ERA DA VIOLÊNCIA 2: CAPÍTULO XXV (1° PARTE) - JOGOS DA PAZ EM TEMPOS DE GUERRA
João despertou, saiu do transe, se
tocou do que realmente acontecia e agiu como qualquer um faria. Entrou no
quarto com fúria.
Finalmente Fernanda notou a
presença do marido e levantou rapidamente se cobrindo. João foi ao encontro de
Rui e deu um soco em seu rosto. Rui caiu no chão e Fernanda gritou pedindo que
ele parasse. João foi para cima de Fernanda lhe enchendo de tapas e chamando de
vagabunda.
Rui levantou para ajudar Fernanda
tomando outro murro de João. O farmacêutico partiu pra cima do policial lhe
socando no chão e gritando “Era assim que você era meu irmão? Comendo minha
mulher seu filho da puta?”. Fernanda gritava pedindo para que João parasse,
pois iria lhe matar. O farmacêutico respondeu que era uma boa ideia e foi até a
escrivaninha pegar a arma.
Pegou, voltou até Rui que estava
grogue caído no chão e quando iria atirar Fernanda acertou a cabeça do marido
com uma jarra. João caiu desmaiado.
Com João Arcanjo desfalecido
Fernanda puxou Rui do chão e mandou que o policial vestisse a roupa e fosse
embora. Rui disse que não era de fugir e a mulher implorou “Pelo amor de Deus,
vai embora”.
Rui pediu que Fernanda fosse com
ele e a mulher respondeu “Depois eu vou, vai embora pelo amor de Deus”.
Rui de Santo Cristo se vestiu e
deu um beijo na mulher dizendo que esperaria por ela.
Rui foi embora. Fernanda se vestiu
e sentou esperando que João acordasse. O farmacêutico acordou e pôs a mão na
cabeça sentindo dor. Perguntou por Rui de Santo Cristo. Fernanda respondeu que
fora embora.
João levantou e perguntou “Por quê
você fez isso comigo? Fodendo igual uma puta na nossa cama?”. Fernanda se
levantou, pegou a bolsa, tirou um envelope e entregou a João.
João abriu o envelope e viu as
fotos com Yolanda. O farmacêutico tentou explicar que eram fotos antigas e
Fernanda pediu “Por favor João, não me faça de idiota. Olhe a tipoia, você
estava com tipoia, foi depois dos tiros”.
O farmacêutico olhou bem as fotos
e confirmou que era. Pediu que ela perdoasse e se fizesse isso também
perdoaria. Fernanda olhou para João e disse “Eu te perdoei, só não te quero
mais”.
Falou e foi até o armário arrumar
uma mala com roupas. João perguntou o que a mulher estava fazendo e Fernanda
respondeu “Indo embora”. João perguntou para onde e ela não respondeu. Fez nova
pergunta “Não me diga que você vai pra casa do Rui?”.
Fernanda colocou algumas roupas na
mala, respirou fundo e respondeu “Depois peço pra alguém pegar o restante das
roupas”. João, transtornado, gritou “Você não pode fazer isso comigo! Não pode
me trocar por aquele bandido!!”.
Fernanda olhou nos olhos de João e
perguntou “Por quê bandido? Sabe de alguma coisa? O que vocês
andaram fazendo? Me fale”. João ficou em silêncio e Fernanda completou
“Imaginei que não fosse falar nada”.
Pegou a mala e andou em direção a
porta. João se ajoelhou e pegou na perna de Fernanda pedindo para que ela não
fosse embora. Fernanda olhou para João e disse “Você me pegou dando de quatro
pro seu melhor amigo, por favor, mantenha um pouco de dignidade”.
João, chorando, soltou a perna de
Fernanda que foi embora.
Enquanto João chorava na sala
Fernanda bateu na porta de Rui. O policial abriu e sorriu ao ouvir a mulher
dizendo “Não disse que eu vinha?”.
A noite estava movimentada.
