AS MULHERES DE ADÃO: CAPÍTULO III - BIA
Amanda rezou por mim e se afastou, achou melhor curtir o samba. O “ensaio da escola de samba” já havia acabado e o que ocorria no momento era uma animada roda de pagode.
As pessoas sambavam, se divertiam, bebiam enquanto eu deitado curtia meu sono eterno. Ainda tinha algumas mulheres chorando, mas a maioria das pessoas cantava os sucessos de Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Jorge Aragão.
A única pessoa que não saía de perto do caixão era Bia. Minha avó chegou perto dela e falou pra que se sentasse e descansasse um pouco, mas ela não quis. Então minha avó disse que buscaria um café pra ela e Bia agradeceu.
O partido alto comia solto. Pessoas de outras capelas foram pra lá curtir o som e as passistas davam show de samba no pé. Era uma festa quase perfeita. Pena eu estar morto e não poder curtir.
De repente entram uns cinco caras encapuzados e armados na capela anunciando assalto. Uma grande gritaria toma conta do local e o chefe do grupo nervoso manda todos ficarem quietos senão iria sobrar bala pra todo mundo.
Assim foram pegando carteiras, jóias, celulares de todos que estavam no meu velório. O choro que diminuíra voltou e o clima era de muita tensão.
Um dos assaltantes sugeriu ao chefe que chegassem até o caixão e vissem se o morto, no caso eu, não tinha nada de valor como um relógio. Meu avô se meteu na frente e disse que não deixaria que me tocassem. O chefe do bando furioso encostou arma no seu rosto ameaçando atirar e minha avó desesperada o puxou.
Cenas de horror no meu passamento.
Os bandidos chegaram ao meu caixão, empurraram a Bia que quase caiu e um dos bandidos ao olhar pra mim pra ver se eu tinha algo de valor tomou um susto e balbuciou “chefe..”
.
O chefe que tirava o relógio de uma senhora perguntou o que era e o homem pediu que ele olhasse o caixão.
O chefe então olhou e espantado falou “puta que pariu, é o Adãozinho!!”.
As pessoas da capela incrédulas viram o bandido começar a chorar. O homem chorava como uma criança dizendo “Porra Adãozinho, como você apronta uma dessas?”. Os outros bandidos também choravam e se abraçavam pra se consolar.
Kátia intrigada perguntava a Eva de onde eles me conheciam, Eva respondeu que eu conhecia gente que até Deus duvidava. O clima de terror virou de incredulidade e o chefe do bando pediu silêncio para falar.
Disse que ali estava deitado um homem honrado, íntegro e amigo e que merecia respeito, pediu então um minuto de silêncio.
Todos silenciaram e com apenas dez segundos o bandido disse que não tinha paciência pra minuto de silêncio e pediu palmas. Todos aplaudiram e eu no caixão fiquei emocionado.
Virou-se, botou sua arma em cima de mim no caixão, se debruçou sobre ele e começou a rezar.
Mal iniciou o “Pai Nosso” virou-se pra um bandido que rezava ao lado e falou “Catatau, sei rezar não, como continua essa prece?”. Antes que o Catatau respondesse o chefe olhou pra mim e gritou “Ele tá rindo!!”.
Os bandidos todos levantaram pra ver. Meu avô com um copo de cerveja na mão gritava “eu to avisando porra!!” e o bandidão disse que iria me encher de tiros porque não conseguia se concentrar na reza comigo rindo.
Antes que ele cumprisse a ameaça e eu morresse de novo meu pai chegou perto com uma garrafa de cerveja e falou para que deixassem a violência de lado, pegassem a garrafa e se juntassem a eles no pagode.
O chefe concordou e os bandidos pegaram a garrafa e copos. Aproximavam-se da roda quando meu pai perguntou se eles podiam devolver o rolex dele que havia sido um presente de Frank Sinatra. O homem respondeu que era profissional, não costumava fazer isso, mas como era pai do “Adãozinho” abriria uma exceção.
Juntaram-se e em ritmo de pagode cantaram em minha homenagem “Canção da América”, aquela música de Milton Nascimento que diz “amigo é coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração, assim falava a canção que na América ouvi”.
Um filme deve ter passado pela cabeça da Bia ouvindo aquela música. Foi a música de nossa formatura no 2° grau. Mas nossa história não começou ali na formatura, começou dois anos antes quando comecei o 2° grau. No ano letivo seguinte a partida de Amanda.
