AS MULHERES DE ADÃO - CAPÍTULO IX - HELENA


Tive que ir à Vila Mimosa e arrumar uma prostituta pra levantar o meu moral. Tomei um porre, fui pro quarto com ela e lá em vez de transar contava que tomei chifre de um jegue. A puta me olhava com cara de sono e falava “tá bom benzinho, chifre todo mundo toma, mas vamos foder ou não?”.

Fodi sim, mas só com a paciência dela.

Meu velório continuava e de repente entrou um grupo de crentes com a bíblia na mão e cantando louvores.

Meu avô perguntou o que significava aquilo e o pastor abriu a bíblia para ler um salmo.

No fim disse que a vida era apenas a passagem e que naquele momento com certeza eu já estaria ao lado do grande pai celestial recebendo meu julgamento, o problema é que eu devia ter dificuldades pra arrumar um advogado porque não existem advogados no céu.

Ah..vai..a piada é boa.

Depois ele pediu pra falar um pouco sobre mim. Todos prestaram atenção no pastor e ele falou “Era um bom homem”.

Todos continuaram olhando pro pastor que completou “Era isso que eu tinha pra falar dele, era um bom homem, querem que eu fale mais o que? Nem conhecia o sujeito”.

Nisso uma acompanhante do pastor contou que me conheceu e teria o que falar.A mulher começou a dizer que antes de conhecer Jesus era uma pessoa perdida, desgarrada no mundo, onde não conhecia a palavra do Senhor, apenas o “xaveco” do capeta.

Olhou pra mim e falou que me conheceu em um tempo de loucura dela que “cheirava maconha” e “fumava cocaína”. Mas eu fui um bom homem e a acolhi em minha vida mostrando pra ela os prazeres do sexo e o sabor da putaria.


Notou que falou palavrão e olhou pro céu pedindo desculpas.Ela contou que recebeu um toque meu que a vida não poderia ser assim. Não só um toque, como vários toques, pegada forte de mão de macho que falava “quero te comer” e a empurrava de costas na parede encoxando e botando língua no seu ouvido.

Todos olharam assustados, o pastor gritou “irmã!!!” e a irmã gritou “Desculpa senhor, ele era um bom homem e mais não falo!!”.

Nesse momento entra um grupo vestido de branco, tocando atabaque e um senhor negro com cabelos brancos e fumando cachimbo na frente.Eram de um centro de macumba.O senhor que era um pai de Santo chegou à frente do caixão, deu uma baforada e disse “mas mizifio não é que sucê bateu as botas mesmo?”. Seus acompanhantes começaram a cantar enquanto o homem passava uma planta numa água que carregava e balançava a planta jogando a água em cima de mim.

Naquele momento o pastor e seus acompanhantes passavam a sacolinha entre os presentes no meu velório e só depois perceberam a presença dos umbandistas. O Pastor furioso gritou “O que fazem aqui seres do mal??”. “Saiam de perto desse bom homem”. O pai de Santo não se fez de rogado e respondeu “Sucê disse o que? Quer levar tapa?”.

Uma grande discussão tomou conta do velório, ânimos acirrados até que um dos maconheiros chegou perto deles com um cigarro e pediu que fumassem pra se acalmar. O pastor de uma “puxada”, o pai de Santo também e eles começaram a rir deixando seus acompanhantes sem entender nada.

Tanto que nem ligaram quando os muçulmanos chegaram e insistiram pra levar meu corpo pra cidade santa.

O clima amenizou já que literalmente foi fumado o cachimbo da paz. Quem dera se todas as guerras religiosas fossem resolvidas assim.

Por falar em guerra Edu e eu estávamos em uma. A geladeira estava vazia e tínhamos que decidir qual dos dois iria à feira. Eu não queria, nem ele então depois de muito um tentar convencer o outro decidimos no par ou ímpar. E eu perdi.

Peguei a sacola e fui pra feira. Eu não tinha muita habilidade pra comprar bons produtos, nem tinha muita paciência com a multidão que frequentava feiras por isso não gostava. A vantagem é que tinha muitas donas de casa interessantes nas compras e era um lugar que podia tomar meu caldo de cana com pastel de carne.

