A MORTE QUE CELEBRA A VIDA


Semana passada duas notícias de mortes me chamaram atenção.

Uma envolveu o Papa Francisco. Ele ouvia algumas pessoas que lhe fizeram perguntas de ordem pessoal. Um menino de oito anos chamado Emanuele lhe fez uma pergunta que comoveu a tal ponto que o pontífice pediu autorização para contar ao público o teor da pergunta.

O menino autorizou e o Papa disse que o pai de Emanuele era ateu, mas mesmo sendo ateu lhe batizou e fez sua primeira comunhão. Esse pai morreu e o menino perguntou se ele estava no céu ou inferno.

O Papa se emocionou e respondeu que estava no céu, o céu era o lugar de pessoas boas e com certeza aquele homem era uma pessoa boa por mesmo sendo ateu mostrar ao filho o valor da fé.

Fé, fé pra mim é uma coisa muito séria. Eu sou agnóstico, mas mesmo assim me comovo com a devoção que fazem a São Jorge em seu dia e a fé que as pessoas tem nele. Eu sempre digo que o que mantém esse mundo em pé é a fé e que se um dia alguém provar que Deus não existe o mundo acaba porque o temor e o amor a Deus que mantém esse mundo em pé. Amor, respeito que fazem um ateu ensinar o valor da fé a um filho.

Valor, amor e respeito que tantos mostraram pela segunda notícia relacionada a morte que vi na semana, a de Dona Ivone Lara. Mesmo aos 97 anos uma morte sentida.  Por ser aos 97 anos e tendo sido uma existência tão poderosa uma morte que celebrou a vida. Uma pessoa que cantou o amor e a alegria de viver, que tanto ensinou com sua músicas e força de vontade e exemplos.

Samba não é religião, pelo menos na frieza das palavras, mas a forma que o sambista trata a morte sempre me impressionou e comoveu. Toca-se um surdo fazendo minuto de silêncio e depois vem os aplausos.  Morte de sambista é chorada sim, mas também tem cachaça, cerveja, batucada e cantoria.

Como devia ser. A gente sofre com uma coisa que é inevitável, todos nós vamos morrer um dia então pra que sofrer?  Todos que já tem uma certa vivência já passaram por uma morte dolorosa ou mesmo pequeninos como o novo amigo do Papa.

Mas a morte não devia ser vista como uma coisa ruim e sim uma passagem. A passagem que fez o pai de Emanuele e Dona Ivone Lara. Pessoas que ensinaram seja a um povo seja a seu querido filho. Quem faz a diferença assim em vidas ou uma vida apenas não pode ir para um lugar ruim. Vão para o céu.

São vidas para celebrar porque cumpriram suas missões na Terra. O Papa deu conforto a uma criança, a música aos órfãos de Dona Ivone Lara e por mais que sejam universos completamente diferentes os dois casos se assemelham no mais importante.

No valor do amor.

São mortes que celebram a vida.


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