AMOR: CAPÍTULO 2 - PRIMEIRO AMOR
Pra
começar a contar minha história tenho que voltar um pouco no tempo. Doze anos
para ser mais preciso.
Tinha
treze anos de idade e terminava o ensino fundamental. Era um garoto como todos
os outros com sonhos, esperanças, vontades. Essa idade é muito complicada
porque você não é adulto nem criança. Quer ser adulto, mas muitas vezes pensa
como criança.
Eu
gostava de jogar bola, apesar de ser péssimo, soltar pipa, apesar de ser
péssimo, pique esconde, pique bandeira, jogo de taco, queimado, vôlei, apesar
de ser péssimo. Sim, eu era péssimo em todos os esportes. O último a ser
escolhido antes dos jogos, motivo de piadas e gozações.
A única
coisa que eu era realmente bom era em sonhar. Ah, nisso eu era. Filho único,
introvertido, não tinha muitos amigos na infância para brincar e ainda por cima
ficava na rua chorando no portão pedindo para entrar quando minha mãe me botava
pra fora para brincar.
Eu era um
tipo esquisito e as crianças, consideradas tão puras e doces pelos adultos,
costumam ser cruéis com os esquisitos. Dão apelidos, perseguem, praticam o hoje
chamado “bullying”. Comigo era assim.
Por isso
eu preferia brincar em casa, mesmo sozinho. Pegava meus bonecos, brinquedos e
criava histórias, fantasiava. Sonhava em ser escritor, um escritor de sucesso
cercado de amigos, mulheres e dinheiro.
Era fraco
na escola também, tirava notas sofríveis, mas era muito bom em redação. Ali eu
tirava para brilhar, ser notado pela minha turma que como todos me achava
esquisito.
Fazia
grandes redações, criava grandes histórias e as professoras liam as mesmas na
frente da sala de aula. Aquilo me dava vergonha e orgulho.
Um dos
poucos momentos que tinha orgulho na vida.
Fui crescendo,
cheguei aos treze anos e a bola, pipa e outras brincadeiras ganharam companhias
como o gostar de meninas. Comecei a reparar nelas, aquelas bundinhas empinadas,
seios que começavam a nascer nas adolescentes ameaçando furar as blusas e
aquilo me deixava louco.
Eu, um
garoto bobo, tímido e que era obrigado a usar óculos e aparelhos nos dentes
ficava na minha, tentava nada. Acham que eu teria alguma chance com essas
meninas? Nunca. Elas queriam os caras mais velhos..
Nem a
mim, nem aos meus amigos.
Acordava
todos os dias dez pras seis da manhã. Eu sempre odiei acordar cedo e era um
suplício pra mim. Dona Hellen, minha mãe, me acordava com todo carinho do mundo
me dando beijo no rosto e dizendo “hora de acordar amor”. Eu fazia cara de
choro, pedia mais cinco minutos, mas não tinha jeito, tinha que levantar.
Sonado me
arrastava até o banheiro e parava na porta esperando meu padrasto sair dele.
Pinheiro era um cara legal, devia ter uns trinta e poucos anos e era fuzileiro
naval. Meio moreno, era paraense, ele saía do banheiro de toalha, sorriso e
passava a mão no meu cabelo rindo e dizendo “E o seu Flamengo hein?”.
É..O
Flamengo não vivia grande fase e ele adorava me zoar por causa disso. O pior é
que até hoje não sei o time que meu padrasto torcia. Acho que não torcia por
ninguém. Só queria ter o prazer de me zoar.
Descia e
a mesa de café estava servida. Pinheiro, em pé, tomava seu café rapidamente
enquanto minha mãe me mandava sentar e que não seguisse o exemplo dele, pois
tomar café com pressa fazia mal. Pinheiro dava um beijo na testa da minha mãe e
sorrindo respondia “deixa de ser chata Hellen”. Seguia para o quarto para
colocar a farda enquanto eu sentava. Minha mãe servia o café com leite, pão e
margarina.
Poucos
minutos depois ele descia fardado. Era uma farda bonita e Pinheiro usava com
orgulho. Passava a mão em meu cabelo desarrumando o mesmo e dava um beijo em
minha mãe “te amo, hoje estou de serviço no quartel, então prepare a lista de
compras para irmos ao mercado amanhã”.