Fiz meu lanche e parei numa barraca pra comprar melões. Mas não foi bem nos melões da barraca que eu reparei.

Reparei foi em uma ninfetinha de dezessete anos. Ok podem me chamar de tarado, papa anjo, mas sou assim fazer o que. Aqueles peitinhos adolescentes que parecem querer furar a blusa, roupinha de colegial que sempre foi um fetiche meu.

Olhava a menina e me sentia um daqueles tarados das peças de Nelson Rodrigues.

Não conseguia tirar os olhos da menina que reparou e me olhou com jeito malicioso e perguntou “algum problema tio?”.Pronto, se é pra matar, pra acabar com a moral é só chamar de tio. Senti-me um velho, mas consegui me recompor e falei que não sabia qual melão escolher e se ela podia me ajudar.

A menina olhou pros melões da barraca enquanto eu olhava os melões que sua blusa escondia até que ela pegou um e colocou na frente dos seios falando “esse parecem firme, durinho, o que você acha tio?”

Antes que eu conseguisse falar algo ela disse “pega tio, pode pegar”.

E eu peguei..no melão da barraca antes que pensem bobagem.

Eu ainda estava ali com cara de tio tarado quando um homem apareceu e me cumprimentou dizendo “Adão, quanto tempo!!”.Olhei pra ele tentando lembrar-me de onde eu o conhecia e ele
falou “Vinicius cara!! Estudei com você e o Edu no 2°grau!!”.

Lembrei dele e lhe dei um abraço ainda atordoado com a menina que se virou pra Vinicius e falou “você estudou com meu pai tio? Que legal!!”.

Sim amigos, a menina era filha do meu amigo de infância.

Vinicius virou pra ela e perguntou se nos conhecíamos e ela contou que estava me ajudando a escolher melão. A menina então estendeu a mão pra mim e disse “prazer, Helena”, apertei aquela mão delicada enquanto ela me dava um beijo delicioso no rosto e respondi “prazer é meu Adão”.

Helena achou graça e disse “ih que maneiro igual o cara da Arca de Noé”.

Não entendi muito bem o que ela quis dizer com aquilo, só que não era muito boa de história.
Voltei ao meu apartamento contando a história em detalhes pra Edu. Não percebi que Bia estava na cozinha bebendo água e quando ela voltou perguntou se eu estava doido. Lembrava do Vinicius e que ele era lutador de jiu jitsu.

 Falei que não teria nada com a menina, eu sabia dos meus limites e me controlaria. Edu deu uma risada e ironizou “Você saber limites quando é mulher na jogada? Ah tá e eu sou a Madonna”.
Eu ainda não sabia naquela época que ele queria ser a Madonna.

Respondi os dois que eu era um adulto ciente das minhas responsabilidades junto à sociedade e não transaria com uma menina de dezessete anos. Bia então falou que era pra gente apostar. Respondi que topava qualquer aposta era só eles falarem o que seria. Bia falou que se eu ganhasse Edu e ela pagariam um jantar pra mim no restaurante mais caro da cidade.

Gostei da ideia e perguntei o que eles queriam se eu ganhasse se seria o mesmo. Edu respondeu que não, olhou pra Bia e falou que se ganhassem era pra eu me vestir de loira do tchan e dançar a coreografia de “segura o tchan”.

Confiante respondi que topava e que já valeria naquele dia porque Vinicius me chamou pra almoçar.
Bia falou pra eu não ir que seria roubada e respondi que iria sim, só tomaria um banho antes. Fui tomar banho enquanto meus amigos ficaram no sofá e Bia disse “vamos ganhar” com Edu respondendo “com certeza”.

Tomei meu banho e saí indo à casa de meu dileto amigo que eu nem lembrava.

Vinicius me recebeu de braços abertos apresentando sua esposa que se chamava Clara e nesse momento apareceu Helena com vestidinho curto. Helena chegou me abraçou dando beijo em meu rosto e falando no meu ouvido “oi tio”. Arrepiei todo e a calça apertou.

