HOW DEEP IS YOUR LOVE
Todos nós temos a famosa
"música da minha vida". Mais do que isso, temos uma trilha, aquelas
músicas que nos acompanham, marcam momento que passamos. Mas tem aquela música,
sim, aquela que bate no peito e dá várias sensações.
Eu tenho trilha como
qualquer pessoa. Tenho músicas que me lembram amigos, acontecimentos, anos e
amores como qualquer um. Essa última categoria é a mais complicada porque
geralmente é uma canção que gostamos muito (Claro né jumento? Ninguém escolhe
música que odeia pra embalar um amor) e é muito legal enquanto esse amor
existe. O casal fica feito bobo quando a canção toca e telefona, manda zap para
dizer que ta tocando ou simplesmente fica em silêncio e olha apaixonado um para
o outro quando isso ocorre e estão juntos.
Mas e quando o amor acaba?
Não se engane leitor. Relacionamentos foram feitos para acabar (Minha noiva vai
me matar. Calma amor, não o nosso). Quantos relacionamentos você já teve na
vida? Pois é, todos acabaram (Menos o que está no momento caso esteja em um) se
relacionamentos fossem certeza de sucesso todos nós casaríamos com o primeiro
amor e no mundo moderno isso é raro.
Aí além da dor que todo
fim de relacionamento provoca você ainda perde uma música que ama. É o kit
desgraça. Você perde a pessoa, os amigos que fez através dela, os locais que
foram juntos e a música porque tudo que dava alegria ao fazerem juntos agora
causa dor. Aquela música que tocava e te enchia de alegria agora traz choro e
mágoa. Não quer nem ouvir.
Por isso tem uma música
que não permito relacionar a nada. Ela não me lembra relacionamento, amigos,
locais, anos, nada. Amo essa música simplesmente porque amo e não tem
explicação.
Como se amor pedisse
explicação.
Falo de “How deep is your love”.
A música foi feita pela
banda australiana Bee Gees em 1977 para o filme "Os embalos de sábado a
noite". Foi a última música a entrar na história que se tornou um marco de
cinema e dentro daquela trilha maravilhosa feita para o filme foi a canção que
alcançou o número 1 nas paradas americanas.
Lembro que pequeno ouvia
essa música em forma instrumental em um disco de minha avó e não sabia de qual
se tratava. Fui saber qual música era no começo dos anos 90 quando vi o filme
pela primeira vez e me apaixonei de cara. Pelo filme, pela música e pela
situação em que a música entrou no filme.
Quem me conhece sabe o
quanto sou apaixonado pelo filme e sua trilha. How deep is your love é a
síntese disso tudo.
É uma música que quando
toca me faz parar tudo que estou fazendo. Me dá uma sensação de alegria, de
prazer, uma sensação boa e uma melancolia agradável por mais esquisita que seja
essa definição.
Eu disse que essa canção
não me lembra nada, mas talvez seja o contrário. Ela me lembra tudo. Me lembra
infância, minha avó, o filme que eu amo, a primeira vez que vi esse filme, a
época que vi esse filme e minha adolescência descobrindo o amor. How deep is
your love não me lembra nada específico e lembra tudo. Talvez seja tão
importante na minha vida por isso.
Não gosto da tradução da
música, acho que perde o sentido em português, o que me encanta é sua melodia.
É a resposta humilde de um letrista reconhecendo que a parte mais importante de
uma música é a melodia. Até porque melodia sem letra permanece sendo música.
Letra sem melodia vira poema.
Taí. How deep is your love
faz da minha vida um poema.
Tenho outras músicas
emblemáticas como a trilha de "Em algum lugar do passado" e
"Don`t want to say goodbye" do Raspberries que uso para o meu livro
"Amor" publicado aqui aos sábados. Mas How deep is your love
me emociona e comove.
Muito de nós é contado por
aquilo que ouvimos e se quiserem saber um pouco mais de mim é só ouvir How deep
is your love.
É o que farei agora com
todo prazer do mundo.
Nos embalos de uma quarta
a tarde.
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