O FUTURO DE AYRTON SENNA
*Coluna publicada no blog Ouro de Tolo em 4/5/2014
Escrevo
essa coluna no dia 1° de maio, data que marca os vinte anos da morte de Ayrton
Senna. Foi um dia dedicado a ele. O canal Sportv 2 dedicou seu dia inteiro a
Ayrton mostrando dez de suas corridas e dois documentários. Nesse momento
mostra o segundo.
Já são
quase vinte e três horas. Depois desse
documentário começa a reprise de uma mesa redonda com o Galvão Bueno por causa
da data e acabou. Acaba-se o dia Ayrton Senna, o dia 2 de maio se inicia e a
vida continua.
E a vida
continua..vamos seguir de encontro ao nosso destino. Mas esse destino já está
traçado ou somos nós que fazemos? Tem como mudá-lo?
Será que
o destino de Ayrton Senna poderia ter sido diferente?
Uma
revista fez anos atrás uma análise de como teria sido o futuro de Ayrton Senna
caso ele saísse vivo daquele acidente em Ímola e achei bem interessante.
Comentei com algumas pessoas, até dei pitacos de como teria sido na minha
opinião e lembrei novamente desse assunto nessa semana dos vinte anos.
Decidi
assim brincar. Fazer um exercício de futurologia de como teria sido o futuro de
Ayrton Senna na F1 e como pessoa.
Mas
começo a brincadeira imaginando se outro acidente não tivesse ocorrido. Mas não
o de Ayrton Senna, o de Nelson Piquet na Indy em 1992.
Piquet
tinha acabado de sair da F1. Tinha 38 anos de idade, sido terceiro colocado na
categoria em 1990 e vencido corrida em 91, portanto ainda tinha o que dar. No
GP Brasil de 92 ele deu entrevista e quando perguntado se negociava com a
Ferrari deu um sorriso maroto.
Na certa
estava e na certa voltaria a F1 se não fosse naquele ano no ano seguinte. Se
não fosse na Ferrari em outra equipe.
Voltaria
em 94 porque o Brasil era muito importante para a F1. Vinha de uma dinastia de
campeões, dava lucro comercialmente e não poderia ficar sem um piloto de ponta.
Rubens
Barrichello ainda não estava pronto, como a história mostrou, e o único piloto
de ponta, com bagagem para viver aquela situação era Nelson Piquet.
Não sei
se iria para uma equipe de ponta ou média. Mas cairia em cima dele e não em
Rubens a responsabilidade podendo mudar o destino do jovem piloto.
Caso
Senna saísse vivo daquele grande prêmio ficaria trinta pontos atrás de
Schumacher no campeonato e sinceramente não acredito que pudesse reagir. A Williams
não tinha mais o super carro dos anos anteriores, Schumacher estava voando e
mesmo Damon Hill dez pontos na frente do brasileiro no campeonato e com as
punições sofridas por Schumi durante a competição não lhe alcançou.
Aquele
ano, para mim, era de Schumacher de uma forma ou outra.
A partir
do ano seguinte tudo é puro chute. Mas acho que o Senna não teria deixado
barato perder 1994 com aquele carro ruim. Fatalmente a Williams quebraria a
cabeça para lhe dar em 1995 um carro a altura de 92 e 93. penso também que Senna entraria nesse
campeonato com a faca entre os dentes e finalmente o tetra viria.
Com o
tetra garantido partiria para seu maior desafio e maior sonho revelado algumas
vezes em entrevistas. Pilotar uma Ferrari.
Seria
campeão na Ferrari? Não sei, mas isso talvez atrapalhasse a carreira de Michael
Schumacher porque caberia a ele o trabalho feito pelo piloto alemão de
reconstrução da escuderia. Vamos supor que Senna fosse mesmo, acho que o começo
seria difícil, como foi para Schumacher, mas atingiria sua meta.
Talvez
levasse um ano? Pouco. Dois? Mais
plausível. Nessa brincadeira Senna levaria 96 e 97 brigando com o carro,
melhorando a equipe aos poucos como fez Schumi e finalmente seria campeão.
Schumacher
foi em 2000, para Senna cravo 1998.
Ayrton
Senna teria 38 anos, conquistado tudo na carreira. Pentacampeão do mundo
igualando Fangio, recordista de vitórias, poles. O que restaria a ele?
Restaria
parar.
Sim. Acho
que ele pararia e abriria brecha para aí sim um experiente Rubens Barrichello
se tornar o brasileiro de ponta. Quem sabe até para o lugar de Senna na Ferrari
em 99 indicado por ele. Chegaria assim um ano antes na escuderia, com mais
bagagem e com belo pistolão. Principal, sem Schumacher.
E assim
naturalmente seria a sucessão de brasileiros na F1. Sem traumas, com
tranquilidade, sem procurar novos Sennas até porque ele estaria ali vivo, ao
lado orientando.
Porque
pra mim ele não sairia, teria sua própria equipe. Poderia montar sua própria
escuderia ou virar sócio da McLaren. Mas uma coisa é certa. Seria bem sucedido
como tudo na vida.
E
acabaria presidente da FIA fortalecendo mais ainda o automobilismo brasileiro.
Fazendo chegar na F1 nossos novos talentos e, imitando a revista que li,
criando o GP das Américas num circuito de rua do Rio de Janeiro. Praia de
Copacabana. Seria fantástico.
Teria 54
anos hoje, seria grisalho, quem sabe gordo, rico, poderoso e dia 1 de maio
seria apenas o dia do trabalho.
E
principalmente. Seria um grande ex piloto de F1. Apenas isso.
Senna não
conheceu a velhice nem a decadência. Isso faz da sua imagem jovem, musculosa,
com cabelos revoltos e vitorioso com a bandeira do Brasil imortal. Isso lhe faz
imortal.
Para a
marca Senna, para a lenda Senna não poderia ocorrer nada melhor do que a morte
prematura. Não passa pelo que passa hoje o Pelé que acham um “velho
caduco” que só fala besteiras.
Imagine
Senna votando e elogiando Paulo Maluf
hoje em dia como fazia sem ter as manhãs de domingo pra lhe absolver?
Infelizmente
toda essa futurologia foi brincadeira. Senna morreu e nada do que disse
aconteceu e nunca saberemos se um dia iria.
A
única coisa que podemos dizer sobre
Ayrton Senna é que mesmo morto ele viverá por muito tempo.
Esse
destino já está traçado como uma pista de corrida.
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