UM ANO COM ELE




Se passou um ano. Incrível como passou rápido e ao mesmo tempo lento. Rápido porque realmente parece que foi ontem, tudo está muito cristalino na minha mente. Lento porque aconteceram tantas coisas, tanto sustos e alegrias...

Gabriel Ataíde de Jesus Villar. Gabigol, Gagá, Biel, pequeno Messi, mini Ferris, tantos apelidos..guerreiro e vencedor caem melhor nele. O menino de olhar pidão, aparência frágil e que enfrentou a morte. Enfrentou e venceu com a dignidade de um legítimo campeão.

Nasceu já em “um parto” em todos os sentidos já que sua mãe teve dificuldades de conseguir que fizessem o mesmo tendo que mudar de hospital para realizar. Nasceu como um presente de aniversário meu, meus 37 anos e dos 80 anos de minha avó.

Todo o simbolismo do 9 de agosto presente ali. Uma dinastia da família.

Veio pra casa pequenino, menino chorão e logo começaram os primeiro sustos. Toda a “marra” que sempre tivemos em falar que a Bia nunca ficava doente perdemos com ele. Com menos de dois meses parou doentinho na UPA e o que era coisa normal de criança virou internação.

Virado, revirado e furado na UPA sem que achassem o problema. O pequenino que nem 50 dias tinha numa cama de hospital tendo que fazer exame de sangue e a gente virando o rosto para não ver seu sofrimento. Adultos covardes, menininho corajoso. Chorava, mas aguentava firme o que a vida lhe aprontava logo no início.

Sem achar solução foi transferido de hospital. No caminho um médico irresponsável ventilou as hipóteses de leucemia e meningite. 

Transtornado procurava no google os sintomas das duas doenças e suas consequências. Transtornado cheguei a pedir que fosse meningite porque era menos pior, como se menos pior pudesse ser coisa boa.

Michele e Renata, guerreiras, se revezando para ficar com ele, eu passando alguma madrugadas junto a outras mães que acompanhavam seus filhos. Madrugada daquele hospital era fria, escura e deserta. Só eu acordado, andando pelo corredor com ele no colo chorando e perdido em meus pensamentos.

O que ele tinha afinal? Por quê tanto sofrimento com um menino tão pequeno e inocente? Como pode um menino de 50 dias ficar internado se eu com 37 anos nunca fiquei?

Um filme de terror passava na minha cabeça. As idas ao hospital me lembravam idas passadas para ver minha mãe. Sempre na esperança da melhora e de sua saída até que as esperanças acabaram dentro de um caixão.

Deus, por favor, de novo não, com ele não. Só isso que eu conseguia pedir. Era o mantra que eu repetia para tentar ficar forte e aparentar força enquanto o mundo desmoronava em volta.

Por favor, com ele não.

E com ele não foi.

Teve mais uma pequena internação de poucos dias, mas foi prosseguindo em sua jornada de luta, foi crescendo. Cabelo caiu, cresceu de novo, ficou careca e agora parece um argentino. Dentes nasceram, começou a engatinhar, continua um menino chorão e começa a arriscar os primeiros passos.

O irmão da Bia, o meu segundo filho, mas o meu molecão. Garoto que tanto mudou, tanto lutou, mas duas coisas prosseguem com ele desde seu nascimento e o tornam especial. O olhar de menino pidão que cativa a todos e o sorriso que é a coisa mais linda do mundo.

Como eu disse Gabriel foi meu presente de aniversário, mas não apenas disso, ele é meu presente diário. Gabriel nos ensina a cada dia que guerreiros não precisam ser gigantes, fortes, imponentes. Guerreiros são frágeis, chorões e vencem. Sempre vencem.

Gabrielzinho brocador, um dos maiores vencedores que já conheci e nem um ano tem ainda, fará amanhã.

Obrigado por me ensinar tanto.     

  

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