Dona Frida, a nova empregada, era uma alemã já coroa, carrancuda e extremamente mal humorada. A mulher me acordou naquela manhã de segunda-feira me balançando freneticamente dizendo que estava na hora da aula e senti saudades de Amanda.
Não era bonita como Amanda nem cozinhava como dona Emengarda. Sentei à mesa pro café e só tinha leite e um pão com manteiga. Comi e fui com Eva para o colégio.
Chegando lá encontrei com meu camarada Edu que nas férias viajara pra Bahia. Ele me contava como foi a viagem enquanto eu estava mais curioso em saber quais eram as meninas novas da turma.
Afinal de contas eu já tinha transado, era um homem.
Uma me chamou mais a atenção no pátio. Cabelos ruivos, olhos pequenos que se fechavam ao sorrir e do tipo branquinha que fica vermelha no Sol. Simpática conversava em uma roda de meninas e percebi que Eva fazia parte da roda.
Na época nem me liguei ao fato de Eva o tempo todo acariciar o cabelo da menina enquanto falava.
Gostei de ver que minha irmã era amiga dela, seria de grande ajuda. A sirene tocou pra entrarmos na sala de aula. Edu e eu fomos pra nossa e pra minha felicidade a menina também foi.
Eu não conseguia tirar os olhos dela, a menina percebeu e ficou constrangida. Na hora da chamada descobri que se chamava Beatriz.
Nome lindo, Beatriz. Lembrei logo de uma música do Chico Buarque com esse nome. Mentira lembrei nada, só quis dar uma de intelectual agora.
Em um momento a professora se ausentou da sala e pensei “agora que me consagro, vou lá mostrar pra essa garota o quanto sou sexy”. Levantei e fui até ela.
Com pose de Tom Cruise cheguei e perguntei se ela poderia me emprestar a borracha. A menina olhou pra mim espantada e perguntou pra que eu queria se tinha uma na minha mão.
Aquilo me desconcertou. Eu não percebera que estava com uma borracha na mão e toda aquela minha pose de galã de cinema foi pro espaço.
Nervoso gaguejei e respondi que fui lá perguntar se ela precisava de uma borracha. Ela então pegou sua borracha que estava bem visível na mesa e me mostrou. Eu então querendo enfiar minha cabeça em um buraco gaguejando, me enrolando disse que se ela precisasse de borracha, lápis, caneta, qualquer coisa pra que falasse comigo.
Ela então com a cabeça fez sinal positivo, provavelmente me achando um retardado e eu saí em disparada voltando pro meu lugar e querendo me matar.
Os dias foram passando e não tive mais coragem de falar com ela. Até que chegou a semana do aniversário de Eva e ela festeira como só convidou o colégio todo pra festa, incluindo Bia.
Parecia que o aniversário era meu. Fiquei tão ansioso quanto minha irmã. Contava os minutos e planejava que na festa eu iria reverter a situação e ficar com ela.
A noite da festa chegou. Casa cheia de adolescentes e ela estava lá. Linda, sorridente, com um vestidinho decotado que dava pra notar aqueles seios adolescentes quase perfurando a roupa.
Fiquei doido e não agUentei, corri pro banheiro.
Nele comecei a fazer justiça com minhas próprias mãos. O famoso cinco contra um. Pensava nela e exercia o violento esporte bretão e não me toquei que não trancara a porta.
Bia perguntou a Eva onde era o banheiro e ela indicou. Bia então abriu a porta e deu de cara comigo naquele ato.
A menina tomou um grande susto e eu também. Ela fechou a porta morrendo de vergonha e eu desesperado levantei a calça e fui atrás dela. Puxei pelo braço, ela olhou pra minha mão e eu percebi que era a mão que usava pro ato e tirei rapidamente de seu braço pedindo desculpas.
Eu tentava convencer que não fazia o que ela pensava. Bia constrangida falava que tudo bem e que não tinha visto nada. Tentei, mas ela com as mãos fez sinal de basta e que eu parasse. Depois disse que iria voltar pra festa e pra esquecermos o que ocorrera.
Fiquei ali com cara de bunda quando meu pai chegou sorrindo e falando “a menina te pegou batendo uma punhetinha né?”. Olhei pro meu pai e não conseguia encontrar palavras pra dizer algo, até gritar “pai” e correr pro quarto.
Fiquei ali trancado puto, fracassado, doido para que aquela festa acabasse quando Edu bateu na porta.
