aquela coisa de rasgar roupas como quando tentamos
voltar. Foi uma situação mais romântica, apaixonada. Eram dois apaixonados
fazendo amor, dois corpos que se reencontravam depois de tantos anos. Não adianta
éramos almas gêmeas mesmo com todos os problemas que isso consistia, com o
proibido, nós nos amávamos.
Depois que terminamos ficamos ali
abraçados na cama e eu falava do quanto lhe amava e que iria lutar contra tudo,
contra todos e todos os dogmas principalmente pra ficar com ela. Juliana ficou
quieta. O tempo todo só eu falava.
Ela não sabia que éramos irmãos e
eu decidi que abriria o jogo. Contaria tudo pro meu amor e perguntaria se
Guilherme era nosso filho. Provaria assim que mesmo com relação incestuosa
tivemos dois filhos perfeitos e poderíamos
nós três ser felizes.
Juliana se levantou e foi em
direção ao armário. Abriu e enquanto pegava toalha pra colocar no corpo eu
falei que precisava contar uma coisa pra ela.
Ela nem me ouviu. Colocou a toalha
e abriu uma gaveta pegando uma pistola. Sem se virar pra mim disse que tomaria
um banho e que se me encontrasse na volta daria voz de prisão e me levaria de
volta ao presídio cumprindo seu dever. Falou que não lavaria sua cabeça então
eu tinha dez minutos antes que ela voltasse e ligasse pra delegacia próxima
pedindo viatura porque eu estive lá atrás dela e que eu não duvidasse.
Terminou e sem me olhar entrou no
banheiro do quarto.
Fiquei ali com cara de bunda
enquanto ouvi ligar o chuveiro. Conhecia Juliana e sabia que ela falara sério.
Escutávamos música no quarto e na
hora começou a tocar a nossa. Olhei pro
alto, cocei meu queixo, coloquei minha cueca com calma, peguei minha roupa
colocando no ombro e com tranqüilidade pulei a janela.
Nunca mais vi Juliana.
O tempo foi passando e a cidade
continuava a mesma coisa. Linda e perigosa. A era da violência não passava, as
pessoas andavam com medo nas ruas e a impressão que me dava era que esse tempo
não passaria tão cedo. Juliana era uma das que lutava por isso. Política mais
popular do estado alcançou o sonho do pai e se elegeu governadora tendo a
segurança pública como plataforma de campanha.
No dia da posse ela prometeu que
acabaria com o tráfico de drogas no Rio até o fim de seu mandato e elegeu o
novo chefe do tráfico na favela do Trololó como seu maior inimigo. Aquele que
ela caçaria dia e noite até colocar suas mãos.
Na favela o tráfico e a violência
voltaram a comandar. O Trololó era o maior ponto de vendas de drogas do Brasil
e era comandado por um homem violento, frio que não se importava nem um pouco
com a vida humana, só com o lucro.
Um viciado foi levado pro alto da
favela pelos soldados e o chefe chegou logo depois. O drogado todo
ensangüentado no chão pedia piedade e um dos soldados perguntou o que fazer. O
chefe respondeu “deixa comigo”, sacou uma pistola e deu um tiro na testa do
viciado. Virando-se depois e caminhando com seus soldados deixando o corpo pra
trás.
Ah..uma coisa que esqueci de
contar para vocês...
..o sanguinário novo chefe do
tráfico do Trololó era eu.
Eu juro que queria ter sido o
mocinho dessa história, mas a vida me fez bandido.
E você?
Ainda se sente seguro?
FIM
E quem disse que essa história
acabou?
O COMEÇO
O João Arcanjo é um cara legal.
Gosto dele, só que se meteu numas paradas erradas. Normal eu também me meti. O
cara desceu as escadas de casa com todo o peso do mundo nas costas e a
empregada lhe cumprimentou “bom dia seu João”.
O homem não deu muita atenção e
ela continuou “tem uma carta para o senhor aqui”. Com jeito de “foda-se” João
pegou a carta e a empregada completou “Vou ao mercado, trarei o iogurte que o
senhor gosta”.
Quase que o João mandou a pobre
senhora enfiar o iogurte no cu.
O homem, arruinado pela vida e
suas circunstâncias, pegou a carta e sentou. Abriu a mesma e começou a ler. Lia
atentamente a tudo até que soltou em um grito “filho da puta!!”.
Levantou e foi até uma gaveta da
sala onde pegou uma pistola. Colocou na cintura e tocaram a campainha.
João abriu a porta e tinha um cara
muito estranho na mesma que não parava de falar.
“Aí cumpadi, a parada ta sinistra
pro seu lado. Eu to aqui a mando do McGyver. Cadê a grana dele? O prazo acabou
parceiro, dá a grana ou tu vai comer capim pela raiz”.
Bem sério João pegou a pistola da
cintura e deu um tiro na testa do falador.
Lógico que um corpo no chão
provocou gritaria, alvoroço e arrastou uma multidão ao local. A empregada de João
chegava com as compras e deixou cair no chão. Enquanto todos se aproximavam um
furioso João Arcanjo andava como se nada tivesse acontecido.
Andava com a pistola na mão e
dizia “filho da puta, eu vou te matar”.
É..A história recomeça assim.
E você? Já se sente seguro?
Quem sou eu? Vocês já me conhecem.
Sou Gilberto Martins. Drogado, vagabundo, incestuoso, amigo de bandidos,
ocultador de cadáver, traficante, assassino e o mocinho dessa história.
Sim, o mocinho. Convivam com isso
que a era da violência está longe de terminar.
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