AMOR CAPÍTULO XI - AMOR PERDIDO
Saí
arrasado de nossa casa. Não era aquilo que eu queria. Sim, tinha tesão em
Jéssica, sempre tive, mas não sou idiota. Não trocaria o amor de uma vida por
tesão em condições normais.
Estava
mais arrasado ainda por saber o quanto a mulher que eu amava estava sofrendo
por minha causa.
Acabei
parando no lugar que sempre paro nesses momentos. O Arpoador.
Passei a
noite lá olhando o mar, a Lua, as estrelas..A bebedeira já passava há tempo,
mas a ressaca chegara e nem era ressaca por causa da bebida, mas ressaca moral.
Não me arrependi do que fiz até porque acho que uma série de situações me
levaram até ali. Eu não era o único culpado, mas não fugia de minhas
responsabilidades.
Nem
percebi que o dia amanhecera. Tinha muitas coisas para resolver em minha vida,
mas naquele momento não dava. Tinha que trabalhar.
Cheguei
ao trabalho com cara amassada, mesma roupa do dia anterior e uma mala. Ananias
perguntou se eu estava bem, comentou que eu sumira da festa e perguntou o
porque da mala.
Osmar
passou por nós, deu bom dia e se encaminhou a sua sala. Disse a Ananias que
depois falava com ele, explicava tudo e fui atrás do homem.
Osmar
perguntou se estava tudo bem, comentou que eu estava com cara abatida e como
não sou de rodeios fui direito ao assunto.
Pedi
demissão.
Osmar se
surpreendeu e perguntou o motivo. Respondi “Eu e sua filha nos separamos ontem
de noite e não acho justo continuar aqui se fui empregado por causa dela”.
Osmar
perguntou o motivo, já que estávamos tão bem e pedi para que não precisasse
entrar em detalhes. Era coisa pessoal.
O homem
coçou o queixo e disse que entendia minha posição. Perguntou se não tinha volta
e respondi com sinceridade “não sei”. Ele andou um pouco pela sala, virou-se
para mim e falou “não vou te demitir”.
Tentei
argumentar e ele continuou “Não sou hipócrita. Evidente que ser marido da
Camila ajudou, mas não te contratei apenas por isso. Sou observador, cresci na
vida assim e de cara percebi que era um homem audacioso, firme de caráter,
exemplar”.
Agradeci
e ele continuou “Você ter agora entrado na minha sala, contado que se separou e
pedir demissão é a maior prova disso. Não vou te demitir e torço muito que
voltem”.
Eu nem
sabia o que dizer. Agradeci e Osmar completou “você está com uma cara péssima,
tire o dia de folga e tente ajeitar a sua vida”.
Saí e
peguei a mala pronto para sair. Ananias perguntou se estava tudo bem e respondi
que sim, mas só voltaria no dia seguinte.
Naquele
instante Jéssica surgiu.
Perguntou
se poderia falar comigo e concordei. Fomos a um canto e ela disse “pela mala e
sua cara sei que coisa boa não ocorreu. Ela descobriu?”. Respondi “não, eu
contei”. Ela não entendeu e perguntou porque eu tinha feito aquilo e eu disse
“Posso até trair, enganar nunca”.
Ela
lamentou, perguntou o que eu faria e respondi que não sabia, tentar viver. Fui
até a saída do escritório e ouvi a mulher dizer “sinto muito, eu não queria
isso”.
Voltei,
dei um beijo na sua testa, respondi “ninguém tem culpa” e saí.
Não tinha
a quem culpar. Não podia perder tempo com isso.
Quando
saí do escritório que me toquei que nem tinha para onde ir. Saí de casa tão
desbaratinado com minha situação que não chegara a pensar nisso. Pensei em ir
pra minha mãe, mas achei que estava muito velho para voltar pra “casa de
mamãe”. Recorri a um amigo.
Fui até Samuel.
Bati na
porta do meu amigo que me atendeu e perguntou o que ocorria ao me ver com a
mala. Sem graça apenas respondi “o casal modelo deu uma de titanic e afundou”.
Ele me
mandou entrar, que sentasse e preparou café para a gente.