Perguntei o que ele queria e ele perguntou o que eu fazia trancado no quarto com uma festa acontecendo. Respondi que tive uns problemas e ele me puxou pela mão contando que eu tinha que conhecer sua namorada.
Ele me convenceu a ir e do lado de fora chamou a namorada pra me cumprimentar, quando vi era a Bia.
Ficamos espantados ao olhar um para o outro e Edu contou pra moça que eu era o amigo que ele falara. Estendi a mão para ela que preferiu me abraçar falando “oi tarado”.
Edu sorridente chamou Bia pra dançar e ela foi. Eu fiquei lá olhando os dois dançando cheio de ciúmes.
E foi assim durante um bom tempo. Eu olhava todo amor entre eles e podia fazer nada. Com o tempo ela foi se aproximando de mim e viramos amigos saindo sempre os três juntos e eu ficando de “vela” do casal.
Bia me dava aulas particulares de matemática e eu pra ela de português. Viramos grandes amigos, confidentes e já conseguíamos rir da situação que nos conhecemos. Bia sempre me perguntava em quem eu pensava no banheiro na hora que ela deu o flagrante, mas nunca tive coragem de responder.
No aniversário dela eu fui. Casa cheia, eu como sempre sem companhia feminina e olhando a felicidade deles. Até que Edu todo empolgado me puxou para um canto.
Perguntei o que era e meu amigo feliz da vida me mostrou.
Era uma caixa com camisinhas. Perguntei para que aquilo e ele rindo disse que até parecia que eu não sabia pra que servia.
Evidente que eu sabia pra que servia, mas não queria saber o porquê de estar com ele, mas mesmo assim Edu respondeu. Contou que depois da festa iria com Bia para um motel. Já estava tudo combinado e seria a primeira vez deles. Perderiam a virgindade juntos.
Aquela notícia foi uma punhalada em meu coração, parecia que o chão sumira debaixo dos meus pés. Aproveitei a festa pra beber. Bebi muito, mas ainda fiquei sóbrio o suficiente pra ver os dois saindo à francesa da festa e indo pro motel.
Eu me apaixonara pela Bia e assim que vi os dois saírem saí também. Desesperado, chorando, me sentindo em uma música do Lupicínio Rodrigues vaguei pela cidade e entrei num bar dos mais vagabundos existentes, cheio de homens mal encarados.
Sentei no balcão e pedi uma dose de cachaça pro barman. O homem perguntou se eu tinha identidade. Mostrei um maço de dinheiro e perguntei se aquilo servia. Ele imediatamente me trouxe a cachaça e quando foi retirar a garrafa pedi que deixasse.
Os homens mal encarados se aproximaram de mim e perguntaram o que um “frangote” como eu fazia ali. Comecei a contar minha história.
Algumas horas depois estávamos todos bêbados chorando e amaldiçoando as mulheres ardilosas e safadas que machucam nossos corações. Olhei o relógio e disse que teria que ir embora, pois teria aula em algumas horas.
Saí do bar cambaleando com os homens e o barman na porta dando tchau pra mim e falando pra eu voltar sempre.
Apesar de não querer na escola Edu deu detalhes da transa deles e cada detalhe contado era uma estocada no meu peito.
O tempo foi passando, menos meu amor pela Bia. Um ano se passou, dois e chegou a formatura, aquela da música que citei acima e o clima entre Edu e Bia já não era mais o mesmo de começo de namoro.
Edu me contou que estava saindo com uma menina de outra turma e eu tive que ficar quieto mesmo doido pra contar pra Bia. Não podia porque Edu era meu amigo e confiava em mim.
Mas nem precisei contar, durante a festa Bia viu os dois se beijando e correu pro banheiro chorando. Vi a cena e percebi o que ocorrera. Edu foi correndo atrás e falei pra ele não ir que só pioraria a situação e que eu iria.
Entrei no banheiro e pelo choro vi onde ela estava. Bati na porta e falei que era eu e ela podia abrir. Bia abriu a porta e me abraçou chorando.
Sentamos em um canto do banheiro, as meninas que entravam pra usar estranhavam, mas falavam nada. Conversamos sobre vários assuntos e rimos bastante.
Novamente ela perguntou em quem eu pensava na noite do banheiro e eu respondi que levaria aquele segredo pro caixão. Ela riu e ficamos nos olhando. Até que nos beijamos.