Na mansão Juliana pedia que sua
tia explicasse a história enquanto Rodrigo pedia silêncio. Norma falou para o
homem “Estão todos mortos, ela tem que saber a verdade”. Muito nervosa Juliana
perguntava “Que verdade?”.
Norma então contou que Mariana se
separara por alguns meses de Getulio e nesse período teve um caso com Rodrigo.
Juliana perguntou “Na França? Onde se conheceram?”. Norma respondeu que sim
enquanto Rodrigo pedia que a mulher parasse.
Mas ela não parou. Norma disse
“Foi coisa rápida, sua mãe me disse que eles se encontraram três vezes e acabou
voltando com Getulio. Alguns dias depois da volta sentiu enjôo, se viu atrasada
e fez exames. Estava grávida. Não tinha como ser de Getulio, era muito recente a volta”.
Rodrigo sentou em uma cadeira
enquanto a mulher continuou “Sua mãe contou a Rodrigo que se apavorou e pediu
que ela mantivesse silêncio, pois não queria perder a amizade de Getulio. Pediu
para que enganasse, deixasse passar um mês e revelasse a gravidez”.
Juliana ouvia a tudo com lágrimas
nos olhos. Norma completou “Ela deixou passar o mês e contou para Getulio.
Oficialmente você nasceu de oito meses e o marido nunca desconfiou. Mariana e
Rodrigo fizeram um pacto de silêncio e só eu soube da história por ser confidente
de sua mãe”.
Foi a vez de Juliana sentar e os
três ficaram em silêncio um tempo. Juliana olhou Rodrigo e perguntou porque ele
nunca contou. Rodrigo, sem olhar minha ex, respondeu “Prometi a sua mãe”.
Juliana levantou e gritou que os pais já tinham morrido, ele podia ter contado,
Rodrigo também levantou e olhando Juliana comentou “Eu prometi, mas estive ao
seu lado todo esse tempo, sempre tentei te proteger de alguma forma”.
Norma disse que sentia um alívio
por contar a verdade e Juliana balbuciava “Meu Deus, eu vivi sobre uma mentira.
Meu pai que não é meu pai, meu pai que é você e o homem que eu pensava ser meu
pai é pai do Gilberto”.
Apenas ali Juliana caiu em si
“Gilberto..Gilberto, Gilberto não é meu irmão”. Norma estranhou e perguntou
“Como?”. O semblante da minha ex mudou, Juliana abriu um largo sorriso e gritou
“O Beto não é meu irmão!!”.
Pegou a bolsa e saiu correndo com
Norma e Rodrigo perguntando aonde iria.
Eu morgava no sofá vendo televisão
quando ouvi alguém tocando a campainha impacientemente. Levantei gritando para
se acalmar que o Brasil era nosso e abri a porta. Era Juliana.
Me assustei e perguntei se algo
ocorrera. Se Guilherme aprontara algo. Juliana em uma mistura de choro e riso
me respondeu “Eu não sou sua irmã”. Não entendi, pedi que ela repetisse e
Juliana repetiu “Eu não sou sua irmã!!”.
Juliana me agarrou e me beijou. Só
deu tempo que eu fechasse a porta. Em algum lugar desse planeta eu tenho
certeza que tocava Tim Maia naquele momento. Nem deu tempo de irmos para o
quarto, ali mesmo nos agachamos e tirei sua blusa beijando sua boca. Era muita
vontade reprimida. Muitos anos que eu queria aquela mulher e não tinha como.
Não fodemos. Fizemos amor no
sentido literal da palavra. Todo aquele amor que comprimia meu peito, sufocado,
dilacerado era solto em beijos, línguas, mãos pelo corpo daquela mulher. Sonhei
com muitas mulheres ao longo dos anos, mas era com ela que eu queria acordar
todos os dias.
Eu amava Juliana, sempre amei. A
mulher da minha vida. Quando estamos com a mulher de nossa vida é diferente.
Queremos que o tempo não passe. Queremos que o tempo pare com o corpo por cima
do dela.
