ARTESÃOS DAS LETRAS
Não existe nada mais importante que a palavra.
Dizem que uma imagem fala por mil palavras, mas você não consegue expressar isso sem dizer. Palavra é a nossa forma mais forte de comunicação, o texto que declamamos por toda nossa existência.
Sou escritor e pra mim a palavra sempre foi muito importante. Quando era compositor de samba enredo era letrista, o responsável pelas letras dos sambas. Muita gente usa a letra apenas para contar a história do enredo, eu fazia questão de fazer daquela letra como um bordado, um artesanato, queria botar poesia, dar importância para aquilo.
Assim também com meus textos teatrais. Sempre tive respeito pelos atores, com o público, acho que por isso que mesmo sendo um autor desconhecido chegarei em junho a décima sétima peça encenada. Não gosto de escrever o texto por escrever, vomitar o texto para os atores e fico muito feliz quando vejo grandes mestres fazerem isso, terem a preocupação com as palavras, o texto.
Essa semana vi isso ocorrer duas vezes. A primeira com a novela Pantanal. A novela é assim desde o começo, desde sua primeira versão em uma imensa riqueza de texto e força dos personagens. Uma característica marcante de seu autor Benedito Ruy Barbosa, um artesão das letras, um poeta que faz poesia de suas histórias com personagens marcantes e densos.
Essa semana que passou tivemos momentos marcantes como a chegada do personagem Zé Lucas de Nada e a morte da Madeleine. Em um momento tão superficial de texto e histórias mostra diferencial. E o público gosta de texto assim vide o o sucesso da novela.
Outro momento que vivi assim foi nesse domingo revendo Cinema Paradiso. Não via a mais de trinta anos e quis rever para mostrar a Luciana. Lembrava que a história era linda, mas não lembrava que era tão linda. É arte pura, é artesanato, bordado, poesia. O final do filme é histórico, mas tem sutilezas pouco percebidas como quando o personagem Salvatore volta a sua cidade e a mãe vai correndo atender a porta desfazendo o bordado que fazia por a lã estar presa em sua roupa.
Amo arte, a palavra, a sutileza, ela revigora em momentos tão difíceis como esse em que vivemos.
Obrigado artesãos, por cada palavra.
Por cada poesia.
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