Paramos de nos beijar e pedimos desculpas um pro outro dizendo que aquilo não poderia ter ocorrido. Depois de um tempo de silêncio falei “desculpa o cacete, eu amo você, sempre amei” e beijei de novo.
Ficamos nos beijando lá um tempo e Bia disse que tínhamos que voltar pro salão já que era nossa formatura. Concordei e perguntei como ficaria nossa situação. Bia respondeu que aquela noite não dava, mas no dia seguinte terminaria com Edu pra ficar comigo.
Fomos pra festa e lá a turma toda se uniu pra cantar “Canção da América”, Bia e eu não parávamos de nos olhar.
No dia seguinte, que seria nosso começo, uma bomba explodiu. O pai de Edu sairia de casa. Os pais de meu amigo lhe chamaram na sala e contaram que estavam se separando. Soube depois que o motivo era que sua mãe tinha um amante.
O pai do Edu sempre foi um cara bacana, me levava pro Maracanã, pra passear e fiquei triste com a notícia. Edu também. Era apaixonado pelo pai e vice versa e nisso ficamos numa situação desconfortável.
Bia com pena resolveu manter o namoro mesmo gostando de mim e eu tive que aceitar e continuar vendo os dois juntos.
As semanas foram passando e Bia decidiu terminar com Edu e assumir que me amava, mas quando foi na casa dele encontrou meu amigo chorando. O que era ruim ficou pior, o pai dele descobriu que estava com câncer.
Foram meses difíceis em que o pai de Edu sofreu muito. Bia o tempo todo ficou ao seu lado e eu não sabia o que fazer. Sofria pelo meu amigo, por seu pai e por ver a mulher que eu amava
com outro.
Até que o pai dele não aguentou e morreu.
O enterro foi bem triste, bem diferente do meu. Edu brigou com a mãe na frente de todo mundo a acusando de adúltera. Clima pesado e eu sentia que perdera Bia pra sempre, agora mesmo que não a teria.
Naquela mesma tarde ela foi à minha casa pra conversarmos. Eu dormia e dona Frida me acordou pra falar com ela.
Fui até a sala e conversamos. Bia me disse tudo àquilo que já esperava. Falou que me amava, mas não podia ficar comigo porque Edu precisava de mim. Eu com lágrimas nos olhos respondi que entendia a situação e esperava que eles fossem felizes.
Bia também lacrimejou e perguntei se pelo menos podia dar um beijo de despedida nela. Meu amor respondeu que sim e a beijei. Um beijo apaixonado, doído, de despedida.
Enquanto nos beijávamos Edu e Eva apareceram na sala. Estavam no quarto de minha irmã conversando e meu amigo espantado perguntou o que significava aquilo.
Bia e eu ficamos brancos, sem reação e eu tentei explicar o inexplicável dizendo que não era nada daquilo que ele pensava, então do nada Edu começou a gargalhar.
Não entendemos o motivo. Edu então explicou que estava apaixonado há meses pela menina a qual Bia deu o flagrante e não sabia como terminar o namoro.
Ficamos incrédulos. Ele continuou falando que se sentia culpado pela Bia, por ela estar ao seu lado o tempo todo e não conseguia terminar. Mas vendo nós dois ali juntos ficava aliviado, feliz e abençoava nosso amor.
Com sorriso sem graça agradeci e falei que ficava feliz por sua benção. Edu me deu um abraço e falou que abençoava e torcia por nós, mas antes tinha que fazer uma coisa afinal bem ou mal era um chifre que ele tomava.
Largou-me e me deu um soco no rosto que me fez cair no chão. Comigo caído Edu perguntou se podia morar na minha casa porque sua mãe resolvera assumir com o amante e ele não queria morar com eles.
Edu foi morar na minha casa e comecei a namorar Bia. Um namoro feliz, alegre, saudável onde ríamos e brincávamos muito. Uma relação de muito amor e companheirismo.
Um dia discutíamos sobre qual seria a música de nosso namoro. Não conseguíamos decidir então tive a ideia de ligarmos o rádio e a primeira música que tocasse ali seria a nossa.
Liguei o rádio e começamos a ouvir “chorando se foi/quem um dia só me fez chorar/chorando estará ao lembrar de um amor que um dia não soube cuidar”.
Não entendi nada e Bia começou a rir. Perguntei que música era aquela e ela respondeu que era uma lambada do grupo Kaoma. Eu era sambista e roqueiro nunca me interessei por lambada e falei pra escolhermos outra. Mas Bia recusou-se e falou que o combinado é o certo e aquela seria nossa música.
