A POLÍTICA DO MEDO
*Coluna publicada no blog "Ouro de Tolo" em 7/9/2014
E pau na
Marina Silva..
Ela
estava quietinha, na dela, como candidata a vice presidente do Eduardo Campos
numa eleição até então modorrenta e que levava a reeleição da presidente Dilma
quando a queda de um avião mudou tudo. Eduardo Campos morreu, Marina Silva
virou candidata a presidente e tudo virou de pernas para o ar.
A
reeleição garantida ficou seriamente comprometida. Eu previ algumas semanas
atrás que a queda do avião acabaria com duas candidaturas a presidente. Do
próprio Eduardo e do Aécio já que o eleitor da Dilma votaria nela de qualquer
forma, mas o contrário a ela queria tirá-la do poder a qualquer preço não
importando o candidato e iria ao que teria mais chances.
Acertei
em partes. Realmente a candidatura do Aécio pelo visto virou, sem trocadilhos, pó,
mas não esperava que a presidenta Dilma pudesse ser a terceira vítima da queda
do avião. Calculei errado. Marina não pegou apenas os que querem a Dilma fora a
qualquer custo, pegou os viúvos das manifestações do ano passado e aqueles que
estão satisfeitos com a política do PT, mas não querem mais o PT.
O PT, na
minha visão, não fez um governo ruim nesses doze anos. Estabilizou a economia
(mesmo com recente crise), fez programas sociais e fez com que o pobre tivesse
mais poder de compra. Mas o PT se desgastou. Denúncias de corrupção, alianças
escusas e o longo tempo já de poder desgastaram o partido fazendo com que
Marina pegasse o eleitor da Dilma que é seu eleitor por falta de opções.
Rapidamente
Marina atropelou Aécio e encostou em Dilma nas pesquisas de primeiro turno
virando favorita no segundo. Virou a “candidata do novo”, a “candidata contra
tudo isso que está aí” mesmo que as pessoas não saibam dizer o que é isso tudo
que está aí.
Isso tudo
mostrou uma situação. Não apenas eu não esperava que isso ocorresse como PT e
PSDB também não. As alianças estão desesperadas e batem cabeça como formigas
quando tem seu formigueiro atacado.
Marina
Silva virou aquilo que ontem brinquei dizendo. Ela é a Unidos da Tijuca da
política. Todo mundo gostava dela, achava simpática, reconhecia sua história de
luta e vida enquanto não incomodava. Agora que tem chance real de vencer e se
tornou “grande” é odiada.
Nunca vi
um candidato que não é do governo ser tão massacrado quanto vem sendo Marina.
É de se
esperar porque tomou a dianteira da situação, mas incomoda até mesmo a mim que
sou eleitor confesso da Dilma. Porque junto aos ataques do PT, PSDB e até de
partidos nanicos como PSOL e PSTU vem uma prática que eu já achava abolida
desde 2002. O terrorismo eleitoral. A política do medo.
Eu já vi
gente falando que a Marina vai acabar com o pré sal, vender a Petrobras,
praticar perseguição religiosa, será comandada por banqueiros, será engolida
pelo congresso por não ter maioria, não vai chegar ao final do governo e vi ser
comparada a Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello.
Essas são
as acusações “mais legais”. Isso quando não partem pro lado pessoal e debocham
de seu físico e aspecto num show de preconceito contra uma mulher sofrida que
Deus sabe como conseguiu chegar no patamar de grandeza que tem hoje.
Repito.
Não sou eleitor dela, nem cogito votar em Marina Silva, mas isso tudo me
incomoda demais e agora explico porque.
Porque o
terrorismo e o deboche com particularidades do candidato eu já vi antes. Vi
ocorrer com o Lula em 1989 e 2002.
Assim
como debocham da beleza ou falta da mesma de Marina, como se isso fosse
importante para governar um país, debochavam da falta de estudo e português
ruim de Lula. Assim como acusam de falta de experiência (sendo que a mulher foi
senadora e ministra) falavam o mesmo de Lula.
Falavam
que ele não conseguiria governar, não teria maioria, falavam que faria confisco
da poupança, quem fez foi o Collor, falavam que seria um governo comunista com
o mesmo pavor que falam hoje em governo evangélico. Mário Amato chegou a dizer
que os empresários iriam embora do país em uma vitória de Lula.
Acusam
Marina de mudar de opinião como acusaram Lula em 2002 inclusive lhe apelidando
de “Lulinha paz e amor”, falam em medo de Marina hoje quando em 2002 Regina
Duarte foi a tv falar o mesmo de Lula.
Com Lula
chegaram a ponto de botar uma camisa do PT em sequestrador no dia da eleição, adversário
colocar ex namorada sua em horário eleitoral lhe acusando de insistir em aborto
e lhe “acusaram” pasmem, de ter um três em um.
Como
acusam hoje Marina de cobrar por palestras.
Não quero
que Marina vença, sua candidatura não me atrai e por vários motivos não voto
nela e voto em Dilma, mas assim como eu me incomodo e mantenho meu voto outros
podem se incomodar e resolver votar em Marina. O povo brasileiro não gosta
desse tipo de política, não gosta de ver alguém massacrado e sempre quando tem
que escolher escolhe o lado mais fraco, portanto, não sei se essa é a melhor
tática.
Incomoda
ver o PT usar tática suja que foi usado anos contra ele. Do PSDB se espera isso
já que é um ex partido em atividade e terá que se reinventar depois do pau que
deve tomar nas urnas. Mas do PT não se espera esse tipo de terrorismo. Não do
PT que passei a gostar e pelo que vejo nas ruas, na internet, em blogs e listas
de discussão os maiores ataques terroristas vem de petistas.
Vai ver
porque o PT hoje não é mais PT e a Marina talvez seja mais PT que o próprio PT.
Mantenho
minha posição de que Dilma deve vencer a eleição e muito da popularidade de
Marina é uma bolha que não deve se sustentar até o fim do segundo turno. Mas
que é patético e engraçado ver PT e PSDB se unindo para em uma só voz atacar
alguém é.
Essa
eleição ainda nos reserva muita coisa.
Preparem
o refri e a pipoca.
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