AMOR: CAPÍTULO 4 - CAMILA
A vida
prosseguiu sem nosso querido e inesquecível Jessé. Nossa turma continuou, os
quatro mosqueteiros agora eram três e Bia aos poucos deixava de ser a menininha
que queria nos acompanhar e foi virando mulher.
Como eu
disse em Búzios ela arrumou um namoradinho que acabou sendo seu primeiro
namorado sério, o Fernando que a gente chamava de Nando. O namoro virou coisa
séria e o que era amor de carnaval virou de uma semana, um mês, um ano, anos..
Os anos
iam passando e nada de encontrar novamente minha atropeladora. Eu continuava
sendo um rapaz introvertido e tímido mesmo de vez em quando ficando com uma
menina porque ninguém é de ferro, mas era raro. Geralmente as mais feias que
nenhum dos meus amigos queria. Ainda tinha em Pinheiro mais que um padrasto, mais até que um pai, um
grande amigo, meu melhor amigo.
Com ele
que abria meu coração, contava minhas dúvidas, planos e jogava futebol de botão
todos os finais de semana. Ele sempre me vencia por mais que eu comprasse
botões de galalite, madrepérola não adiantava nada. Ele colocava aqueles botões
velhos com nomes de jogadores antigos e me enchia de gols. No fim saía
assoviando e falava “Semana que vem tem mais patinho”.
`
Patinho.
Eu ficava fulo da vida com aquilo. Treinava a semana inteira, mesmo sozinho e
apanhava dele no fim de semana. Mas tudo bem, o mais importante é que ele era
um grande amigo e fazia minha mãe feliz.
Todos os
fins de semana eles iam a uma gafieira e davam show. Dona Hellen era uma grande
dançarina, dançava todos os ritmos possíveis com brilhantismo. Eu, evidente já
que não tinha talento nenhum na vida, não tinha coordenação motora e era
péssimo dançando. Parecia um menino com paralisia cerebral e desisti de tentar.
Como eu
disse os anos se passaram, cinco anos na verdade. Com dezoito anos decidi sair
de casa e aluguei um apartamento em Copacabana com Bia, Samuel, Nando e mais
uns malucos que passavam o dia fumando maconha e tocando violão. Eu dividia o
quarto com Samuel que passava o maior tempo na rua. Eu, ao contrário dele,
passava o maior tempo no quarto lendo e exercitando uma de minhas grandes
paixões. Ouvir música.
Gostava
tanto de música que decidi investir nisso. Comprei um som em sociedade com
Samuel e virei DJ. De vez em quando conseguíamos umas festas para tocar e assim
eu pagava meu aluguel e minhas contas. Não tinha luxo, nem dava pra ter com
dinheiro de DJ, mas dava pra me virar e quando as coisas apertavam recorria a
minha mãe, quer dizer, a Pinheiro já que minha mãe não trabalhava.
Quem não
morava com a gente era Guga, não precisava. A sua família também saiu da Ilha
do Governador, foi pro Leblon morar em um condomínio luxuosíssimo. Seu pai
ganhou muito dinheiro no mercado financeiro e a família enriqueceu.
Mas Guga
continuou o mesmo cara gente boa, amigo dos amigos. Estávamos sempre juntos
falando de nossas vidas, das faculdades que estávamos começando e relembrando
nossas histórias matando saudades de Jessé.
Guga
sempre fazia questão de lembrar a promessa que fizemos em Búzios quando fizemos
aquela deliciosa loucura. Prometemos que quando fizessem dez anos da viagem
voltaríamos à cidade para curtir o fim de semana e relembrar Jessé.
Tudo
caminhava bem em minha vida, as coisas mudavam aos poucos, afinal, eu crescia.
Só não mudava a saudade de meu amigo e a vontade de rever minha atropeladora.
Não tive
mais notícia nenhuma dela, nem sinal de fumaça, nada. Às vezes via alguma
menina na rua e sonhava que podia ser ela, mas nada, tudo acabava em
frustração.
Eu não
sabia explicar o que me ligava àquela doida que me atropelou. Eu só passara
alguns segundos com ela, o tempo de tomar a pancada, cair e ver seu rosto, mas
não esquecia. Aquela menina era especial, eu sabia que era e isso me bastava.
Mas não
sabia como encontrá-la e já perdia as esperanças.
Até que
um dia..