Tomando
café contei toda a situação e Samuel apenas comentou
“que
mancada”. Pela primeira vez virei para alguém e fiz a pergunta mais óbvia desde
o começo dessa história.
“E agora?
O que eu faço?”.
Samuel
respirou fundo, tomou um gole de café e me respondeu “o tempo parceiro, só o
tempo cura”. Lamentei dizendo que o tempo podia curar, não resolver e ele
continuou “essa garota te ama, deixou um noivo no altar por você, fez muito por
você”.
Concordei
com ele que continuou “acredite nesse amor”.
Concordei
novamente.
Tomei um
banho e dormi. Não, não tive insônia como é de costume numa situação dessas.
Estava cansado e dormi profundamente. Acordei com cheiro de comida e Samuel me
chamando para comer macarrão.
Não sabia
que meu amigo cozinhava tão bem. Samuel contava que eu poderia ficar lá o tempo
que quisesse, aproveitei então para lhe pedir um favor.
Nem tudo
eu conseguira pegar quando saí de casa e pedi que ele fosse lá pegar pra mim.
Talvez Camila não quisesse me ver.
Ele
concordou e disse que iria pra mim.
Ele foi e
enquanto estava sozinho em sua casa a campainha tocou. Atendi e era Bia.
Cumprimentei minha amiga que foi logo escancarando. “Que merda que você fez?”.
Tentei me
defender e não consegui. Argumentei sobre a depressão pós parto, a nossa vida
que não estava legal e ela continuou.
“Isso não
é desculpa. Vocês são um casal, um time, tem que apoiar um ao outro, dividir as
alegrias e as crises”. Eu fiquei quieto, não tinha o que dizer. Ela arrematou
“Você disse pra ela o quanto ela era importante pra você?”.
Não
entendi o porque da pergunta e respondi que a Camila sabia muito bem disso. Bia
perguntou se eu dissera isso nos momentos de crise, de depressão dela e
principalmente, quando contei da traição.
Respondi
que não.
Bia
suspirou e comentou “meu casamento ta chegando e queria te convidar para ser
meu padrinho”. Comovido agradeci ao convite e ela completou “mas tem um
problema, já tinha convidado a Camila para madrinha”.
Fiquei em
silêncio enquanto Bia perguntava “tudo bem?”. Respondi que sim.
Samuel
entrou em casa e perguntei como tinha sido. Ele respondeu que ela ficou o tempo
todo em silêncio cuidando de Gabriel. Trocaram poucas palavras.
Ele não
falou de meu nome com ela nem ela do meu. Poucas palavras. Mas Samuel comentou
que ela guardava um aspecto triste.
Isso me
machucava o coração.
Enquanto
isso um casal se formava aos poucos. Minha mãe e Osmar ficaram amigos e não
eram raros os dias que ele ia comprar sorvete no mercado e saíam para almoçar
ou jantar.
Uma noite
se despediram e minha mãe se encaminhou para entrar. Osmar gritou “espera” e
saiu do carro. Foi até ela e os dois ficaram frente a frente.
Minha mãe
implorou “não faz isso” enquanto Osmar passava as mãos em seus cabelos. Ela
implorou novamente, mas não adiantou. Osmar lhe beijou.
E foi
correspondido.
No fim
minha mãe se desvencilhou dele e disse “não nasci pra ser amante”. Abriu a
porta, virou para Osmar e falou “Sou de respeito, não sou amante, não me
procure mais”.
Fechou a
porta, mas sabia que não teria escapatória.
No dia
seguinte Osmar não foi até o mercado e dona Hellen estranhou. No dia seguinte
também não, nem no outro. Minha mãe começou a ficar preocupada até que foi
surpreendida.
Um dia
estava no caixa quando entrou um entregador com flores na mão. Perguntou por
Hellen e ela respondeu “sou eu”. O homem lhe entregou flores que estavam sem
cartão.
Ela ficou
curiosa, mesmo no fundo sabendo de quem era. Mal se recuperava da emoção de
receber flores quando outro entregador com flores perguntou por ela. Entregou
as flores para minha mãe e um a um entregadores iam surgindo e lhe entregando
flores.
