2016
É...Acabou o ano.
Ano esquisito esse. Vejo a maioria das pessoas reclamando de 2016 e fico "com vergonha" porque para mim foi legal, mas nem tenho coragem de falar que foi bom porque o ódio referente ao ano é tão grande e a intolerância também tão grande que fico com medo de ser linchado.
Sempre penso que um ano na verdade começa nos últimos momentos do anterior e um pouco depois do Natal de 2015 tomei uma decisão que naquele momento pareceu intempestiva, até para mim, mas que durante 2016 se mostrou um grande acerto.Um alívio de alma e sensação de liberdade que não sentia há tempos.
O ano começou frenético para mim. Primeiro o nascimento de Lucas, o terceiro da prole. Menino calmo, esperto, maravilhoso, saudável e que trouxe ainda mais felicidade para nossa casa. Ensaios técnicos com o SRZD e últimos ensaios da Nação Insulana. Duas situações importantes demais, que traziam grandes responsabilidades, stress e o pensamento se realmente valiam a pena.
Estava cansado. Participei de tudo possível no SRZD em 2015, fui o blogueiro que mais escreveu para o site, o que escreveu texto com mais repercussão, cinco mil curtidas no Facebook no que eu reclamava dos primeiros desfiles de 2016 não passarem ao vivo, participei de todos os eventos ralando, por exemplo, no Carnavália Sambacon enquanto blogueiros passeavam de bermuda e sandálias sem nem passar no stand do site e os ensaios técnicos de janeiro me faziam pensar se valia a pena.
Fui o único blogueiro que não faltou nenhum ensaio. Chegava cedo, no Sol, muitas vezes deixando evento de família e só voltava para casa de madrugada enfrentando os perigos da cidade. No fim dos ensaios tinha que gravar, coisa rápida já que gravava sozinho, uns três minutos gravando o que achara dos sambas do dia e mesmo assim muitas vezes tive que esperar gente que tinha carro e gravava com mais dois brincando, fazendo piadas e fazendo a gravação durar vinte minutos. Tudo isso sem receber nada.
Na sexta de carnaval fomos avisados no grupo interno do Whatsaap que não teríamos lanche no carnaval, a Liesa não daria então só teríamos os biscoitos do patrocinador do site e água, isso para um trabalho em pé de mais de doze horas. Revolta geral dos blogueiros xingando a Liesa. Fui investigar, perguntei para amigos de outros sites e esses responderam que no começo do ano já sabiam que não teria o lanche. Nós só soubemos no dia do carnaval e assim me revoltei porque nem pude me programar para tal. Me revoltei, mas não com a Liesa porque não era para a entidade que iria trabalhar. Decidi ali sair do site, nem iria para o carnaval, mas amigos me convenceram e fui para a avenida.
Saíamos da Sapucaí quase oito da manhã e o dono do site pedia para chegarmos as seis da tarde para "reuniões motivacionais". Fácil fazer reunião dez horas depois de irmos embora enquanto íamos trabalhar e ele para camarote. Não participei de nenhuma. Mas a gota d`agua para sair foi trabalhar na terça de carnaval durante quase dezesseis horas em um imenso calor, sem ganhar nem água, chegar em casa, dormir e ao acordar ser "zoado" porque o site deu um segundo prêmio que nós não demos na noite anterior.
Perguntei a algumas pessoas do site o porque de não ser comunicado do segundo prêmio e me ignoraram. Escrevi no twitter que não concordava com prêmios dados em "ar refrigerado", alguém entregou ao Sidney, tenho certeza que foi a mesma pessoa que entrou pouco antes do carnaval no site sem nem ser de samba, e fui suspenso. Amigo, não aceitava suspensão nem na escola. Acabou aí minha trajetória no site mesmo sendo o responsável para implementar a rádio do mesmo. No dia da premiação do SRZD de carnaval estava em um churrasco com amigos, mesmo tendo sido convidado para o evento.