..Um dia
falava no celular com Samuel combinando uma festa que tocaríamos final de
semana. Eu andava apressado pela rua por estar atrasado para a faculdade,
reclamava com ele puto porque uma caixa de som queimara quando fui atravessar a
rua.
Atravessei
distraído, assumo, não vi que um carro se aproximava e acabei atropelado de
novo.
É amigos,
não dou sorte com carros.
Caído no
chão zonzo tentava me tocar para ver se estava vivo ou em “Nosso Lar” quando
ouvi a voz de uma mulher nervosa “Ai meu Deus do céu, eu não tive culpa, esse
doido atravessou do nada”.
Olhei
para a mulher e não acreditei no que vi. Eu conhecia aquele rosto, aquela voz. Abri
um sorriso e disse “atropeladora” antes de desmaiar.
Sim, era
ela, a atropeladora de Búzios.
Acordei
no hospital como da outra vez quando ouvi uma mulher conversando com outra que
pelo papo era a enfermeira. Achei que fosse a Bia e abri os olhos lentamente
pra me acostumar com a claridade quando percebi que era a atropeladora.
Ela me
olhou deitado e se despediu da enfermeira. Antes que cruzasse a porta do quarto
arrumei forças não sei aonde e gritei “espera”.
A menina
olhou pra mim e levantei a mão fazendo sinal com o dedo para que ela se
aproximasse.
A
atropeladora se aproximou e quando estava próxima eu sorri e disse “você me
atropelou em Búzios cinco anos atrás”. A menina colocou as mãos no rosto e
respondeu “ai que vergonha, eu sabia que conhecia você de algum lugar, mas não
lembrava de onde”. Rindo pedi que ela relaxasse e falei que talvez fosse
destino que ela sempre me atropelasse.
Ela riu e
mostrou o sorriso mais bonito que já vi na vida e tenho certeza que nunca verei
um igual. Nos olhamos um tempo e ela me disse para ficar tranquilo que eu não
quebrara nada. Respondi que estava no
lucro já que na vez anterior quebrara o braço e rindo ela disse que assumia a
culpa do primeiro acidente, mas naquele a culpa foi toda minha.
Não
resisti e comentei “você tem o sorriso mais bonito que já vi”. Ela ficou corada
de vergonha e percebi a audácia que cometera, pelo menos para um cara tímido
como eu. Pedi desculpas e coloquei culpa na morfina que tomara e me deixara
aéreo. Ela riu e respondeu “Você não tomou morfina”.
Nos
olhamos mais algum tempo naquele silêncio típico de quem não tem intimidade e
fica nervoso tentando achar alguma coisa para quebrar o gelo até que ela olhou
o relógio e disse que tinha que ir embora.
Despediu-se
de mim dizendo “até o próximo atropelamento” e caminhou para sair do quarto.
Quando estava na porta gritei “Espera atropeladora!!”.
Ela se
virou rindo e perguntando “Você não tinha um apelido melhor para me colocar?”. Respondi
que era para aquilo mesmo que chamara, para saber seu nome e ela respondeu.
Camila.
Nunca
mais o nome Camila foi um nome normal pra mim.
Ela
perguntou qual era o meu e respondi. Camila sorriu, deu tchauzinho com a mão,
disse “tchau atropelado” e saiu.
Saiu e me
deixou com um sorriso bobo nos lábios. Sorriso de apaixonado
que reencontrara seu amor. Fiquei tão bobo, tão idiota
com
aquele reencontro que só depois de um tempo me toquei que só pegara o nome. Não
pegara endereço, telefone, mais nada.
Me toquei
do quanto fui burro e levantei com aquela roupa de interno de hospital
praticamente com a bunda de fora e andei até o corredor carregando bolsa de
soro que estava no meu braço.
Andei por
tudo procurando e chamando por Camila até que uma enfermeira apareceu pedindo
que eu voltasse ao quarto. Descrevi Camila perguntando se ela vira e a mulher
respondeu que sim, mas já tinha ido embora.
Voltei
para o quarto e deitei desolado pensando que demoraria mais cinco anos para
rever minha atropeladora.
Comecei
até a torcer para ser atropelado.
Alguns
dias depois saí do prédio e caminhava em direção ao ponto de ônibus quando
atravessei a rua e um carro freou bruscamente em cima de mim. Uma mulher
irritada colocou a cabeça pra fora da janela e gritou “Olha por onde anda!!”.
Olhei a
mulher e sorri respondendo “Não pode ser! Atropeladora!”.
