CUCA E A NOVA VISÃO DE MUNDO
Cuca assumiu o Corinthians, uma semana depois saiu devido a um problema ocorrido há trinta e seis anos.
Um grande problema. Ter participado de um estupro coletivo contra uma menina de 13 anos em 1987.
Por anos a imprensa e a sociedade silenciaram sobre o caso e enalteceram o treinador, mas a vida mudou, o mundo mudou.
Que bom.
O problema não é isso tudo ter vindo a tona agora e sim só ter vindo a tona agora. Passamos décadas exaltando o jeitinho brasileiro, a cafajestagem nacional. Ronald Biggs assaltou o trem pagador e virou ídolo no Brasil. Por décadas bicheiros conviveram com políticos e receberam beija mão no carnaval. Falava-se que em briga de marido e mulher ninguém podia meter a colher. Tinha uma personagem da escolinha do professor Raimundo que gostava de apanhar.
Mas isso ficou no passado.
Tem exageros como cancelar pessoas que usaram a vida inteira expressões que de uma hora pra outra viraram erradas. Cancelamento de artistas e histórias normais no passado e não aceitáveis hoje em dia, mas tem coisas sim que precisavam mudar.
Não, o mundo não está mais chato porque não podemos mais xingar e por apelidos nas pessoas. Esse comportamento acarretou em adultos neuróticos e traumatizados. Aceitem, o novo vem, os protagonistas das novelas agora são pretos, tem mulher narrando futebol e comportamentos normais hoje são inaceitáveis.
Sim. Caetano transar com uma menina de 13 anos não é legal, é imoral mesmo não sendo crime na época, sendo uma relação consensual, duradoura e normatizada nos anos 80, mas não tem ninguém preocupado com a Paula Lavigne que é uma mulher empoderada e bem resolvida. É só a dificuldade masculina tóxica de admitir que homens, em boa parte, não prestam. É o tal coleguismo de classe, a brotheragem de alma.
O que o Cuca fez é crime em 1987, hoje e enquanto existir uma sociedade com o mínimo de humanidade. Que bom que percebemos isso hoje.
Uma nova visão de um mundo que estava cego.
Perdão, deficiente visual.
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