AS MULHERES DE ADÃO: CAPÍTULO XVIII - TAÍSA


Um é pouco, dois é bom, três é demais já dizia o ditado, como eu era o terceiro dancei. A paz voltou praquela família e eu levei um pé na bunda. Faz parte.

Pelo menos pararam as dores de dente.

Como vocês podem ver tomei muitos pés na bunda na vida. A mesma facilidade que eu tinha pra conquistar alguém eu tinha pra perder por meter os pés pelas mãos. Minha vida amorosa foi sempre atribulada demais com idas, vindas, pessoas totalmente diferentes uma da outra. Era bom, mas dava trabalho.

Aquele número enorme de mulheres presentes ao meu velório mostrava bem a situação.

Ele prosseguia. Ninguém percebeu, mas tio Freitoca foi embora com os mendigos “encher a cara”.
Acho que na verdade ninguém sentiu falta até porque a bagunça voltou ao velório.

De repente umas pessoas com chapéu de cowboy, botas com esporas, camisas listradas e jeito caipira entraram no velório. Na frente uma dupla de irmãos. Um deles começou a tocar violão e o outro cantava. Era uma linda música em minha homenagem. Fiquei emocionado.

A dupla contou que eu sempre fui uma inspiração pra eles. Graças aos meus conselhos lançaram um cd que vendeu cinco milhões de cópias, faziam cento e quinta shows por ano e tinham milhões na conta bancária.

Fiquei com inveja

Pra finalizar contaram que lançariam um cd em minha homenagem cantando de forma sertaneja as músicas que eu  mais amava na vida. Tai..fiquei curioso de como eles cantariam “Starway to heaven” do Led Zeppelin como moda sertaneja.

Nesse momento um homem pegou um microfone e começou a narrar como se fosse um rodeio.

“Segura peão!!! Água morro abaixo, fogo morro acima, mulher quando quer dar ninguém segura!! Viemos aqui hoje homenagear o melhor peão da história de Barretos!! Aquele que conseguiu ficar duas horas em cima do touro terrorista e até unhas cortou em cima do touro domado!! Segura peão!! Segura Adão!!”.

Eu era foda né? Pode falar.

Naquele momento, não sei de onde surgiu, apareceu um touro mecânico e o locutor fez desafio para que os participantes do velório subissem.

Um ficou olhando pro outro sem saber o que fazer enquanto o locutor insistia. Meu avô, macho pra caramba, disse que era um homem do campo então seria moleza pra ele.

Ficou nem três segundos.

Outros tentaram depois e todos caíram rapidamente até que Edu falou que tentaria. Eva riu e falou que ele nem conseguiria subir, mas Edu conseguiu e mandou que ligassem o touro no máximo.
Ligaram e ele foi ficando, ficando, ficando, chegou a cinco minutos. Um fenômeno que recebeu gritos entusiasmados do locutor contando que tinha ali um novo campeão pra Barretos.

Eva espantada perguntava a Edu como ele conseguiu. Nesse momento ele desceu do touro e com um sorriso safado disse pra minha irmã.

“Eu gosto de sentar”.

Que situação..

..eu nunca fui pra esse lado de “sentar” na minha vida, mas já tive que fingir.

O carnaval se aproximava e eu nem pensava mais em Rayane e Simone, queria era curtir aquele que era pra mim o momento mais feliz do ano. Peguei meu tamborim e não perdia um ensaio da Unidos do Bebezão. O ensaio pegava fogo, cheio de gente bonita, calor, artistas, celebridades.

E eu lá na bateria tirando onda até que uma noite tudo mudou pra mim e evidente que tinha a ver com mulher. O presidente pegou o microfone no palco e anunciou que a escola teria uma nova rainha de bateria e mandou que subisse ao palco a beldade que se chamava “Taísa bumbum”.

Quando ela subiu entendi o porquê do “sobrenome”.

Amigos, a morena era espetacular. Bumbum arrebitado, micro vestido e um sorriso lindo. Conhecia Taísa de algumas revistas masculinas, ela era do tipo “mulher desejada”.A bateria fez um rufar pra ela e depois começou a tocar para que ela sambasse. Dezenas de fotógrafos foram pra baixo do palanque fotografar a moça sambar e eu babar por ela.

Taísa percebeu que eu não tirava os olhos dela e deu um sorriso me dando uma piscada.

Não..será que um mulherão daquele estava me dando mole? O ritmista que estava ao meu lado também percebeu e falou “ih, acho que você se deu bem”. No intervalo ela foi pro camarote presidencial. Como eu também era uma celebridade fui ao local e fiquei um pouco afastado enquanto várias pessoas iam até Taísa tirar fotos e conversar.