Sim. Era
Camila.
Caminhei
até sua janela e ela rindo disse “Não é possível que eu já ia te atropelar pela
terceira vez, é karma isso e pare de me chamar de atropeladora”. Pedi desculpas
e agradeci por daquela vez não ter me atropelado.
Fizemos
aquelas perguntas de praxe do tipo “Como você está?” fingindo uma intimidade
que não tínhamos quando ela perguntou “Está indo pra onde?”.
Respondi
que estava indo para a faculdade dando o nome da instituição e Camila completou
“Estou indo pra lá, quer carona?”. Respondi “Claro. Melhor dentro do seu carro
que embaixo dele”.
Dessa
forma fomos juntos para a faculdade.
Conversamos
um pouco no carro contando de nossas vidas um para o outro e entrei em sala de
aula andando nas nuvens. Bia, que estudava na mesma sala, perguntou o que eu
tinha e respondi “Fui atropelado pelo amor”.
Que
brega.
Naquele
dia nem prestei atenção nas aulas e quando saía da faculdade ouvi barulho de buzina.
Quando olhei percebi que era Camila. Da janela ela disse “Entre antes que eu te
atropele”.
Camila me
deixou em casa e quando me despedi e virei para entrar ela gritou “espera”.
Virei e
voltei ao carro. Camila sacou uma caneta, pegou minha mão e escreveu nela. No
fim disse “É meu telefone, me liga pra irmos juntos para a faculdade”.
Respondi
que sim, mas com uma condição. Ela teria que me deixar rachar a gasolina. Ela
topou e nos despedimos. Eu entrei, deitei na minha cama e não consegui dormir
naquela noite.
Ficamos
amigos. Camila era de Búzios e estava há pouco tempo no Rio de Janeiro não
tendo conhecidos ainda, acabou que virei amigo dela. A cada ida e volta de
carro abríamos mais de nossas vidas um para o outro, criávamos mais intimidade,
mas eu não conseguia dizer que a amava.
Era
tímido, travava. Como dizer para Camila que era apaixonado por ela há cinco
anos? Desde que me atropelou quando nós devemos ter nos visto ali por uns dez
segundos? No mínimo ela acharia que eu era tarado.
Um dia
estava no quarto deitado, ouvindo música e pensando nela quando bateram na
porta. A princípio não ouvi de tão concentrado que estava nas músicas. Mas com
a batida mais forte percebi e gritei “Já vai Samuel, parece que vai tirar o pai
da forca”.
Imaginei
que fosse Samuel querendo entrar já que a porta estava trancada. Levantei, abri
a porta e tomei um susto dizendo.
-
Camila!!
Ela ficou
sem jeito, pediu desculpas e perguntou se fazia mal estar ali, que encontrou a
porta aberta e decidiu entrar. Respondi que não e convidei a entrar em meu
quarto.
Meu
quarto estava uma bagunça. Tirei quinquilharias que guardava em cima de uma
cadeira jogando no chão e lhe convidei para sentar. Camila sentou e perguntou
“Vamos sair?”. Perguntei para onde e a menina respondeu “ver a vida”.
Achei
bonitinho que ela dissesse aquilo, mas argumentei “ver a vida é muito vago,
fazer o que especificamente?”. Eu tinha deixado o som
ligado e naquele momento começou a tocar a balada “Don't Want To Say Goodbye”
dos Raspberries.
É difícil
alguém de nossa geração conhecer Raspberries. Ela parou para ouvir e depois de
alguns segundos disse “é linda”. Respondi se tratar de “Don`t Want To Say
Goodbye” e Camila contou que conhecia. Seus pais ouviam muito em sua infância.
Do nada
Camila estendeu sua mão para mim e pediu “Dança comigo?”.
E ali
ficamos os dois dançando. Eu que era um péssimo dançarino apesar de ter uma mãe
expert. Juntei meu corpo ao dela e dançamos aquela balada de amor antiga.
Sabe
aqueles momentos que queremos que se eternizem? Que nunca mais acabem? Pois é.
Aquele foi um desses em minha vida. Nossos corpos colados, a cabeça de Camila
encostada em meu peito e eu conseguia sentir sua respiração enquanto meu
coração batia acelerado colado em sua cabeça. Eu não dançava, flutuava e me
sentia como dentro de um sonho.
Ficamos
minutos ali sendo duas pessoas, mas na verdade sendo uma só. Camila me olhou no
momento que olhei para ela e ficamos os
dois ali nos olhando, bocas próximas. Eu tremia, boca seca, respiração ofegante.