Pinheiro
era bastante atarefado, ficava de serviço tendo que dormir no quartel, viajava
com a marinha, mas era um bom marido, amoroso e tentava fazer de tudo para que
minha mãe fosse feliz.
Bem ao
contrário de meu pai.
Pinheiro
saía para pegar o ônibus para o quartel e minha mãe me apressava
dizendo que estava atrasado para o colégio. Eu escovava os dentes rapidamente,
fazia cocô, botava o uniforme e quando descia Bia e Samuel já me esperavam na
frente de casa.
Eu fazia
parte de uma turma de cinco amigos e Bia e Samuel eram os mais próximos meus.
Irmãos gêmeos e judeus Bia e Samuel foram criados junto comigo com todas
aquelas tradições judaicas que eu não entendia como “cortar o pinto”. Eu sempre
perguntava para Samuel se era verdade que tinham cortado o pinto dele e se não
tinha doído e o moleque me respondia “Não fode Toninho, vira a bunda aí pra ver
se não tenho pau mesmo”.
Sempre
muito educado.
Bia era
mais quietinha, Sempre foi “espoleta”, molecona do tipo que brincava de tudo
com a gente, ralava joelhos, não tinha tempo ruim com ela. Mas Bia cresceu, já
era adolescente e estava virando mulher. Com bundinha e peitinhos que já disse
nesse capítulo que me atraíam. Mas não com Bia. Via minha amiga como uma irmã e
com irmã não pensamos sacanagem.
E olha que
ela até era bonita.
Descia e
me encontrava com eles. Bia, sempre amorosa, dava um beijo em meu rosto
enquanto eu me virava para Samuel e dizia “fala sem pau”. O moleque mandava que
eu me fodesse e minha mãe surgia dizendo
“Meninos, vocês nunca se entenderam, vão brigar agora?”.
Os dois
falavam “Bom dia tia Hellen” e entrávamos os quatro no carro para ir a escola.
Nós três atrás e minha mãe na frente.
Conversávamos
amenidades e nos despedíamos de minha mãe na frente da escola. Entrávamos na
mesma e lá nos esperava o inspetor Juarez. Velhinho boa praça com vasto bigode
que carimbava nossas cadernetas dizendo se chegamos adiantados ou atrasados na
escola.
Subíamos
a escadaria passando por todos os estudantes. O colégio era de bom nível, feito
para a classe média e alta da Ilha do Governador, bairro do Rio de Janeiro. Eu
não pertencia a uma nem a outra, mas ganhara bolsa do colégio com 50% de
desconto por minha avó ser antiga colega de salas de aula da diretora do
colégio.
Chegávamos
a frente a sala de aula e geralmente Guga e Jessé estavam lá. Jessé era uma
espécie de “Bocó”. Do tipo que botava mão na bunda pra sentir o cheiro do pum e
passar depois no nariz. Chegamos naquele dia e ele falou pra mim “Cara, você
tinha que ver o tamanho do cocô que eu fiz, parecia o Titanic!! Com a diferença
que ele não afundou!!” Completava gargalhando e me enchendo de vergonha.
Bia pedia
respeito por ser mulher, estar presente e Jessé completava “Mulher? Aonde? Nem
peito você tem direito!!”.
Um lorde.
Guga era
um ano mais velho que nós, já repetira de ano, por isso se achava mais
experiente, adulto. Mas de adulto tinha nada. A cada menina que passava ele
dizia “já comi” de uma forma irritante. Quando variava era pra responder “Vou
comer esse ano”.
Com
quatorze anos queria nos passar a impressão que já tinha transado mais que o
Alexandre Frota. Um bocó. Mas nós éramos mais
bocós ainda porque acreditávamos.
Em
determinado momento Samuel cutucou Guga e mandou “Quero ver você comer essa”.
Era Jéssica que surgia.
Jéssica
não era de nossa turma, já estava quase terminando o ensino médio então devia
ser pelo menos três anos mais velha já com dezesseis anos. Ah as meninas de
dezesseis anos!! Não existe nada mais lindo e excitante.
E Jéssica
já era assim.
