O CARIOQUISMO
Semana passada morreu o
produtor musical, cantor, ator, apresentador, homem de inúmeros talentos Luiz
Carlos Miele.
Miele morreu como um
artista de seu nível deve morrer. Em plena ativa. Aos 77 anos de idade acabara de lançar sua
biografia e estava muito animado com ela dando entrevistas e viajando pelo
país. Não foi vencido pelo tempo, não definhou em um hospital. Simplesmente
teve um mal súbito e morreu.
O carioqúissimo Miele.
Carioca nascido em São
Paulo.
Curioso isso, mas sim, podemos
dizer que Miele foi um dos maiores cariocas de nosso tempo sem ter nascido
aqui. Mas ele é a personificação da frase “ser carioca é um estado de
espírito”. Miele era bem humorado, gozador, charmoso, talentoso e tinha muitas
histórias para contar.
Não viveu a fase de ouro
do Rio de Janeiro. Ele foi um dos autores dessa fase de ouro. Junto com Ronaldo
Bôscoli criou shows inesquecíveis como os do “Beco das garrafas”, produziu
artistas e participou de alguns dos grandes momentos da televisão que ainda engatinhava.
Miele era contemporâneo de
Simonal, Bôscoli, Nelson Motta, Daniel Filho, Hugo Carnava, a galera da bossa
nova, do pasquim, do rei da noite Ricardo Amaral, outro que é carioca de São
Paulo. A essência do Rio de Janeiro que se encontra em um boteco para beber
umas geladas (Breja é coisa de paulista), jogar conversa fora, fazer umas
músicas e soltar um fiu fiu para uma moça bonita que passa na rua.
Aliás, para quem é
politicamente correto e acha esse gracejo agressão a mulher, saiba que de um
fiu fiu para uma menina que ia em um doce balanço a caminho do mar surgiu a
maior música da história do Brasil.
Carioca é assim. Não
precisa ser carioca do Rio. Pode ser carioca de São Paulo, Minas, do Sul, da
Argentina, até de Tóquio.
Pode ser carioca da zona
Norte, Oeste ou zona Sul. Nossas maiores marcas são a alegria, camaradagem,
irreverência e essa mistura que só nós temos e que alguns que cultivam o ódio
querem acabar.
É o moleque esperto
surfando no Arpoador junto com o garoto sagaz que foi da zona Norte pra lá
atravessando o Rebouças batucando em um ônibus. É o velho mestre sala que da
janela do barraco sorri vendo o dia amanhecer em sua comunidade. É o
trabalhador que acorda junto com o galo cantar, pega a condução lotada, calor e
ainda consegue soltar uma piada dessa
situação.
Porque o carioca pode
perder tudo. Menos o bom humor.
Miele se foi, mas deixou
seu legado. Cariocas nascem e surgem todos os dias seja em nossas maternidades,
aeroportos ou rodoviárias. Sejam todos bem vindos. O Cristo lhes saúda de
braços abertos sobre a Guanabara.
Tamos juntos e misturados
parceiro.
Bacana, amor... Muito mesmo...
ResponderExcluirMe fez lembrar versos de um samba bem recente... rsrsrs
Sou muito fã!
Bacana, amor... Muito mesmo...
ResponderExcluirMe fez lembrar versos de um samba bem recente... rsrsrs
Sou muito fã!
Lembra mesmo rs te amo
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