Sabia que era a chance de beijá-la. Me aproximei mais um pouco e...
..pisei
em seu pé.
Camila se
desvencilhou rindo e disse que tentei arrancar seu dedo mindinho. Eu não sabia
onde enfiar a cara implorando perdão e ela rindo
respondeu “fica pelos atropelamentos”.
Aquilo me
desconcertou e também ri. A música acabou, Camila sorriu pra mim aquele sorriso
que nunca esquecerei pro resto de minha vida e repetiu o convite “Vem, vamos
viver”.
Saímos.
Passeamos pela orla, Copacabana, Ipanema, tomamos água de coco, jogamos água um
no outro e no fim do dia paramos nas pedras do Arpoador.
Olhando
pro horizonte comecei a cantarolar a música do Raspberries e Camila perguntou o
que a letra queria dizer. Respondi que a tradução do título era “Não quero dizer
adeus” e contava de um casal que se amava e estava separado.
Camila
sem olhar pra mim e ainda olhando o horizonte me perguntou “O que é o amor pra
você?”. Pensei em responder “Amor é
dançar com uma pessoa e querer que a música nunca acabe”.
Mas me intimidei.
Pensei um pouco e acabei respondendo “Não sei, acho que ainda não conheci o
amor”.
Camila
levantou, se espreguiçou olhando o por do Sol e me deu a mão para que
levantasse dizendo “às vezes a gente encontra o amor e nem percebe de cara”.
É..às vezes
encontra e não tem coragem de confessar.
Ela me
deixou em casa e antes que eu descesse do carro me fez um convite “Eu faço
dança no salão que tem na esquina da minha rua. Se quiser posso te ensinar a
dançar”. Respondi que era besteira, eu era de uma
família de dançarinos e ela completou sorrindo “o convite está feito”.
Como eu
disse, realmente eu era de uma família de dançarinos e feria mortalmente meu
ego receber convite da mulher que eu amava para aprender a dançar. Por outro
lado era uma chance a mais de estar com ela, passarmos alguns momentos juntos.
Na semana
seguinte fui ao salão de dança e da porta fiquei vendo Camila com roupa de
bailarina se exercitando sozinha em barra e ouvindo música clássica. Impossível
não se apaixonar cada vez mais por essa mulher e eu a cada olhar para ela me
sentia menor, mais diminuído de tanta veneração que sentia.
Camila
percebeu minha presença e se virou para mim sorrindo e dizendo “você veio”. Eu
da porta perguntei se o convite estava de pé e ela me pediu apenas que
esperasse trocar de roupa que ela já voltava.
Voltou
cinco minutos depois e perguntou que tipo de música eu dançava. Presunçoso
respondi “de tudo um pouco” e ela falou “vamos começar por bolero então”.
As aulas
foram um desastre. Eu realmente era péssimo e não consegui acertar em nenhum
ritmo. Camila com extrema paciência ia me orientando, mudando o ritmo e eu não
acertava. No fim da aula me disse “vamos ter trabalho”.
Pronto.
Fiquei com orgulho ferido e respondi “vou dançar igual o John Travolta”. Ela
riu como não acreditando e vi um cartaz ao lado da sala anunciando um concurso
de música. Perguntei para ela onde era a inscrição e Camila respondeu “Numa
sala do segundo andar,
por quê?”.
Peguei
sua mão e subi correndo com ela até o segundo andar. Chegando lá perguntei e
descobri o local exato de inscrição enquanto ela me perguntava o que eu ia
fazer. Encontrei uma pessoa no local e disse “queremos nos inscrever”.
Camila
perguntou se eu ficara maluco enquanto a pessoa me deu uma ficha de inscrição.
Eu não dei ouvidos a Camila e apenas perguntei seu nome todo. Ela me respondeu
e entreguei a ficha preenchida pra pessoa que me disse “Faltou dizer o ritmo
que vão dançar”.
Olhei
fixamente Camila e respondi “bolero”.
Do lado
de fora do salão Camila e eu entrávamos em seu carro para irmos embora e ela me
perguntou “você ficou maluco?”. Respondi “você não disse que às vezes o amor
chega e nem percebemos? Percebi o meu pela dança”.
Mentira.
Meu amor por ela era tão grande que me permitia correr riscos.