Da Nação já tinha decidido sair em novembro e comunicara ao presidente, diretor financeiro e cantor da agremiação. Nunca quis ser dirigente de escola de samba, minha função era compor, mas aceitei por inúmeros pedidos de pessoas dizendo que eu era a figura mais conhecida do Boi e o único que poderia aglutinar naquele momento. Assim fundei o "Reage Boi" e no ano seguinte me candidatei a presidente.Realmente conseguimos aglutinar mais de sessenta pessoas no maior movimento já feito no samba da Ilha, mas não deixaram nossa candidatura ocorrer e junto com Jorginho Katespero e Cadinho decidimos fundar a Nação para não deixarmos aquelas pessoas que acreditaram em nós sem bandeira. Com muito custo convencemos Junior Nova Geração e a coisa foi ocorrendo de forma forte, com muitas adesões e em novembro já sabia que minha missão na escola estava cumprida. Poderia me dedicar aos meus sonhos em 2016.
A escola venceu e cheguei a pensar em ficar já que foi algo maravilhoso, inesquecível, mas não queria mais conviver com duas pessoas da agremiação, principalmente uma diretora que bebia e começava a falar besteiras e desrespeitar. Pessoa que na noite que vencemos encheu a cara e disse que a escola não precisava de presidente e vice e que ela e mais três pessoas botaram a escola na avenida. Tipo de pessoa que não sabe beber e mesmo assim bebe, começar a gritar besteiras, chora e depois sóbria pede desculpas.
Mesma pessoa que na primeira reunião pós vitória disse que outro diretor tinha que ser vice presidente. Esse diretor, que participou de toda as batalhas comigo, em vez de levantar a voz e falar que aquilo não era assunto se calou e ficou mexendo no celular. Ali tive certeza que não queria mais ficar, não precisava daquilo, daquele stress e de conviver com gente que não sabia beber e ofendia nas piores horas, como se tivesse hora boa para isso. Queria me dedicar aos meus sonhos, queria não me estressar mais com algo que nem dinheiro me dava, queria poder ironizar o enredo da Grande Rio e não ser chamado atenção por diretor já bêbado e na frente de diretores do Samba É nosso dizendo que gente da Grande Rio ajudou a Nação.
SRZD e Nação Insulana foram importantes demais na minha vida. No SRZD aprendi a escrever para grandes públicos, ganhei reconhecimento, fiz amizades como a Vera Rezende, a brilhante Rachel Valença, o mestre Manoel Dionísio, Ricardo Nicolay, Helio Rainho, Luana Freitas, o gente boníssima Leonardo Oliveira e vi de perto o brilhantismo do Sidney mesmo não concordando com algumas de suas posições. Sempre terei imenso carinho pelo site que acho que devia se livrar de algumas ervas daninhas.
Nação é um grande orgulho. Ver a escola tão forte, tão independente me deixa feliz. Trabalho brilhante de Jorginho Katespero, Junior Nova Geração, Cadinho, Nélio Marins, Priscila Pereira, Mestre Leandro, Luis Fernando, Leia, Vivian Cister...Pessoas que admiro e que conduzem a Nação para ser uma grande escola. Em novembro conheci sua nova quadra e fui muito bem recebido por todos. Sei da minha importância, que talvez se eu não tivesse criado o Reage Boi essas pessoas ainda chorariam por desmandos no Boi, mas eles que são os responsáveis pelo que a escola vem se transformando. Só tem que tomar cuidado com parasitas que nunca ligaram para a causa e começaram a se aproximar após a vitória.
Saí do SRZD e da Nação no espaço de uma semana e pude me dedicar ao que amo, escrever. Na mesma época os ensaios para Dona Carola se intensificaram, chegava o momento de começar temporada no tradicional Teatro Óperon, reabrindo um teatro tão importante para a Ilha do Governador. Estreamos com grande público, um enorme sucesso e quando já vendíamos ingressos para a segunda apresentação o colégio interrompeu a temporada.
Foi um baque e por pouco todo o trabalho não se perdeu. Ficamos sem saber o que fazer, meses parados até que decidimos recomeçar do zero. Fomos para a Biblioteca Municipal apresentar de graça para tentar gravar o vídeo da peça. Depois fizemos duas apresentações no Polo Cultural dos amigos Gilberto D`Alma e Marcelo Mendes. Todas as três apresentações com grande sucesso e casas cheias.
