100 DIAS



Domingo fez 100 dias que entrei nessa quarentena de vez.

A data que a Luciana veio pra cá passar esses dias de quarentena e que parei de ir a bares, praias, restaurantes, a fazer as coisas que eu gosto. A gente imaginava que fossem só alguns dias, mas passamos dos 100 dias.

Passamos e não temos a mínima ideia de quando irá acabar. Não sabemos porque estamos lidando com o desconhecido, ninguém que habita atualmente nesse planeta passou antes por uma pandemia e ao mesmo tempo em que existe uma corrida para se achar a vacina os países que já passaram pela primeira onda da doença e tentam reabrir aos poucos sofrem a ameça de uma segunda onda.

Não sabemos porque o brasileiro é irresponsável de seu povo até os governantes. Em nenhum momento soube lidar com a pandemia e somos tão atrasados que enquanto o restante do mundo tem medo da segunda onda nem sabemos se já passamos o pico da primeira. Em vez de respeitar a quarentena e todo mundo ficar em casa algumas semanas tivemos desrespeito, pessoas saindo, muitas vezes sem máscaras e o problema se aprofundou aqui. O que era pra ser duas, três semanas de isolamento chega a 100 dias de entra e sai de quarentena. Não tem como dar certo. 

Não tem como dar certo quando temos um presidente alucinado no poder, não tem quando temos governadores reféns de empresários, verba pública e prefeitos que além disso tudo passarão por processos eleitorais e não querem tomar medidas antipáticas, mas fundamentais. O prefeito do Rio fará da cidade o único lugar do mundo a ter público em estádios de futebol para tentar agradar o eleitorado e conseguir uma reeleição. Eleitorado que nem precisou de urna para ser eleito um dos povos mais ignorantes do mundo acabando com a falácia que o melhor do Brasil é o brasileiro.

O Brasil é um lugar privilegiado. Nunca tivemos grandes guerras em nosso território, grandes atentados terroristas, tsunamis, terremotos, vulcões e por causa disso não tememos catástrofes. Para piorar o inimigo é invisível o que dá uma falsa sensação de segurança fazendo o povo ficar de "saco cheio" e ir pra rua . O brasileiro chamou o coronavirus pra porrada.

Eu daqui mudei meus hábitos, é o novo normal como algumas pessoas tem pavor de pensar e querem negar a realidade. Sim, existe um novo normal, a vida não é mais a mesma e nem sabemos se voltará a ser um dia. Já passei por todas as fases. A fase mais pra baixo pensando que perdi meu ano, a fase que comi pra cacete,  fase que resolvemos reformar a casa, a fase da falta de imaginação onde pessoas perguntavam por textos meus nesse período e eu não tinha a mínima vontade de escrever e a fase atual, a fase que além de escrever aqui ativei de vez com a Luciana a "SDC Produções" e nesse período produzimos oito curtas metragem de quarentena, entre eles a série "Home Office" que brinca com uma quadrilha de bandidos tendo que se reunir via live, mais um pronto para estrear, dez textos prontos para ser produzidos e lançamos o programa de debates "Sobretudo e mais alguma coisa"  onde já estreamos sete edições e tem mais uma que irá estrear nessa quinta.

Parece uma eternidade, esses 100 dias parecem que foram muito mais e serão muito mais se não levarmos a sério. Mas também não adianta nos lamentarmos, temos que viver.

Até porque, não sei quando, tudo isso vai passar e o que ficará de verdade é tudo o que fizemos nesse período.


E isso dirá nosso lugar na história.   


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