A REVOLTA DA CHIBATA


Demorou, mas parece que acordaram.

Nos EUA nunca dormem. Sempre que um negro morre ou é espancado se revoltam, vão para as ruas. Lembro de Rodney King, espancado em 1991 provocando revolta na Califórnia. Todos lembrarão de George Floyd, o homem que sacudiu os Estados Unidos. Como disse sua filha "Papai mudou o mundo".

País acostumado com lutas, nem sempre justas, mas acostumado. Com democracia firme e duradoura.

Aqui não é assim. Nossa democracia nunca foi firme, sempre foi atacada. Seja nos regimes oficiais de poder, seja nas vielas, favelas, senzalas do século XXI. Libertaram os negros da escravidão e esqueceram de tirar suas algemas, fizeram do fuzil uma chibata moderna.

Quantos já não morreram aqui? Quantos Rodneys Kings e George Floyds não produzimos? O genocídio no Brasil é feito em escala industrial e agora virou proposta de governo.

O menino João Pedro é apenas o mais recente. Outros podem ter surgido até esse texto ser publicado. A diferença é que parece surgir uma reação.

O povo foi pra rua domingo passado. Reação tímida ainda, até porque estamos em meio a uma pandemia, mas importante. O povo parece cansar do descaso, das humilhações e mesmo com todos os alertas de saúde decidiram que democracia é um serviço essencial.

Ainda é cedo para prever o futuro, mas nunca é cedo para ter esperanças. Precisamos disso, até porque somos 70%.

Amanhã tem que ser novo dia.

Ps. Como previsto acima, mas uma tragédia ocorreu. Justiça para Miguel, justiça para todos os injustiçados.

Basta.


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