Graças a isso conseguimos chegar na Arena Renato Russo, a principal casa de cultura da Ilha. Fizemos duas apresentações na arena com mais de 130 pessoas nas duas mesmo sendo em dia de semana e com chuva comprovando o sucesso de Dona Carola. A cia que começou a peça numa grande casa, perdeu tudo e reconquistou acabou 2016 em seu melhor momento e prossegue em seu crescimento enquanto o Teatro Óperon voltou a ser apenas um depósito.
Dona Carola também fez grande sucesso em Ribeirão Preto com o querido TPC comandado por Noir Evangelista. Fizeram a pré estreia e poucas semanas depois, em abril, estrearam no Teatro Municipal com quase 400 pessoas presentes. O sucesso foi tão grande que ocorreram mais duas apresentações na cidade. Uma em junho e outra em outubro, as duas com pelo menos 300 pessoas. Um pouco depois fizeram apresentação em Batatais, cidade vizinha, em um evento em homenagem aos professores locais.
Dona Carola continua em 2017 com o TPC fora outros projetos que já estão sendo ensaiados por lá.
Assim como teve minha peça "Comédia em seis atos" no polo cultural em novembro e desde setembro é ensaiada outra peça minha chamada "Confissões de uma velha senhora" com estreia prevista para março. Agora em janeiro começa leitura de "Folhetim" e assim a expectativa de quatro peças diferentes por cinco companhias teatrais sendo apresentadas em 2017.
Isso é um sonho sendo realizado. Escrever sempre foi o que eu gostei, sempre foi o que me moveu. Escrevo desde os dez anos de idade e por amar escrever que cheguei ao samba-enredo em 1997. Por isso 'troquei" tudo" de carnaval por algo que muitos não tem noção do que significa pra mim e não entenderam chegando até dizer que "cuspi no prato que comi" ou "larguei o barco". Eu sou um cara que preciso de motivação, preciso me sentir feliz para estar em um projeto, se não for assim não rola.
Foi com essa surpresa e alegria que recebi no meio do ano o convite do Site Carnavalesco para analisar os sambas concorrentes do grupo especial e Série A para 2017. O Site Carnavalesco é o maior veículo de carnaval da atualidade e sair do quarto em importância para o maior em espaço de três meses não foi nada mal para quem espalhavam que foi "expulso". O trabalho foi árduo, mas muito prazeroso ainda mais pela repercussão alcançada, do nível que eu ainda não tinha passado no carnaval. Depois disso ainda fui jurado do site nas eleições de melhor samba do especial e A e participei na Rádio Carnavalesco da festa em homenagem aos compositores campeões da série A realizada na quadra da Estácio. Só tenho a agradecer ao Alberto João e toda equipe pela oportunidade e assim pude entender o porque da força que o site tem hoje. Esses caras respiram carnaval.
Continuei no Bar Apoteose, aquele projeto de uns doidos iniciado em agosto de 2015 e que dura até hoje. O projeto cresceu, virou "TV Paticumbum" com outros programas sendo vinculados. O programa se associou ao Site Carnavalesco aumentando visibilidade e cada vez mais é referência e sucesso. Saiu um pouco do que eu imaginava que ele devia ser, mas para sempre terei orgulho de ter ajudado em sua concepção mesmo que em algum momento não esteja mais nele.
Esse ano mexeu muito com meu ego, minha auto estima. Logo em março fui contracapa do maior jornal do bairro, o "Ilha Notícias" dando uma entrevista para a coluna "Gente que faz" falando de minha história. Em setembro recebi um certificado do Polo Cultural por ter sido uma referência na Ilha em 2016 e agora em dezembro uma placa de "escritor revelação".
Escritor revelação..É, agora posso dizer que sou escritor. Lancei meu primeiro livro, o "Amor" pela Editora Autografia. Um livro que idealizei e criei sua história central em 1991 e finalmente pus no papel em 2014, ganhou o mundo, nasceu. Momento muito importante para mim, emocionante.
