O BOI REAGIU


No Boi cheguei saído da adolescência e virei adulto. Na minha primeira disputa de samba na União da Ilha com pouco mais de 20 anos fui convidado para pegar sinopse do Boi, o enredo era Círio de Nazaré e o Boi era a escola de samba da esquina da minha casa, que meu pai foi passista e eu aprendia os sambas sem sair de casa.

Ali disputei minha primeira final de samba no mesmo ano, perdi, assim como perdi a seguinte. Mas ganhei a disputa do carnaval 2001 com o enredo Orun Aye. O anúncio foi uma das maiores emoções da minha vida. Aquele samba despretensioso, feito apenas para que pudéssemos chegar na final venceu, foi Estandarte de Ouro, o prêmio máximo do carnaval que apenas esse samba e Domingo da União da Ilha ganharam no bairro e o único estandarte da história do Boi. No ano seguinte fomos bicampeões com outro samba que marcou sobre a cidade de Holambra e o resto é história. 


No Boi disputei 15 sambas, fiz 14 finais, ganhei 7 sambas, 3 de terreiro, estandarte de ouro, S@mbaNet, Jorge Lafond, fui presidente da ala de compositores e criei o Reage Boi em um momento ruim da escola que perdera a quadra e tivera de forma consecutiva presidente ou ousados demais pro tamanho da escola ou ultrapassados. Escola ferida que vinha de vários rebaixamentos, alguns estapafúrdios como perder 2 pontos em dispersão por não tirar os carros em tempo.


Chegou ao fundo do poço, ao último grupo prestes a ser extinto e por isso criamos o Reage Boi, movimento que uniu dezenas de sambistas da cidade. Fomos impedidos de disputar a eleição e assim criamos uma dissidência da escola, a Nação Insulana com a mesma vencendo o Boi quando se enfrentaram em mais uma ferida na escola. No ano seguinte o Boi ficou entre as últimas do último grupo e foi impedida de desfilar por 2 anos que viraram 5.

É a minha escola do coração, escola da minha vida, escola de vida, onde mais aprendi, mais me realizei, mais orgulho e lembranças boas tenho. Quando criamos a Nação não criamos uma escola nova, resgatamos uma antiga, era o verdadeiro Boi, aquele que nós amávamos. Nunca deixamos o Boi, levamos a escola conosco..

O Boi foi o local onde fui mais feliz na vida, tive minhas maiores conquistas, conquistei meus melhores amigos e fui feliz nesse carnaval novamente vendo sua volta linda.

Vi ali o Boi de Orun Aye, Holambra, Águas de Oxalá, Municipal, Círio de Nazaré, a Saga de Kananciue, o Boi de Jorge Nossa Nova, João Sérgio, J.Brito, Bujão, Quinho, Carlinhos Fuzil, Maurício 100, Marquinhus do Banjo, Ginho, Júnior Nova Geração, Paulo Travassos, Roger Linhares, Cadinho, o Boi de Eloy Eharaldt que deve ter recebido Guilherme Alexandre no céu com um abraço.

Que desfile lindo o Boi fez comandado pela garotada como o presidente Marcelo, vice presidente Cuca, diretor de carnaval Júnior e o de harmonia Dimas, misturados com os mais velhos como Portela, Lourival, todos emocionados. Vi Ali quase todo o Reage Boi, aqueles loucos que queriam resgatar a escola.

Obrigado Marcelo por trazer o Boi de volta, obrigado a todos. Obrigado Guilherme Alexandre por mais um carnaval inesquecível. Orun deve ter te recebido com palmas. Depois de 26 anos o Boi voltou a ser campeão do carnaval mostrando que boiadeiro tem raça, se esmera e a nossa força vem da humildade. 

A pergunta que mais me fazem quando estou em evento de carnaval é se a Nação voltará. A Nação sempre foi o Boi e o Boi voltou.

O Boi reagiu.



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