Seios
firmes, redondos, pontiagudos, bunda arrebatadora, cabelos negros que iam até
os ombros, sorriso branquinho cativante, camisa da escola amarrada na cintura
desafiando as normas do colégio de uniforme completo enquanto usava uma
camiseta cinza apertada que delineava o corpo. Para finalizar andar de modelo
fazendo todos os meninos e professores babarem.
Jéssica
era linda.
Bia dizia
“Vejo nada demais” e Samuel repetia a pergunta “E aí Guga? Vai comer essa
quando?”. Guga gaguejando respondia “Acho que essa vou deixar pro ano que vem”.
Eu? Eu
falava nada. Conseguia falar nada.
Jéssica
passava pela gente sorrindo e batendo papo com as amigas. Nós olhávamos e
fazíamos cara de cachorros vendo frango de padaria. Bia com desdém e o
brilhante Jessé terminava aquele momento com pergunta digna de um Nobel da Paz.
“Será que
ela faz cocô?”
Era
difícil não pensar em Jéssica. Essa menina me enfeitiçava e eu sabia que não
tinha chance nenhuma. Além de todos os meus dramas que relatei ainda tinha a
questão que ela era três anos mais velha. Meninas mais velhas querem homens
mais velhos. Caras com carro, que possam pagar um cinema, restaurante. Minha
chance era zero.
Não era
raro eu sonhar com Jéssica e acordar “ativo”. Minha mãe vinha me acordar e eu
todo constrangido tentava disfarçar. Já estava ficando louco e não tinha com
quem conversar. Guga? O mais experiente de nossa turma? Seria humilhante
demais, afinal ele só era um ano mais velho que eu.
-
Pinheiro?
- Fala
moleque.
Assim
iniciou-se nosso papo naquela tarde em casa quando eu via tv e ele lia o
jornal. Minha mãe lavava louças e não prestava atenção. Eu todo envergonhado
comentei que precisava de sua ajuda.
“Escola?
To fora! Entendo nada dessas coisas. Pergunta pra sua mãe” respondeu o militar
sem saber do que se tratava. “Não é isso” respondi “É um papo mais sério. De
homem pra homem”.
Pinheiro
deixou o jornal de lado e sério perguntou se eu estava usando drogas ou tinha
engravidado uma menina. Respondi que não e enquanto o militar se aliviava
respondi que era sobre mulher sim, mas que eu estava gostando.
Arrumei
coragem e contei minha situação. Pinheiro ouviu a tudo atentamente e me jogou
um balde de água fria “É..Se ela é tudo isso ela nem vai te olhar”. Eu ainda
tentava me recuperar de meu próprio padrasto me jogar aquele balde de água fria
quando ele completou “Tente arrumar uma menina de sua idade”.
Respondi
que nem elas me queriam e nervoso comentei “Eu não sei mais o que faço. Acordo
pensando em sexo, durmo pensando em sexo”. Nisso Pinheiro me cortou dizendo
“Você bate punheta?”.
Tomei um
susto com aquela intervenção. Tentei sumir dali, esconder minha cara e nunca
mais aparecer. Não era o tipo de conversa para
ter com ninguém, ainda mais com o cara que dorme com sua mãe. Apenas
balbuciei um “como?” e ele completou “Bate punheta? Descabela o palhaço? Faz
justiça com as próprias mãos? Pratica o cinco contra um? Se masturba?”.
Eu não
conseguia falar mais nada tamanha era minha vergonha. Pinheiro levantou e
voltou com um tubo. Entregou em minha mão e disse que era um gel que
“facilitaria meu trabalho”.
No dia
seguinte perguntou se eu tinha me masturbado e antes que eu me recuperasse da
vergonha jogou a playboy de uma apresentadora de programas infantis em meu colo
falando “divirta-se”.
Quando
ele saiu eu já estava quase me metendo embaixo da cama com tanta vergonha. Mas
o tempo e a experiência me ensinaram que poucos moleques tiveram o privilégio de
crescer com um cara como o Pinheiro em casa.
De noite
todos dormiam e eu fui ao banheiro com o gel e a playboy.
Nunca
tinha feito aquilo, nem sabia direito como fazer. Passei o gel nas mãos e abri
a revista a melando toda e reclamando baixinho “Droga, eu devia ter aberto a revista primeiro”.
Comecei a
me tocar pensando “Será que é assim mesmo?”. Com as sensações que vieram logo
depois sorri e pensei “É sim”. Fiquei um tempo ali pensando na apresentadora.