Rindo me puxou pra dançar lambada e eu todo desengonçado acompanhei.
Os anos foram passando e nosso namoro ficando cada vez mais firme. Bia começou faculdade de direito e eu a trabalhar com meu pai em eventos musicais.
Esse era um dos nossos motivos de discussão. Bia queria que eu saísse das asas de meus pais e estudasse, tentasse ser alguém. Eu estava satisfeito com a vida que tinha e não constavam grandes ambições na minha mente.
Mesmo com essa diferença ficamos noivos e começamos a levar a sério a história de casamento.
Alugamos um apartamento bacana em Ipanema e ganhamos muitas coisas no chá de panela. Apesar dessas diferenças nos dávamos muito bem, éramos grandes amigos e o sexo era maravilhoso entre a gente.
Mas não tinha como negar que as diferenças incomodavam e eram gritantes. Bia era uma cidadã do mundo, queria viajar, curtir, ser alguém importante e ganhar muito dinheiro. Eu queria fazer os showzinhos com meu pai.
Na noite da despedida de solteiro Edu, eu e outros amigos alugamos um quarto num famoso hotel do Rio de Janeiro, levamos prostitutas, muita bebida e foi uma grande arruaça.
Bebi todas, aprontamos muito, quebramos vários móveis e a polícia bateu no quarto levando todo mundo preso. Meu pai foi de manhã pagar minha fiança e me levar pra casa porque eu tinha que me casar.
Tomei uma chuveirada gelada com dona Frida enfiando minha cabeça debaixo do mesmo. Botei meu terno e cheio de ressaca estava pronto pra casar.
Fui pro meu lugar. Edu com tanta ressaca quanto eu como padrinho e Bia entrou na igreja vestida de noiva, linda demais como sempre e acompanhada do pai.
O pai foi conduzindo e eu olhava aquela mulher linda chegando perto de mim. Adorava a Bia era uma das pessoas mais importantes da minha vida, uma grande companheira com quem eu ria, me divertia, podia contar sempre. Antes de tudo uma grande amiga.
Enquanto o padre falava nos olhávamos com grande carinho e afeto. Passei a mão em seu rosto e ela a beijou. O padre perguntou se aceitávamos aquele casamento e respondemos que sim.
Ele então fez a pergunta se alguém naquele local tinha alguém contra o enlace e que se tivesse falasse naquele instante ou calasse para sempre.
Nesse momento nos olhamos. Fizemos sinal de sim com a cabeça, demos um selinho e levantamos nossas mãos. A ficha caíra.
O padre sem entender perguntou o que queríamos e respondemos que nós tínhamos objeção. Bia respondeu que não queria casar. Precisava viver sua vida, viajar, conhecer lugares e pessoas. Eu respondi que não queria também, amava minha liberdade, viver da forma que eu quisesse e não estava pronto pra me prender a ninguém.
As pessoas nos olhavam espantadas. Passei a mão no rosto da Bia e mandei que ela fosse ser feliz. Ela agradeceu, beijou minha boca e mandou que eu me cuidasse.
Falei pra ela ir tranquila. Falamos “eu te amo”, nos beijamos de novo e ela saiu correndo da igreja comigo no fundo dando tchau.
Edu, Eva e meus pais se aproximaram de mim sem entender nada. Edu perguntou se mesmo com tudo aquilo a festa estava mantida porque sentia fome. Respondi que sim, não via problemas em manter só não queria ver bebida por perto tão cedo.
Nesse momento pedi desculpas, botei a mão na boca, mas não consegui segurar e vomitei nos pés do Edu que reclamou.
“Puta que pariu Adão!! Meus sapatos novos!!”.
Chorando se foi
(Kaoma)
Chorando se foi quem um dia só me fez chorar
Chorando se foi quem um dia só me fez chorar
Chorando estará ao lembrar de um amor
Que um dia não soube cuidar
Chorando estará ao lembrar de um amor
Que um dia não soube cuidar
A recordação vai estar com ele aonde for
A recordação vai estar com ele aonde for
Dança, Sol e mar, guardarei no olhar
O amor faz perder, encontrar
Lambando estarei ao lembrar que este amor
Por um dia, um instante foi rei
A recordação vai estar com ele aonde for
A recordação vai estar com ele aonde for
Chorando estará ao lembrar de um amor
Que um dia não soube cuidar
Canção, riso e dor, melodia de amor
Um momento que ficar no ar
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AMANDA
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