Bebi uma cerveja com Vinicius na sala enquanto Clara e Helena finalizavam o almoço. Bebia e conversava com meu amigo sobre futebol, política e da minha cadeira dava pra ver a bundinha arrebitada de Helena.

Sentamos à mesa e um delicioso macarrão a bolonhesa nos foi servido. Sentei de frente a menina que bebia refrigerante e me olhava enquanto Clara contava que o sonho dela era ser miss Brasil.
Por um momento consegui tirar os olhos de Helena, virei pra Clara e falei “nossa, sério?”. Clara respondeu que sim e que Helena era muito bonita, graciosa e já ganhara muitos concursos de beleza.
Nesse momento Helena virou pra mim e perguntou se eu não a achava bonita suficiente pra ser miss, respondi claro que sim.

Continuávamos nossa refeição e na sobremesa Clara nos serviu um saboroso pavê além de frutas que Helena e o pai compraram. Dei uma colherada no pavê no momento que de uma forma provocante Helena colocou uma uva na boca e perguntou se eu gostava da fruta.

Não consegui responder, me engasguei.

Conversava com meu amigo quando me deu vontade de ir ao banheiro e perguntei onde era. Vinicius respondeu e fui, mas errei a porta. Acabei entrando no quarto de Helena que estava só de toalha. Pedi desculpas e rapidamente fechei a porta. Corri pra porta certa, entrei no banheiro e fiz aquilo que fazia no tempo de Amanda e Bia.

Antes de ir embora Vinicius combinou um churrasco e pediu  pra que chamasse Bia, Eva e Edu que estava com saudades deles, concordei e falei com os três.

Alguns dias depois chegamos à casa de Vinicius com bebida e carne. Ao entrarmos Eva virou pra Bia e perguntou se aquela que era a ninfetinha da aposta. Bia respondeu que sim e minha irmã respondeu “tá fodido”.

Vinicius, Clara e Helena nos cumprimentaram e um momento Edu me puxou e disse “Cara, como você tá aguentando não pegar?”. Nesse momento espalmei minha mão pro meu amigo e mostrei os calos.

O churrasco ocorria com muita bebida, comida e Helena deliciosa como sempre. Fui colocar comida no meu prato quando Bia passou por mim e falou baixinho “você não vai aguentar”.  Fiz cara de brabo pra ela e continuei me servindo.

Eva contava sobre sua vida de modelo, fama, dinheiro e que faria um teste pra TV Mundo pra ser a nova apresentadora do programa infantil enquanto Clara contava do sonho da filha em ser miss e depois modelo. Depois pediu para que ela desfilasse. Helena desfilou e eu não sabia quem babava mais. Edu, Eva ou eu. No fim foi aplaudida e não aguentei falando pra Vinicius que iria ao banheiro. Passei por Helena que falou baixinho “não vai errar a porta de novo tio”.

Que situação..

Quando voltei todos conversavam e o tema era Helena e os estudos. Ela ia mal em português arriscando a ficar em recuperação. Quando sentei Bia me falou o assunto e que tinha
contado para Vinicius que eu era muito bom de português no colégio e poderia dar aulas particulares pra ela.

Olhei pra Bia querendo matá-la e Vinicius feliz perguntou se eu poderia dar as aulas, olhei pra Helena que me olhava fixamente e respondi que sim. Comecei a dar aulas pra ela e lembrei-me dos tempos que Amanda dava aulas pra mim. A tensão que eu sentia era a mesma. Ela adorava me provocar, colocava shortinhos, decotes e eu resistia.

Em uma das aulas Helena contou que em duas semanas teria concurso de miss ipanemense, ipanemense era um clube do bairro de Ipanema. Contou que iria concorrer e eu respondi “que bacana”. Então Helena pediu que eu fosse lá torcer.

Respondi que não sabia se daria, teria que ver se dava tempo porque me atarefara com os estudos e a rádio. Helena então pôs a mão no meu braço e falou “vai tio, faz um esforço”. Aquela mão quente me arrepiou então eu concordei. A menina feliz me deu um abraço.

Estava muito difícil pra resistir.

