UMA ELEIÇÃO PARA A HISTÓRIA


* Coluna publicada no blog "Ouro de Tolo" em 2/11/2014



Acabou. Bem, pelo menos para aqueles que prezam pela democracia acabou, mas sempre tem uma meia dúzia de idiotas que não aceitam perder e tentam prolongar aquilo que a maioria decidiu e ele insiste em não aceitar. Mas uma hora terão que aceitar. Acabou.

Acho que todo mundo já falou sobre as eleições de 2014, seu fim e seus desdobramentos, mas eu ainda não. Por escrever aqui aos domingos coube a mim a honra de ser o autor da última coluna antes das eleições, a coluna do dia da mesma. Por ser o colunista de domingo devo também ser o último a tocar no assunto. Uma semana já depois do ocorrido.

Mas não podia ficar de fora.

Não podia depois da coluna que fiz domingo passado. Contundente, escolhendo um lado como não costumo fazer. Não me arrependo porque tem certos momentos na vida em que você se posiciona ou se omite e eu preferi me posicionar. Mesmo que um dia eu tenha motivos pra me arrepender não irei porque acreditava naquele momento que era o certo.

O PT e seus aliados de vez em quando tentam me mostrar que posso estar enganado, mas aí vem os oposicionistas pra me darem certeza que não. Não bastasse o golpe que a Veja tentou no fim de semana e já provado que era golpe tanto que tomou direito de resposta na “venta” e agora existe um disse me disse de um contradizendo o outro sobre quem falou, o que falou e como falou outras coisas ocorreram naquele fim de semana que já é histórico.

As redes sociais são maravilhosas, servem pra estancar golpes como os tentados no fim de semana e que fatalmente dariam certo como na eleição de 89, mas servem para o outro lado também. O terrorismo como no caso do doleiro que teria sido envenenado no sábado pelo PT, morrido, ressuscitado e morrido de novo. Tudo isso em 24 horas.    

No fim o cara está vivo e já teve alta.

Mas quanto de estrago poderia causar capas como da Veja que protelou ao máximo dar o direito de resposta exigido pela lei e o terrorismo do morre, não morre do doleiro?

Poderia fazer da eleição de 2014 a maior da história. Como eu disse, 89 sempre foi o parâmetro de uma eleição histórica por tudo que ocorreu nela. Primeira eleição democrática depois de quase trinta anos, nível dos candidatos, entrada e saída de Silvio Santos, virada de Lula sobre Brizola, jingles, luta acirrada entre Collor e Lula, debate editado, fim de sequestro em dia de eleição, teve de tudo.

Mas acho que essa superou.

Começou como uma eleição modorrenta com o PT com problemas na economia e num mar de lama de corrupção caminhando tranquilo para vencer no primeiro turno mesmo com as manifestações de julho de 2013.

Mas a morte de Eduardo Campos mudou tudo.

Morte dramática, entrada de Marina, Marina líder, Aécio aniquilado, Marina minada, escândalo da Petrobras, Aécio vencendo debate e passando Marina, golpes baixos, aeroportos, parentes trabalhando no serviço público, Dilma passando mal, marqueteiros virando celebridades, institutos de pesquisas errando, Brasil dividido..

..ufa..coisas demais.

Vão cortar o bolsa família? Brasil vai virar Cuba? Vão privatizar a Petrobras? Dilma e Lula sabiam de tudo? Pedro Migão realmente é gay e vive no armário? Muitas perguntas, muitas situações para a cabeça de um povo que teria que decidir seu futuro  numa urna.

E claro. Uma eleição tensa dessas teria que ter um fim dramático.

Enquanto o carioca já sabia que o coisa ruim tinha vencido o capiroto e o restante do país ia conhecendo os  governadores nada de votação presidencial. Por quê? Por algo que a gente teimava em não acreditar e da maneira mais “zoeira” mostrou que sim, existia.

Não. Não era Papai Noel nem título internacional do Fluminense.

O Acre.

Como diria um samba da Grande Rio o Acre da Bolívia ganhei e ganhei para durante três horas, até que acabassem as votações no estado eu pedisse desculpas por duvidar dele. As eleições ganhavam contorno dramático e de incerteza como uma final de samba-enredo em que temos que esperar o anúncio pra saber quem venceu. A diferença era que nessa disputa de samba-enredo nada vazava antes e eu acreditava que não teria junção.         

Depois ficamos sabendo que alguns resultados errados vazaram, selfies foram tiradas e postagens de pretensos humoristas tiveram que ser apagadas. Horas de loucura.

Oito horas viraram “a hora”. O Brasil parou parecendo uma final de copa do mundo. Aliás, lembrarei desse dia quando acusarem o brasileiro de só se interessar por copa do mundo.

Os minutos passavam, uma espécie de contagem regressiva se iniciou, dava pra se ouvir o coração batendo mais forte..Três minutos, dois minutos, um minuto, até que...

....Dilma.

Venceu quem apostou que mudança pode vir com continuidade, quem aprovou os projetos sociais, quem viu que mais pessoas tiveram oportunidades e cresceram na vida, quem não quis arriscar voltar a um passado que se não era tão ruim quanto o passado desse passado também não viu necessidade desse retorno.

Venceu quem sabe que esse governo tem muitos problemas, tem muitas coisas a explicar para a nação, mas que mesmo assim decidiu dar um crédito de confiança.

Por falar nesses problemas. Precisava ser com tanto sofrimento PT? Aprenda a lição. A arrogância leva a isso.

País dividido? Falácia, babaquice. Apesar de alguns energúmenos xenófobos pregarem uma separação aproveitando-se assim para mostrar todo o seu desprezo ao povo nordestino (esquecendo que Aécio perdeu a eleição por causa de sua terra) e a todos que não pensam igual a eles vejo o Brasil crescido, forte, amadurecido.

Um país que passou pela eleição conturbada que passou, disputada até o fim, com ânimos acirrados, mas em nenhum momento vimos nossa democracia ameaçada. Apesar de alguns boçais falarem o contrário em nenhum momento Brasil lembrou Cuba. Todos nós pudemos nesses meses exercer nosso direito de pensar e emitir opiniões.

Não somos todos Dilma, mas quem tem um pouco de inteligência torce por seu sucesso a partir de agora, porque o Brasil depende de seu sucesso e fracasso.

E nós “brigamos” esse tempo todo por isso não? Por um Brasil melhor.     

Um Brasil unido em sua vontade de ser um país melhor.

E ele há de ser melhor.

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