Foi assim que vivi uma das
melhores noites de minha vida. A noite de minha redenção.
Na manhã seguinte tomávamos café
na cama juntos e eu ria. Juliana, animada, perguntou qual era a graça e
respondi “Graças a sua mãe e sua escapadinha não somos irmãos”. Juliana riu e
respondeu “Eles não estavam juntos, minha mãe não traiu”. Eu comentei “Não
importa, Getúlio Peçanha tomou galhada. Santa galhada!”.
Juliana colocou uma uva em minha
boca e disse “É estranho. Viver a vida toda uma mentira, achar que um homem é
meu pai e na verdade ser outro, de minha convivência”. Respondi que agora ela
entendia o que passei quando descobri e Juliana comentou “É. Deve ter sido
barra. Eu pensei que você quisesse nada comigo e na verdade estava me
protegendo”.
Falei que era bom ouvir isso dela,
que ela tivesse essa noção e Juliana continuou “Você foi muito homem, mostrou
que me ama e não sei como agradecer”. Ri e disse em seu ouvido “Ah, você sabe
sim”.
Nos beijávamos quando a campainha
tocou. Juliana pediu que eu não atendesse, mas respondi que poderia ser
importante. Botei o roupão e abri. Era Rodrigo Saldanha.
Falei ao homem que imaginava que
ele aparecesse. Rodrigo pediu para entrar e fiz o convite. Quando ele entrou
Juliana surgiu com um roupão e o homem lhe cumprimentou. Juliana respondeu “Oi
Rodrigo, desculpe, ainda não consigo lhe chamar de pai”.
Rodrigo entendeu e pedi que ele se
sentasse, Juliana também. Eu teria muito a contar.
Contei tudo o que sabia sobre os
Cachorros Velozes. Dei nomes, contei sobre as mortes. Claro que
me protegi e não disse que matei o juiz. Rodrigo e Juliana ouviram a tudo que
eu disse.
Ao fim Juliana se levantou e
comentou estarrecida “João Arcanjo, Rui de Santo Cristo, nunca poderia esperar
e ainda tinha o Rubinho envolvido em tudo”. Rodrigo se levantou, agradeceu
pelas informações e disse que iria desmantelar a quadrilha. Levantei
cumprimentando o homem e Rodrigo comentou “Nunca pensei que um dia seríamos
aliados”. Eu respondi “Nunca pensei que um dia você seria meu sogro”.
Rodrigo e Juliana se olharam e o
policial comentou “Ainda vamos conversar”. Juliana concordou e respondeu “Sim,
só me dê um tempinho”.
Rodrigo se despediu e eu e Juliana
ficamos na sala. Juliana apertou minha bunda e com sorriso malicioso fez sinal
para que voltássemos ao quarto. Claro que aceitei.
Não éramos o único casal que se
entendia na cama. O mais novo casal fazia o mesmo. Rui e Fernanda. Os dois
treparam a noite toda, o dia seguinte quase todo também e uma hora Rui pediu
arrego.
Cansado o homem deitou na cama e
comentou “Você é insaciável”. Fernanda sorriu e respondeu que ele ainda não
vira nada lambendo seu ouvido. Rui olhou a mulher e comentou “Você sempre foi
fogosa. Lembro de quando a gente se pegava”. Fernanda olhou pra ele e disse “Na
época nem transamos”. Rui passou a mão nos cabelos da mulher e respondeu “Mas
ainda iremos muito”.
Fernanda, maliciosa, se meteu
embaixo das cobertas e abaixou fazendo oral no homem. Rui com um sorriso safado
fechou os olhos.
Mais algum tempo e estavam
abraçados deitados na cama. Rui perguntou como estaria João. Fernanda respondeu
“Quero que ele se foda, não me respeitou”. Rui, se fazendo de bonzinho,
comentou que apesar de tudo gostava do amigo e a mulher pediu que não falassem
mais dele.