Ela as vezes me olhava e eu pensava que aquilo não era possível, até que ela por um milagre ficou sozinha e eu resolvi arriscar indo até seu encontro. Cheguei com dois copos de uísque e ofereci um a ela que retrucou que não bebia. Meu primeiro fora.

Deixei o copo de lado e Taísa contou que era minha fã, tinha meus livros e assistia sempre meu programa. Respondi que ficava feliz com seu interesse por mim e emendamos um papo.

Papo foi fluindo de forma satisfatória e perguntei no fim do ensaio se ela não queria continuar tomando uma água de coco em um quiosque de Ipanema já que ela não bebia. Taísa sorriu e aceitou.
Fomos pra lá e ficamos batendo papo enquanto o Sol nascia. Taísa olhava encantada o Sol nascer e falava de sua vida, o quanto fora difícil e ela batalhou pra chegar até ali. Em um momento ela deixou uma lágrima cair e limpei. Nessa hora nos beijamos.

Em alguns minutos estávamos no meu apartamento tirando a roupa e entrando no quarto pra transar.
Foi uma transa muito gostosa e na manhã seguinte Taísa estava na minha cama quando cheguei com café da manhã e o jornal. Deliciávamos com o café abraçadinhos e curtindo o momento quando olhei a capa do jornal e ri falando que ela estava lá.

Taísa pediu pra olhar e soltou um “puta que pariu” jogando o jornal longe. Peguei o jornal perguntando o que ocorrera e ela mandou que eu olhasse.

Olhei e prestei atenção no que não tinha visto.Taísa estava sem calcinha e os fotógrafos perceberam e se aproveitaram da situação. A manchete do jornal dizia “Taísa bumbum como o diabo gosta”.
Eu lamentei o fato falando que aqueles fotógrafos eram uns abutres quando Taísa levantou e rapidamente colocou a roupa. Argumentei com ela que não adiantava aquela pressa, o mal já
estava feito quando Taísa respondeu que no momento que seu namorado visse aquele jornal teria problemas.

Ainda perguntei que história era aquela de namorado. Taísa na porta do quarto me mandou um beijo e respondeu que depois explicaria. Almoçando com Bia, Edu e Joana mandei que minha filha tampasse os ouvidos e contei a história para eles. Bia respondeu que era uma roubada e Edu emendou com “roubadaça”. Irritado falei que eles sempre iam contra o que eu pensava e Bia respondeu que iam sempre contra e estavam sempre certos.

Falei pra minha ex que não queria saber, Taísa era deliciosa e que se ela quisesse eu continuaria com ela. Edu cortando um filé só falou “vai se dar mal” e Joana completou “como sempre”.

Briguei com Joana falando que tinha lhe mandado tampar os ouvidos e minha filha irritada tampou dizendo que eu fazia besteiras e ela que tomava bronca.

No ensaio seguinte da Unidos do Bebezão cheguei perto de Taísa que me contou que não podia falar comigo ali porque seu namorado estava presente. Com cara de cachorro que caíra da mudança fui triste pra bateria tocar enquanto ela sambava linda como sempre.

Eu babava por ela quando o presidente mandou parar tudo e no microfone falou que tinha uma presença importante na quadra naquele dia e queria uma salva de palmas para um homem que ajudava muito a escola, o capitão Barradas.

Eu já ouvira falar do capitão Barradas. Era muito gente boa pra não dizer o contrário. Capitão da PM enfrentava diversos processos acusado de ser miliciano e integrar esquadrões da morte. Dizem as más línguas que tinha mais de trinta mortes nas costas.

Ouvia aquele homem falar enquanto eu não tirava os olhos de Taísa. Barradas falava que estava com a escola e ajudaria para que ela fizesse um grande carnaval e foi aplaudido no fim.

E no fim pegou Taísa e lhe deu um beijo na boca.

É, ali descobri quem era o namorado da mulher que eu peguei. Era o miliciano.

Eu estava bem né?

No camarote dei um jeito de falar com Taísa e perguntei por que ela não tinha me dito que o namorado dela era miliciano e matador, ela respondeu que eu não tinha perguntado e saiu de perto de mim antes que Barradas percebesse. Meus amigos e minha filha estavam certos, era roubada.

No dia seguinte todos saíram, ouvia som na minha sala e a campainha tocou. Quando abri a porta era Taísa com um coco na mão e um canudo. Ela bebia e perguntava se eu queria um gole.Taísa entrou e eu perguntei se ela estava doida, seu namorado matava sorrindo e eu não estava com vontade de morrer chorando. Taísa colocou o coco sobre minha mesa e apontando o dedo perguntou se o quarto ficava ali mesmo.