Mas não
era bobo. Sabia que era péssimo dançarino e no dia seguinte estava na Ilha do
Governador pedindo ajuda pra dona Hellen. Minha mãe perguntou o que ocorria e
respondi “tenho um mês para aprender a dançar”.
Entreguei
a ela um cd do Luis Miguel e ela colocou pra tocar. Mesmo cd que no dia
seguinte entreguei na mão de Camila no salão e disse “vamos ganhar esse
concurso”.
Eu
treinava todos os dias. Um dia com minha mãe, outro com Camila. Mal descansava,
mas era questão de honra dançar bem e vencer aquele concurso. Tinha um mês para
virar um dançarino.
Treinava,
errava e voltava a treinar. Treinava com afinco, com dedicação que poucas vezes
me dediquei a algo na vida. Tudo por Camila. Tudo para vê-la feliz e orgulhosa
de mim.
Até que o
dia chegou.
Cheguei
bem vestido, com gel no cabelo e Camila linda,com um vestido vermelho e flor no
cabelo me esperava com um sorriso no rosto. Ela estava linda demais e me
hipnotizava, a vontade era de declarar ali mesmo meu amor.
Ela
perguntou se eu estava nervoso e respondi que não. Mentira. Tremia mais que
vara verde, ainda mais que sabia que todos meus amigos e familiares estavam ali
para assistir.
Os
concorrentes foram se apresentando e nós da coxia esperávamos. Camila pegou
minha mão e sentiu que estava gelada. Pediu que eu relaxasse me dando um beijo
no rosto.
Chegou
nosso momento e com carinho ela disse “vem”. Entramos e o dj começou a tocar
nossa música “el dia que me quieras” na voz de Luis Miguel. Peguei em sua
cintura e nos olhamos fixamente. Começamos a dançar.
Por mais
que eu não fosse um grande dançarino até então era assim que nos entendíamos
melhor, dançando. Eu melhorara muito e consegui fazer tudo direitinho como
ensaiamos. Camila, apesar de ser a dama, me conduzia para que eu não fizesse nada errado.
Fui relaxando durante a apresentação e demos um show. Eu estava cada vez mais
apaixonado e o grito de “eu te amo” sufocava meu peito querendo sair.
No fim
colamos nossos rostos e lágrimas saíram de meus olhos. Eu estava emocionado.
Balbuciei obrigado enquanto ela respondeu “você foi maravilhoso” e ouvíamos os
aplausos do público.
Nos
viramos para agradecer e foi bacana ver tanta gente que eu gostava ali
aplaudindo. Tive a impressão até de ver o Jessé.
Ficamos
na expectativa do resultado que começou do terceiro lugar em diante. Faltava o
primeiro lugar. Camila segurou a minha mão e apertou com força até que foi
anunciado.
- Camila
e Antonio!!
Camila me
abraçou com força, muito feliz e me deu um beijo no rosto. Ela me puxou para o
centro do palco para recebermos o troféu e um cheque enquanto todos nossos
amigos invadiram o local para nos cumprimentar. Eu com o troféu na mão abraçava
um a um e perguntava por Camila.
Aquele
era o momento. Não tinha melhor. Estávamos felizes, unidos e ali era o momento
certo de lhe dizer que amava.
Consegui
me desvencilhar das pessoas e saí perguntando por ela até que encontrei.
A cena
que vi também nunca mais saiu da minha mente. Mas ao contrário das citadas
anteriormente aquela deixou meu corpo gelado.
Foi como se o chão sumisse debaixo de mim.
Encontrei
Camila beijando Guga. Sim, meu amigo Guga.
Eu não
tinha reação. Me senti destroçado, destruído. Guga me viu e foi me abraçar
dizendo “você é foda moleque!!”. Agradeci com sorriso amarelo e pegando na mão
da mulher que eu amava ele disse “vamos para um restaurante, hoje é tudo por
minha conta!!”.
O pessoal
comemorou e foi saindo atrás de Guga. Um a um até que fiquei sozinho no palco.
Bia voltou e perguntou se eu ia e respondi “já estou indo”. Ela sorriu e saiu.
E eu
fiquei ali. Sozinho olhando em volta aquele lugar vazio. O meu coração igual. Vazio,
mas ao mesmo tempo recheado de amor e tristeza.
A luz do
palco parecia toda sobre mim e naquele instante uma lágrima rolou sobre minha
face. Limpei o choro e caminhei até a saída.
Deixando
ali toda minha esperança de ser feliz no amor.
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