A ÚLTIMA DANÇA

Essa foto acima é de dezembro de 1997, a minha primeira final do Boi da Ilha, parceria com Paulo Travassos, Cadinho e Dãozinho. O samba era esse do vídeo abaixo, garanto que era melhor cantado do que no vídeo.

Muitas coisas ocorreram depois dessa final. Fiz mais umas 70 finais se juntar escolas de samba, blocos e sambas de terreiro, perto de 50 vitórias. Só no Boi fiz mais 15 finais. Ganhei 8 sambas no Boi, 8 sambas no Dendê, um na União da Ilha, um Império da Tijuca, um Unidos da Ponte, um Unidos do Cabral, um Tupy de Braz de Pina, uns dez em Cabo Frio, fui comentarista dos principais sites de carnaval, fundei e ganhei carnaval com a escola em seu primeiro ano. Muitas coisas em quase trinta anos.

Tudo simbolizado nessa foto.

Da parceria só eu estou vivo. Dãozinho morreu uns dez anos depois, mas tive a felicidade de fazer o cara que cantou um samba meu pela primeira vez, o primeiro a acreditar em mim, em um compositor campeão. Sua única vitória foi comigo no Acadêmicos do Dendê em 2003.

Com Paulo Travassos e Cadinho fizemos parceria histórica. Todos os meus sambas de 1997 até 2004 foram com Paulo e juntos ganhamos o histórico Boi da Ilha 2001, vencedor do Estandarte de Ouro de melhor samba do grupo A no ano e o maior samba da história do Boi.

Com o Cadinho foi uma parceria e irmandade de 27 anos, tirando Boi 2001 todas as minhas vitórias foram com ele, mais de 100 sambas feitos juntos.

Paulo morreu em 2018 e Cadinho no fim do mês passado, fiquei sozinho na foto e no samba.

O samba há tempos não é prioridade na minha vida, mas de vez em quando faço para estar perto dos amigos. Só que os amigos estão morrendo e as quadras estão ficando lotadas de lugares vazio. Muitos partiram e, talvez, seja a hora que eu parta também, mas do samba

Nos esportes tem uma terminologia chamada "Última dança". É o último ato, a finalização de uma carreira ou de um time vitorioso. Eu, durante o processo da feitura do samba concorrente do Boi da Ilha 2025 já pensava sobre isso. Com a morte do Cadinho, meu maior parceiro musical, um dos melhores amigos que tive na minha vida o pensamento virou certeza. Não digo que nunca mais farei samba, espero viver bastante ainda e opiniões mudam, mas como foi até hoje não será mais.

Nesse domingo, a minha 17° final do Boi da Ilha será minha última dança. Celebrando Dãozinho, Paulo Travassos e Cadinho, celebrando a amizade e a vida.

Amizade que nasceu no Boi da Ilha, orgulho de nascermos boiadeiros 

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