Ficaram um tempo se beijando e
Fernanda comentou que as Olimpíadas começariam no dia seguinte. Rui se fez de
desentendido e comentou “É? To por fora, nem sabia”. A mulher perguntou se Rui veria a abertura
com ela e o homem desconversou “Adoraria, mas amanhã tenho plantão”.
Fernanda olhou Rui e perguntou
“Você não fará igual o João né? Não me deixará sozinha com sumiços?”. O
policial olhou para Fernanda e a mulher sorriu contando “Eu to brincando bobo”.
Rui respirou fundo demonstrando alívio e abraçando a amante.
Rui não teria plantão. O serviço
dele era outro.
Na manhã seguinte estava com
vários homens no galpão planejando a ação do dia enquanto fui ver João Arcanjo.
O homem estava arrasado, parecia um cadáver.
Entrei e pedi que ele me contasse
tudo. João me explicou o que ocorreu e falei que era muito estranho. Ele
perguntou porque e respondi “A Fernanda aparecer do nada no seu encontro com a
Yolanda, essas fotos anônimas. O Rui ter levado a mulher ao hospital te ver”.
João perguntou “Você tá achando que..”. Antes que ele completasse falei “..que
o Rui pode estar por trás de tudo”.
João levantou gritando “Eu vou
matar esse filho da puta”. Puxei João de volta para o sofá e falei “Vai não,
vai ficar quieto aqui”. O farmacêutico se indignou “Porra Gilberto!! O cara
arruinou a minha vida e você quer que eu fiquei quieto?”.
Respondi que tudo era hipótese e
se fosse verdade teríamos que descobrir o motivo, porque ele fez tudo aquilo.
Pedi que João Arcanjo ligasse a tv porque começaria a abertura dos jogos. O
farmacêutico ligou e completei “Ah, arrume um advogado, denunciei todo o
esquema dos Cachorros Velozes pro Rodrigo Saldanha”.
João olhou assustado pra mim e
perguntou “o quê?”.
A abertura dos jogos começou. Os
olhares de bilhões de pessoas voltados para o Rio de Janeiro, o estádio
Olímpico recebia os atletas do mundo inteiro. Shows eram realizados no estádio
enquanto se esperava o desfile das delegações.
O governador do Rio de Janeiro,
Roberto Vergara, assistia tudo ao lado do presidente da República. O governador
comentou baixo a um assessor “Que coisa mais chata, acaba nunca, me arrume uma
caipirinha”.
O assessor saiu para arrumar
enquanto o governador fingia estar feliz sorrindo e acenando junto com o
presidente.
O assessor foi até o bar e pediu a
caipirinha para entregar ao governador. O atendente preparou a bebida, serviu e
depois que o assessor saiu se afastou pegando um rádio e dizendo “Ele saiu
daqui, tudo certo”.
Um outro homem na arquibancada do
estádio ouviu a mensagem e passou rádio para um terceiro. Homens se comunicavam
por rádios transmissores enquanto o governador bebia a caipirinha.
O governador bebeu e alguns
minutos depois lhe deu uma vontade enorme de mijar. O atendente colocara alguma
coisa em sua bebida. O homem pediu desculpas ao presidente dizendo que iria ao
banheiro.
Roberto se levantou e foi para o
saguão. Perguntou a um funcionário onde ficava o banheiro e ele apontou. Depois
que o governador se afastou o funcionário falou em seu rádio transmissor.
O governador entrou no banheiro e
outro homem surgiu trancando a porta.
Roberto Vergara mijava aliviado no
mictório enquanto um faxineiro passava pano de chão no banheiro. O faxineiro
largou a vassoura, se aproximou do mictório ao lado, olhou o pau do governador,
olhou seu rosto e comentou “É grande hein?”.
O governador tomou um susto e
perguntou “Como?”. Naquele instante o faxineiro tirou uma seringa do bolso e
cravou no pescoço de Roberto. O faxineiro era Rui de Santo Cristo.
O governador tomou uma injeção
letal e caiu morto na hora. Rui puxou o corpo do homem e colocou sentado sobre
uma privada. Falou no rádio dando ordem de destrancar o banheiro e fugiu por
uma janela.