Nem precisei ir torcer. Estava em casa quando recebi um telegrama do Ipanemense convidando para ser jurado do concurso. Fiquei assim em uma encruzilhada. Como poderia ser jurado do concurso em um concurso que conhecia uma das participantes? E a ética? A moral?  Que se dane eu já estava de quatro por aquela menina.

Cheguei ao local e encontrei Clara e Vinicius. Abraçaram-me perguntando se eu iria torcer e respondi que não, iria julgar. Dei um tampinha no ombro de meu amigo e saí com os dois me olhando.
Quando as candidatas entraram notei o susto de Helena a me ver julgando e depois um sorriso. Entraram primeiro com traje de gala e me espantei com a quantidade de gente que foi torcer por ela. Todos homens.  Até o tio Freitoca estava na torcida.

As meninas se retiraram e eu tomava um cafezinho quando chegou um bilhete.

Abri o bilhete e nele estava escrito “se eu ganhar o concurso terá tudo o que quiser comigo”. Era de Helena. Cruzei as pernas pra disfarçar o estado que fiquei e guardei o mesmo. Elas voltaram com maiôs e Helena era a melhor realmente precisava nem “roubar”. Corpo escultural, tudo no lugar. A torcida se inflamava e gritava seu nome. Dei meu voto pra ela.

No fim a ansiedade tomou conta de todos pra hora do resultado. Helena nervosa esperava o anúncio e eu nervoso também esperava me lembrando do bilhete. O apresentador anunciou terceiro lugar, segundo lugar.

Até que anunciou o primeiro lugar. Era ela, Helena venceu. A menina chorando recebeu a coroa, buque de flores e o manto vermelho nas costas sendo aplaudida por todos. No fim ela abraçou as pessoas na platéia e na minha hora deixou mais um bilhete no meu bolso.

Quando olhei era um endereço com horário marcado pra eu ir.

Fiquei em dúvida se iria ou não. Era menor de idade, filha de um amigo meu e tinha uma aposta por trás disso tudo. Mas eu não aguentava mais de tesão por Helena e resolvi ir. Bati na porta, era uma quitinete e uma voz de dentro mandou que eu entrasse. Abri a porta e encontrei Helena vestida de normalista como no dia que a conheci. A menina me olhou e mandou que eu trancasse a porta.

Tranquei e ela começou a desabotoar a blusa, botão por botão. Até expor aqueles seios que me fascinaram desde o primeiro encontro. Helena tirou a blusa ficando com os seios nus e mandou que eu me aproximasse pra tirar o resto.

Tirei toda sua roupa e transamos muito gostoso. Realizei todas as minhas vontades com aquela menina, fantasias. Tudo que eu queria.

No fim olhei a hora e vi que estava tarde, teria que ir embora. Dei um beijo me Helena e comecei a me vestir perguntando se ela iria comigo.  Helena nua deitada na cama acendeu um cigarro, deu uma baforada e respondeu que não. Tinha muita gente pra agradecer ainda.

Não entendi aquela resposta quando Helena me fez um pedido “Tio, você podia mandar entrar o próximo?”.  Nesse momento abri a porta e vi uma grande fila de homens do lado de fora.

Olhei assustado pra ela que falou novamente “pode tio?”. Perplexo balancei a cabeça que sim. Helena se cobriu e deu um sorriso falando “obrigado tio”.

Saí, apontei pro primeiro da fila pra que entrasse e saí andando  espantado com o tamanho da fila. Eram todos os jurados do concurso e seus torcedores, até tio Freitoca estava nela. Ele me olhou e falou “Você acha que eu iria a um concurso de miss a toa?”.

Ainda andava pela fila quando Helena abriu a porta coberta pela colcha e gritou “Tio! Não se esqueça de pagar a aposta!”.

Cheguei ao apartamento e vi Bia e Edu sentados no sofá com sorrisos no rosto. Sem falar nada entrei no meu quarto e voltei com um vestido e peruca loira. Abri o aparelho de cd, coloquei um.

E comecei a dançar ao som de “Pau que nasce torto nunca se endireita, menina que requebra mãe pega na cabeça”.

É..segura o tchan

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GISELE

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