UM POUCO SOBRE PAIS E FILHOS
*Coluna publicada no blog Ouro de Tolo em 10/8/2014
Mais um
dia dos pais chegou, antes do mais nada quero desejar um excelente dia a todos,
que curtam muito com seus pais e filhos. Feliz aquele que tem os dois presentes
na vida.
Sempre
foi uma época muito importante para mim, não por meu pai, mas por mim mesmo já
que é o período de meu aniversário. Faço aniversário dia 9. Nesse ano um dia
antes do dia dos pais.
Dia dos
pais mais do que especial pra mim. Por todas as conquistas que tive nesses
últimos 12 meses, conquistas que vieram depois de momentos dramáticos. Pelos
dois filhos maravilhosos que tenho hoje. Um casalzinho que faz toda a diferença
na minha vida e que amo cada vez mais.
E pelo
pequeno Gabriel, meu pequeno guerreiro que fez um ano ontem. Um ano de lutas, sobrevivência
e vitórias.
Vejo as
relações entre pais e filhos, todo o carinho e amor entre amigos, conhecidos ou
mesmo pessoas que observo e acho bacana. Mais do que achar bacana finalmente
consigo entender.
Consigo
entender porque costumo dizer que sou órfão de pai e mãe, a diferença é que só
minha mãe morreu.
Meu pai é
um cara vitorioso, assim como Gabriel. Sofria grave problema de alcoolismo que
fatalmente um dia lhe levaria a cova. Um dia, do nada, decidiu que iria parar de beber e parou.
Isso já
faz 19 anos. Parou de beber por conta própria, sem procurar por AA nem nada
parecido e nunca mais voltou. Sem dúvidas, uma grande vitória.
Meu pai é
uma pessoa popular. Querida pelas pessoas da área, com uma série de amigos,
ninguém tem um A pra dizer dele. Pessoa carismática, ex passista do Boi da
Ilha, meu pai é um cara tão gente boa, tão boa praça que até mesmo eu procurava
atenuantes para ele.
Não
lembro do meu pai em uma festinha minha de colégio, acho que aqui em casa veio
em uma. Não me lembro de ganhar presentes dele nem de receber um feliz
aniversário ou feliz Natal. É, para as pessoas comuns parece estranho saber que
um pai nunca desejou ao filho um feliz aniversário ou feliz Natal.
Mas foi
assim com a gente e sempre respondi “É meu pai, gente boa, ta tranquilo. Não
era preparado pra ser pai”.
Mas aí eu
virei pai e percebi que a situação não era bem assim.
Se ele
não era preparado pra ser pai eu menos ainda. Eu não tinha obrigação nenhuma,
poderia estar na minha sem preocupações em criar ninguém, com meu dinheiro todo
pra mim e procurei essa responsabilidade.
Me
estresso no dia a dia para criar o dois. Conto moedinhas, deixo de fazer coisas
que gosto, tudo para que eles sejam crianças felizes, se eduquem e não falte
nada. Deixo de comprar uma coisa gostosa para comprar pra Bia, deixo de sair de
noite para tomar conta de Gabriel e faço isso tudo com satisfação.
Sinto
saudades deles, me emociono ouvindo gravação da Bia cantando em meu celular,
passei madrugadas em hospitais com Gabriel e cada vez menos entendo meu pai.
Entendo
menos ainda o fato dele ter dois netos maravilhosos e nunca ter vindo aqui em
casa conhecer o dois. Falo nem do Gabriel que fez um ano, mas a Bia que fez
cinco em maio.
Mas
compreendo. Só moro nessa casa há trinta e oito anos, muito pouco tempo.
Aí eu
amplio o horizonte e lembro que desde que minha mãe morreu o único familiar
paterno que me procurou foi um tio para vender vassouras. Pior que teve uma
época que pessoas me cobravam dizendo que tinha que procurar meus avós.
Mas não
adianta. Não adiantam nomenclaturas quando não se cria o afeto.
Esse
texto de hoje não era pra ser tão pessoal, mas acabou sendo apenas para dizer
que assim como eu praticamente não tenho relação com meu pai e tenho uma
intensa com meus filhos acredito que nós, eu e vocês leitores, temos que
aproveitar muito essas relações pai e filho.
Ninguém
sabe o dia de amanhã. Ninguém sabe o dia que perderemos nosso pai ou que não
teremos mais saúde para brincar com nossos filhos. Comecei a fazer caminhada,
dieta, me cuidar não por visual, claro que isso também faz bem, mas por eles.
Para ter uma vida saudável ao lado deles onde eu não falte tão cedo e possa
brincar com eles.
Uma
simples brincadeira como jogar bola ou polícia e ladrão vale mais que um sermão.
Nesses pequenos momentos como acompanhar juntos o futebol, jogar botão,
conversar tratando o filho como igual, não um retardado e conquistando a sua
confiança a ponto de ser seu porto seguro nas dores de coração que levamos para
nossa eternidade.
Nada
adianta termos muitas conquistas pela vida, seja profissional ou financeira, se
somos derrotados dentro de casa.
Somos
extensões de nossos pais que passam por nós e vão até nossos filhos. Reflexos
ligados por espelhos que se eternizam através de um olhar que mostra a alma.
Não uma alma, mas a alma porque descobrimos que todos temos a mesma alma.
Não tenho
mágoa de meu pai. Meu coração tem tanto amor por meus filhos que não cabe esse
sentimento nele. Tenho pena. Pena por não ter vivido comigo o que vivo com
eles.
Pena que
não quero sentir de vocês então encerro aqui a coluna e faço um pedido.
Desliguem o computador e vão brincar com seus filhos que o dia hoje é de vocês.
Que todos
os dias sejam nossos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirobrigado amor <3
Excluir