AL PACINO



*Coluna publicada no blog "Ouro de Tolo" em 10/11/2013


Cheguei em casa na madrugada de sábado vindo do Acadêmicos do Dendê e liguei a TV. Estava feliz com a apresentação de nosso samba e fiquei ainda mais porque vi Al Pacino na tela. Passava “O Poderoso Chefão III”.

Não é tão brilhante quanto os dois primeiros, mas não deixa de ser brilhante. A sequência final da trilogia mostra o personagem de Al Pacino, o lendário Michael Corleone, já velho e sentindo todo o peso de uma vida de violência e perdas.

Al Pacino, para mim, é o maior ator do mundo, de todos os tempos eu arriscaria. Dá ao Corleone toda a dor, toda a dramaticidade de uma vida tortuosa e uma cena me fez escrever essa coluna. Desculpem o spolier.

A penúltima cena do filme quando pela enésima vez tentam matar Michael e matam sua filha. A dor do mafioso sentado na escadaria do teatro e abrindo a boca, sofrendo em silêncio diz tudo. Passa toda a dramaticidade, todo o sofrimento de quem não aguenta mais perdas, aquele peso todo chegava ao ápice na dor de perder um filho.

Resumindo: Al Pacino é foda.

Alfredo James Pacino, o Al Pacino, nasceu em Nova York em 25 de abril de 1940. Estabeleceu sua carreira nos anos 70 e se transformou em ícone do cinema americano. Seus papéis se tornaram clássicos e fizeram dele uma lenda do cinema.

Sua ascensão profissional começou em 1972 naquela que é considerada uma das maiores produções da história do cinema. O filme que deu origem a série que citei acima. The Goodfather, O Padrinho, enfim, O Poderoso Chefão.

O papel de Michael Corleone foi disputado por atores consagrados, mas coube a Pacino interpretar o filho de Don Vito Corleone. O filme estrelado por ele e Marlon Brando é baseado no livro “O Poderoso Chefão” de Mário Puzo que também é um dos roteiristas da trilogia. 

O primeiro filme conta a história da família Corleone entre 1945 e 1955 e foi indicado a dez Oscar. Al Pacino recebeu uma indicação e o filme conquistou três estatuetas, entre elas de melhor ator para Marlon Brando que se recusou a receber o prêmio mandando uma falsa índia em seu lugar.

Dois anos depois foi o ator principal da continuação. Na sequência Michael é quem comanda a família Corleone ao mesmo tempo em que em flashback é mostrado o começo da família com o também brilhante Robert de Niro interpretando o papel que foi de Brando no original, Vito Corleone.

O Poderoso Chefão II conseguiu uma proeza. Ser uma sequência tão boa quanto o original. Foi a única continuação da história do cinema a ganhar um Oscar de melhor filme. O filme foi considerado “Culturalmente, historicamente ou esteticamente interessante” e selecionado pela biblioteca do Congresso dos Estados Unidos para ser preservado no National Film Registry.

O Poderoso Chefão II recebeu onze indicações ao Oscar. Al Pacino novamente foi indicado e não levou.

Muitos são os grandes filmes de Pacino. No ano seguinte fez o forte “Um dia de cão”. O filme relata a história de dois homens que tentam assaltar um banco numa situação que devia ser rápida e no fim se revela um desastre ganhando a mídia nacional. Al Pacino novamente é indicado ao Oscar.

Em 1983 fez Scarface. O meu filme preferido do ator. Neste filme o ator volta ao universo da máfia no papel do lendário Tony Montana.

Tony é um criminoso cubano exilado em Miami que começa fazendo pequenos trabalhos para o tráfico de drogas e em pouco tempo sobre dentro da organização assim como sobe sua ambição. O bandido se apaixona pela mulher do chefe, mata o homem e chega ao topo do império da droga em Miami.

O filme é considerado um dos mais violentos da história do cinema e a palavra “fuck” aparece 182 vezes em cena. Dizem que a banda Blink 182 adotou esse nome em “homenagem” à marca.

O filme se tornou uma referência. É citado em jogos de vídeo games, em outros filmes, um rapper usa o nome Scarface, até mesmo Saddan Hussein montou uma empresa fantasma para lavagem de dinheiro que se chamava Montana Administrações.

Uma outra grande marca do filme é a frase “Diga olá para o meu amiguinho”. Expressão que Montava usa para  “carinhosamente”  citar sua metralhadora na hora em que fuzila inimigos.

Mas o Oscar ainda não tinha chegado em suas mãos. Uma grande injustiça. Chegou em 1992.

Com “Perfume de mulher”, com um major cego, com um tango. A consagração de um ator ao rodopiar com uma mulher por um salão. A cada passo daquela dança o maior ator do mundo criava uma cena lendária.

Al Pacino foi mafioso, foi traficante, foi sequestrador, foi tudo, mas dançando foi além. Dançando ganhou a eternidade.  

A carreira prossegue e ele continua fazendo seus papéis, como no sensacional "advogado do diabo", ganhando prêmios de vez em quando..Pode não ter hoje personagens tão brilhantes, mas ele precisa? Não, não precisa mais.

Todos nós temos um sonho impossível, aquela que sabemos que nunca realizaremos e o meu é ter um texto interpretado por Al Pacino. Morreria feliz logo depois.

Quem não quer uma estrela dessas como ator?



O poderoso Pacino.

            

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