Que era linda, uma maravilha e sonho de consumo dos meninos da época. Pensei em
Jéssica e o negócio foi indo, indo até que..
..aconteceu.
Poucos
momentos são tão importantes para um menino quanto esse. Quando ele se vê
homem. A descoberta do corpo, das sensações, do prazer. Depois disso nos
sentimos mais confiantes, mais de igual para igual com outros meninos, até
capaz de conquistar mulheres como Jéssica.
Mas nem
deu tempo de curtir muito. Minha mãe bateu na porta e só deu tempo de colocar o
gel dentro do short e a revista por dentro da camisa e sair rezando que ela não
tivesse desconfiado de nada.
No dia
seguinte me sentia um “macho alfa” no colégio junto com os outros meninos vendo
Jéssica passar. Guga comentou “ela já transa”.
Perguntamos
como ele sabia daquilo e Guga se sentindo o cara respondeu “O corpo dela,
mulher quando começa a transar ganha corpo”. Assim disse vitorioso o menino tão
inexperiente quanto a gente, mas que tinha ouvido essa besteira e repetia como
verdade..
Também
quis me sentir vitorioso e contei que tinha algo para mostrar. Me perguntaram o
que era e levantei um pouco a camisa para verem o que era. Jessé logo matou
“cara, você tem uma playboy!!” e Samuel pediu para que fôssemos ao banheiro
ver.
Fomos e
enquanto todos se ouriçavam vendo a revista Samuel comentou “temos que ir a um
puteiro”. Respondi que era loucura, não conhecíamos nenhum e éramos menores de
idade, não nos deixariam entrar quando o menino judeu respondeu “Meu primo
trabalha em um. Ele disse que quando eu quiser ir facilita minha entrada”.
Me
interessei e perguntei onde era. Samuel respondeu que em Bonsucesso, bairro do
Rio próximo do nosso e desafiou “quem quer deixar de ser moleque e virar
homem?”.
Jessé
logo respondeu que queria. Eu titubeei um pouco, mas topei. Guga ficou mudo.
Samuel perguntou qual era o problema e o garoto respondeu que não era uma boa,
causaria problemas.
Nós três
estranhamos essa resposta, afinal, Guga era considerado o “malandro” do grupo.
Perguntei porque e ele desconversou. Samuel provocou “acho que é porque ele só
fala e é de nada. Deve ser ainda mais virgem que a gente”.
Uma
confusão se iniciou no banheiro quando Jessé percebeu que o inspetor Juarez se
aproximava do local. Rapidamente consegui esconder a revista e saímos do
banheiro.
Do lado
de fora encontramos Bia que desconfiada nos perguntou o que ocorria Disfarcei,
respondi que era nada e a menina completou “Antes
vocês confiavam em mim, não tínhamos segredos para nada. Detesto ver que vocês
estão me deixando de fora dos assuntos”.
A Bia era
minha melhor amiga, a que eu mais confiava e me abria nos problemas “mais
sérios”. Mas nós crescemos e ela era mulher, não tinha como negar isso e as
diferenças que existem entre nós.
Marcamos
a ida ao puteiro e o dia chegou.
Menti que
dormiria na casa de Guga e encontrei meus amigos no ponto de ônibus. Pegamos o
901 para Bonsucesso tensos, não dizíamos uma palavra, apenas em um momento
Samuel comentou “Meu primo falou que é muito bom mesmo, tem até menina menor de
idade”.
Chegamos
no local e o primo de Samuel nos colocou para dentro. O local era um paraíso
para gente. Música alta, american bar e mulheres de biquínis minúsculos.
Praticamente nuas. Nós olhávamos aquelas mulheres boquiabertos enquanto o primo
de Samuel nos gozava “Só não façam xixi nas calças”.
Os
“quatro mosqueteiros” andaram de forma devagar para o meio do salão. Empurramos
Guga para frente por ser o mais experiente e pedimos que ele nos contasse o que
fazer. O menino nervoso apenas balbuciou “sei lá”. Pressionamos Guga para que
ele explicasse a dúvida quando fomos cercados por mulheres exuberantes ávidas a
nos dar carinho e pegar nosso dinheiro.