No fim
minha mãe não sabia o que fazer com tantas flores quando ouviu buzina de
caminhão e alguém gritando seu nome. Ela foi até a porta e viu Osmar dentro do
caminhão ao lado do motorista perguntando se ela precisava de ajuda.
Hellen
sorriu e Osmar desceu do caminhão indo ao seu encontro e lhe beijando. Os dois
foram aplaudidos por todos e ao fim Osmar gritou para o gerente que minha mãe
tiraria o dia de folga.
Foram pra
casa de minha mãe e fizeram amor.
Minha mãe
tentou relutar, mas os dois acabaram virando amantes. Quando o amor surgia
fazia dessas coisas. O amor como aquele que eu sentia por Camila.
Não seria
fácil encontrar Camila depois do acontecido, mas teríamos que nos ver. Afinal
tínhamos um filho.
Fui até
nossa casa, respirei fundo e toquei a campainha. Camila já esperava por mim e
abriu a porta com Gabriel pronto. Perguntei se estava tudo bem com ela e Camila
respondeu que sim devolvendo a pergunta. Respondi que sim e ficamos os dois em
silêncio.
É
estranha essa ausência de palavras, esse desconforto entre pessoas que tem
tanta intimidade. Ficar cheio de dedos com quem já se dividiu cama e sonhos.
Quebrei o
desconforto e pedi que Gabriel viesse comigo. Meu filho pegou minha mão, olhei
mais um pouco Camila e me despedi.
Fui para
a praia e brinquei com ele. Brinquei, mas estava com o pensamento longe em
Camila, até que ouvi chamarem meu nome.
Era
Jéssica.
Ela se
aproximou e fiquei constrangido por tudo que ocorreu. Jéssica perguntou se eu
queria um sorvete e acabei topando.
Enquanto
Gabriel brincava na areia conversamos e no fim acabei lhe deixando em casa. Levei
Gabriel e Camila me atendeu na porta. Ficamos nos olhando e ela perguntou se tudo
saíra bem. Respondi que sim e mais um tempo ficamos em silêncio.
Camila
comentou do casamento que se aproximava e perguntou se tinha problema de sermos
padrinhos. Respondi que não, perguntei se para ela tinha e minha ex respondeu
que não, mas que tinha uma questão.
Ela iria
acompanhada.
Meu
coração gelou e se dilacerou. Me fiz de forte, mesmo sabendo que não conseguia
disfarçar e perguntei “acompanhada”?. Camila perguntou se tinha algum problema
e respondi que não, ela tinha que refazer sua vida e estava mais que certa.
Fui
embora sentindo como se minha vida tivesse acabado.
Quando
dei por mim estava na porta do apartamento de Jéssica. Ela abriu a porta e
perguntei “posso entrar?”.
Passei a
noite com ela.
De manhã
estávamos nus deitados na cama e enquanto Jéssica não parava de falar eu
pensava em Camila. Do quanto eu queria estar com ela naquele momento, todas as
vezes que nos beijamos, fizemos
amor e que estava lhe perdendo pra sempre. Num rompante virei para Jéssica e
lhe convidei pro casamento.
Chegou a
noite do casamento e peguei Jéssica em casa. Ela estava deslumbrante, linda,
mas só conseguia enxergar Camila na minha frente. Cheguei na igreja e dei de
cara com Camila e ela estava realmente acompanhada.
Um cara
que devia ter uns 30 anos, moreno, bem apessoado. Eu ao lado de Jéssica e ela
com esse cara. Nós quatro ficamos frente a frente e em silêncio. Me
desacostumara em ver Camila com outro homem, desde os tempos de Guga, e aquilo
me fez mal. Como senti que Camila estava desconfortável ao me ver com Jéssica.
Quebrei o
silêncio e os cumprimentei com ela fazendo o mesmo. Samuel percebeu a situação
e no chamou para o altar. Eu e Camila fomos e ficamos lado ao lado sem nos
falar e evitando nos olhar.
Mas não
adiantava. De vez em quando um se pegava olhando para o outro.
Bia
entrou deslumbrante ao lado de seu pai e foi entregue nas mãos de Nando. Eu via
o casamento ocorrer e lembrava do meu com Camila na praia. Não tinha como não
lembrar de nossa história na areia, tendo os amigos e o mar como testemunhas.