Tirou a calcinha, jogou em cima do meu sofá e caminhou pro quarto.

Nesse momento gritei com ela e mandei que voltasse e fosse embora que eu não queria problemas.
Mentira, eu era um fraco. Ela entrou no quarto e fui correndo atrás.

Sim, eu sei, eu comecei um caso com a namorada de um miliciano e assassino. Irresponsável, maluco, podem me chamar do que quiser, mas ela era gostosa demais e mulher gostosa e pênalti são coisas que não se perde. Nosso caso era ardente, quente demais, tentávamos disfarçar e evitar sermos pegos pelo Barradas. Mas a situação era perigosa e entornou de vez.

Estava no apartamento de Taísa transando quando bateram com força na porta de entrada e do quarto ouvimos “Taísa abra essa porta que eu sei que você está com homem aí!!”.

Era o Barradas, fud...

Taísa desesperada mandou que eu colocasse rapidamente uma roupa e eu todo atabalhoado botei.
Ela mandou que eu pulasse pela janela. Abri a mesma q quando fui pro parapeito lembrei que estávamos no 20° andar e seria “um pouco arriscado “pular. Os seguranças de Barradas já tinham arrombado a porta da sala e socavam a do quarto ordenando que Taísa abrisse.

Barradas gritou que contaria até três, já estava com a arma na mão e se ela não abrisse eles arrombariam e ele mataria a ela e o amante.

Contou um, dois e antes do três Taísa abriu.

Fingindo irritação perguntou que bagunça era aquela em seu apartamento. Barradas me olhou e tomou um susto. Eu estava de batom, com lenço no cabelo, tesoura e escova de cabelo na mão e desmunhecando perguntei quem era ele e porque atrapalhava meu corte.

Sim, eu fingi que era gay e estava ali pra cortar o cabelo de Taísa.

Barradas ficou desconcertado e pediu desculpas. Taísa reclamou sua porta arrombada e ele respondeu que iria mandar consertar. Pediu desculpas pra mim também e eu respondi “tudo bem xuxú”. O homem disse que iria embora, voltaria mais tarde e saiu. Um dos seguranças me olhou, piscou o olho, mordeu os lábios e também saiu.

Depois que eles saíram sentamos na cama, eu aliviado e Taísa contando que agora teria que realmente cortar o cabelo.

Daí surgiu um problema.
Porque Barradas adorou o corte dela e perguntou mais sobre mim. Taísa acabou se entusiasmando mais que devia ao falar de mim dizendo que eu era “sua melhor amiga” e Barradas mandou que ela me convidasse para saírem na noite seguinte.

Fui obrigado a aceitar e desesperado fui até a casa da Bia. Ela me atendeu perguntando o que eu queria e respondi pedindo para ela me transformar em um gay.Ela espantada contou que já recebera pedidos estranhos de homens, mas nunca igual a esse. Eu entrei e contei toda a situação e pedi que ela me emprestasse umas roupas e me desse uns “toques femininos”.

Bia relutou e mandou que eu saísse dessa que me daria mal, mas eu expliquei que não tinha mais como recuar. Ela então topou me ajudar. Encontrei com os dois de noite com toda a produção feita por Bia. Calça colada no corpo, roupa colorida, óculos estilo Elton John e bem espalhafatoso. Beijei o rosto de “minha amiga” e apertei o braço de Barradas perguntando onde ele malhava porque estava muito forte.

O homem riu e falou pra Taísa que eu era um barato. Começamos a andar e o tal segurança apertou minha bunda. Nesse momento olhei pra trás e ele mordeu os lábios.

Foi apenas a primeira de muitas saídas nossas. O problema maior veio quando ele me reconheceu na Unidos do Bebezão e tive que desmunhecar ali na frente de todo mundo.

Um vexame.

Até que em uma dessas saídas Barradas anunciou que ele e Taísa se casariam em poucas semanas em uma mega recepção em sua mansão na Barra da Tijuca e queria que eu fosse padrinho de Taísa.
Taísa e eu nos olhamos constrangidos e ela confirmou o convite. Barradas argumentou que veria como uma afronta um não meu e fui obrigado a aceitar. O homem mandou que servissem champanhes pra gente e contou que eu poderia convidar quem quisesse.

Claro que coloquei Bia e Edu no rolo.

No dia fui com um terno rosa bem espalhafatoso e fui obrigado a desmunhecar na frente de todos do casamento. Pior na frente de Bia e Edu que riam, pra me vingar falei que Edu era meu assistente e tão gay quanto eu. Meu amigo fingiu irritação, mas acho que no fundo ele gostou.