Assessores do governador
estranharam sua demora e saíram para procurá-lo. Foram até o banheiro e
encontraram o homem caído com a calça arriada em cima da privada. Chamaram
urgente paramédicos. Não havia sinal de violência e tudo parecia ser um enfarte.
Enfarte que foi provocado pela injeção. Os médicos chegaram, tentaram
ressuscitar o governador, mas já era tarde.
Enquanto tentavam salvar em vão a
vida do governador Rui dirigia exultante. Ouvia Wilson Simonal e cantava junto
“Ninguém sabe o duro que dei / pra ter fom fom trabalhei, trabalhei”. Depois
gritou “Cinco milhões!! Cinco milhões porra!!”. Estava exultante.
Abriu a porta de casa e gritou
“Fernanda, meu amor, vamos comemorar”. Deu de cara com Rodrigo sentado na sala.
O homem respondeu “Minha filha teve que sair, mas abriu a porta e mandou que eu
ficasse a vontade”.
Levantou e se aproximou de Rui de
Santo Cristo perguntando “Vamos brindar a o quê? A morte do governador?”. Rui
desconversou, disse que não sabia do que Rodrigo falava e o homem continuou “O
Gilberto me passou o serviço todo, eu disse para ele que faria justiça. O
idiota acreditou”.
Rodrigo se serviu de uísque,
perguntou se Rui queria e o policial recusou. Rodrigo então continuou “Sei tudo
sobre vocês, tenho provas que coletei esse tempo todo e que ficou mais fácil
ainda arrumar com o que Gilberto me disse. Descobri que o Rubinho te contratou
pra matar o governador. Cinco milhões? Nada mal”.
É. Rui de Santo Cristo estava
fodido. Como eu disse antes Rodrigo Saldanha era uma raposa, me ludibriou e
conseguiu pegar o Rui com as calças arriadas.
Rui sabia que não tinha mais como
negar e perguntou “O quê você quer? Fala logo!”. Rodrigo bebeu mais um gole do
uísque, colocou sobre a mesa e respondeu “Assim que eu gosto, direto ao ponto.
Um milhão”.
Rui abaixou a cabeça e respondeu
“É justo”. Rodrigo continuou “A essa altura Rubinho já sabe que o governador
foi pro saco. Ligue pra ele e peça a grana. Ah, não tente me enganar. Quando
você nasceu eu já colocava cachorros velozes em canis”.
Rui ligou para Rubinho colocando
em viva voz para que Rodrigo ouvisse. O empresário transferiu a grana para a
conta de um laranja de Rui que transferiu um milhão para um laranja de Rodrigo.
Depois de tudo finalizado Rodrigo foi até a porta para ir embora. Voltou e
disse a Rui “Bem vindo a família meu novo genro”.
Rodrigo foi embora. Rui fechou a
porta e transtornado gritou “Filho da Puta!!” quebrando a sala toda.
A fase não estava boa para Rui. No
dia seguinte chegou na delegacia para trabalhar e Yolanda esperava por ele. O
homem passou direto e Yolanda puxou seu braço perguntando “Que história é essa
de você estar vivendo com a mulher do João?”.
João Arcanjo pediu que a mulher
não enchesse o saco, pois estava de péssimo humor e Yolanda respondeu “Tudo
bem, vou encher seu saco não. Vou até sua casa contar toda a verdade pra ela”.
Rui puxou Yolanda até o banheiro. Encostou violentamente na parede e pegou sua
boca dizendo “Experimente! Experimente tentar me foder pra você não ver se não
te fodo antes!”.
Yolanda tirou a mão do policial de
sua boca e debochando perguntou “Que é? Vai me matar?”.
Rui mandou que ela não duvidasse disso e Yolanda respondeu “Não tenho medo de
você Rui de Santo Cristo. Se prepare, não existe inimigo maior que mulher maltratada”.