Minha garganta deu um nó e quando olhei para o lado Camila chorava.
Com
certeza ela também lembrava.
Fomos
para a festa e fiquei dançando com Jéssica enquanto Camila dançava com o
sujeito. Eles não trocaram nenhum beijo e por respeito também não beijei
Jéssica. Uma hora por sacanagem do destino
começou a tocar “El dia que me queiras”.
A música
do concurso que vencemos e de nossa dança no casamento.
Dancei a
música com Jéssica quando na verdade queria dançar com Camila e ela fez o mesmo
com o cara. Eu não parava de olhar pra ela enquanto Camila desviava o olhar e
na maior parte do tempo olhava pra baixo.
No meio
da música ela não aguentou e saiu do salão. O sujeito saiu atrás e os dois
acabaram indo embora. Depois de um tempo falei para Jéssica para fazermos o
mesmo.
Levei
Jéssica para casa, os dois em silêncio e quando paramos tirei o cinto para
descer do carro. Ela segurou minha mão evitando que eu fizesse isso.
Olhei
para ela como se perguntando porque fizera isso. Jéssica sorriu pra mim e
comentou “não é de mim que você gosta”. Apenas olhei para ela como se
concordando com o que dissera e Jéssica continuou “Corra atrás de seu amor
antes que você perca de vez”.
Fui para
casa de Samuel que estava na sala conversando com um amigo e me disse que tinha
trazido quentinha da festa e estava na geladeira. Agradeci, mas respondi que
estava sem fome.
Deitei
pensando no que Jéssica dissera e na dor de ver Camila com outro homem.
Não
fiquei mais com Jéssica e soube que o caso de Camila não foi adiante. Ficamos
os dois solteiros, mas nunca falamos nada sobre nossa
situação, sobre tudo que ocorreu ou uma tentativa de voltar. Nos víamos sempre
em razão de Gabriel, eu sempre buscava e o levava em casa e participávamos
juntos de coisas na escola. Mas sem intimidade, apenas formais.
Um dia
deixei Gabriel em casa e ela pediu que esperasse. Primeira vez naquele tempo
todo que Camila fazia isso. Estranhei e estranhei ainda mais quando ela pediu
que eu entrasse dizendo que tinha que falar comigo.
Entrei
naquela que um dia foi minha sala, sentei e Camila começou “recebi uma proposta
de trabalho”. Sorri e disse que aquilo era maravilhoso quando ela emendou “Na
França”.
Baqueei e
fiquei em silêncio. Camila continuou dizendo que levaria Gabriel, já que era a
mãe perguntando se tinha algum problema em relação a isso.
Eu nem
estava mais ali, a impressão que tinha era que estava no espaço, apenas meu
corpo estava ali. Não podia ser, estava perdendo Camila de vez. Na França que
eu não teria mais chance nenhuma. Eu não podia viver sem aquela mulher.
Camila me
chamou e acabei “voltando ao meu corpo”. Pedi desculpas e disse que não tinha
prestado atenção na pergunta e Camila repetiu perguntando se tinha algum
problema em levar Gabriel. Sem quase conseguir soltar minha voz respondi que
não. Não tinha problemas.
Mas tinha
sim. Não podia ficar sem Gabriel, pior, não podia ficar sem Camila. Eles eram
minha família, tudo pra mim.
Os dias
foram passando e aproximando o dia da viagem. Eu não fazia nada, não lutava,
não esboçava nenhuma reação.
O dia da
viagem chegou e fui até a casa de Camila. Me despedi de Gabriel e depois de
minha ex dizendo que detestava despedidas em aeroporto e achava melhor assim.
Camila concordou comigo e disse que também detestava e depois falou que
estariam no Rio no verão para passar uma semana.
Eu
poderia falar várias coisas naquele momento, mas falei apenas “está bem”.
E fui
embora.
É. Não
lutei, não pedi pra ficar, não tentei nada. Apenas me despedi. Deixava assim
minha família ir embora.
Comia
pizza e jogava baralho com Samuel, um amigo dele, Bia e Nando no apartamento de
Samuel. Todos conversavam animadamente e eu em silêncio imaginando que naquele
momento Camila devia estar no aeroporto.
