ANÁLISE: OS SAMBAS DE 2016
*Coluna publicada no blog Ouro de Tolo em 13/12/2015
Hoje acabam as
férias. A partir desse domingo nossa casa, a Marquês de Sapucaí, reabre para o
maior espetáculo da Terra. Não é o desfile propriamente dito mas os ensaios
técnicos que são uma atração a parte e já fazem parte do calendário cultural do
Rio de Janeiro.
As escolas vão
testar os quesitos de chão e seus sambas. Ali começaremos a ter uma real noção
do que cada um pode render. Mas, claro, desde escolhidos esses sambas já vem
sendo debatidos (Fizemos essa semana e passada no Bar Apoteose) e todos tem
suas opiniões.
Também tenho a
minha.
De novo volto
aquele velho argumento que já deve ter cansado vocês. A safra de 2016 ratificou
o que eu sempre digo, que samba-enredo é o melhor gênero musical do país.
Nenhuma música produzida no Brasil em 2015 é melhor que pelo menos cinco
sambas. Se os sambas não ficam, se não vendem como já venderam um dia deve-se a
inúmeros detalhes que, pelo menos hoje em dia, nada tem a ver com qualidade
musical.
Não tivemos um
super samba como Portela 2012 e Vila 2013, apesar de ter samba que se aproxima
disso, mas também nenhuma escola passará vergonha com sua obra. O nível ficou
alto, o que faz com que algumas agremiações que escolheram sambas melhores que
do ano passado e melhores até que dos últimos anos mesmo assim fique na
“rabeira” do cd.
Também não
tivemos nenhum “erro grosseiro” nas escolhas.
Aliás, a falta dos erros grosseiros tornaram-se uma tendência nos
últimos anos. Cerca de um mês e meio atrás no Bar o historiador Luiz Antonio
Simas levantou a questão que a força da internet, das redes sociais, o fato de
hoje os sambas serem muito conhecidos desde a inscrição, impedem esses erros.
Acho que ele tem razão.
Os sambas vêm
melhorando desde 2010, desde o “Mar de fiéis” da Imperatriz e da homenagem a
Noel da Vila. Tinha medo de uma queda no carnaval próximo devido ao excesso de
notas 10 dadas no de 2015, mas ainda bem me enganei. Esse ano me parece o de
maior maturidade da safra. Independente dos enredos, previamente criticados, me
parece que os compositores souberam explorar ao máximo as sinopses oferecidas e
algumas vezes até extrapolar.
Casos de
Imperatriz e Tijuca que vem com sambas muito melhores do que imaginávamos nos
lançamentos dos enredos. Tudo bem que tem pouco da cidade de Sorriso e da dupla
Zezé di Camargo & Luciano nas sinopses, mas os compositores foram muito
felizes.
Gusttavo Clarão
e parceiros fizeram o melhor samba da Tijuca desde Agudás e a Imperatriz
mostrou a força crescente de sua ala escolhendo aquele que tem grande chance de
ser mais uma vez o samba do ano do especial (Viradouro é o do ano para mim) com
o lendário Zé Katimba. No pré carnaval esse samba vem sendo o preferido dos
sambistas.
Mangueira vem
com um senhor samba enredo da mesma parceria do ano passado comandada por
Alemão do Cavaco e Cadu. Portela vem com o veterano Wanderley Monteiro, o
novato (na escola) Samir Trindade e um samba delicioso que remete os últimos
sambas da agremiação e a parceria de Marcelo Motta vem com um samba poderoso e
que retrata bem o malandro. Para mim a escola é a favorita para 2016 e vem com
um samba do nível desse favoritismo.
Esses eu digo
brincando que são meus sambas para se classificarem a Libertadores. Abaixo tem
o samba da Vila que eu ainda não consigo ter uma definição devido as várias
mudanças, mas não é um samba para se jogar fora, evidente. Quero ouvir hoje ao
vivo.
Acho bem
definido que a safra está dividida em dois grupos de seis sambas e a maioria
das pessoas com as quais conversei concordam com os dois grupos. Mas mesmo o
grupo das seis não citadas não é ruim. Estácio vem bem falando de São Jorge,
apesar de alguns clichês naturais do enredo. Beija-Flor escolheu um bom samba
mostrando que sua safra não era o que diziam. São Clemente vem com um samba que
é a sua cara e refrão forte, Mocidade vem com um samba superior ao de 2015,
mesmo caso da Ilha saindo um pouco da tão decantada “Cara da Ilha” e a Grande
Rio aposta no malandreado, que deu certo, no último carnaval.
Esse samba da
Grande Rio, que alguns vem apontando como o pior do ano para mim pode
surpreender. Tem um grande cantor e tem cara que pode render na avenida.
Lógico que as
opiniões vão mudando ao longo do tempo, mas reafirmo outra coisa, para mim
samba não cresce, o que cresce é cabelo. Um samba ruim não passa a ser bom ou
vice Vera com o tempo. Ele é melhor apresentado.
Enfim, hoje
começamos a matar nossa ansiedade..
E que venham os
ensaios técnicos.
Twitter - @aloisiovillar
Facebook – Aloisio Villar
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