Yolanda foi embora e furioso Rui
socou a parede do banheiro e dizendo baixinho “Todo mundo tentando me foder
agora, mas eu sou Rui de Santo Cristo porra, vou comer o cu de todo mundo sem
vaselina”.
Enquanto Rui se lamentava na
delegacia João afundava na depressão em casa. Maltrapilho, barba por fazer e
sem tomar banho foi atender a porta. Quando abriu percebeu que era Fernanda.
A mulher tomou um susto ao ver o
ex e comentou “Você ta péssimo”. João agradeceu e perguntou o que Fernanda
queria. A mulher respondeu que precisava de roupas e foi buscar.
Fernanda entrou e João andou
lentamente até o sofá da sala e se sentou. Sem ser perturbada a mulher pegou
uma mala no armário e encheu de roupas. Saiu e encontrou João olhando para o
vazio.
Fernanda se preocupou e comentou
“Você ta mal João, não pode ficar assim”. João Arcanjo respondeu que sua vida
acabara e a ex perguntou por Yolanda, João respondeu “Me abandonou”. Fernanda
lamentou e se encaminhou a porta.
João perguntou se ela estava com
Rui e Fernanda respondeu “Não pergunte aquilo que você não quer ouvir a
resposta”. O farmacêutico fechou os olhos encostando a cabeça no sofá dizendo
“Já respondeu”.
Fernanda se comoveu com o estado
do ex. Olhou para ele ali sentado e comentou “Olha, eu voltarei aqui com os
papéis do divórcio. Espero que a gente consiga se entender, não queria que esse
sofrimento prolongasse”.
Sem olhar para a ex, da mesma
forma que estava João respondeu “Pode trazer que eu assino”. Fernanda pensou em
dizer mais alguma coisa, mas achou melhor não e foi embora.
Fernanda voltava para a casa de
Rui desolada com a forma que vira João enquanto seu pai fazia uma visita a
Rubinho. O empresário discutia com Flávia ao telefone reclamando que a mulher
não tinha mais tempo para ele e andava estranha desde a morte do marido. A
secretária anunciou a presença de Rodrigo e Rubinho pediu que entrasse.
Rodrigo entrou enquanto Rubinho
continuava discutindo. Rodrigo sentou e o empresário, furioso, gritava “O quê?
Que história é essa de França? Você não vai embora pra França porra nenhuma
entendeu? Eu não vou deixar!! Alô!! Alô!! A filha da puta desligou na minha
cara!!”.
Rodrigo comentou que o amigo
estava com problemas. Rubinho passou a mão no rosto, respondeu que sim e pediu
desculpas dizendo que Rodrigo aparecera em péssima hora. Rodrigo se ajeitou na
cadeira e comentou “Pena que eu vou piorar ainda mais seu humor”.
Rubinho perguntou qual era o
problema e Rodrigo respondeu “Eu descobri seu envolvimento com os Cachorros
Velozes. Você mandou matar um juiz, seu irmão e o governador. Que coisa feia”.
O empresário respondeu que não
sabia do que ele falava e Rodrigo continuou “Eu sei que
você fez tudo isso Rubinho, não tente me enganar, não duvide de minha
inteligência”. Rubinho levantou e disse que o policial não tinha provas.
Rodrigo sorriu e respondeu “Ah, tenho sim. Você acha que eu seria idiota de vir
aqui sem provas? Tenho sim e além de tudo o idiota do Rui de Santo Cristo
entregou tudo”.
Rubinho começou a se preocupar e
fez a mesma pergunta de Rui “Quanto você quer?”. Rubinho respondeu “Eu gosto de
vocês porque são práticos. Dois milhões”.
Rubinho se aproximou de Rodrigo e
falou bem perto do seu rosto “Você também fez coisas erradas comigo, se
esqueceu das armações contra o Gilberto?”. Confiante o policial pediu “Prove”.
Rubinho olhou um tempo Rodrigo e disse “Filho da puta”. Rodrigo riu e falou
novamente “Dois milhões”.
Rubinho teve que pagar.
Continua...
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