Enquanto
éramos apresentados ao mundo do sexo reparei em uma moça sentada em um canto.
Parecia familiar e sem que notassem
me afastei de meus amigos e fui ao seu encontro. Fui me aproximando
e não acreditando até que próximo e espantado disse...
-
Jéssica!!
Sim. Era
Jéssica. A menina dos meus sonhos. A ninfetinha mais bonita do colégio.
Ela ouviu
o nome e tentou disfarçar. Falei novamente e se fez de desentendida dizendo não
conhecer nenhuma Jéssica. Repeti que era a Jéssica sim e a conhecia do colégio.
Evidente
que ela não lembrava de mim. Ninguém lembrava, minha mãe mal lembrava meu nome,
mas quando citei a escola Jéssica não teve mais como disfarçar e nervosa soltou
“Ta, sou eu, diz logo o que você quer.”.
Assustado,
perguntei o que ela fazia ali e Jéssica irônica respondeu “Fazendo trabalho
voluntário pra igreja. O quê você acha? Quero comprar roupas boas, sapatos,
bolsas, como acho que vou conseguir?”.
Pensei em
responder que poderia conseguir com o pai, mas soaria infantil demais. Jéssica
perguntou se tinha mais alguém do colégio ali, respondi que sim, a menina
soltou um palavrão e pediu que a tirasse dali.
Perguntei
para onde e ela respondeu “Me leva lá pra cima. Vou te dar um prêmio pra
garantir o seu silêncio”.
Levar
para cima significava ir para o quarto transar.
Paguei o
programa na recepção e subimos. Jéssica pegou minha mão e me conduziu até o
quarto. Minha mão estava gelada, eu tremia. Não acreditava que teria minha
primeira vez e justo com a mulher que eu tanto queria.
Entramos
no quarto. Jéssica me empurrou pra cama e sorrindo maliciosa perguntou “é sua
primeira vez né?”. Eu ri e respondi “Nada, que isso”, mas quando ela ligou o
som e desabotoou a parte de cima do biquini só consegui babar e balançar a
cabeça confirmando que era.
Jéssica se
virou e deixou o biquini cair de costas para mim. Ela dançava, me seduzia, eu
louco implorava que ela viesse para a cama quando ouvimos gritos vindos da
recepção.
Jéssica
assustada parou e perguntou o que era aquilo até que ouviu o grito “polícia!!”.
A menina desesperada pegou o biquini do chão, amarrou e eu perguntei o que
fazer. Jéssica respondeu “Vamos sair daqui antes que nos peguem!!”.
Não deu
tempo. Saímos do quarto e a polícia já estava nos esperando.
Era uma
batida policial devido a denúncias que havia menores trabalhando e frequentando
o local. Justo no dia que decidi ir.
Descemos
algemados. Meus amigos já estavam algemados do lado debaixo e me viram descendo
com Jéssica. Os três não acreditavam no que viam. De súbito ao ver a cara
espantada de Guga levantei a cabeça, passei por ele e disse “já comi”.
Não, não comi.
Dera um azar desgraçado. Tive a chance da minha
vida de transar com a Jéssica e não consegui. Perdia assim a chance de transar
com a mulher da minha vida.
Ledo
engano. A mulher da minha vida não era a Jéssica.
Um a um
os pais foram chegando para pegar seus filhos. Jéssica foi embora e nem
percebi, mas o problema era que todos perceberam no que ela trabalhava. Fiquei
praticamente sozinho lá quando Pinheiro chegou.
Em
silêncio meu padrasto me buscou e saímos da delegacia. Entramos no carro e
partimos em direção a nossa casa.
Os dois
em silêncio. Eu olhava pela janela e ele com cara séria, compenetrado dirigia.
Com jeito sério Pinheiro quebrou o silêncio perguntando “comeu pelo menos?”.
Desolado
respondi “Não. Ia comer na hora que a polícia chegou”.
Pinheiro
não aguentou e soltou uma gargalhada dizendo “Puta que pariu!! Mas você é muito
azarado mesmo!!”.
Tentei me
manter sério, mas não aguentei gargalhando também. Fomos os dois pra casa
gargalhando e vivendo aquele momento de cumplicidade.
Doces
lembranças das quais tenho muita saudade.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEscrevi esse capítulo aí
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