Antonio e Camila ganharam vida e chegaram nas mãos das pessoas. Emocionaram, fizeram rir, chorar e nunca tomei tantas broncas quanto tomei devido a eles, mas broncas que me deram orgulho. Como dá orgulho ver a Bia pedir que leia o livro para ela e rindo de Dona Carola
Filhos...Bia, Gabriel e Lucas crescendo. Bia agora sabe ler e escrever. De vez em quando estou com ela em um local e quando vou ver ela está lendo uma placa ou cartaz. Gabriel aprendeu a falar, meio enrolado ainda, mas fala, se comunica, ri, se diverte, é um molecão muito querido e Lucas, próximo do um ano de idade, já ameaça andar. Família. Não poderia ter escolhido filhos melhores se tivesse a oportunidade. Família..aproximação maior de tio Junior e principalmente tia Rosanne que me fazem bastante feliz, sentia falta disso. Família..minha avó Lieida recebendo na clínica que mora o meu livro e meu pai, em uma visita rápida, conhecendo Gabriel.
Algumas pessoas se afastaram, eu mais ainda me afastei de pessoas, amigos quando decidi "revolucionar" a minha vida. É o preço que se paga. Outras pessoas se aproximaram seja no virtual ou real. Entre tantos amigos uma que implica comigo, mas sabe me ouvir e fazer rir quando preciso. Obrigado Simone pela amizade, parece de anos, mas tem nem um ainda. Com ela, Bruno e Paola realizei algo inimaginável, vi as Olimpíadas de perto. Sensação maravilhosa fazer parte de algum modo dos Jogos Olímpicos, passear em locais que respiram Olimpíadas e ver um jogo de futebol olímpico.
Pessoas vem e vão, pessoas permanecem e tenho certeza que serão para sempre. De Belém em novembro veio um dos maiores presentes do ano. Difícil explicar em palavras o quanto a Fernanda é importante para mim. Talvez seja difícil porque entre 2013 e 2015 não pude escrever muito sobre ela por mais que eu quisesse. Em todos os momentos nos últimos anos ela esteve ao meu lado e nesse ano, nos piores momentos quando fui injustiçado e mentiram sobre mim com a conivência de quem dizia me amar ela esteve comigo.
Em novembro. finalmente, esteve de carne e osso depois de dois anos e três meses e com isso tive nove dias que jamais esquecerei. Cristo Redentor, restaurante, peça ao meu lado, Arpoador com "nosso livro" e "nossa música", tudo isso foi importante demais, mas o mais importante foi a presença dela física e espiritual. Poder falar o quanto ela é importante para mim, poder dizer como nos versos de ontem aqui do blog "Que bom, enfim, te encontrei / Não vou parar de te olhar". É isso que quero, não parar mais de te olhar e mostrar ao mundo, finalmente, o que sentimos.
Texto ficou enorme, talvez o maior que já fiz para o "Trocando em miúdos". Por falar nisso o Blog entra em férias hoje voltando em fevereiro ou março agradecendo a todos que prestigiaram. Ano de recordes do blog. Foram 161 postagens e quase 150.000 acessos em 2016 chegando a 21.000 acessos só em dezembro, para terem uma ideia em 2015 foram 68.000 no ano e pouco menos de 6.000 em dezembro. As dez postagens mais populares da história do Trocando em Miúdos pertencem a 2016, o blog tem 700 acessos dia, sendo que em 2015 era 200. Enfim, um grande ano aqui.
Mas não só aqui. Obrigado ao Ouro de Tolo, blog que escrevo desde 2011 e atualmente tenho as colunas "Orun Aye", "Jogando nas onze" e "Cafofo da Zonaide". Obrigado ao "OBatuque.com" onde escrevo a quase dois anos. Obrigado ao SRZD onde escrevi até fevereiro e ao Carnavalesco que escrevi e fiz vídeos de análises. Obrigado ao "Blog do Léo" onde comecei faz pouco tempo, ao "Bar Apoteose" e a todos vocês que me acompanham nesses locais, aqui e no "Boteco Flamengante".
Em 2017 volto com força total. Por aqui vocês podem acompanhar a retrospectiva que será divulgada por todo mês de janeiro e verão quantas coisas escrevi em 2016.
´Desejando um feliz ano novo para todos nós deixo o último vídeo do ano.
Agradecendo ao Deus de todas as religiões por abençoar a mim e aos que amo.
Até breve!!
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