Em
determinado momento Bia me perguntou “quando você criou juízo?”.
Não
entendi e pedi que minha amiga repetisse a pergunta. Ela repetiu “quando você
criou juízo?”. Respondi que não sabia, mas achava que sempre tive.
Bia
deixou as cartas na mesa e continuou “não, você criou juízo, virou um homem
responsável, cuida bem de seu filho, não deixa nada faltar pra ele, é amigo e
bacana com sua ex-mulher e agora ta deixando
que ela viaje por causa de uma boa oportunidade profissional. Fez nada pra
impedir, deixou sua família ir embora porque sabe que é uma ótima oportunidade
profissional e de vida pra eles. Você criou juízo”.
Agradeci
a ela. Bia bebeu um gole de cerveja e emendou “disse que você criou juízo, não
estou te elogiando, gostava de você sem juízo”.
Não
entendi. Bia levantou, pegou a chave de seu carro, virou pra mim e falou
“gostava mais do Toninho irresponsável, capaz de se declarar a uma mulher no
dia de seu casamento, levá-la uma clínica de aborto e cuidar dela mesmo ela com
outro, capaz de casar na praia, fazer todas aquela coisas que você disse que
faziam na vida de casados. Preferia o Toninho dos arroubos, o Toninho que me
lembrava os filmes de Hollywood. Aqueles que fazem qualquer mulher chorar,
voltar a ser menina e sonhar com um homem desses”.
Abismado
olhei para ela que me fulminou “Não crie juízo, crie histórias de amor”.
Eu ainda
estava atordoado, não sabia o que pensar quando ela me mostrou a chave e disse
“ta vendo essa chave? É do meu carro, se quiser te dou uma carona até o
aeroporto”.
Olhei
para ela, para os outros, levantei e disse com firmeza “vamos”.
Bia saiu
em disparada para o aeroporto. Pegamos uma blitz terrível na entrada da Ilha do
Governador e chegamos em cima da hora no Tom Jobim.
Entrei
desesperado no aeroporto procurando a companhia aérea com a viagem para Paris.
Chegando na companhia ouvi o anúncio de última chamada. Me desesperei. Falei no
balcão que o avião não podia decolar.
A
atendente perguntou porque e desesperado respondi “o amor da minha vida está lá
dentro e se ela for embora metade de mim estará indo junto. Impeça esse avião
pelo amor de Deus”.
A
atendente respondeu que não podia fazer nada. O avião já estava decolando. Bia
colocou a mão em meu ombro e disse “sinto muito”.
Não
resisti. Eu que sempre tive dificuldades em mostrar sentimentos em público
comecei a chorar copiosamente. Sentei ali no saguão, coloquei a cabeça entre os
joelhos e chorava desesperadamente, de soluçar chamando por Camila.
Acabava
tudo. Tinha perdido Camila pra sempre.
Quando
senti uma mão em meu cabelo.
Imaginei
que fosse Bia e continuei da mesma forma até que ouvi uma voz me pedindo para
não chorar. Eu conhecia aquela voz, não era de Bia. Levantei a cabeça e olhei.
Era
Camila.
Surpreso,
me levantei e perguntei como ela podia estar ali já que o avião decolara. Bia
surgiu com Gabriel no colo e contou que tudo fora combinado. Não existia
viagem, nem emprego, aquele foi um plano dela para quebrar o clima entre a
gente e me fazer reagir.
Camila
com lágrimas nos olhos sorriu e eu olhei para Bia apenas conseguindo dizer
“Você é muito safada e eu te amo”.
Bia
respondeu que aquela noite era nossa e
levaria Gabriel para dormir com ela e Nando. Se despediu da gente dizendo
“tenham menos juízo”.
Ficamos
sozinhos. Eu e Camila sozinhos ali no aeroporto. Comecei a pedir perdão por
tudo, pela noite com Jéssica, por não ter sido companheiro quando Camila me
interrompeu colocando o dedo em minha boca e me perguntando “me ama?”.
Sorrindo
respondi “pra sempre” e nos beijamos.
Recuperava
minha família.
Recuperava
meu amor.
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