No meio da cerimônia. Eu no altar como padrinho, Taísa linda vestida de noiva um grande temporal caiu na cidade. Como estávamos em local aberto todos se encharcaram e tiveram que se proteger na mansão. Lá eu falava com Bia que tinha que me livrar daquela situação quando Barradas chegou implorando minha ajuda.

Perguntei o que ocorrera e ele mostrou sua mãe com o cabelo todo molhado, desgrenhando e pediu que fizesse algo pro recomeço da cerimônia.

É, tinha ferrado tudo de vez.

Engoli em seco e baixinho respondi que seria um prazer. Barradas apontou seu escritório e falou que eu poderia ir pra lá mexer no cabelo dela  e que mandaria tudo que eu precisasse. Respondi tudo bem e puxei meu “assistente” dizendo que ele entraria naquela roubada comigo.

Eu e Edu fomos com a velha pro escritório. Colocamos sentada em uma cadeira e meu amigo perguntou o que faríamos. Respondi o que o homem pediu, daríamos um jeito. Disse pra
mulher que cortaríamos as pontas e faríamos uma chapinha.

Comecei a cortar e me empolguei. Quando vi tinha cortado muito e pra piorar a mistura de produtos que passei em sua cabeça fez com que eu passasse o pente e o cabelo caísse mais ainda.Edu soltou um “ih cacete” e a senhora preocupada perguntou o que ocorrera. Respondi que estava tudo bem, coloquei uma touca em sua cabeça e que ela não tirasse por nada senão daria errado minha produção.
Nisso meu celular tocou, era Bia e fui atender na sala ao lado.

Ela perguntava onde estávamos porque ficou sozinha na sala. Respondi que resolvia uns problemas, mas já iria pra lá. Nesse momento entraram na sala.

Era o segurança.

Perguntei o que ele queria e o homem respondeu que a mim, que me queria e me teria. Eu comecei a correr dentro da sala com ele atrás de mim. Eu falava que era tímido e que ele fosse com calma, mas o homem falou que me queria naquele momento e eu não escaparia.

Minha situação era preocupante quando Edu entrou na sala e mandou que eu corresse. Saí da sala e nem vi que Edu não me acompanhou. Ele fechou a porta e gritou pro segurança que se oferecia pro sacrifício.

Eu ainda corria quando me puxaram para um quarto, era Taísa.

Perguntei se ela ficara louca e Taísa respondeu que queria uma
despedida de solteira. Empurrou-me na parede me beijando quando Barradas entrou no quarto perguntando o que significava aquilo.Taísa se desvencilhou contando que e eu tinha lhe agarrado. O homem irritado sacou a arma, apontou pra mim e mandou que eu lhe acompanhasse.

E eu fui. Andei passando pelos convidados da festa com Barradas atrás e os seguranças todos apontando armas pra mim. O homem contou aos convidados que resolveria um probleminha e já voltava enquanto eu olhava pra Bia com cara de “me dei mal”.

Nós fomos até o lado de fora, a chuva já passara. Barradas mandou que eu me ajoelhasse e perguntou se eu tinha um último pedido, respondi que sim, que ele desistisse de me matar.Barradas então disse que era a resposta errada. Ele e os seguranças engatilharam as armas, apontaram pra mim e..
..nisso apareceram um monte de policiais com um delegado mandando que eles largassem as armas porque estava com mandato de prisão e estavam todos presos.

Olha que maravilha. A polícia já estava em seu encalço faz tempo, investigando e justo naquele momento foi prendê-lo.

Escapei, todo borrado, mas escapei.

No fim os policiais levavam todos algemados quando a mãe de Barradas surgiu careca e reclamando do que eu tinha feito com ela. Barradas respondeu que estava com problemas e não tinha como resolver aquele sendo então colocado dentro do camburão.

Os camburões foram levados com os presos enquanto eu respirava aliviado. Nesse momento Taísa se aproximou e falou no meu ouvido que continuava solteira e podíamos ser felizes. Bia ouviu e irritada pegou no meu braço e falou pra Taísa que ela continuaria solteira me levando embora da festa.

Fomos para um quiosque beber água de coco e enquanto Bia me perguntava se eu sabia de Edu um moreno passou correndo de sunga e olhei dizendo “que pedaço de mau caminho”. Bia se espantou e falei pra ela que fora apenas um lapso.

Um lapso enooome


CAPÍTULO ANTERIOR:

RAYANE E SIMONE

Comentários

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